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SAMBA-ENREDO ACADÊMICOS DO TUCURUVI 2022
por Bruno Malta
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apresentará uma temática que buscará uma
reflexão sobre como o Carnaval de São Paulo mudou desde a
sua construção. Falará da saudade da Avenida
Tiradentes — antigo palco — , do povo que foi esquecido e
de como a festa já não é mais tão popular
como foi. Também mencionará o engessamento da festa com
seus regulamentos cada vez mais rígidos e de como o samba sempre
sobrevive as mudanças que são impostas a ele. É
uma crítica ao Carnaval de São Paulo e sua modernidade,
mas uma proposta de reflexão sobre o que ele se tornou.
Refletir sobre o Carnaval de São Paulo é o mote da proposta do Acadêmicos do Tucuruvi Ah, o tempo… Este que sempre me fez viajar pelos lugares mais inesperados e foi pelas mãos do meu povo preto de alma simples e guerreira que descobriu de quem eu sou Eu sou o samba! E peço respeito, sim senhor! Já percorri os trilhos da saudade para lembrar meu real valor de quando brincávamos com a mais pura ingenuidade do folião, pois não precisava de muito para ser quem eu sou Era bloco, cordão, tantas memórias da simplicidade que ficou para trás Dos pés descalços que levantavam poeira, dos versos que marcaram minha história Dos corsos carrego os adornos que mascaravam minha rusticidade popular, porém, não posso negar o valor de quem me abrigou. Realmente, eu era feliz e nem poderia imaginar, pois fui rei de um povo coroado com a ilusão. É, quem me dera poder voltar no tempo e reencontrar o palco mais charmoso, sempre foi a Tiradentes com suas luzes e cores que alegravam o coração de quem fosse brincar Não importava se era rico, pobre, mendigo ou sem lar, pois era a casa de todos, um lugar para se eternizar por gerações e foi através de suas grandes canções que vi todo esse povo zigue-zaguear, sem filas, sem ordens para alinhar. Fizeram de você, o meu grande palácio onde as estrelas mais brilhantes era a imortalidade de meus baluartes, homens e mulheres que me trouxeram até aqui, que escreveram com seu suor, cada página da minha existência… E o povo? Esse, sim, carregava no olhar, a mais pura felicidade, era nítido, tão fácil de perceber que eu estava ali, estampado no rosto, na voz de todos a cantar Hoje, meu povo se tornou o protagonista principal desta festa que já não sei o quanto é popular. Agora, tenho a modernidade em cada traço, as curvas sinuosas do rio que me banha, o corpo da cabrocha… O Anhembi é o templo erguido para minha exaltação, de grandes glórias e ascensões com tempo, vi meu rumo mudar e muitas vezes me pergunto: Onde comecei a ser perdido? Pois já não vejo a minha simplicidade por aí. A alma do sambista estampada nessa pista que insiste a todos engessar, onde quem tem muito pode mais e a vaidade que impera acabou deixando eu, o samba, para trás, com num jogo de estratégias. Quem grita mais alto, leva! Regras, regras e regras… E o futuro, o que será? De lá pra cá, o que mudou? Daqui pra lá, o que será? E não adianta titubear, pois todos devemos responder Esta é a voz da minha razão Onde vamos parar? Será que como nosso baluartes que fizeram nossa história e, hoje, esquecidos na memória, imploram seu valor Ou no choro da velha baiana que não roda mais sua saia levando axé e muito amor Perguntas e mais perguntas, mas a certeza é uma só: Eu acredito na força da nossa raiz e ninguém poderá nos calar, pois carregamos o DNA do mais puro folião que atravessou gerações até aqui. É no olhar de cada criança que carrega a esperança de um futuro melhor. Eu sou samba! E acreditem: Isso aqui não acabou e nem vai acabar, pois sou a resistência e você tem que respeitar. Samba-Enredo Gravação do Estúdio Créditos: Divulgação oficial — Liga/SP Samba ao vivo Créditos: Canal Site Apoteose
