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RANKING DE QUEM SE TORNOU TEMA ENREDO EM VIDA
    
RANKING DE QUEM SE TORNOU TEMA ENREDO EM VIDA

30 de março de 2023, nº 58

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Com o anúncio da Estação Primeira de Mangueira em homenagear a cantora Alcione no carnaval de 2024, a Marrom passa a ser uma das líderes de um ranking informal de quem se tornou tema enredo em vida.

A artista maranhense vai para sua quinta homenagem no carnaval, já tendo sido enredo anteriormente em outras escolas, como a Independentes de Cordovil (1989), Unidos da Ponte (1994), Barroca Zona Sul (2012), pela Mocidade Alegre (2018), e – onde tudo começou – na sua cidade natal, São Luís do Maranhão, com a Flor do Samba, no já longínquo ano de 1988.

Outras personalidades, principalmente no ramo das artes, também já receberam “flores em vida” nas folias carioca, paulistana e em outras praças carnavalescas pelo Brasil. Algumas dessas celebridades estiveram presentes nos desfiles.

Nesta coluna vamos mostrar este ranking em que o homenageado foi reverenciado mais de uma vez e, em pelo menos uma, esteve presente no desfile. Não vamos contabilizar a homenagem após o falecimento, quando for o caso, apenas mencioná-la. Confira:

ALCIONE (6 vezes)
(FLOR DO SAMBA 1988, INDEPENDENTES DE CORDOVIL 1989, UNIDOS DA PONTE 1994, BARROCA ZONA SUL 2012, MOCIDADE ALEGRE 2018 E ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 2024)

Vamos começar com a própria Alcione Nazaré. A primeira vez que a cantora recebeu uma homenagem no carnaval foi no ano de 1988, na sua terra, São Luís, com a Flor do Samba (fundada em 1939), a segunda escola de samba mais antiga da capital do Maranhão. O enredo foi “Em Terra de Poeta a Flor é Marrom”, dos carnavalescos Miguel Veiga e Chico Coimbra.  A escola de cores azul, vermelho e branco ficou com o vice-campeonato.

Um dia o piston anunciou
Num tom agudo ecoou
Despertando a madrugada
Nasceu entre pandeiros e tamborins
Essa divina menina
Que o povo do samba consagrou
(Augusto Tampinha e Chico da Ladeira)


Primeira homenagem a Alcione no carnaval partiu de seus conterrâneos da Flor do Samba, em 1988. Reprodução Youtube.
 
No ano seguinte foi a vez da extinta Independentes de Cordovil, no Grupo de Acesso no Rio (segunda divisão). Com um samba composto e conduzido por Jorge Machado, o Gambazinho, a Cordovil foi a quarta a desfilar na Passarela do Samba e obteve o 5º lugar, com 186 pontos. Alcione desfilou no chão, no final da escola.

Ela é raça é raiz
Na força do samba
Ela é embaixatriz
Adora o mais querido do Brasil... Mengo!
Ela é Marrom Som Brasil
(Gambazinho e Lula Barbudo)

Alcione desfilando pela Independentes de Cordovil em 1989. Crédito: Reprodução Canal Rafael Marçal/Youtube.

Depois, em 1994, a Marrom recebeu uma linda homenagem da Unidos da Ponte. A escola de São João do Meriti iniciou o desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A cantora, mangueirense histórica, foi o tema do enredo da Ponte, justificativa para que uma grande bandeira da verde-e-rosa fosse estendida em um dos carros da escola. Alcione emocionou os 4 mil integrantes da agremiação da Baixada Fluminense no grito de guerra da escola. Pouco antes do desfile, foi ao carro de som e cantou “Não Deixe o Samba Morrer”.

O enredo foi assinado pelo carnavalesco Washington Luiz e a escola foi a 15ª colocada, com 259 pontos. Como não houve rebaixamento naquele ano, a Unidos da Ponte se manteve no grupo especial para o carnaval de 1995.

Canta Marrom
Reflete ao mundo inteiro quem tu és
Porque hoje a minha Ponte
Colorida e deslumbrante
Coloca esta avenida aos teus pés
(Nilson Chamêgo, Charles Santana e Chiquinho do Banjo)

Alcione (no centro da foto, de azul), homenageada na Unidos da Ponte, no carnaval de 1994, com as bandeiras da Mangueira e da  Ponte ao fundo. Crédito: Ivo Gonzalez/ O Globo.

Depois foi a vez (a primeira) de o carnaval paulistano reverenciar a grande estrela. A Barroca Zona Sul, em 2012, estava no Grupo 1 da UESP (equivalente à terceira divisão) e apresentou o enredo “Triunfante Marrom, Alcione em Verde e Rosa”, do carnavalesco André Machado. Nesse desfile, a cantora não desfilou pela verde e rosa do bairro Jabaquara.

Eu sou Barroca, eu sou
Raiz verde e rosa, a tradição
A voz do samba já deu o tom
É a gloriosa, triunfante Marrom
(Dorinho Marques, Tuca Maia e Douglas Bayerlein)

Seis anos depois, Alcione foi a estrela do carnaval da Mocidade Alegre, também em São Paulo. Para 2018, o enredo intitulado foi “A Voz Marrom que Não Deixa o Samba Morrer”, assinado por uma comissão de carnaval. O desfile mostrou a trajetória de Alcione além de prestar uma homenagem ao samba, relembrou também o repertório da cantora.

A escola do bairro do Limão fez um desfile grandioso com técnica e canto perfeitos. Na apuração, ficou com a pontuação máxima e conquistou o vice-campeonato perdendo apenas no critério desempate para a Acadêmicos de Tatuapé.

Não deixe o samba acabar
Na Mocidade, vem ver, o nosso povo cantar
A poesia sorriu ao falar de emoção
Em sua voz, Marrom!
(Biro Biro, Gui Cruz, Imperial, Luciano Rosa, Portuga, Rafael Falanga, Rodrigo Minuetto e Vitor Gabriel)

Alcione, homenageada pelo enredo da Mocidade Alegre em 2018, participa do desfile no último carro da escola. Crédito: Ardilhes Moreira/G1

E para o carnaval 2024, Alcione será enredo da Estação Primeira de Mangueira. “Estou muito honrada e emocionada com o convite”, disse a estrela, que terá sua trajetória contada pela Verde e Rosa na Sapucaí.
O anúncio aconteceu no dia 13 de março. Contar a trajetória da Marrom na Sapucaí era um desejo da presidente da escola, Guanayra Firmino, há mais de dez anos. Alcione recebeu o convite pessoalmente, em sua casa. O lançamento do enredo e logo oficial será no dia 28 de abril, data que marca o aniversário de 95 anos da Mangueira.

Vida de Alcione será o enredo da Mangueira em 2024. A cantora recebeu o convite em sua própria casa. Crédito: Reprodução/Instagram

ROBERTO CARLOS (2 vezes)
(UNIDOS DO CABUÇU 1987 E BEIJA-FLOR 2011)

O Rei foi tema duas vezes na Sapucaí. A primeira foi em 1987, pela Unidos da Cabuçu, cujo enredo o homenageava. Vestido com um terno branco, envolto por rolos de fumaça de gelo seco que às vezes encobriam sua silhueta, Roberto ensaiou tímidos passos de samba e, acenando para a plateia, foi ovacionado do início ao fim do Sambódromo.

