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O CARNAVAL NA TV BRASILEIRA
. 1º Capítulo: Os Primórdios (Anos 60) . 2º Capítulo: Do Preto e Branco o Homem Coloriu (Anos 70) . 3º Capítulo: A Era da Televisão – Anos 80 (1ª Parte - 1980-1983) . 4º Capítulo: Aconteceu, virou Manchete – Anos 80 (2ª Parte: 1984-1987) . 5º Capítulo: Na Tela da TV no meio desse povo (Virada Anos 80/90) . 6º Capítulo: O Canto dessa Cidade é meu! (Anos 90) . 7º Capítulo: Enfim, o carnaval da liberdade (Anos 2000) 29 de agosto de 2020, nº 44 CAPÍTULO 7 – ENFIM, O CARNAVAL DA LIBERDADE (Anos 2000)
Desperta Brasil “Carnaval
à vista – Não fomos catequizados, fizemos
carnaval” (Pedrinho, J. Mendonça, Messias e Mingau)
– Samba-enredo da GRES Acadêmicos do Grande Rio 2000
ode parecer um título um
pouco ufanista. E certamente é. Mas como esperança é a profissão do brasileiro,
era esse o sentimento que corria no país para a chegada do ano 2000. Comemoravam-se
os 500 anos do descobrimento e começava a contagem regressiva para a chegada do
século 21 e do esperado terceiro milênio. O refrão do samba da Grande Rio
tentava retratar essa sensação de virada de chave, de “agora vai”. No
lado carnavalesco televisivo, as coisas paravam de acontecer e de virar
manchete. A Globo se tornaria definitivamente a detentora exclusiva dos
direitos de transmissão do grupo especial. O
carnaval do grupo de acesso tinha resgatado a sua valorização com a CNT. E o
patrão do SBT acaba gerando a maior audiência à principal concorrente
justamente durante um desfile de carnaval. O canto do cisne e a permanente Quarta-feira
de Cinzas da Manchete Desde
seu inicio, a TV Manchete passou por crises que foram provocadas por altos
gastos em produção de conteúdo. Em 1992, como vimos no capítulo 6 desta série, o canal passou por sua primeira grande
crise, que resultou na venda das empresas do grupo Bloch com a Indústria
Brasileira de Formulários (IBF) e, no ano seguinte, na devolução da Rede
Manchete de Rádio e Televisão ao empresário Adolpho Bloch. A
Rede Manchete entra no ano de 1998 com os primeiros sinais de desgaste: a
novela Mandacaru dava baixos lucros e os programas jornalísticos estavam
desgastados. Aliada a isso, a situação econômica do Brasil e do mundo não era
estável desde a crise asiática de outubro de 1997, com as taxas de juros em
alta. As dívidas da emissora aumentavam cada vez mais à medida que não eram
pagas. Ainda
assim, a Manchete ainda teria fôlego profissional e financeiro para transmitir
mais um carnaval – o último de sua trajetória. Porém, com uma formatação e
personagens bem diferentes daqueles que reinaram na era de ouro da emissora. Em
1997, com o slogan “Rede Manchete, Estação Primeira do Carnaval”, a empresa
tentava deixar clara a superioridade na cobertura. Os preparativos já eram
mostrados desde outubro de 96, quando começaram a ir ao ar os já esperados boletins
“Esquentando os Tamborins” e “Feras do Carnaval”. O
multifacetado agitador cultural Oswaldo Sargentelli (1923 - 2002) ancorou o
Botequim da Manchete, um programa com os sambas de enredo do Carnaval 97 que
reuniu os intérpretes de 12 das 16 escolas da primeira divisão do Rio. Estiveram
presentes: Alexandre D’Mendes (Acadêmicos da Rocinha), Claudio Tricolor
(Acadêmicos de Santa Cruz), David do Pandeiro (1959 - 2020, Estácio de Sá),
Dominguinhos do Estácio (Viradouro), Eraldo Caê (Mangueira), Ito Melodia (União
da Ilha), Nego (Grande Rio), Neguinho (Beija-Flor), Preto Joia (Imperatriz),
Serginho do Porto (Unidos da Tijuca), Wander Pires (Mocidade) e Wantuir (Porto
da Pedra). As
ausências: Gera e Jorge Tropical (Vila Isabel), Jorginho do Império (Império
Serrano), Quinho (Salgueiro) e Rixxa (Portela). O acompanhamento musical ficou
a cargo do conjunto Barato Maior. O
Botequim do Samba teve ainda a participação mais do que especialíssima das
“mulatas que não estão no mapa” – grupo de passistas que trabalhavam nos shows
de Sargentelli.
E
ainda houve uma eleição para escolher a Musa do Carnaval naquele ano. O
telespectador telefonaria e optaria entre uma mulata, uma morena e uma loira, e
ainda concorria a vários carros 0km do modelo Fiat Palio e um automóvel importado
na final. A
vencedora da disputa foi a loira Marcela Leite, 18 anos à época, e que adotou o
nome artístico Marcela Milk. Em 96, ela vencera o concurso Garota de Ipanema,
título esse que, segundo ela, não lhe abriu as portas para nenhum trabalho. Logo
após vencer a eleição de Musa do Carnaval 97 da Manchete, a jovem foi capa da
revista Ele & Ela. Marcela se formou em jornalismo, tornou-se empresária do
ramo da moda e de calçados, e foi casada com Jayder Soares, patrono da escola
de samba Acadêmicos do Grande Rio. Atualmente, a loira identifica-se como
designer de festas.
Além
da escolha da musa do Carnaval 97, a Manchete trouxe como novidade também o retorno
da transmissão do desfile das escolas de samba de São Paulo, que já fizera em
1991, ano da inauguração do Sambódromo do Anhembi. No
início de fevereiro de 1998 estrearam as chamadas do Carnaval 98, com a loira
Simara Marques e a mulata Franci Mourão, que dançavam ao som do samba “Aconteceu,
virou Manchete”, de Neguinho da Beija-Flor. A vinheta trazia a inscrição “Carnaval
da Copa”, marca da cobertura daquele ano.
Vinheta do Carnaval 98, o “Carnaval da Copa”, o último da história da TV Manchete. No destaque, as musas Simara Marques (a loira) e Franci Mourão (a mulata). Enquanto
isso, Martinho da Vila apresentava Botequim do Samba Especial. O programa
contou com a presença de Dona Ivone Lara (1922 – 2018), Lecy Brandão e do grupo
Molejo, entre outros. A
exemplo do ano anterior, uma edição do Botequim do Samba reuniu novamente os
cantores das 14 escolas do Grupo Especial do Rio. O grupo Fundo de Quintal foi convidado
para fazer o acompanhamento musical. Desta vez, todas as escolas se fizeram
representadas pelos seus intérpretes titulares ou não: Gilson Bakana (Beija-Flor),
Jackson Martins (1972 – 2004, Caprichosos de Pilares), Nego (Grande Rio), Preto
Joia (Imperatriz), Eraldo Caê (Mangueira), Wander Pires (Mocidade), Rogerinho
(Portela), Wantuir (Porto da Pedra), Quinho (Salgueiro), Taroba (Tradição), Rixxa
(União da Ilha), Serginho do Porto (Unidos da Tijuca), Gera (Vila Isabel) e Dominguinhos
(Viradouro).