Intérprete: Leonardo Bessa Letra do samba Tempo, me leva Me faz viajar nos trilhos da saudade Onde a gente se perdeu E deixou pra trás nossa simplicidade? Os pés no chão levantando poeira Os versos marcados no meu coração Eu era feliz e não sabia Fui o rei dessa folia Coroado na ilusão Ah! Quem me dera amor, poder voltar Na Tiradentes e encontrar Meu povo brincando com liberdade… a cantar E hoje, a alma do sambista Engessada nessa pista Onde quem tem muito pode mais Um show que só impera a vaidade E o samba de verdade vai ficando para trás Os baluartes que fizeram nossa história Esquecidos na memória, implorando seu valor No choro da velha baiana Há esperança no olhar E a força da nossa raiz Ninguém pode calar De lá pra cá… o que mudou? Daqui pra lá… o que será? O samba não acabou, nem vai acabar Sou resistência e você tem que respeitar Análise O Acadêmicos do Tucuruvi no próximo desfile apresenta o enredo “Carnavais: De lá pra cá, o que mudou? Daqui pra lá, o que será?” que apresenta uma proposta de reflexão sobre o Carnaval de São Paulo. Entre o saudosismo sobre o que passou e a crítica sobre o que acontece, o samba denota claramente os momentos do enredo e conta com competência, o que se propõe. De autoria de Diego Nicolau, Marcelo Chefia, Rodolfo Minuetto, Rodrigo Minuetto e Leonardo Bessa, a obra propositalmente não menciona o nome da escola. Servindo com uma espécie de manifesto do sambista, a letra apresenta uma figura saudosa do que aconteceu e crítico com o que acontece, mas que não esquece, no fim, que a esperança passa, acima de tudo, por si e sua fala. O início da letra já denota claramente que a primeira estrofe apresenta o “De lá pra cá”. Nos primeiros versos existe um pedido de uma volta ao passado com os versos “tempo me leva // me faz viajar nos trilhos da saudade // onde a gente se perdeu e deixou para trás nossa simplicidade?”. O problema é que o último verso que tem intenção de pergunta não obtém resposta nos versos seguintes e melodicamente (-0,1 div.mel) não constrói entonação de pergunta, ficando vago ali nesse começo. A partir daí, o samba engrena na nostalgia. Na sequência, apresenta um “os pés no chão, levantando poeira, // os versos marcados no meu coração // eu era feliz e não sabia // fui o rei da dessa folia, coroado na ilusão” fecham a saudade da estrofe. Nesse momento, a composição apela para o lado emocional, mas a sequência chÃO, coraçÃO e ilusÃO muito próxima traz um ar de repetição, prejudicando a unidade (-0,1 riq.poé). No refrão central, o fim da “primeira parte” do enredo menciona com muita beleza e clareza, a Avenida Tiradentes, antigo palco dos desfiles das escolas de samba de São Paulo. Com uma bonita célula melódica, a obra, finalmente, engata no acelerador na melodia e traz uma sensação de carnaval antigo. O verso “Ah, quem me dera, amor” é bonito e abre o refrão. O problema é que a sequência é toda terminada em ar com “voltAR, encontrAR, cantAR” que antecedidos por amoR que termina em R e traz um cansaço que acontecia anteriormente na estrofe que antecede. Na segunda estrofe, surge o “Daqui pra lá”. A crítica chega aos tempos atuais e apresenta os problemas que vemos no Anhembi e no Carnaval de São Paulo. O sambista engessado pelo regulamento, o dinheiro sobrepondo a criatividade e a vaidade virando ponto principal no show. Bem na linha da crítica de “O Samba Sambou” apresentada pela São Clemente em 1990/2019, a obra passeia por pontos óbvios e verdadeiros, mas sem a devida profundidade, falhando no foco do enredo que é voltado ao Carnaval de São Paulo (-0,1 adeq.). Em construções de rima, o samba volta a apresentar falhas que aparecem na primeira. Com muitas rimas finalizadas em r como “valoR, olhaR e calaR” (-0,1 riq.poé), o samba parece ter os desenhos melódicos iguais aos da primeira, o que não é exatamente uma verdade, como podemos observar na ótima subida do “no choro da velha baiana”, mas como já exposto, há, sim, essa sensação causada por esse tipo de finalização que desabona o conjunto (-0,1 div.mel). Por fim, o refrão principal é até bem construído mencionando claramente os dois grandes momentos do enredo, mas se não cita o nome da escola como é comum, apela para o óbvio “o samba não acabou, nem vai acabar // sou resistência e você tem que respeitar” que não agrega em nada na mensagem e nem, de fato, consegue apresentar quem é a tal resistência. Se é o samba ou sambista. Um problema notório (-0,1 adeq.). Com uma construção bonita e bem desenhada, a obra tem problemas óbvios que acabam por atrapalhar o geral. Há rimas previsíveis que transformaram algumas células melódicas com cara de dejavú. Mesmo assim, é seguramente, a melhor trilha que a agremiação trouxe nos últimos cinco anos. Nota: 9,4 Falhas: ⦁ Riqueza Poética: -0,2 ⦁ Divisão Melódica: -0,2 ⦁ Adequação: -0,2 Bruno Malta |
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