Apesar dos muitos aplausos à Cabuçu e seu enredo “Roberto Carlos na Cidade da Fantasia”, do carnavalesco Ilvamar Magalhães, a escola não chegou a brigar pelo título do Carnaval de 1987: acabou com 10ª colocação, empatada com a São Clemente.

E quem sou eu, nessa cidade encantada
Sou mensageiro do amor
No esplendor da madrugada
(Adalto Magalha, Adilson Gavião e Sergio Magnata)

Roberto Carlos foi ovacionado do início ao fim do Sambódromo no desfile da Cabuçu em 1987. Acervo O Globo

Em 2011, foi a vez da Beija-Flor cantar RC. Os detalhes teriam sido intermediados pelo puxador da escola, Neguinho da Beija-Flor, de quem Roberto Carlos já disse publicamente ser fã. O Rei também confessou torcer pela escola de Nilópolis. O objetivo era festejar os 70 anos do cantor mais popular do Brasil.

Segundo o diretor de carnaval da BF na época, Laíla, o aspecto mais marcante do primeiro encontro entre a escola e o artista foi a simplicidade do cantor, por isso, o enredo recebeu o título de “A Simplicidade de Um Rei”. Para o desfile, a Beija-Flor recebeu dois milhões de reais de patrocínio da Nestlé, empresa da qual Roberto Carlos era contratado para fazer publicidade.

Na fé com o meu Rei seguindo
Outra vez estou aqui vivendo esse momento lindo
De todas as Marias vem as bênçãos lá do céu
Do samba faço oração, Poema, emoção!
(Samir Trindade, Serginho Aguiar, Jr Beija Flor, Sidney de Pilares, Jorginho Moreira e Théo M. Neto)

A Beija-Flor deu ao rei Roberto Carlos um novo título de nobreza, desta vez no mundo do samba: o de campeão do carnaval carioca em 2011. Acervo O Globo.

A Beija-Flor venceu o Grupo Especial do carnaval de 2011 com 1,4 pontos de vantagem sobre a segunda colocada, Unidos da Tijuca, conquistando seu 12.º título de campeã na folia carioca.

XUXA (2 vezes)
(CABUÇU 1992 E CAPRICHOSOS DE PILARES 2004)

A Unidos do Cabuçu vivia uma fase de homenagear artistas e, em 1992, apresentou uma das personalidades brasileiras mais queridas da época, a apresentadora Maria da Graça Meneghel, a Xuxa. A Rainha dos Baixinhos foi enredo, quando a escola desfilava pelo Grupo 1-B. Era o último ano do programa “Xou da Xuxa”, exibido nas manhãs da TV Globo, um reconhecimento da grandeza desta estrela. O enredo foi “Xuxa, o Sonho Vira Realidade no ‘Xou’ da Cabuçu”, dos carnavalescos Paulo Afonso de Lima e Mara Alves. A colocação da escola naquele ano foi 8º lugar.

O desfile aconteceu no dia 29 de fevereiro de 1992 e naquela ocasião, o comentarista Roberto Barreira, da TV Manchete, informava que Xuxa, com 28 anos de idade, até então era a mais jovem homenageada na história do sambódromo da Sapucaí, inaugurado oito anos antes.

Com um turbilhão de cores
A Cabuçu vem mostrar
A trajetória desse mito popular
Voando em sua nave de ilusões
A Xuxa alegra a milhões de corações
Para os baixinhos e altinhos
Ela canta com eterna emoção
(João Ferreira, Orlando Negão, Robertinho da Matriz e Sereno)

Aos 28 anos de idade, em 1992, Xuxa até então era a mais jovem homenageada na história do sambódromo da Sapucaí. Reprodução Twitter Juha Tamminen.

Já no ano de 2004, foi a escola de samba Caprichosos de Pilares que escolheu como enredo fazer uma homenagem à eterna Xuxa. Falar sobre uma artista viva, em seu auge, gerou grande expectativa em cima do desfile da Caprichosos – que, para a homenagem, adotou a grafia Caprixosos – gerando também expectativa sobre a presença da Xuxa na avenida.

Ao longo de toda a apresentação havia a significativa presença de crianças em vários setores do desfile. A escolha feita pelo carnavalesco Cahê Rodrigues com o enredo “Xuxa e seu Reino Encantado no Carnaval da Imaginação” foi por um desfile voltado para a imagem “Xuxa, rainha dos baixinhos”, isto é, inspirado no público infantil da homenageada, o que fez com que o desfile fosse algo mais lúdico, com traços de contos de fadas, conectado com a forte presença da apresentadora na infância de seus fãs, mesmo os já crescidos, trazendo para estes uma sensação de nostalgia. Circulou nos jornais da época, que Xuxa, após aceitar o convite, fez algumas exigências, dentre elas que não houvesse nudez no desfile e que sua vida pessoal não fosse abordada.

Batam palmas, ela já chegou
Em meu coração um Xis marcou
Xuxa, eu te amo
Eu te amo, meu amor
(Preto Jóia, Nei Negrone, Silvio Araújo e Riquinho Gremião)

Inspirado no público infantil de Xuxa, o desfile da Caprichosos foi lúdico, com traços de contos de fadas e uma sensação de nostalgia. Crédito: João Wainer/Folha Imagem

FERNANDO PAMPLONA (2 vezes)
(ACADÊMICOS DO SALGUEIRO 1986 E ACADÊMICOS DO CUBANGO 1994)

Respeitado como o “pai de todos” os carnavalescos do Rio de Janeiro, Fernando Pamplona (1926-2013), fez história no desfile das escolas de samba, colocando enredos afros nos desfiles, e elevando a Acadêmicos do Salgueiro ao patamar das grandes agremiações cariocas. Foi o guia de uma geração de carnavalescos que brilhou nos anos seguintes em várias agremiações, como por exemplo: Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães, Renato Lage, Maria Augusta, dentre outros.

No Salgueiro, Pamplona foi quatro vezes campeão (1960, 1965, 1969 e 1971) e vice outras três oportunidades (1961, 1964 e 1970). Cenógrafo de formação, Pamplona foi o responsável por marcantes decorações de carnaval no Theatro Municipal e nas ruas do Rio de Janeiro. No ano de 1984, foi peça essencial na precursora transmissão de carnaval da extinta Rede Manchete, a qual foi campeã de audiência e de elogios, quando da inauguração do Sambódromo no Rio.