No
sábado, dia 21 de fevereiro, com início às 21 horas, a emissora exibiu os
desfiles do Grupo A, ao vivo, com exclusividade, direto da Sapucaí: 1ª)
Acadêmicos do Cubango (“Nausicaa – A
odisseia cubanga nos verdes mares”) 2ª)
Lins Imperial (“Búzios : o paraíso da
humanidade”) 3ª)
Acadêmicos da Rocinha (“Tá na ponta da
língua”) 4ª)
Império da Tijuca (“Elymar superpopular”) 5ª)
São Clemente (“Maiores são os poderes do
povo! Se liga na São Clemente!”) 6ª)
Em Cima da Hora (“Quem é você, Zuzu
Angel? Um anjo feito mulher”) 7ª)
Império Serrano (“Sou o ouro negro da
Mãe África”) 8ª)
Acadêmicos de Santa Cruz (“O exagerado
Cazuza nas terras de Santa Cruz”) 9ª)
Unidos da Ponte (“Quem pode, pode. No pagode
se sacode”) 10ª)
Estácio de Sá (“Cem anos de cultura – Academia
Brasileira de Letras”) Desfile do Império Serrano, campeã do
Grupo A (1998) pela TV Manchete No
período de carnaval, a programação da Manchete que por anos foi de dedicação
exclusiva à folia, reduziu drasticamente seus espaços para a festa. Para
exemplificar, eis abaixo a grade da TV Manchete no Domingo de Carnaval, dia 22
de fevereiro de 1998: 07h00
- As Campeãs da Sapucaí 08h00
- Debate de Carnaval 10h00
- Olimpíadas de Inverno - Nagano 98: Cerimônia de Encerramento (VT completo) 12h30
- LBV 13h00
- Domingo Milionário: Domingo no Palco 14h45
- Domingo Milionário: Perdidos na Tarde 16h30
- Domingo Milionário: Programa J. Silvestre 18h30
- Domingo Milionário: Corrida Milionária 19h00
- Programa de Domingo Especial 19h30
- Carnaval da Manchete: Desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (ao
vivo) Vinheta dos desfiles de domingo Rio Carnaval
1998 – Rede Manchete A
ordem de desfile do domingo no Grupo Especial foi esta: 1ª)
Caprichosos de Pilares (“Negra origem,
negro Pelé, negra Bené”) 2ª)
Acadêmicos do Salgueiro (“Parintins, a
ilha do boi-bumbá: Garantido X Caprichoso, Caprichoso X Garantido”) 3ª)
Unidos de Vila Isabel (“Lágrimas, suor e
conquistas no mundo em transformação”) 4ª)
Acadêmicos do Grande Rio (“Prestes, o
cavaleiro da esperança”) 5ª)
Unidos do Porto da Pedra (“Samba no pé e
mãos ao alto, isto é um assalto”) 6ª)
Mocidade Independente de Padre Miguel (“Brilha
no céu a estrela que me faz sonhar”) 7ª)
Portela (“Os olhos da noite”) Na
segunda-feira de Carnaval, dia 23, a Manchete alcançou 13 pontos no Ibope em
São Paulo e 12 no Rio, conquistando o segundo lugar em audiência. A ordem de
desfile foi a seguinte: 1ª)
Tradição (“Viagem fantástica ao pulmão
do mundo”) 2ª)
Estação Primeira de Mangueira (“Chico
Buarque da Mangueira”) 3ª)
Imperatriz Leopoldinense (“Quase no ano
2000”) 4ª)
Unidos do Viradouro (“Orfeu, o negro do
carnaval”) 5ª)
Beija-Flor de Nilópolis (“O mundo
místico dos Caruanas nas águas do Patu-Anu”) 6ª)
Unidos da Tijuca (“De Gama a Vasco, a
epopeia da Tijuca”) 7ª)
União da Ilha do Governador (“Fatumbi, a
ilha de todos os santos”) O
início do segundo dia de desfile foi transmitido apenas pela Manchete, a partir
das 20 horas, já que a Globo ainda exibia a novela “Por Amor”. Os desfiles da Tradição
e da Mangueira – que se sagrou campeã, terminando empatada com a Beija-Flor –, só
a emissora do Grupo Bloch transmitiu integralmente. Desfile da Mangueira, em homenagem a
Chico Buarque, pela TV Manchete (1998). A
apoteose, na quarta-feira de Cinzas, realizada na transmissão do Baile Gala
Gay, levou a Manchete ao primeiro lugar no horário das 23h às duas horas da madrugada,
ficando 13 contra 8 pontos da Globo em São Paulo (no Rio, a concorrente ganhou
por 11 a 10). A
última transmissão carnavalesca da TV Manchete foi enxuta em termos de equipe:
Paulo Stein na ancoragem e mais os comentários de Haroldo Costa, Roberto
Barreira e de Luiz Lobo, jornalista egresso da Rede Globo e que trabalhou em
diversas coberturas de desfiles de carnaval pelo Plim-Plim nos anos 70 e 80. MANCHETE Narração: Paulo Stein. Em
1998 já não havia mais o convívio tradicional de Fernando Pamplona, José Carlos
Rêgo, Maria Augusta ou de Adelzon Alves. Ou as presenças de Sérgio Cabral e
Albino Pinheiro, que se revezavam de emissora, ora na Manchete ora na Globo. E
nem a participação de convidados eventuais, como a presidente da Unidos da
Cabuçu, Therezinha Monte, ou a cantora Beth Carvalho, como houvera em 1991. A
própria reportagem durante a transmissão teve que contar com um número reduzido
de profissionais, apesar de ter mantido ainda as vozes características de
veteranos como Tarlis Batista (1940 - 2002) e Solange Bastos. Carioca
de Pilares, Tarlis Batista foi um jornalista que construiu quase toda sua
carreira na Editora Bloch, como jornalista esportivo. É dele todo o trabalho de
pesquisa do documentário “Pelé Eterno”,
de Aníbal Massaini Neto, lançado em 2004. Para a revista Manchete, Tarlis cobriu
as Copas da Argentina (1978) e Espanha (1982). Escreveu nas revistas Gente, da
Argentina; Sétimo Céu, Fatos & Fotos e Amiga, dos Bloch. Era uma figura
muitas vezes folclórica, um repórter obstinado. Seus companheiros na Manchete diziam
que tinha a fama de se enredar em matérias fáceis e de conseguir reportagens
impossíveis. Tarlis
Batista conseguira uma façanha que nenhum outro repórter brasileiro obtivera: a
de se aproximar do cantor Frank Sinatra (1915 - 1998), em janeiro de 1980,
quando o astro aqui desembarcou para uma lendária apresentação no estádio do
Maracanã. Sinatra,
que reconhecidamente não era figura fácil para jornalistas, gostou tanto do bom
papo e da cara de pau de Tarlis que, além de abrir seu camarim, posou para
várias fotos a seu lado, que foram devidamente autografadas pelo “The Voice”. Of course. O
jornalista acompanhou Frank Sinatra em vários outros momentos durante a
temporada carioca e fez matérias exclusivas no hotel que hospedou o norte-americano
e seu staff.
Também
na TV Manchete, Tarlis Batista criou o programa “Amigos” e data desse tempo seu
bom relacionamento com Pelé, Zico e outros craques do futebol, além de
entrevistas com cantores famosos, como Julio Iglesias. Mais tarde, tornou-se
assessor de imprensa da Beija-Flor de Nilópolis.
Solange
Bastos também era bastante identificada com o Grupo Bloch enquanto esteve na
empresa. Nascida em 1952, no Rio de Janeiro, começou a carreira nos Diários
Associados em 1971, já formada em jornalismo. Por
motivos políticos, na época da ditadura, Solange saiu do Brasil em 1973 e
refugiou-se no Chile, em seguida na Argentina e na França. Regressou ao Brasil cinco
anos depois, às vésperas da anistia, e retornou ao jornalismo em Maceió, como repórter
e apresentadora de TV. Ao
voltar para o Rio de Janeiro, esteve na fundação da TV Manchete, em 1983, onde
foi repórter da “Operação Antártica III”. Em decorrência desse trabalho, Solange
Bastos foi convidada para integrar a equipe do programa “Globo Repórter”, da
Rede Globo, onde permaneceu até 1987. Retornou à Manchete, a convite do diretor
Jayme Monjardim, para ajudar a reestruturar o “Programa de Domingo”, que passou
a adotar uma linguagem de cinema, ao gosto de Jayme, como ele o fez na novela
Pantanal. De
1993 a 1994, Solange Bastos foi âncora do programa “Bate- Boca”, um talk-show em rede nacional, marcado por
variedade de temas e espontaneidade da apresentadora e dos participantes. Em
1998, a jornalista colaborou com a cobertura da Copa do Mundo de futebol, na
França.
