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TOP 10 SAMBARIO - ESCOLAS QUE LEVARAM ELENCOS DE TV PARA OS DESFILES
26 de outubro de 2022, nº 53 Já vimos, na coluna 31, “Folia em Horário Nobre”,
que carnaval e histórias de ficção na
teledramaturgia podem dar samba. E agora, no Top 10 Sambario, listamos
dez momentos em que as escolas de samba usaram o recurso de levar
elencos de TV para seus desfiles.
10° LUGAR – SÃO CLEMENTE (2022) “Minha vida é uma peça” Quarta escola a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial do Rio de 2022, a São Clemente incorporou o espírito livre e brincalhão do humorista Paulo Gustavo (1978 – 2021). O artista que morreu por Covid em maio de 2021 foi lembrado pelo talento artístico e pelas histórias de vida, de generosidade e de laços de família. O humorista Fábio Porchat (de óculos) foi um dos convidados da São Clemente na homenagem a Paulo Gustavo
A
mãe do ator, Déa Lucia, e o viúvo, Thales Bretas,
participaram. Amigos humoristas como Marcelo Adnet, Fábio
Porchat e Marcos Veras e vários outros também
participaram do desfile. Também desfilaram os atores Rodrigo
Pandolfo e Mariana Xavier, que interpretaram Juliano e Marcelina,
filhos de Dona Hermínia.
Amigos
de Paulo Gustavo, como o humorista Marcelo Adnet (ao centro) e a atriz
Betty Gofman (de dedo apontado), desfilaram pela escola da zona sul em
2022
Na próxima cena, no primeiro plano Nem só Marcelina, nem só Juliano Milhões de herdeiros Anunciando a mãe de todo brasileiro (Cláudio Filé, James Bernardes, Arlindinho Cruz, Braguinha, Colaço, Marcus Lopes, Caio Tinguinha, Danilo Gustavinho, Kaike Vinícius e Igor Leal) 9° lugar – LINS IMPERIAL (1987) “Tenda dos Milagres” A Lins Imperial retornava ao grupo 1-B em 1987 e escolheu como tema-enredo “Tenda dos Milagres”, romance do escritor baiano Jorge Amado (1912 – 2001) e que em 1985 havia sido exibido em forma de minissérie na TV Globo. Para atrair os olhares da mídia e do grande público, a escola, que foi a primeira da noite a se apresentar, levou para a Sapucaí boa parte do elenco da minissérie. Desfilaram artistas como Nelson Xavier (1941 – 2017), que interpretou o protagonista Pedro Archanjo; Chica Xavier (1932 – 2020), que fez a mãe-de-santo Magé Bassã, Dhu Moraes (Rosa de Oxalá), Joel Silva (Damião), entre outros. Abre-alas
da Lins trouxe como destaques o ator Joel Silva (de terno preto) e as
atrizes Chica Xavier (ao centro, de branco) e Dhu Moraes)
Uma
curiosidade: o ator Milton Gonçalves (1933 – 2022), que na
minissérie viveu o personagem Lídio Corró, amigo
de Archanjo, só não marcou presença na Lins porque
iria desfilar pela Tradição, que seria a escola seguinte
a se apresentar no sambódromo. Milton desfilou caracterizado
como Natal da Portela, tema do enredo “Sonhos de Natal”, da
escola do Campinho. O diretor Paulo César Saraceni aproveitou o
desfile da Tradição daquele ano para gravar cenas para o
seu filme “Natal da Portela”, que ainda contava no elenco
com Zezé Motta, Zózimo Bubul, Ana Maria Nascimento e
Silva, Almir Guinéto e Grande Otelo.