O  “pai de todos”, Fernando Pamplona, fez história  colocando enredos afros e elevando o Salgueiro ao patamar das grandes agremiações cariocas. Crédito: Jonas/Agência O Dia

Em 1986 foi homenageado pelos Acadêmicos do Salgueiro, com o enredo “Tem que se Tirar da Cabeça Aquilo que Não se Tem no Bolso – Tributo a Fernando Pamplona”, do carnavalesco Ney Ayan. Pamplona não queria aceitar a homenagem e até ameaçou entrar na justiça contra a vermelho e branco. Mas na hora da apresentação do Sal, a emoção do velho carnavalesco (que transmitia o desfile pela TV Manchete) falou mais alto. A escola conquistou a sexta colocação com um samba que teve uma bela interpretação do saudoso Rico Medeiros. Alô Bicho de Pena!

Salgueiro desfila em 1986, relembrando os enredos que mudaram a história do carnaval do Rio de Janeiro: Crédito: Site Sambario

O Salgueiro chegou
Na terra de Iorubá
O Salgueiro brilhou
No céu de Oxalá
(Jorge Melodia, Paulo Emílio, Bicho de Pena e Marcelo Lessa)

Em 1994 foi a vez da escola de samba niteroiense Acadêmicos do Cubango também prestar seu tributo a Pamplona. A verde e branco do bairro do Morro do Abacaxi apresentou, pelo Grupo 1-B, o enredo “Ao Mestre com Carinho (Homenagem a Fernando Pamplona)”, dos carnavalescos Etevaldo Brandão e Sônia Regina.

Desta vez não houve tanta polêmica como em 1986, pois Pamplona nem estava na Sapucaí. O velho carnavalesco estava com o narrador Paulo Stein e a equipe da TV Manchete transmitindo em rede nacional o desfile das escolas de samba de Manaus, que acontecia no mesmo dia.  A Cubango chegou no 15º lugar.

Vem ver amor...
Ver Fernando, um talento, um esplendor
Vem, ver amor...
Que a vida passa mas Pamplona não passou
(Huguinho, Marcelo e Aloizio)

Baianas da Cubango em 1994. Apesar da beleza e da garra da ala, a escola não passou do 15º lugar no Grupo 1-B. Crédito: Armando Borges.

Em 2015, com o enredo “A Incrível História do Homem que Só Tinha Medo da Matinta Pereira, da Tocandira e da Onça Pé de Boi”, a São Clemente homenageou post-mortem Fernando Pamplona, que morreu em setembro de 2013, com criações da carnavalesca Rosa Magalhães.

DORIVAL CAYMMI (2 vezes)
(ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 1986 E ALEGRIA DA ZONA SUL 2004)

A Estação Primeira de Mangueira entrou com tudo na passarela do samba em 1986 e apagou a má impressão do ano anterior com um de seus desfiles mais marcantes. A escola resolveu resgatar suas tradições e reconvocou o carnavalesco Júlio Mattos, artesão com formação popular e afastado da escola desde 1979, para desenvolver o enredo “Caymmi, Mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira Têm”.

Além de homenagear o grande cantor e compositor baiano, Dorival Caymmi (1914-2008) a Verde e Rosa fez um belo passeio pelos costumes, culinária, religiosidade e tradições baianas tão lembradas nas canções de Caymmi. O samba, que já prenunciava um grande impacto no desfile, comprovou isso com um rendimento impressionante. A Mangueira se sagrou a grande campeã daquele ano.

Bahia terra sagrada
De Iemanjá, Iansã
Mangueira supercampeã
Tem xinxim e acarajé,
Tamborim e samba no pé
(Ivo Meirelles, Paulinho e Lula)

Dorival Caymmi foi tema do enredo da Mangueira no carnaval de 1986, com a escola se sagrando campeã. Crédito: Site Mangueira.

Letra do samba da Mangueira que arrebatou a Sapucaí em 1986.

Em 2004, a escola de samba Alegria da Zona Sul apresentou na avenida dos desfiles o enredo “Dorival Caymmi, o Mar e o Tempo nas Areias de Copacabana”, dos carnavalescos Deco e André Wendos. A agremiação se aproveitou do fato de ser do bairro que o cantor e compositor Dorival Caymmi escolheu para viver e completar seus 90 anos de idade.

Devido à idade avançada, o cantor e compositor baiano não desfilou pela escola em 2004, que chegou no 6º lugar pelo Grupo A (segunda divisão).


Quero adormecer na praia
Deitar na rede de um pescador
Caymmi é alegria
Nesse mar de fantasia
Zona Sul é paz e amor
(Gilmar Nogueira, Jorge Madrugada e Pedrinho Cassa)

Logomarca de 2023 para a reedição da Alegria da Zona Sul para o enredo sobre Dorival Caymmi. Crédito: Reprodução.

Em 2023 enredo e samba-enredo em homenagem a Caymmi (falecido em 2008) foram reeditados pela escola, desta vez, na Intendente de Magalhães, pelo carnavalesco Marco Antônio Falleiros. A Alegria ZS ficou no 10º lugar, pela Série Prata (terceira divisão).

CAETANO VELOSO (2 vezes)
(MANGUEIRA 1994 E PARAÍSO DO TUIUTI 2011)

Após ser bicampeã em 1986/1987, e vice em 1988, a Estação Primeira de Mangueira obteve algumas colocações ruins, como o 11º lugar em 1989, e o 12º lugar em 1991 e 1994. Apesar da má colocação, o samba enredo de 1994, de autoria de David Correa, Paulinho, Carlos Sena e Bira do Ponto, é considerado por parte da crítica como um dos mais empolgantes da década de 1990.

A composição, que possuía o refrão me leva que eu vou / sonho meu / atrás da verde e rosa / só não vai quem já morreu, falava dos chamados "doces bárbaros": Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa (1945-2022). Apesar de todo o apelo do quarteto homenageado (que desfilou na escola), a Manga, do carnavalesco Ilvamar Magalhães, não se apresentou bem e amargou o 12º lugar, como dissemos.

Caetano e Gil ô
Com a Tropicália no olhar
Doces Bárbaros ensinando
A brisa a bailar
(David Correa, Paulinho, Carlos Sena e Bira do Ponto)

Caetano Veloso, um dos doces bárbaros homenageados pela Mangueira em 1994. Crédito: Marcelo Régua.

Caetano teve a sua homenagem solo no carnaval em 2011, com a escola de samba Paraíso do Tuiuti. A agremiação do bairro de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, homenageou o cantor e compositor baiano com o enredo “O Mais Doce Bárbaro – Caetano Veloso”, que contou com a presença do próprio artista no desfile. Uma participação de luxo!

A Tuiuti foi a última a desfilar pelo Grupo de Acesso B (terceira divisão) já no amanhecer de quarta-feira de Cinzas, numa Sapucaí quase vazia. Com um total de 299,4 pontos dos jurados, foi a campeã da categoria e subiu para o Grupo de Acesso A (segunda divisão) no carnaval 2012. Pela relevância de sua arte e trajetória, bem que Caê mereceria uma homenagem com a Sapucaí lotada. Quem sabe em breve?