Desde
2002, Solange está à frente da “Família Bastos Produções”, empresa cultural de
produções, que já publicou vários livros e produziu documentários, curtas e
médias-metragens, com abordagens ligadas ao ecoturismo e aos direitos humanos. Em
setembro de 2015, lançou seu segundo livro-reportagem de divulgação científica,
“Na Rota dos Arqueólogos da Amazônia, 13
Mil Anos de Selva Habitada”. A Manchete
ainda transmitiu o Desfile das Campeãs, em 1998, quando se apresentaram, pela
ordem, na Marquês de Sapucaí: 1-
São Clemente (vice-campeã do Grupo A, com 178 pontos) 2-
Império Serrano (campeã do Grupo A, com 180 pts) 3-
Viradouro (5º lugar do Grupo Especial, com 262,5 pts) 4-
Portela (4º lugar do Grupo Especial, com 264 pts) 5-
Imperatriz (3º lugar do Grupo Especial, com 269,5 pts) 6-
Beija-Flor (campeã do Grupo Especial, com 270 pts) 7-
Mangueira (campeã do grupo Especial, com 270 pts). Enfim, a falência Após
o carnaval de 1998, a situação da TV Manchete se tornou ainda mais crítica. A
emissora tentou mudanças (a primeira delas consistiu em uma grande reformulação
dos noticiários da Rede) e novidades na programação, como a contratação de
nomes como Claudete Troiano, Salomão Schvartzman (1931 - 2019), Celso
Russomanno, Magdalena Bonfiglioli, Otávio Mesquita, Virgínia Novick e Sérgio
Malandro. A ex-carioquíssima Manchete dava lugar a uma televisão com nomes e
cara paulistana, além de uma programação com apelo mais popular, nitidamente
para concorrer com Record e SBT. Mesmo
com essas mudanças na programação – algumas até bem-sucedidas – os juros das
dívidas cresciam a tal ponto que a mesma superou o patrimônio da própria
emissora. Processos
judiciais conturbados envolvendo a direção da emissora, a Igreja Renascer em
Cristo, o Banco Pactual e o Grupo DCI, de Hamilton Lucas de Oliveira, também
marcaram este momento da história da emissora, que estava em dívida crescente e
cada vez mais atrasava os pagamentos de seus funcionários. Vários
protestos e greves eclodiram, ao passo de cortes de transmissão fossem impostos
diretamente pelos funcionários. Vários interessados pela compra da rede
surgiram no ano de 1998. Entretanto, nenhum se concretizou. O Jornal da
Manchete, marca da emissora desde o ano de inauguração, deixou de ser exibido
durante algum tempo devido à grave crise que assolou o Grupo Bloch.
Protesto
dos funcionários da TV Manchete em dezembro de 1998. No
início de 1999, Pedro Jack Kapeller (o “Jaquito”, sobrinho de Adolpho Bloch), presidente
do Grupo Bloch e dono da Rede Manchete de Televisão, surpreende a todos os envolvidos
e os que acompanham a crise da Rede Manchete, afirmando que assinou contrato
com a produtora Renascer Gospel Comunicação Produções Ltda., pertencente à
Fundação Renascer, administrada pela igreja evangélica Renascer em Cristo,
tornando-se a parceira da Rede Manchete. Em
9 de janeiro, é anunciado que apenas a Rede Globo irá transmitir o Carnaval
carioca de 1999. Uma transmissão pela Manchete iria contrariar os princípios da
igreja que agora era a sua controladora. Por este mesmo motivo, a Manchete
deixa de transmitir o evento que virou símbolo da rede. A TV do ano 2000 que morreu em 1999 O
aparente sucesso inicial da parceria entre a Manchete e a Renascer em Cristo deu
lugar a um grande fracasso, com polêmicas e calote por parte da Igreja. Com a
situação totalmente fora de controle, a TV Ômega, de Amílcare Dallevo, presente
na programação da emissora, tramitou com o Grupo Bloch o processo de compra da
rede e se comprometeu a regularizar toda a sua situação até o momento, desde a
saudação das dívidas até o pagamento de salários atrasados. Era o fim da Rede
Manchete de Televisão. Em
10 de maio de 1999 a emissora transmitia pela última vez como Rede Manchete. No
dia 11, no horário do Jornal da Manchete, foi lida uma carta oficializando a
venda das operações da rede para a TV Ômega LTDA. Alguns meses depois, em
novembro, a fase de transição termina e a Rede Manchete encerra definitivamente
as suas operações e dá lugar à RedeTV!, de Amílcare Dallevo, inaugurada
oficialmente em 5 de novembro de 1999. Ironicamente,
a TV Manchete não conseguiu chegar aos anos 2000, do qual tanto falou em seu
início – seu slogan era “A televisão do ano 2000”, em 1983. Último
encerramento da Rede Manchete transmitido em 10 de maio de 1999. O
Carnaval do Povão Os
desfiles do Grupo A não foram exibidos pela TV aberta em 2000 e em 2001.
Inexplicavelmente. Quando tudo daria a crer que a Band iria abraçar em
definitivo a transmissão do grupo de acesso, a emissora paulista recua e torna
a voltar suas forças para o carnaval nordestino. Foi
uma pena nenhum canal ter se interessado em cobrir o Grupo A, pois essa divisão
contou com desfiles bem interessantes nos dois anos em que ficou “invisível”
aos olhos da audiência televisiva. Em
2000, por exemplo, a Sapucaí viu o surgimento da Inocentes de Belford Roxo, o
ótimo desfile campeão do Império Serrano – com “Os Canhões de Guararapes”, –
retornando com seus tradicionais enredos épicos sobre a História do Brasil (ou
temas “capa-e-espada”, como diria Fernando Pamplona), e a surpreendente
apresentação da Paraíso do Tuiuti, que encerrou os desfiles do Grupo A naquele
ano. Mesmo empatando com o mesmo número de pontos com a Em Cima da Hora (195,5
pontos), a escola do bairro de São Cristóvão garantiu o vice-campeonato e a
segunda vaga para o Especial no carnaval seguinte. Já
em 2001, a Passarela do Samba viu o ex-bloco Boi da Freguesia desfilar como a
escola de samba Boi da Ilha do Governador com “Orun-Ayiê”, um dos mais belos
hinos da primeira década do século 21, merecedor legítimo do prêmio Estandarte
de Ouro. Percebendo
uma ótima oportunidade para valorizar um carnaval que ainda guardava resquícios
de espontaneidade, autenticidade e com sambas de qualidade artística muitas
vezes superior aos do Grupo Especial, o radialista e apresentador Jorge
Perlingeiro resolveu apostar no carnaval do Grupo A. Foi uma das maneiras
encontradas de ajudar a evitar a decadência da divisão de acesso. CNT
Narração: Jorge Perlingeiro e Arlênio
Lívio Gomes. Parafraseando
o Salgueiro, a transmissão da CNT não era nem melhor, nem pior. Era apenas bastante
“original” (diferente). Na primeira transmissão do Carnaval do Povão, em 2002, estiveram
presente Marlene Paiva (1935 - 2015), uma das mais premiadas destaques do
carnaval brasileiro; a carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, a atriz e eterna
jurada de programas de calouros Elke Maravilha (1945 - 2016), e o radialista Arlênio
Lívio Gomes (1942 - 2003), coapresentador da transmissão junto com o próprio
Jorge Perlingeiro.