O
ator Nelson Xavier, que viveu o protagonista Pedro Archanjo, na
minissérie global “Tenda dos Milagres”, em uma das
alegorias da Lins
É Pedro Arcanjo, sim é da Bahia Ojuobá de Xangô Ogã de Mage Bassã Que numa tenda fez milagres de amor (Zeca do Lins, Tiãozinho da Viola e Lula) 8° lugar – UNIDOS DE SÃO LUCAS (2002) “Humor, humoral, humorizado. Manuel de Nóbrega e os filhos do riso” A modesta escola de samba paulistana Unidos de São Lucas estava cheia de humor em 2002, quando desfilou pela segunda vez no Grupo Especial do carnaval de São Paulo e homenageou o radialista e humorista Manuel de Nóbrega (1913 – 1976). O artista é um dos criadores da "Família Trapo" e da "Praça da Alegria", e é pai de Carlos Alberto de Nóbrega, o atual apresentador do programa, que hoje leva o nome de “A Praça é Nossa”, exibido pelo SBT. Vários humoristas do elenco da “Praça” participaram do desfile, como Ronald Golias, Gorete Milagres, Ary Toledo, Moacyr Franco, Borges de Barros e Canarinho. A humorista Dercy Gonçalves, que seria um dos principais destaques da escola, decidiu não entrar com medo da chuva, que caía antes de começar o desfile, com medo de que pudesse escorregar ou se machucar. A "madrinha" da bateria foi o humorista Jorge Lafon (1952 – 2003) – consagrado na “Praça” pelo personagem Vera Verão. Lafon inovou no posto normalmente ocupado por mulheres. O
humorista Carlos Alberto de Nóbrega, filho de Manoel da
Nóbrega, criador da “Praça da Alegria” e
homenageado pela Unidos de São Lucas no desfile de 2002
Os
humoristas Borges de Barros (à esq.) e Moacyr Franco na
dispersão do Anhembi após o desfile da São Lucas
Na mesma praça, no mesmo banco
Uma emoção que não tem fim Tudo é igual e não sou triste Porque eu tenho vocês perto de mim (Nilton, Nino Miau e Zé Português) 7° lugar – UNIDOS DE VILA ISABEL (1985) “Parece até que foi ontem” O enredo da Vila Isabel de 1985, assinado pelo carnavalesco Max Lopes, foi uma verdadeira volta ao tempo de criança. A escola de Noel fez uma excelente apresentação e proporcionou um mágico passeio pelo imaginário infantil, onde não faltaram brincadeiras como peladas, carniça, roda pião e petecas. O tema também era uma homenagem a grandes escritores, como os brasileiros Maria Clara Machado, Monteiro Lobato e Mauricio de Souza, e os estrangeiros Irmãos Grimm. Maurício
de Sousa (entrevistado pelo repórter Marcos Uchôa, da TV
Manchete) e a Turma da Mônica no desfile da Vila Isabel em 1985
Desfilaram
na escola os atores do elenco do seriado infantil “Sítio
do Pica-Pau Amarelo”, da TV Globo, como André Valli, Zilka
Salaberry, Jacyra Sampaio e Samuel dos Santos (os eternos Visconde de
Sabugosa, Dona Benta, Tia Nastácia e Tio Barnabé, todos
da primeira versão do seriado, que foi ao ar entre 1976 e 1986),
e os personagens da Turma da Mônica de Maurício de Souza.
No baile colorido lá vou eu Pra ver Cinderela, mel de amor Menina e o vento fez o par Vem Narizinho na luz do luar No circo encantado, cantar, correr Sentir a brisa do amanhecer (David Corrêa, Jorge Macedo e Tião Grande) 6° lugar – UNIDOS DA PONTE (1988) “O Bem-Amado Paulo Gracindo” A Unidos da Ponte exaltou merecidamente o ator Paulo Gracindo (1911 – 1995) no carnaval de 1988. O primeiro setor destacava Sucupira, a cidade fictícia comandada pelo político Odorico Paraguaçu, de “O Bem-Amado”, que foi novela nos anos 70 e seriado nos anos 80, de autoria do escritor Dias Gomes (1922 – 1999). Este personagem, um dos mais famosos de Gracindo, foi representado pela fantasia da bateria e o próprio ator veio de Odorico no carro Prefeitura Municipal. O
ator Paulo Gracindo (de chapéu) caracterizado de Odorico
Paraguassu, ao lado do escritor Dias Gomes, autor da novela “O
Bem-Amado”.
Mas
não foi só “O Bem Amado” que foi
representado. Nas simples alegorias, havia menções
à época do rádio e a novelas como
“Bandeira 2” e “Mandala”. E a Ponte recebeu
vários artistas que trabalharam com Gracindo em filmes,
peças teatrais, novelas e programas humorísticos.