Doce bárbaro, hoje canto pra você
Filho de Gandhi, és tesouro da Bahia
Sua música irradia alegria
Tropicalista na sua filosofia
(Elton Divino, Eric Souza, Gê Tuiuti, Rodrigo Monteiro e Zezé)

Caê em destaque na Paraíso da Tuiuti, que venceu no Grupo B em 2011. Crédito: Alexandre Macieira / Riotur

GILBERTO GIL (3 vezes)
(MANGUEIRA 1994, VIZINHA FALADEIRA 2005 E VAI-VAI 2018)

Após ter sido homenageado pela Mangueira em 1994 com o enredo sobre os Doces Bárbaros (12º lugar), juntamente com seus colegas Caetano, Gal e Bethânia, Gilberto Gil também recebeu de presente um enredo todinho seu.

Gilberto Gil em carro alegórico na Mangueira em 1994. Crédito: Acervo O Globo.

A Vizinha Faladeira, uma das escolas de samba mais antigas do Brasil (fundada em 1932) prestou um tributo a Gil em 2005. Na época, o artista baiano excercia o cargo de ministro da Cultura do Brasil (de 1 de janeiro 2003 a 30 de julho de 2008).

Em dezembro de 2004, Gilberto Gil visitou várias quadras do Rio de Janeiro, como a da Portela, do Império Serrano, Mangueira e também conheceu a quadra da Vizinha, no bairro Santo Cristo, zona portuária carioca.
Gilberto Gil não desfilou pela Vizinha Faladeira, que disputava o Grupo de Acesso A, com o enredo “2222 Gil, o Expresso da Cultura no Brasil”, dos carnavalescos Flávio Policarpo e Antônio Sérgio. Familiares do artista como sua filha Preta Gil desfilaram na escola. A Vizinha obteve o 7º lugar no Grupo A (segunda divisão).

No afã eu embarquei
No expresso enumerado de sucesso
Hoje vou cantar Gilberto Gil
Porta voz desse Brasil
(Lula, Dr Magson, Clóvis e Humberto)

Gil na época em que exerceu o cargo de ministro da Cultura do Brasil. Crédito: J. Freitas/Senado Federal

A mais recente experiência de Gilberto Gil como protagonista de um desfile de carnaval aconteceu em 2018 na folia paulistana. A tradicionalíssima Vai-Vai e envolveu o público do Anhembi com um belo desfile em homenagem ao cantor.

A escola da Bela Vista escalou uma comissão de cinco carnavalescos para desenvolver “Sambar com Fé Eu Vou”. A cantora Grazzi Brasil foi a intérprete, sendo a primeira mulher a empunhar o microfone principal da Vai-Vai. Também puxou o samba o cantor Belo, que estreou na alvinegra do Bixiga. A Saracura chegou em 10º lugar.

Gilberto Gil, homenageado da Vai-Vai em 2018. Crédito: Marcelo Brandt/G1

E na força dos filhos de Gandhi a paz vai eternizar.
A fé... esperança do povo,
Que tudo pode melhorar
Seguindo os passos que o mundo aplaudiu
Aquele abraço, Gilberto Gil
(Edegar Cirillo, Marcelo Casa Nossa, André Ricardo, Dema, Gui Cruz, Rodolfo Minuetto, Rodrigo Minuetto e Kz)

MARIA BETHÂNIA (2 vezes)
(MANGUEIRA 1994 E 2016)

Dezoito anos após ter desfilado pela Estação Primeira de Mangueira, no enredo “Atrás da Verde e Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu”, que falava dos chamados Doces Bárbaros juntamente com seus colegals Gil, Caetano e Gal, a cantora baiana Maria Bethânia voltou à Sapucaí para ser homenageada (desta vez em caráter solo), pela mesma verde e rosa.

A meiguice de uma voz
Uma canção
No Teatro Opinião
Bethânia explode coração
(David Correa, Paulinho, Carlos Sena e Bira do Ponto)

Maria Bethânia no carro alegórico que remete ao sucesso “Carcará”, no desfile da Mangueira em 1994. Crédito: Acervo O Globo.

“Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá” foi o enredo apresentado pela Mangueira no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro de 2016. Com a apresentação, a escola conquistou o seu 19.º título de campeã do carnaval carioca, quebrando o jejum de quatorze anos sem conquistas.

O desfile homenageou os cinquenta anos de carreira de Maria Bethânia, abordando a religiosidade da cantora e sua ligação afetiva com a cultura popular brasileira. A homenageada participou do desfile. O enredo foi assinado por Leandro Vieira, que fez sua estreia como carnavalesco do Grupo Especial. O desenvolvimento do tema abordou a obra musical da cantora, sua relação com a poesia, com o teatro, além de abordar aspectos culturais ligados a Bahia, e, sobretudo, a região do Recôncavo.

Os 50 anos de carreira de Bethânia foram homenageados pela verde e rosa em 2016, que abordou a religiosidade e a ligação afetiva da artista  com a cultura popular brasileira. Crédito: Acervo O Globo.

Quem me chamou… Mangueira
Chegou a hora, não dá mais pra segurar
Quem me chamou… chamou pra sambar
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
(Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão)

ZEZÉ MOTTA (3 vezes)
(ARRASTÃO DE CASCADURA 1989, UNIDOS DA VILA KENNEDY 2002 E ACADÊMICOS DO SOSSEGO 2017)

Maria José Motta de Oliveira, mais conhecida como Zezé Motta, é uma atriz e cantora, considerada uma das maiores artistas do país, expoente da cultura afro-brasileira.

Em 1989, Zezé foi homenageada pela Arrastão de Cascadura, que desfilava pelo Grupo 1-B (segunda divisão) com o enredo: “Zezé, Um Canto de amor e Raça”. A escola ganhou o prêmio Estandarte de Ouro de Melhor Samba-Enredo. Apesar disso, na apuração, a verde e branco atingiu apenas 185 pontos, chegando no 8º lugar. Como desciam as quatro últimas colocadas (de um total de dez desfilantes), a Arrastão foi rebaixada para a terceira divisão.

Zezé Motta como tema enredo do carnaval da Arrastão de Cascadura em 1989.

O talento corre os ares
Corre chão
E Zezé nos braços da multidão
(Jacy Inspiração, Netinho, Amaury e Bebeto Arrastão)

Zezé Motta também foi enredo da Unidos da Vila Kennedy pelo Grupo C (quarta divisão) do Carnaval Carioca de 2002. Com o tema “Sou Negra, Sou Raça, Sou Brasil, Sou Zezé Motta”, dos carnavalescos Nelson  Costa e Luzia Vasconcelos.

A artista esteve presente no desfile, que aconteceu na Avenida Rio Branco. A escola apresentou um belo samba, de autoria dos compositores Chupeta, Solano, Jorge Adão e Jorge Augusto. A Vila Kennedy chegou em 9°Lugar no Grupo C em 2002 .

A artista esteve presente no desfile da Unidos de Vila Kennedy de 2002, que aconteceu na Avenida Rio Branco.