No
dia 9 de fevereiro (sábado), a CNT transmitiu ao vivo e com exclusividade
direto da Marquês de Sapucaí a apresentação do Grupo A. Os desfiles estavam
previstos para começar às 19h, mas em decorrência da forte chuva que caiu na
cidade do Rio de Janeiro, houve um atraso de cerca de meia hora, mas a equipe
do Carnaval do Povão iniciou a cobertura pontualmente no horário previsto. Pela
ordem, foram estas as escolas que entraram na Passarela do Samba, com seus
respectivos enredos: União de Jacarepaguá (“Asas: sonho de muitos, privilégio de poucos, tecnologia de todos”);
Acadêmicos da Rocinha (“Na Rocinha, O Povo
é sempre notícia”); Leão de Nova Iguaçu (“Do Esplendor Diamantino aos Sonhos Dourados de Juscelino”); União
da Ilha do Governador (“Folias de
Caxias: de João a João... É o carnaval da União”); Unidos de Vila Isabel (“O glorioso Nilton Santos... Sua bola, sua
vida, nossa Vila”); Unidos da Villa Rica (“Sou Rio, sou Grande, sou Villa Rica do Norte”); Estácio de Sá (“Nos braços do povo, na passarela do samba...
50 anos de O Dia”); Boi da Ilha do Governador (“Boi da Ilha é Holambra, a Tulipa Brasileira”); Império da Tijuca (“Vossa excelência: feijão com arroz”); Unidos da Ponte (“De Minas para o Brasil, o Mártir da Nova República”); Acadêmicos de
Santa Cruz (“Papel – Das origens à folia
– história, arte e magia”) e Paraíso do Tuiuti (“Arlindo, Arlequins e Querubins: um carnaval no Paraíso”). A transmissão
dos desfiles de 2003 reuniu Jorge Perlingeiro na apresentação com comentários
dos carnavalescos Max Lopes e Milton Cunha, além de Elke Maravilha e Miro Ribeiro,
que fez a cobertura do SBT em 2012. Em
2005, contou com o sempre presente Jorge Aragão, que, àquela altura, chegava à
quarta emissora diferente, já tendo participado das transmissões carnavalescas da
Globo, Manchete e Bandeirantes, em anos anteriores. Perlingeiro
sempre convidava estrelas carnavalescas para participação especial nas
transmissões. Em 2008, durante o desfile da Estácio de Sá (“A história do futuro”),
a consagrada porta-bandeira da Beija-Flor, Selminha Sorriso, por exemplo, deu a
honra de sua presença na transmissão e aproveitou para falar um pouco sobre o
período em que ela ficou na vermelho e branco do Morro de São Carlos (ganhando,
inclusive, o título, em 1992). No
entanto, o Carnaval do Povão também pecava em muitos aspectos técnicos. Do
samba-enredo das agremiações, por exemplo, pouco ou quase nada era ouvido.
Muito por conta do próprio apresentador e dos comentaristas, que não paravam de
falar um só minuto. Outro aspecto: a imagem, em comparação com Globo e
Bandeirantes, era bem precária. E
não foram poucas as vezes que Perlingeiro “esquecia” que estava acontecendo um
desfile de carnaval para fazer demoradas entrevistas com autoridades políticas
e patrocinadores. Sabemos que é sempre bom e aconselhável fazer uma média com o
prefeito do Rio, com o secretário municipal de Turismo e apoiadores comerciais,
mas em plena transmissão, causava muita irritação insistir com conversas longas
e enfadonhas em vez de mostrar o espetáculo na avenida. Esse
desprazer sentido pela audiência foi observado pelo jornalista Marco Maciel,
responsável pelo site Sambario, no editorial
nº 11, de 12 de fevereiro de 2008. A
sensação de quem ligou a TV para acompanhar a já
tradicional transmissão da CNT dos desfiles das escolas do Grupo
A certamente foi de um vazio no ar: cadê o samba? Ouvia-se apenas
um abafado sussurro do carro de som, enquanto a equipe do Carnaval do
Povão, principalmente Jorge Perlingeiro e Milton Cunha, falava
pelos cotovelos. O volume do samba só aumentava e melhorava
consideravelmente quando Perlingeiro anunciava a letra na tela.
Aí o samba-enredo era ouvido perfeitamente. Porém, era
só Perlingeiro reassumir o microfone para o som do samba
diminuir. Evidente que a intenção de Perlingeiro é
boa, mas a transmissão da CNT também em termos de imagem
deixa muito a desejar em relação à Globo e
até à Bandeirantes. E depois, o fato da cabine do
Carnaval do Povão ser filmada inúmeras vezes com
convidados e patrocinadores puxando o saco do apresentador dá a
impressão de que o próprio Perlingeiro quer ser o dono do
espetáculo, e não as escolas na Marquês de
Sapucaí. Vale lembrar da enfadonha entrevista com o prefeito
César Maia no desfile de 2007, que perdurou durante quase uma
hora. Tanto que o desfile da Cubango no ano passado só passou a
ser mostrado da metade pro final (...) Que a Jorge Perlingeiro
Produções deixe o som do samba mais audível no
próximo ano, se não for pedir muito.
O carnaval da Lesga e a volta de Paulo
Stein à narração dos desfiles 2009
foi o último ano que a CNT exibiu os desfiles do Grupo A. No entanto, sem o
comando de Jorge Perlingeiro e também sem a marca “Carnaval do Povão”. Depois
de anos de parceria com o apresentador e locutor oficial da apuração do
carnaval da Liesa, a transmissão mudou de mãos. A
Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (Lesga), entidade fundada em 2008 para
gerenciar os desfiles do Grupo A, assumiu o comando da transmissão, mas não
fechou com Perlingeiro. Para a cobertura dos desfiles desse grupo, foram
chamados jornalistas que estavam no imaginário do público que acompanha o
trabalho jornalístico dos desfiles. Para
a narração, foi chamado ninguém mais ninguém menos do que Paulo Stein, que
durante 14 anos (1984 -1998) foi a voz do carnaval da lendária Rede Manchete. O
locutor retornou a uma transmissão carnavalesca depois de 11 anos. Nas
reportagens, lá estava a voz inconfundível de Ronaldo Rosas, apresentador de
jornais da mesma Rede Manchete, que durante vários anos participou da
cobertura dos desfiles nos noticiários da emissora. A Lesga
comprou o horário da CNT para mostrar os desfiles das dez escolas do Grupo A,
cuja intenção era ter 16 câmeras e quatro comentaristas. A direção da
transmissão foi de outro nome ligado à Manchete: Mauro Costa (1939 - 2011), que
era diretor de jornalismo da emissora dos Bloch na época de Paulo Stein e
dirigia o carnaval da mesma. Na
quinta-feira anterior ao desfile, no dia 19 de fevereiro, a CNT exibiu um
programa de uma hora de duração, também apresentado por Stein, com os
preparativos das escolas – pequenas reportagens, de três a quatro minutos,
pré-gravadas, para cada escola. A emissora não transmitiu a apuração, pois isso
não estava no contrato assinado entre a Lesga e a CNT. No
entanto, as coisas não saíram exatamente do jeito combinado. Em vez de estar
dentro de uma cabine no Sambódromo com a visão para a passarela, como é de
praxe nesses casos, Paulo Stein fez a transmissão inteira dos desfiles dentro
do caminhão da externa da emissora, em uma espécie de off tube (quando o locutor não está no local do evento, e sim, no
estúdio, vendo as imagens a partir de um monitor). “Não
era para ter sido desse jeito”, explicou o narrador em entrevista ao site GGN. “O
presidente da Lesga (Reginaldo Gomes, que também fora presidente da Inocentes
de Belford Roxo) tinha acertado uma cabine, segundo ele, num camarote. Só sei
que quando cheguei lá não tinha a tal cabine e o jeito foi fazer dentro do
caminhão de externa. Não teve o mesmo espaço e conforto de um estúdio, mas na
televisão a narração e os comentários têm que ser feitos em cima das imagens
que estão sendo mostradas. Quando estamos no local trabalhamos com um olho na
tela e o outro na pista. Quando acontece um fato expressivo fora do que está
sendo mostrado você tem que explicar e dizer por que não está sendo mostrado”. A
CNT exibiu o Grupo A na noite do dia 21 de fevereiro, no sábado de Carnaval, ao
vivo e com exclusividade, direto da Sapucaí, as seguintes escolas (pela ordem):
São Clemente (“O beijo moleque da São
Clemente”); Estácio de Sá (“Que
chita bacana”); Inocentes de Belford Roxo (“Do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro a Inocentes canta: Brizola, a
voz do povo brasileiro”); Paraíso do Tuiuti (“O Cassino da Urca”); Império da Tijuca (“O mundo de barro de Mestre Vitalino”); União da Ilha do Governador
(“Viajar é preciso – viagens
extraordinárias através de mundos conhecidos e desconhecidos); Acadêmicos
da Rocinha (“Tem francesinha no salão. O
Rio no meu coração!”); Renascer de Jacarepaguá (“Como vai, vai bem? Veio a pé ou veio de trem?”); Acadêmicos de
Santa Cruz (“S.O.S. Planeta Terra –
Santuário da Vida”) e Caprichosos de Pilares (“No transporte da alegria. Me leva Caprichosos a caminho da folia”). Além
de Paulo Stein, a cobertura do “Carnaval da Lesga” também teve a participação
de Miro Ribeiro, Max Lopes e de Fernando Ribeiro, o “Cabeção”, da Rádio FM O
Dia, nos comentários. CNT / LESGA Narração: Paulo
Stein Comentários: Max
Lopes, Miro Ribeiro e Fernando “Cabeção” Ribeiro.