A atriz Iara Cortes, caracterizada como a delegada Chica Bandeira, do seriado “O Bem-Amado”, exibido nos anos 80
Dois
“bicheiros” sendo entrevistados pela repórter Bia
Falbo: Nuno Leal Maia, o Tony Carrado, da novela “Mandala”
e Felipe Carone (de chapéu), o Jovelino Sabonete, de
“Bandeira 2”
Segue a arte
Em busca da perfeição Paulo Gracindo é presente Hoje estreia em grande gala No teatro da ilusão (Mazinho Branco e Ambrósio) 5° lugar – UNIDOS DO CABUÇU “O Mundo Mágico dos Trapalhões” A pedido do Rei Roberto Carlos, que foi enredo da Unidos do Cabuçu em 1987, a escola, presidida na época pela jornalista Therezinha Monte, homenageou no ano seguinte o grupo humorístico Os Trapalhões, formado por Renato Aragão (o Didi), Manfried Santana (o Dedé), Antônio Carlos Bernardes (o Mussum) e Mauro Gonçalves (o Zacarias). Os
Trapalhões foram enredo da Cabuçu em 1988 a pedido do Rei
Roberto Carlos, homenageado pela escola no ano anterior
A
Cabuçu fez uma passagem alegre, embalada por um samba que, se
não era dos melhores, ao menos era divertido. Os comediantes
dispensaram os carros alegóricos e desfilaram no chão,
arrancando aplausos do público. As alegorias e fantasias eram
simples, mas traduziam o enredo, que contava individualmente a
trajetória de cada Trapalhão. O destaque foi o abre-alas
com esculturas em caricatura dos quatro homenageados. Recurso esse
bastante utilizado pelo carnavalesco Alexandre Louzada.
Abre-alas com esculturas em caricatura dos quatro homenageados
Didi, Dedé
Mussum e Zacarias Seu mundo é Encanto e magia (Adilson Gavião, Adalto Magalha e Sérgio Magnata) 4° lugar – LEÃO DE NOVA IGUAÇU “O Leão na Selva de Ilusões de Janete Clair” A Leão de Nova Iguaçu fez seu único desfile no Grupo Especial em 1992, homenageando a maior autora de novelas de todos os tempos, Janete Clair (1925 – 1983). Algumas de suas principais obras e personagens foram retratados no desfile, assinado pelos carnavalescos Fábio Borges, Aldamir Braga e Paulo Sotello. Como não poderia ser diferente, vários artistas que brilharam nas obras da autora marcaram presença no desfile da Leão de Nova Iguaçu, como Betty Faria, Ângela Leal, Miguel Falabella, Zilka Salaberry, Maria Pompeu, Felipe Carone, Emiliano Queiroz, Rosamaria Murtinho, Carlos Eduardo Dolabella, Paulo Goulart, Nicete Bruno, entre outros. O casal Nicete Bruno e Paulo Goulart no abre-alas da Leão de Nova Iguaçu no desfile de 1992
Em primeiro plano, o ator Carlos Zara e a atriz Eva Wilma. Mais ao fundo, o dançarino Carlinhos de Jesus
Oh! Divina flor mulher
No universo de sonho e fantasias Nasceu o mundo de Janete Clair (Carlinhos Pretinho, Javinho Dafé e José Jorge) 3° lugar – TRADIÇÃO “Hoje é domingo, é alegria. Vamos sorrir e cantar!” A Tradição era muito aguardada no domingo de carnaval de 2001. “Hoje é domingo, é alegria. Vamos sorrir e cantar!” era o título do enredo sobre a vida do apresentador e empresário Silvio Santos, desenvolvido pelo carnavalesco Orlando Júnior. Toda a expectativa era fruto, além da popularidade do apresentador, da grande rivalidade existente entre as duas principais redes de televisão do país na época: o SBT, a TV do “homem do baú”, e a Globo, dona dos direitos de transmissão dos desfiles. Terno prateado usado por Silvio Santos no desfile foi dado de presente pelo apresentador Gugu (à esq.)