Ê Dandara, sou negra raça
Com toda benção de Oxum eu vou seguir
Xica da Silva
A Princesinha está aqui pra lhe aplaudir
(Chupeta, Solano, Jorge Adão e Jorge Augusto)

Para o carnaval de 2017 a Acadêmicos do Sossego anunciou Zezé Motta como a grande homenageada de seu carnaval.  A escola de Niterói, que abriu os desfiles da Série A (segunda divisão), quis em sua volta à Sapucaí exaltar uma personalidade forte e importante para a cultura do país e escolheu Zezé que na época completava 71 anos de vida e 50 de carreira.

O título do enredo, “Zezé – A Deusa de Ébano”, foi escolhido pela própria artista. Com o enredo, a escola do Largo da Batalha pretendeu se referir às mulheres negras que chamam a atenção por sua beleza e exuberância, como Zezé e teve o desenvolvimento do carnavalesco Márcio Puluker.

Para contar a história da atriz, a azul e branca levou para a avenida um samba-enredo em formato de diálogo, recurso inédito no carnaval. Com uma competente apresentação, a escola conseguiu uma permanência tranquila na Série A, obtendo o 11° lugar.

Zezé Motta chega para o desfile da  Acadêmicos do Sossego na Sapucaí em 2017. Crédito: UOL.

Eu vi Mamãe Oxum clarear a cachoeira.
Eu vi Mamãe Oxum clarear a cachoeira.
Zezé Motta vai brilhar, nasce uma estrela.
Sossego mandou me chamar, eu vou!
Ora yê yê, Oxum, aiê iê ô!
Ora yê yê, Oxum, aiê iê ô!
(Felipe Filósofo, Ademir Ribeiro, Sérgio Joca, Marcelo do Rap, Fabio Borges, João Perigo, Paulinho Ju e Bertolo)

ELYMAR SANTOS (4 vezes)
(EM CIMA DA HORA 1991, IMPÉRIO DA TIJUCA 1998, CAMISA VERDE E BRANCO 1999 E ACADÊMICOS DE TUCURUVI 2000)

Nascido no subúrbio de Ramos, no Rio de Janeiro, Elymar Santos, de infância humilde, ingressou no mundo da música já na adolescência se apresentando em barzinhos e churrascarias, se espelhando em seu ídolo Cauby Peixoto. Tempos depois se tornou conhecido ao ganhar concursos de calouros nos programas do Chacrinha e Flávio Cavalcanti, mas, atingiu o sucesso num lance de ousadia. Em 1985 vendeu tudo o tinha para fazer um espetáculo na maior casa de shows do Rio, o Canecão. Encheu a casa e deslanchou a carreira.

O cantor teve a honra de ter sido homenageado por uma escola de samba por quatro vezes em menos de dez anos. A primeira aconteceu em 1991. O artista foi tema da Em Cima da Hora, do Grupo B (terceira divisão) do Rio de Janeiro, com o enredo “Elymar: o Sonho que Virou Canção”.

Elymar nos tempos em que foi enredo da Em Cima da Hora em 1991. Reprodução.

Não esqueceu a raiz
No presente já famoso
E o futuro deus dirá
Nesse palco iluminado
Nosso enredo é o Elymar
(Escurinho de Cavalcante, Lequinho, Naldo do Cavaco, Paulo Cangalha e Tadeu da Cuíca)

Em 1998, foi homenageado pela Império da Tijuca, na Sapucaí, pelo Grupo A (segunda divisão), com "Elymar Superpopular". O primeiro Império do samba conseguiu a 5ª colocação.

Elymar desfilando pela Império da Tijuca em 1998, em imagem captada na transmissão da TV Manchete. Crédito: Rafael Marçal/Youtube

É o talento é a garra, é a fibra
É Apolo, Oxóssi e libra, fazendo o povo sonhar
E a Império da Tijuca orgulhosa
Sonha junto toda prosa
Elymar superpopular
(Preto Velho, Laerte, Gilmar, Regina, Orlando Português e Adilson da Viola)

Do Rio para São Paulo. Em 1999, a Camisa Verde e Branco desfilou no sambódromo do Anhembi com o tema "Escancarando o Coração Verde e Branco: Elymar Mais Popular",  do carnavalesco Tito Arantes. A agremiação da Barra Funda foi a primeira escola paulista a destacá-lo. O CVB se classificou em 8º lugar.

Camisa Verde e Branco foi a primeira escola paulista a destacar Elymar Santos. Reprodução Youtube.

Deus Apolo
Toca sua Lira para o morro encantar
A luz que toca um menino
Com dom divino que nasceu para cantar
Escancarando corações
Vem Elymar o cantor das emoções
E de um ato de amor
É carioca, libriano, sedutor
(Adalberto, Alemão e Braga)

No ano seguinte, Elymar Santos foi incluído como um dos destaques da história dos 500 anos do Brasil, que foi contada no carnaval temático paulista de 2000. O cantor saiu no principal carro alegórico da Acadêmicos do Samba do Tucuruvi, que falou sobre o regime militar, de 1964 a 1984, época em que Elymar ainda não era famoso.

O enredo da Tucuruvi era “90 milhões em Ação, na Tristeza e na Felicidade”, do carnavalesco Jerônimo Guimarães. A escola se classificou em 6º lugar.

Elymar Santos, no desfile da Tucuruvi, no ano 2000, em sua quarta homenagem no carnaval em menos de 10 anos. Reprodução Youtube.

Grandes talentos do esporte
Teatro, cinema e televisão
O Elymar com ousadia
Tudo vendia para alugar o Canecão
(Maurinho da Mazzei, Clóvis Pê e Black do Cavaco)

BETO CARRERO (2 vezes)
(LINS IMPERIAL 1993 E IMPÉRIO SERRANO 1997)

Causou polêmica a escolha do enredo “O Mundo dos Sonhos de Beto Carrero”, em homenagem ao empresário Beto Carrero, nome artístico de João Batista Sérgio Murad (1937-2008), idealizador do parque temático Beto Carrero World, para o carnaval do Império Serrano em 1997. Segmentos da escola consideraram o enredo pouco condizente com a tradição do Império, o que desencadeou conflitos internos com a diretoria da agremiação. Detalhe: naquele ano o Império completava 50 anos de fundação.

O carnavalesco contratado, Jerônimo Guimarães, já havia desenvolvido o mesmo enredo em 1993, na Lins Imperial (desta vez com o nome de “No Mundo Encantado de Beto Carrero”), tendo conquistado apenas o 9º  lugar no campeonato da segunda divisão.

A Lins Imperial é alegria ô,
Para um mundo novo exaltar
O show de Beto Carrero
Com seu coração aventureiro
(Pezão, Zé de Paula e Waldir Imperial)

Lins Imperial na avenida em 1993 homenageia o parque temático do empresário Beto Carrero. Crédito: Reprodução Acervo Rafael Marçal - Youtube.

O samba-enredo da Serrinha em 1997 foi composto por Arlindo Cruz, Carlos Senna, Índio do Império e Maurição. Quarta escola a desfilar no domingo de carnaval, o Império Serrano fez um desfile frio e sem o impacto visual esperado (uma vez que recebeu investimento do homenageado).