Em
2010, os direitos de transmissão do grupo de acesso voltaram às mãos da Band,
como veremos no próximo capítulo desta série. Jorge Perlingeiro é Samba de Primeira Após
ter saído da TV Tupi devido ao fechamento da estação (como vimos no capítulo 2 e no capítulo 3 desta série), Jorge Perlingeiro peregrinou com seu
programa “Samba de Primeira” de forma independente e com variações de horários
e de formatos, por várias emissoras, como a TV Corcovado e a TV Bandeirantes
carioca até aportar na CNT, em 2002. Em determinado período, o programa atingiu
um certo status cult, como símbolo do
trash televisivo. Perlingeiro
apresentou o programa, aos sábados, às 23h, até fevereiro de 2015, quando a
atração foi retirada da grade da CNT. Foram 43 anos comandando o “Samba de
Primeira”, sempre alugando o horário na emissora e bancando o programa todo. O
motivo da parada, segundo o apresentador, foi a dificuldade em arrumar
parceiros comerciais. “Não estou parando porque quero. Estou sendo obrigado.
Atualmente, eu estou pagando para trabalhar”, afirmou ao Jornal Extra, em
dezembro de 2014. Jorge chegava a desembolsar mais de R$ 70 mil por programa.
Assumidamente
torcedor da Unidos de Vila Isabel, Perlingeiro, que tem uma agência de produção
artística – a Jorge Perlingeiro Produções, – segue fazendo eventos (“Até
batizado de cachorro!”, brinca). Nascido em 1945, nunca parou de trabalhar. E,
claro, prossegue até hoje comandando a apuração do carnaval carioca, a cada Quarta-Feira
de Cinzas. De
novembro de 2015 a abril de 2017, o apresentador esteve contratado pela Rádio
Globo, onde levou seu programa no horário entre 15h e 16h. Devido a mudanças no
formato da emissora, acabou dispensado. Quase
dois anos depois, em janeiro de 2020, Jorge Perlingeiro voltou ao rádio pela
Rádio Mania FM, indo ao ar todos os sábados, das 12h às 14h. O locutor reestreou
o “Samba de Primeira” durante a abertura oficial do Carnaval de Rua do Rio de
Janeiro com a entrega
da chave da cidade ao Rei Momo. A apresentação do programa em estúdio foi
interrompida em março de 2020 devido à pandemia do novo coronavírus. O “glossário”
de Jorge Perlingeiro: “Elegante que nem filho de alfaiate”: Diz-se
do convidado que está bem vestido. Pode ser usada a variação “Mais cheiroso do
que filho de barbeiro” ou “Mais bonito do que dinheiro novo”. “Me engana que eu gosto”: é o microfone
usado para o artista cantar em playback. “Não viu o Dilúvio, mas pisou na lama”: Expressão
usada por Perlingeiro para brincar com os amigos que já conhece há muitos anos. “Só se for agora”: Principal bordão do
apresentador. A expressão é usada em diversos momentos para anunciar uma atração
que vai se apresentar ou algo que será feito imediatamente. Equivale a “Vamos
nessa” ou “Bora lá”. Em
2000, as escolas de samba do Rio fizeram um carnaval temático. A direção da Liesa
e as agremiações decidiram que todos os 14 enredos do Grupo Especial teriam
ligação com algum período da história brasileira, em homenagem aos 500 anos do Descobrimento.
A
Liesa organizou uma lista de 21 temas históricos, atendendo a um pedido da Prefeitura
do Rio, que ofereceu R$ 7,5 milhões (R$ 500 mil de ajuda extra para cada
agremiação) para a confecção dos desfiles, caso as escolas concordassem em incluir
o desfile da Sapucaí no calendário das comemorações dos 500 anos. Proposta
aceita prontamente pelos sambistas. Das 21 sugestões, nove foram aproveitadas
nos enredos. A
Globo reformulou sua equipe de transmissão, com a narração sendo dividida entre
Pedro Bial (pela primeira e única vez) e Glória Maria. Os comentários foram de
Ricardo Cravo Albin e Haroldo Costa. Globo e o Carnaval no Terceiro Milênio Um
sofisticado estúdio foi construído no Sambódromo para os narradores do desfile
carioca, em 2001. A estrutura suspensa por cima dos camarotes era transparente,
facilitando a visão que Glória Maria e o estreante em cobertura carnavalesca,
Cléber Machado, tinham do espetáculo e permitindo que eles fossem vistos pelo
público. Em
2002, um segundo estúdio foi construído, no nível do chão da avenida, onde
ficaram os comentaristas Haroldo Costa, Ivo Meirelles e Leci Brandão, enquanto
Cleber Machado e Maria Beltrão (estreando como âncora) ficaram no estúdio
suspenso. No mesmo ano foi criada a “Esquina do Samba”, um estúdio onde o
apresentador Luciano Huck e o sambista Dudu Nobre faziam entrevistas com
personalidades de destaque no Sambódromo. Em
2003, Maria Augusta volta à transmissão de carnaval pela TV, formando o time de
comentaristas com Haroldo e Ivo. Em 2004, troca-troca entre Ivo Meirelles e
Dudu Nobre. O mangueirense se torna repórter na Esquina do Samba enquanto Dudu
estreia na função de comentarista.
Em
2006, uma alteração na estrutura na transmissão: além das cabines transparentes
abrigando locutores e comentaristas, um estúdio no início da passarela, ao lado
da concentração e em frente ao Setor 1, foi montado para servir de base à
cobertura jornalística durante os desfiles, sob o comando de Márcio Gomes. Para
a cobertura Globeleza do ano seguinte, Maria Beltrão e Cléber Machado estiveram
acompanhados dos comentaristas Haroldo Costa, Maria Augusta, Dudu Nobre e do
estreante Chico Spinoza durante a transmissão do Rio de Janeiro. A humorista
Cláudia Rodrigues e o ator André Marques participaram da festa na Esquina do
Samba e no camarote especial. Os
telejornais de rede e os locais fizeram ampla cobertura dos dias de folia. O
Jornal Nacional exibiu também, de 5 a 9 de fevereiro, uma série de cinco
reportagens sobre os tambores do Brasil. O repórter Maurício Kubrusly percorreu
vários estados brasileiros em busca de aspectos comuns às diferentes
manifestações regionais. A série mostrou a identidade nacional no carnaval, sem
desprezar as particularidades da festa em cada região. Carnaval ganha nova tecnologia na TV
Globo Uma
câmera suspensa a 17 metros do chão, para cobrir praticamente toda a extensão
da avenida, foi uma das novidades na transmissão dos desfiles do Grupo Especial
do Rio de Janeiro no Carnaval 2008. A camcat
percorreu toda a Marquês de Sapucaí, presa a cabos sustentados por guindastes,
para mostrar ao público as escolas de samba desde o início dos desfiles até a
apoteose. A tecnologia possibilitou ao telespectador uma visão geral do
desfile, como nunca foi mostrado antes. A câmera dava giros de 360 graus e
também destacou detalhes das alegorias em diferentes ângulos, segundo explicou
à época Aloysio Legey, diretor geral das transmissões do Rio e de São Paulo. A
captação dos desfiles foi toda feita com câmeras HD. Isso quer dizer que em São
Paulo – onde o sistema digital já tinha começado a operar –, o telespectador
assistiu à primeira transmissão de Carnaval em alta definição da TV brasileira.