Várias
personalidades do SBT, como Gugu Liberato, Ronald Golias, Ratinho e
Hebe Camargo também ajudaram com sua popularidade a levantar os
foliões no sambódromo da Marquês de Sapucaí.
Gugu, Hebe Camargo e Silvio na concentração da Sapucaí, momentos antes do desfile da Tradição
Laiá laiá oi
Laiá laiá oi É um Baú de Felicidade Vamos cantar Vamos brincar Vamos sorrir É domingo é alegria Silvio Santos vem aí (Adalto Magalha e Lourenço) 2° lugar – BEIJA-FLOR (2014) “O astro iluminado da comunicação brasileira” A Beija-Flor levou para o sambódromo a história da evolução da comunicação, com uma homenagem a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-diretor geral da TV Globo. O enredo foi "O astro iluminado da comunicação brasileira”, desenvolvido pela comissão de carnaval formada por Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Laíla, Vitor Santos e André Cezari. Claudia Raia desfilou como madrinha da escola. Logo depois, foi a vez do setor da história da televisão, veículo que consagrou Boni. A alegoria veio com 50 artistas amigos de Boni, muitos estreantes na Sapucaí. Pedro Bial, Renato Aragão, Faustão, Tony Ramos, Regina Duarte, Angélica, Luciano Huck e um grande time de atores e comunicadores sambaram e cantaram. Laíla
(à esq.), então diretor de carnaval da BF, ao lado do
homenageado Boni, caracterizado como o personagem Carlitos, de Charlie
Chaplin
Alegoria que reuniu vários artistas globais no tributo a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho
Boni tu és o astro da televisão
Fiz, da sua vida minha inspiração Vem, a festa é sua, a festa é nossa de quem quiser Mostra que ''babado é esse'' de samba no pé (JR Beija-Flor, Sidney de Pilares, Júnior Trindade, Adilson Brandão, Zé Carlos, Diogo Rosa, Carlinhos e Samir Trindade) 1° lugar – PARAÍSO DO TUIUTI (1983) “Vamos falar de amor” Em março de 1983, a TV Globo exibiu o Caso Especial “Otelo de Oliveira”, inspirado na tragédia Otelo, do escritor britânico Willian Shakespeare. Quase toda a trama se passava dentro da quadra da escola de samba Paraíso do Tuiuti no período anterior ao desfile da agremiação em fevereiro daquele ano, pelo então Grupo 1-B (segunda divisão). “Vamos falar de amor”, de autoria da carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, foi o enredo e trilha sonora ideal para uma história de amor conturbado. Roberto Bonfim interpretou a personagem-título, Otelo de Oliveira, diretor de bateria, negro e favelado, que conhece e se apaixona pela filha do patrono da agremiação, a doce, ingênua, adolescente e branca Dê (rebatizada como Denise, já que o texto original a denominava como Desdêmona), interpretada pela jovem Júlia Lemmertz. Racismo, traições, mortes, diferenças entre classes sociais e carnaval formam o recheio da trama. A cereja do bolo está no encerramento do episódio, quando aparecem cenas reais (e raras) da transmissão da TV Globo do desfile da Tuiuti de 1983 (um ano antes da inauguração do sambódromo da Sapucaí), com a participação dos atores que participaram do especial, como Daniel Dantas, Eduardo Conde, Regina Dourado e Jorge Coutinho. O
ator Eduardo Conde (de chapéu) estava no elenco de “Otelo
de Oliveira” e também desfilou na Paraíso do Tuiuti
em 1983
O ator Jorge Coutinho, também presente no elenco, saiu como um dos diretores de harmonia da escola
O ator Daniel Dantas no desfile da Tuiuti em 1983
O cupido chegou
Na Sapucaí Cantando forte E abraçando a Tuiuti (Beto Xangô e Dentinho) Coluna anterior: Mais Dez Enredos que poderiam virar Roteiros de Dramaturgia Coluna anterior: O Carnaval na TV Brasileira - Carnaval, te Amo! Na Vida és tudo pra mim! Coluna anterior: Desfiles em Respeito ao Cristianismo que os Crentes não viram
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