Beto Carreiro desfilou na última alegoria. A bateria da escola, comandada por Mestre Wanderley, recebeu seu quinto Estandarte de Ouro. O Império Serrano foi punido com a perda de quatro pontos, um em dispersão e três em obrigatoriedades por ter feito merchandising. A escola ficou classificada na 15.ª e penúltima colocação, o que resultou no seu terceiro rebaixamento para a segunda divisão.

Roda gira, gira roda
Quero ver girar
Lá na terra do futuro tem magia
Vila árabe e chinesa
Castelo medieval
É Beto Carreiro, nosso carnaval
(Arlindo Cruz, Carlos Senna, Índio do Império e Maurição)

Segmentos da escola consideraram o enredo pouco condizente com a tradição do Império. Crédito: Acervo O Globo.

ARLINDO CRUZ (2 vezes)
( X-9 PAULISTANA 2019 E IMPÉRIO SERRANO 2023)

A escola de samba X-9 Paulistana celebrou Arlindo Cruz no carnaval de 2019. O desfile realizado no sambódromo do Anhembi com presença do cantor, que sofreu um acidente vascular cerebral em 2017.

O sambista foi liberado por médicos para participar de desfile, que homenageou seus 60 anos de idade completados em 2019. Seu filho, Arlindo Neto (o Arlindinho), também participou da homenagem ao cantar o samba-enredo “O Show Tem que Continuar, Meu Lugar é Cercado de Luta e Suor, Esperança de um Mundo Melhor”, ao lado do intérprete Darlan Alves.

Arlindo Cruz esteve no desfile acompanhado da família no último carro, segurando um machadinho de Xangô. Sua presença era incerta por causa da chuva que caiu pouco antes do desfile, que podia prejudicar sua saúde, mas, no fim, ele conseguiu participar da festa. A X-9 Paulistana chegou em 10º lugar.

Samba de arerê pra você voltar
Zona norte é Madureira
Ando louco de saudade
Olha o povo pedindo bis
Ainda é tempo pra viver feliz
(André Diniz, Arlindo Neto, Cláudio Russo, Darlan Alves, Marcelo Valencia e Márcio André Filho)

X-9 Paulistana celebrou Arlindo Cruz (sentado, de chapéu) no carnaval de 2019, homenageado pelos seus 60 anos de idade. Crédito: Marcelo Brandt/G1

Arlindo também foi tema de sua escola de coração, o Império Serrano, no carnaval de 2023, desfile que marcou o retorno da escola ao Grupo Especial do Rio. A escola da Serrinha abriu os desfiles na Marquês de Sapucaí no domingo de carnaval.

O tema escolhido pelo Império foi “Lugares de Arlindo”. O carro principal, que trouxe o artista à avenida, teve uma alegoria com uma escultura do homenageado usando uma coroa e tocando banjo.

A primeira escola a desfilar é sempre a maior candidata ao rebaixamento, pois vem da Série Ouro, a segunda divisão do samba. Escolado no efeito iô-iô, ou seja, na descida no ano imediatamente subsequente à subida, ou no máximo dois anos depois, o Império Serrano fez o dever de casa: contratou um carnavalesco com anos de experiência em grandes escolas (Alex de Souza), um dos melhores puxadores (Ito Melodia), e escolheu para enredo uma figura unânime no mundo do samba, o imperiano Arlindo Cruz.

O desfile foi emocionante, no entanto, de nada serviu: terminada a apuração, a Mocidade, que chegou a estar empatada com o Império em alguns momentos, garantiu a décima primeira e penúltima colocação com um ponto inteiro de folga, e a verde e branco de Madureira ficou em 12º lugar, rebaixado e de volta ao grupo de acesso, após receber apenas cinco notas 10 na apuração.

Firma na palma da mão, tem alujá e agogô
Império de Jorge, oxê de Xangô
Laroyê Epa Babá
Há de roncar meu tambor
O verso de Arlindo, morada do amor
(Sombrinha, Aluísio Machado, Carlos Senna, Carlitos Beto Br, Rubens Gordinho e Ambrósio Aurélio)

Império Serrano abriu os desfiles do Grupo Especial em 2023 com homenagem a Arlindo Cruz. Crédito: Brenno Carvalho.

MARTINHO DA VILA (4 vezes)
(CORDOVIL 1984, IMPERATRIZ DONA LEOPOLDINA 2008, UNIDOS DO PERUCHE 2018 E UNIDOS DE VILA ISABEL 2022)

Apesar de ter sido mencionado diversas vezes pelas escolas de samba e também pela sua de coração, a Unidos de Vila Isabel, Martinho da Vila foi oficialmente homenageado quatro vezes no carnaval. Três no Rio de Janeiro, uma em São Paulo e uma em Porto Alegre.

A primeira escola a homenagear Martinho foi a hoje extinta Independentes de Cordovil. Em 1978 o músico Ovídio Brito (1945-2010) tornou-se presidente do Dragão da Leopoldina. Ficou no comando da escola até o carnaval de 1982, quando seu pai faleceu. Em 1984, Ovídio deu a ideia de por Martinho da Vila como enredo da escola. Nessa época, Ovídio tinha muita influência na comunidade, pois já era parceiro musical de Martinho, tendo inclusive inaugurado um dos melhores pagodes da época em seu bar em Cordovil, onde levava atrações inesperadas para serem acompanhadas pelo Grupo Sereno de Cordovil. Sendo assim, a proposta de enredo foi aceita e o carnavalesco Paulo César Cardoso escreveu e desenvolveu o enredo de 1984.

Presidido por Salustiano Canela, o folclórico Salú, o Dragão da Leopoldina levou, portanto, para a Avenida Rio Branco, o enredo “Terreiro, Sala e Salão: Martinho da Vila, Axé”, o qual lhe renderia o 2ª lugar no Grupo 2-A (terceira divisão), quase garantindo vaga no Grupo 1B (segunda divisão).

Seu talento, sua arte
Veio do Morro pro asfalto
E seu cantar (e seu cantar)
Voa bem alto
Em busca da integração
E hoje, nossa escola na avenida
Mostra do povo, sua rosa preferida
Exaltando o canto que canta a vida
(Ary Laje, Wagner e Paulo PQD)

Anúncio do Jornal A Luta Democrática de 1984 que divulgou o enredo da Independentes de Cordovil em homenagem a Martinho da Vila. Reprodução.

Em 2018, foi a vez do carnaval paulistano reverenciar Martinho da Vila. A Unidos do Peruche pisou na avenida na noite de sábado de carnaval pelo Grupo Especial com o enredo “Peruche Celebra Martinho: 80 anos do Dikamba da Vila”, do carnavalesco Mauro Quintaes.

A Peruche fez a junção da África com o Brasil na vida e na música de Martinho e passou pelo Anhembi com 2,5 mil componentes sem problemas técnicos. No entanto, na apuração, escola somou 268,4 pontos e ficou em 12º lugar, sendo rebaixada.