No total, 1.600 pessoas – entre engenheiros, jornalistas, técnicos etc. – estiveram
envolvidas nas transmissões das duas cidades. No
Rio de Janeiro, 52 câmeras foram distribuídas pela Marquês de Sapucaí. Entre
elas, o Globocop, o trilho que percorre os prédios dos camarotes, uma grua que,
pela primeira vez, ficou no segundo recuo da bateria, e as câmeras do
jornalismo. Na
tela, os recursos criados pela editoria de arte do jornalismo e pela direção
artística da transmissão serão mais uma vez temáticos. Foram produzidos
personagens em 3D, de acordo com o enredo de cada agremiação, para apresentar
as escolas e entrar em replays durante o desfile de cada uma. No total, 26
bonecos – 14 em São Paulo e 12 no Rio de Janeiro. Outros grafismos foram usados
em demonstrações de batimentos cardíacos e na apresentação das letras dos
sambas, além das inserções virtuais, como os fogos de artifício e os nomes das
escolas. Para
o carnaval 2009, a Globo teve uma equipe de 2.200 profissionais envolvidos nas
transmissões dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São
Paulo. No Rio, a jornalista Glenda Kozlowski fez sua estreia na narração da
festa, estando na bolha de vidro, ao lado de Cléber Machado. Os desfiles foram
todos captados e exibidos em alta definição. No Rio de Janeiro, o jornalismo
mobilizou cerca de duzentas pessoas na cobertura do Sambódromo carioca.
GLOBO
RIO DE
JANEIRO (equipes de 2000 a 2009) Narração: Pedro Bial, Glória Maria,
Cléber Machado, Maria Beltrão, Glenda Kozlowski. Comentários: Ricardo Cravo Albin, Haroldo
Costa, Ivo Meirelles, Leci Brandão, Maria Augusta, Dudu Nobre, Chiquinho
Spinoza. Reportagens: Ana Luiza Guimarães, Ana
Paula Araújo, André Luiz Azevedo, Arnaldo Duran, Ari Peixoto, Bette Lucchese,
Edimílson Ávila, Edney Silvestre, Eduardo Tchao, Flávia Jannuzzi, Flávio Fachel, Gabriela de Palhano, Hélter
Duarte, Isabela Scalabrini, Leilane Neubarth, Lília Teles, Maria Paula
Carvalho, Mariana Gross, Mila Burns, Mônica Sanches, Renata Capucci, Roberto
Kovalick, Sandra Moreyra, Tatiana Nascimento e Vinícius Dônola. Estúdio de jornalismo na
Concentração: Márcio Gomes. Esquina do Samba: Luciano Huck,
Dudu Nobre, Ivo Meirelles, André Marques, Cláudia Rodrigues e Danielle Suzuki. Camarote Vip (2008): Sarah
Oliveira O livro de história da Pauliceia Em
São Paulo, o ano de 2000 também prometia ser um marco na história do Carnaval da
Pauliceia. E não só pela realização do desfile temático sobre os 500 anos do
Descobrimento. Pela primeira vez, os desfiles do Grupo Especial seriam
realizados em duas noites, como já acontecia no Rio de Janeiro desde a
inauguração do Sambódromo da Marquês de Sapucaí, em 1984. A
divisão principal paulistana seria formada pelo número – recorde, até então –
de 14 agremiações. Até o dia do sorteio da ordem dos desfiles, não havia se
chegado a um consenso sobre quais seriam exatamente os dias do Grupo Especial.
A ideia inicial era de que fossem no sábado e no domingo, batendo de frente,
assim, com a primeira noite do primeiro grupo do Rio de Janeiro. Essa proposta
era levada em conta porque uma corrente dentro da Liga-SP acreditava que
colocar os desfiles na sexta-feira provocaria o caos na Marginal Tietê, ao lado
do Sambódromo do Anhembi. Além de ser um dia útil, é um dia onde muitos
paulistanos resolvem sair para o litoral para aproveitar o feriado. Por
fim, optou-se por fazer os desfiles na sexta e no sábado, colocando a abertura
no primeiro dia para as 22h30, evitando assim maiores transtornos no horário de
pico, e garantindo o televisionamento da TV Globo em rede nacional, como vinha
ocorrendo desde 1994. A
Liga-SP também resolveu intervir na questão dos enredos. A imposição de temas,
porém, não se limitou a obrigar as agremiações a falar sobre os 500 anos de
Brasil. A história do Brasil foi dividida em 14 partes e caberia a cada uma das
escolas contar uma parte. Mais do que isso: os desfiles seriam cronológicos,
como se fosse um livro. Ou seja: a agremiação que abrisse o Carnaval ficaria
com a primeira parte, a que viesse em seguida com a segunda e assim
sucessivamente. Em
3 de março de 2000 (sexta-feira), o livro da história do Brasil enfim foi
aberto com o desfile da campeã do Grupo de Acesso de 1999, a Tom Maior. A
escola, no entanto, teve que esperar vinte minutos para iniciar o desfile
“Brasil… Amor à primeira vista”. O motivo: as apresentações estavam marcadas
para as 22h30, mas a Globo só abriu a sua transmissão às 22h50. Quando a
emissora carioca enfim entrou com imagens diretas do Anhembi, o cronômetro foi
disparado e o Carnaval de 2000 de São Paulo teve início. Assim,
a Tom Maior ficou encarregada de falar sobre os primeiros anos após a chegada
dos portugueses, de 1500 a 1520. O Camisa Verde e Branco pegou o período de
1520 a 1580; a Mocidade Alegre, de 1580 a 1654; a Águia de Ouro falaria dos
anos entre 1654 a 1700; a Leandro de Itaquera de 1700 a 1730 – o ciclo do ouro –
e a X-9 sobre o ciclo do café, de 1730 a 1770. Encerrando a primeira noite de
desfiles, por escolha própria, a Gaviões da Fiel contaria os anos que
antecederam a chegada da Família Real, de 1770 a 1807. Na
noite de sábado, dia 4, o Morro da Casa Verde ficou com o período de 1807 a
1840, enquanto a Unidos do Peruche contaria o que ocorreu no Brasil de 1840 a
1889, ano da proclamação da República. A Imperador do Ipiranga contou a
história da República Velha (1889-1930), enquanto a Nenê de Vila Matilde falou sobre
a Era Vargas nos anos entre 1930 e 1945. A Rosas de Ouro ficou com os anos
anteriores ao Golpe Militar (1945-1964), ao passo que a Tucuruvi contaria a
história dos anos de chumbo, que duraram de 1964 a 1984. Por fim, também
escolhendo sua posição de desfile, a outra campeã de 1999, Vai-Vai, falaria
sobre os anos mais recentes, no período entre 1984 e 2000. Equipes de transmissão na terra da
garoa Cleber
Machado comandou as transmissões na TV Globo no ano 2000, que pela primeira
vez transmitiu as apresentações de São Paulo na íntegra. Ele foi acompanhado
por Mariana Godoy, enquanto os comentários ficaram a cargo de Maurício
Kubrusly. Nas reportagens, o destaque ficou por conta da irreverência de Márcio
Canuto que, na arquibancada, representou personagens históricos contados nos
desfiles, de Pedro Álvares Cabral a Getúlio Vargas. Em
São Paulo, Britto Júnior foi o apresentador nos anos de 2001 e 2002 juntamente
com a jornalista Mariana Godoy, com comentários de Maurício Kubrusly. No
ano de 2003, mudança na dupla de narradores. Assumem a transmissão dos desfiles
das escolas de samba de São Paulo, o carismático Chico Pinheiro e a talentosa
jornalista Renata Ceribelli, formando um dos casais mais afinados que a
transmissão televisiva de carnaval já teve. Chico e Renata narraram juntos os
desfiles paulistanos até 2009. Para os comentários, Kubrusly ganhou a companhia
da cantora e compositora Leci Brandão.