É da Vila, da Vila... partideiro menestrel
Do povo lá do berço de Noel
Renasce das cinzas meu laiaraiá
Feitiço que encanta o Boulevard
(Toninho Penteado, Émerson Brasa, Nando do Cavaco, André Filosofia, Diley Machado, Alcides Júnior, Sérgio VJS, Marcelo Vila Isa, Leandro Bata´s, Jairo Roizen, Ronny Potolski, Sukata, Morganti, Claudinho, Tavares, Valêncio, Butti, Evandro Malandro, Tubino, Alberjan, Jr Fragga, Leo Rodrigues, Rogério Acioli, Meiners e Victor Alves)

Tradicional escola do bairro do Limão, a Unidos do Peruche homenageia Martinho da Vila em 2018. Crédito: Ricardo Matsukawa/UOL.

Fechando os desfiles do grupo especial do Rio de Janeiro em 2022, a Vila Isabel entrou na Marquês de Sapucaí celebrando seu presidente de honra, Martinho da Vila. “Canta, Canta, Minha Gente. A Vila é de Martinho!” era um enredo muito aguardado por todos da escola, que gostariam de homenagear o sambista em vida. O desfile ficou sob-responsabilidade do carnavalesco Edson Pereira.

Na época com 84 anos, o poeta, compositor, cantor e escritor surgiu logo na comissão de frente sentado em uma alegoria giratória que o exibia para todos presentes na Sapucaí. Depois, desceu e desfilou no chão junto a uma ala com 140 familiares e amigos que acompanham a homenagem na avenida. A Vila encerrou o desfile como uma das favoritas para o título e acabou na 4ª colocação.

Partideiro, partideiro, ó
Nossa Vila Isabel brilha mais do que o Sol
Canta, negro rei, deixa a tristeza pra lá
Canta forte, minha Vila, a vida vai melhorar
(Evandro Bocão, André Diniz, Dudu Nobre, Professor Waldimir, Marcelo Valença, Leno Dias e Mauro Speranza)

Martinho é celebrado no desfile da escola Vila Isabel. Crédito: Fábio Rossi/Agência O Globo

Martinho da Vila ainda foi homenageado no carnaval de Porto Alegre, pela escola de samba Imperatriz Dona Leopoldina, no ano de 2008. O sambista não esteve presente no desfile e a escola foi a vice-campeã naquele ano.

BETH CARVALHO (5 vezes)
(CABUÇU 1984, BOÊMIOS DE INHAÚMA 1990, IMPERATRIZ DONA LEOPOLDINA 2010, ACADÊMICOS DE TATUAPÉ 2013 E ALEGRIA ZS 2017)

Uma das frases preferidas de Elizabeth Santos Leal de Carvalho, ou simplesmente, Beth Carvalho (1946-2019), e que a mesma não cansava de repetir: “Não existe no mundo nada mais emocionante do que ser enredo de uma escola de samba. É a maior consagração que um artista pode ter”. E Beth, nos seus 72 anos de vida, viveu essa emoção cinco vezes (e uma após seu falecimento). Talvez seja a personalidade que recebeu a homenagem mais vezes em vida.

Unidos do Cabuçu, Bohêmios de Inhaúma, Imperatriz Dona Leopoldina, Acadêmicos do Tatuapé, Alegria da Zona Sul e Botafogo Samba Clube já dedicaram desfiles à Madrinha do Samba.

A estreia foi logo com um título em dose dupla, em 1984, na inauguração da Passarela do Samba na Marquês de Sapucaí. No grupo principal Beth seria campeã – aliás, supercampeã – com a Mangueira, seu amor maior entre as escolas de samba, em um desfile antológico sobre Braguinha. A verde e rosa encerrou o desfile no amanhecer da terça-feira de Carnaval.

Antes disso, na noite de sábado, Beth desfilou no grupo de Acesso, então Grupo 1B, como enredo da Unidos do Cabuçu, “Beth Carvalho, a Enamorada do Samba”. A escola foi campeã e a cantora ajudou a agremiação a subir. Devido a esse fato, até hoje a Cabuçu se autoproclama a primeira campeã da Passarela do Samba (por ter desfilado antes de Portela e Mangueira, as vencedoras dos desfiles de domingo e de segunda-feira daquele ano, respectivamente).

Cacique, Mangueira e o seu Botafogo
Ardendo nas veias paixões como fogo
Beth embala Luana, Beth quer te embalar
Beth embala Luana, pra Luana não chorar
(Luiz Carlos da Vila, Iba Nunes, Paulinho Tapajós e Edmundo Souto)

Beth Carvalho ajudou a Cabuçu a vencer o Grupo 1B em 1984, ano da inauguração da Passarela do Samba. Crédito: Acervo O Globo

Os Boêmios de Inhaúma, que nasceu bloco carnavalesco na década de 1970 e se transformou em escola de samba em 1988, também homenageou Beth Carvalho. No primeiro desfile no grupo de avaliação, em 1989, a entidade reverenciou o jogador de futebol Roberto Dinamite. No ano seguinte foi a vez de Beth Carvalho, com o enredo “A Alma do Brasil”, mesmo título de seu disco lançado dois anos antes. A escola chegou em 5º lugar.

Beth também foi pé-quente no carnaval no sul do Brasil. A Imperatriz Dona Leopoldina se sagrou campeã do Grupo Especial do Carnaval 2010 em Porto Alegre. A escola de cores laranja e preto fez uma homenagem à cantora com “Beth Carvalho, a Madrinha do Samba da Leopoldina”, levando para a Avenida um samba empolgante, alas compactas, boa coordenação e vistosas alegorias. A sambista, no entanto, não desfilou com a escola. Meses antes do carnaval, em outubro de 2009, a Imperatriz teve toda a sua quadra destruída por um temporal. A escola recuperou a sua estrutura e conseguiu fazer um desfile de superação. 

Vou festejar! Sou firme, forte, valente
Descendo a colina a cantar
Ô, coisinha tão bonitinha do pai
Vai ao infinito e faz o samba despertar
(Fábio Santiago, Saimon, Vinicius Brito e Vinicius Maroni)

Em 2013, a Acadêmicos de Tatuapé retornou para a elite do Carnaval Paulistano, abrindo o Carnaval tendo como destaque o enredo “Beth Carvalho, a Madrinha do Samba”, do carnavalesco Mauro Xuxa. A homenageada não pode desfilar pois estava hospitalizada. A escola terminou em 11° lugar, permanecendo na elite, fato raro no carnaval de São Paulo, pois foram poucas as vezes que uma escola abriu o carnaval de sexta-feira e não foi rebaixada.

Chora é o Brasil inteiro a cantar
Samba... Debaixo da Tamarineira
De pé no chão, na palma da mão
Vai "Caciqueando" a noite inteira
(André Ricardo e Vaguinho)

Para 2017, a Alegria da Zona Sul anunciou uma nova homenagem a Beth Carvalho, com “Vou Festejar com Beth Carvalho, a Madrinha do Samba”, do carnavalesco Marco Antonio, pela Série A (segunda divisão). No desfile, a escola sofreu alguns problemas em evolução, o que fez a Alegria cair para 13º lugar, à frente apenas da União do Parque Curicica, rebaixada a Série B.