GLOBO
SÃO
PAULO (equipes de 2000 a 2009) Narração: Cléber Machado, Mariana
Godoy, Britto Júnior, Chico Pinheiro e Renata Ceribelli. Comentários: Maurício Kubrusly e Leci
Brandão. Reportagens: Alberto Gaspar, Britto
Júnior, César Tralli, Ernesto Paglia,
Fabiana Scaranzi, Flávia Freire, Graziela Azevedo, Kelly Varraschim, Márcio Canuto, Mariana
Kotscho e Rodrigo Vianna. Globo News na cobertura carnavalesca Em
2006, a Globo News passou a dar mais atenção à folia. Na semana do Carnaval, de
sexta (dia 24 de fevereiro), a segunda (dia 27), os jornais Em Cima da Hora e
Jornal das Dez tiveram entradas ao vivo dos camarotes da Globo News, montados
nos sambódromos carioca e paulista. A festa em outros estados, como Bahia e
Pernambuco, também foi mostrada através das equipes de reportagem espalhadas
pelo Brasil. Para
a cobertura, as edições noturnas do Em Cima da Hora tiveram 30 minutos de
duração das 18h até às 02h da madrugada de sexta e de sábado, e até às 03h da
madrugada de domingo e de segunda. Em
São Paulo, Veruska Donato ancorou a transmissão com entrevistas ao vivo e entrada
da reportagem nas áreas de concentração e dispersão do sambódromo paulista. No
Rio de Janeiro, a cobertura ficou a cargo dos jornalistas Sidney Rezende e
Luciana Ávila, que estiveram em contato com os repórteres distribuídos pela
Marquês de Sapucaí. Logo após o carnaval daquele ano Sidney estreou seu site de
notícias, o Portal SRZD. Na
terça-feira, dia 28, pela manhã, a Globo News transmitiu ao vivo a apuração dos
desfiles das escolas de samba de São Paulo. A apuração carioca também foi exibida
ao vivo no dia seguinte, quarta-feira, à tarde. GLOBONEWS
SP Apresentação: Veruska Donato Reportagens: Carla Lopes, Elizabeth
Pacheco, Heloísa Torres, Renata Ribeiro e Ricardo Lessa. GLOBONEWS
RJ Apresentação: Sidney Rezende e Luciana
Ávila. Reportagens: Ana Paula Campos, Fernanda
Grael, Leila Sterenberg, Marina Araújo, Rafael
Coimbra e Raquel Novaes. Silvio
Santos vem aí... O
SBT ficou de fora da folia por cerca de uma década e meia. Mas foi a partir da
homenagem que a escola de samba Tradição fez ao empresário Silvio Santos em
2001 que a emissora da Anhanguera ressuscitou ao carnaval. A
Rede Globo foi obrigada a conviver com a figura de seu maior
concorrente por 80
minutos no domingo de Carnaval, durante o primeiro dia de
apresentação do Grupo
Especial. A “Caçulinha” apresentou o enredo “O
Homem do Baú – Hoje é domingo, é
alegria. Vamos sorrir e cantar”. No desfile, entretanto,
não foi mostrado o
logotipo do SBT justamente para evitar possíveis atritos com a
Globo,
responsável pela transmissão do evento. “Nós
estamos contando a história do
Silvio Santos, e não da emissora. Mostrar o símbolo
significaria fazer
propaganda do SBT”, afirmou à época o carnavalesco
Orlando Júnior. Pelo
contrato de transmissão do Carnaval, a Globo pagaria cerca de R$ 8 milhões ao
ano às escolas de samba até o ano de 2004. A
logomarca da emissora concorrente não foi exibida, mas a figura de Sílvio
Santos esteve presente em mais de um carro alegórico. As estrelas do SBT também
foram destaque no desfile da Tradição, como os apresentadores Gugu Liberato (1959
- 2019), Hebe Camargo (1929 - 2012), Carlos Massa, o Ratinho, e o elenco do
programa humorístico “A Praça é Nossa”. O folclórico locutor Lombardi (1940 - 2009)
deu o grito de guerra da agremiação do Campinho (“Isto sim é a Tradição!”) no
início do desfile.
Em
programa gravado e levado ao ar no dia 25 de fevereiro (domingo de Carnaval), Sílvio
Santos confirmou que desfilaria na Sapucaí. No domingo seguinte, no dia 04 de
março, o apresentador agradeceu à Tradição e ao público que prestigiou e torceu
pelo sucesso do desfile. O SBT Repórter exibiu um
programa especial mostrando os bastidores do desfile da Tradição 2001 No
período pré-carnavalesco de 2001, a Globo não contemplava com a devida
frequência a exibição do samba da Tradição em horário nobre nas vinhetas do
carnaval Globeleza. No entanto, o clip com o samba assinado por Lourenço (1959
- 2017) e Adalto Magalha (1945 - 2016) era mostrado constantemente nos
intervalos da programação do SBT nos meses anteriores ao carnaval. Na hora do
desfile, o povo já conhecia muito bem a letra, o que certamente ajudou bastante
a Tradição. Programa “SBT Repórter” com os
bastidores do desfile da Tradição, em homenagem a Sílvio Santos em 2001. Além
do samba da Tradição, o SBT também passou a exibir trechos das diversas
marchinhas de carnaval gravadas por Sílvio Santos ao longo dos tempos. A
execução acontecia às vésperas e também no período de Carnaval, sempre nos
intervalos comerciais. Sucessos
como “Transplante de Corinthiano” (1968), “A bruxa vem aí” (1971), “Marcha da
Furunfa” (1982), dos célebres versos “Furunfar
é muito bom / furunfar é bom demais / quem furunfou, furunfou / quem não
furunfou não furunfa mais”; “Pipoca” (década de 80) e “A pipa do vovô não
sobe mais”, eleita
como a 8ª Melhor Marchinha de Carnaval de Todos os Tempos pela Revista Veja em
2011. A
maioria das músicas foi composta pelo casal Manoel Ferreira (1930 – 2016) e
Ruth Amaral. Autores das marchinhas, Manoel e Ruth foram casados durante 55
anos e juntos fizeram mais de 200 canções de estrofes curtas e frases
bem-humoradas.
Dez
anos depois do apoteótico desfile em homenagem a Sílvio Santos o SBT passou a
ter uma cobertura específica carnavalesca. O SBT Folia começou a mostrar
inicialmente o carnaval de Salvador. Em 2012, a emissora paulista passou a
transmitir o desfile das campeãs de São Paulo e do Rio de Janeiro. Mas isso é
assunto para o próximo capítulo desta série. Por
força de contrato, a TV Globo passou a ser a detentora dos direitos exclusivos
de transmissão ao vivo nos dois dias de Grupo Especial no sambódromo do Rio. Coube
então à Band a transmissão dos Desfiles das Campeãs, no sábado posterior ao Carnaval,
no encerramento da cobertura Bandfolia – caracterizada desde 1993 em apresentar
o Carnaval de Salvador. O Desfile
das Campeãs foi instituído na década de 1980, no Rio de Janeiro, onde as seis melhores
escolas de samba do Grupo Especial desfilam novamente no sambódromo, no final
de semana seguinte ao carnaval. Este desfile não possui caráter competitivo, é
apenas uma espécie de festa para coroar as melhores escolas do ano, na qual os
foliões podem desfilar mais despreocupados com os quesitos. Durante a década de
90 e a primeira década do século XXI, também participava do desfile das campeãs
na Marquês de Sapucaí como convidada a sociedade carnavalesca italiana Cento
Carnevale D'Italia. A entidade ficou famosa por jogar ursos de pelúcia de seu
carro alegórico para as arquibancadas do sambódromo carioca, desfilando ao som
de músicas carnavalescas italianas. Por
treze anos, entre 1999 e 2011, a Band transmitiu o Desfile das Campeãs do Rio
de Janeiro. O locutor Fernando Vannucci, contratado pela emissora paulista
depois da demissão da Globo, foi o âncora da transmissão entre os anos de 2000 a
2002, dividindo a narração com Astrid Fontenelle, que permaneceu no canal até o
carnaval de 2005. Além de Vanucci e Astrid, também ancoraram o desfile das campeãs pelo Bandfolia os narradores Luciano do Valle (em 2003 e 2006) e José Luiz Datena (2007 a 2009).
Entre
os comentaristas convidados, participaram da cobertura os jornalistas e
escritores Alexandre Medeiros (2000 a 2003) e Roberto M. Moura (2005); os
cantores e compositores Jorge Aragão (2000, 2001 e 2005) e Arlindo Cruz (2006 e
2009); a jornalista Márcia Peltier (2001); os carnavalescos Milton Cunha (2002,
2003, 2005, 2006 e 2009), Fernando Pamplona (2004) e Mario Borriello (2004), e
a dançarina e apresentadora Adriana Bombom (2005). Artistas
também eram convidados para fazer reportagens “especiais” durante a
transmissão, como Otávio Mesquita e Elke Maravilha (2001-2002) e Preta Gil
(2004).
O
ano de 2004 foi o último que assistimos Fernando Pamplona (1926 - 2013) em uma
cobertura de carnaval. Após ter se demitido no ar no encerramento do segundo
dia de desfile do Grupo Especial do Rio no carnaval de 1997, ainda pela TV
Manchete, o veterano carnavalesco foi se afastando cada vez mais da folia. Pamplona
se dizia cansado da “mesmice” dos desfiles, da excessiva mercantilização da
festa, do marcheamento dos sambas-enredo e do formato da transmissão de
carnaval pela televisão – o qual sempre foi um crítico contumaz – que, a seu
ver, favorecia a exibição de mulheres nuas e de pseudocelebridades em
detrimento dos verdadeiros sambistas. Quando questionado se ainda acompanhava
os desfiles, afirmava que durante o período de carnaval preferia viajar para
longe do Rio e, de preferência, sem nenhum televisor ligado por perto. Mesmo
tendo se tornado avesso à folia, topou participar da transmissão do desfile das
campeãs pela Band, dividindo os comentários com o também carnavalesco (e
igualmente salgueirense) Mario Borriello, sob a ancoragem de Astrid Fontenelle.
Na transmissão, vimos e ouvimos o velho Fernando Pamplona de sempre, criticando
sambas e o formato de desfile, além de enaltecer os artistas de sua geração,
como Arlindo Rodrigues (1931 - 1987) e Joãosinho Trinta (1933 - 2011). No
entanto, teceu generosos elogios ao nome que emergia naquele ano: o
carnavalesco Paulo Barros, responsável por levar a até então inofensiva Unidos
da Tijuca a um inédito e inesperado vice-campeonato.
Em
2005, outro grande estudioso da cultura popular fazia sua derradeira
participação em coberturas de carnaval. Roberto M. Moura (1947-2005) foi
jornalista, crítico musical, produtor cultural, professor, escritor e mestre em
Comunicação e Cultura pela ECO/UFRJ. Integrou o grupo do Bandfolia no desfile
das campeãs do Rio juntamente com Astrid, Milton Cunha, Jorge Aragão e Adriana
Bombom.
Autor
de várias obras sobre música e carnaval, Moura trabalhou no semanário O Pasquim
nos anos 70 e foi morador da Praça Onze, no centro do Rio. Também fazia parte
do júri do Estandarte de Ouro do jornal O Globo, além de ser comentarista da
TVE e colunista do jornal Tribuna da Imprensa. Grande estudioso de samba e comunicação, assuntos sobre os quais fazia conferências no Brasil e no exterior, Roberto Moura morreu em outubro, poucos meses depois da transmissão da Band, aos 58 anos, no Rio de Janeiro, de falência múltipla dos órgãos após ter contraído febre maculosa.
De
2007 a 2011, a Bandeirantes também mostrou o desfile das campeãs de São Paulo.
Na terra da garoa, o evento acontecia entre a noite da sexta-feira seguinte ao
Carnaval e a madrugada de sábado (para não competir com o desfile no Rio). Além
das cinco escolas com melhor colocação, participam do desfile das campeãs em
São Paulo também as duas agremiações promovidas do Grupo de Acesso, algo que não
acontece no Rio de Janeiro desde 1999. O
jornalista Fernando Vieira de Mello foi o apresentador do desfile das campeãs
no sambódromo do Anhembi desde o primeiro ano da transmissão da Band em 2007. Participaram
da cobertura como convidados o músico Oswaldinho da Cuíca, a passista Roberta
Kelly (Rainha do Carnaval de SP em 2007 e Rainha de Bateria da Nenê de Vila
Matilde), além da jornalista Silvia Poppovic, como comentarista.
BAND
DESFILE
CAMPEÃS RJ (equipe de 2000 a 2009) Narração: Astrid
Fontenelle, Fernando Vanucci, José Luiz Datena e Luciano do Valle. Comentários: Adriana
Bombom, Alexandre Medeiros, Arlindo Cruz, Fernando Pamplona, Jorge Aragão,
Márcia Peltier, Mario Borriello, Milton Cunha e Roberto M. Moura. Reportagens: Otávio
Mesquita, Elke Maravilha, Preta Gil, Aline Pacheco, Che Oliveira, Cristiana
Gomes, Fábia Belém, Fábio Behrend, Jaqueline Silva, Krishma Carreira, Luciana
do Valle, Mariana Procópio, Mônica Ferreira, Sandro Gama e Sérgio Costa. BAND
DESFILE
CAMPEÃS SP (equipe de 2007 a 2009) Narração: Fernando
Vieira de Mello. Comentários: Oswaldinho
da Cuíca, Roberta Kelly e Sílvia Poppovic. Reportagens: Eleonora
Pascoal, Márcio Campos, Nadja Haddad e Ticiana Villas-Boas. No próximo e último capítulo da série, vamos abordar a folia televisiva entre os
anos 2010 e 2020. Nesse período, o carnaval perdeu cada vez mais espaço na tevê
aberta, mas ganhou fôlego na internet. Outros polos carnavalescos emergiram e passaram
a ter vistos em rede nacional. A emissora que se especializou em cobrir os
bastidores do carnaval. A “TV do Patrão” voltou a mostrar os festejos de Momo. Após
três décadas, rede pública de televisão volta a fazer ampla cobertura do
carnaval. E uma emissora musical que abordava o carnaval com muito humor
dedicando até uma programação especial para o período. Referências: BELMOK, João Paulo. A aventura carnavalesca do SBT. In: Site Carnavalize – Na tela da
TV, em 01/02/2017. Disponível em <http://www.carnavalize.com/2017/01/na-tela-da-tv-aventura-carnavalesca-do.html>.
Acesso em jun 2020. _____________________. CNT e Band caem na folia. In: Site Carnavalize – Na tela da TV, em
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Brisolara (Rixxa Jr.)
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