Então a pequena bailarina
Viu a alvorada menina
Lá no morro, que beleza
Seguiu a melodia da canção
As folhas secas e as rosas de Mangueira
E descobriu seu dom, amor pra vida inteira
(Andre Kaballa, James Bernardes, José Mario, Marcelão, Marco Moreno, Pedro Miranda, Pixulé, Rafael Tubino e Victor Alves)

Beth viveu a emoção de ter sido enredo no carnaval por cinco vezes e talvez a personalidade que recebeu a homenagem mais vezes em vida. Na foto, desfilando com a Alegria da Zona Sul em 2017. Crédito: Setor 1/Band.

E post-mortem, Beth Carvalho foi enredo mais uma vez em 2020. Depois de ser homenageada como tema de cinco desfiles em vida, a cantora, que morreu em 2019, foi a estrela da escola de samba Botafogo Samba Clube, da Série C (quarta divisão) do Carnaval carioca, na Estrada Intendente Magalhães.

O anúncio foi feito no dia 12 de maio de 2019, um dia depois da morte de Beth, ilustre e apaixonada torcedora do Botafogo, clube ao qual a agremiação está ligada. Segundo o presidente da escola, Sandro Lima, o enredo estava guardado para quando a agremiação chegasse à Série A, na Marquês de Sapucaí. No Sambódromo, a participação da sambista seria mais viável. No entanto, após a morte de Beth, a agremiação decidiu antecipar a homenagem para 2020. Com o enredo “Seria Injusto Não Falar de Você, Beth Carvalho. Esse é o Botafogo que Eu Gosto”, a Botafogo Samba Clube obteve o 10º lugar.

Nas andanças da vida
Folhas secas pelo chão
Na bossa nova encontrou inspiração
Mulher na arte rompeu barreiras
Abriu caminho pras sambistas brasileiras
(Marcelo Adnet, Dudu Cantão, Anderson Feife, Ricardo Mello, Dudu Azevedo, Lucas Donato, Emerson Dias, Charles Silva, Thiago Diogo, Andy Lee, Victor Nascimento, Viny Machado, Amaury Martins e J L Azevedo)

O enredo estava guardado para quando o Botafogo Samba Clube chegasse à Série A, na Marquês de Sapucaí. No entanto, após a morte de Beth, apaixonada torcedora botafoguense, a BSC decidiu antecipar a homenagem para 2020. Crédito: Divulgação.

ZECA PAGODINHO (3 vezes)
(MORRO DA CASA VERDE 2002 E ACADÊMICOS DO GRANDE RIO 2007 e 2023)

A escola de samba paulistana Morro da Casa Verde foi a primeira a homenagear o sambista carioca Zeca Pagodinho em 2002. A agremiação verde e rosa enfrentou problemas com um carro alegórico que quebrou durante o desfile, que teve o enredo “O Morro Canta Zeca Pagodinho, o Poeta de Xerém”, da carnavalesca Vaníria  Nejelschi

A ausência de Zeca no sambódromo do Anhembi, segundo a presidente da escola, Dona Guga, também não prejudicou o desfile. “Eu nunca prometi que ele viria. Ele não gosta de escola de samba", disse a dirigente. A Casa improvisou com um “clone” do artista.

O Morro da Casa Verde obteve a 13ª colocação e foi rebaixado para o Grupo de Acesso  I (segunda divisão).

Nascido em Irajá o poeta do samba
Abençoado pelas mãos do criador
De Del Castilho à Barra Funda
Com humildade que ao povo encantou
(Christian Dimitrius, Emerson Brasa, Anelka e Cléber G.)

Segundo a escola, a ausência de Zeca Pagodinho no Anhembi, não prejudicou o desfile do Morro da Casa Verde. No detalhe, escultura do homenageado em um carro alegórico. Crédito: Reprodução UOL

Em 2007 a Acadêmicos do Grande Rio homenageou a sua cidade, Duque de Caxias, com o enredo “Duque de Caxias, o Caminho do Progresso, o Retrato do Brasil”, assinado pelo carnavalesco Roberto Szaniecki. A escola conquistou pelo segundo ano consecutivo o vice-campeonato do grupo principal.

Com alegorias enormes e luxuosas, a GRio passeou pelo surgimento de Caxias, a religiosidade e manifestações do folclore nordestino que forma o povo local, além de personagens famosos da cidade como o político Tenório Cavalcanti, conhecido como “Homem da Capa Preta” e representado pelo ator José Wilker, que carregou a metralhadora Lurdinha, um justiceiro da região que inspirou o cineasta Sérgio Rezende, o diretor de carnaval da escola, Milton Perácio, e Zeca Pagodinho, então morador de Xerém.

Bom de bola bom de samba paixão
Com Perácio aprendi a sambar de pé no chão
E com Zeca Pagodinho deixa a vida me levar
Eu me chamo Grande Rio e qualquer dia chego lá
(Márcio das Camisas, Professor Elísio, Mariano Araújo e Robson Moratelli)

Zeca foi um dos homenageados pela Grande Rio no carnaval de 2007. Crédito: Apoteose ao Samba/Reprodução Youtube

A terceira homenagem a Zeca Pagodinho aconteceu no carnaval de 2023, novamente pela Acadêmicos do Grande, desta vez, em uma celebração solo. A tricolor de Caxias foi a segunda escola de samba a desfilar na Marquês de Sapucaí, no domingo de carnaval, com o tema “Ô Zeca, o Pagode Onde é que é? Andei Descalço, Carroça e Trem, Procurando por Xerém, Pra Te Ver, Pra Te Abraçar, Pra Beber e Batucar”, dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.

Entre as referências escolhidas para os carros alegóricos, a Grande Rio retratou a religiosidade, as brincadeiras, músicas e descontração do povo que vive no subúrbio carioca. Zeca foi o destaque de um dos carros alegóricos. O músico estava acompanhado da mulher, Mônica, outros parentes e os amigos Teresa Cristina, Paulão Sete Cordas, Regina Casé e Tia Surica. A Grande Rio obteve o 6º lugar.

Ê que bela quitanda
Quitandinha de Erê
Seu balancê
Tem quitandinha de Erê!
(Igor Leal, Arlindinho, Diogo Nogueira, Myngal, Mingauzinho e Gustavo Clarão)

Zeca Pagodinho veio no último carro da Grande Rio. Crédito: Alexandre Durão/g1

NEGUINHO DA BEIJA-FLOR (5 vezes)
(UNIDOS DE MANGUINHOS 1991, CORDOVIL 1992, JUVENTUDE IMPERIAL 2010, IMPERATRIZ DA PAULICÉIA 2015  E UNIDOS DE VILA ISABEL DE VIAMÃO 2024)

Olha o Neguinho da Beija-Flor despontando no ranking aí gente! A voz oficial da Soberana de Nilópolis por quase cinco décadas já foi homenageado por quatro escolas como enredo de seus carnavais. E em 2024 irá para a quinta!

A primeira homenagem veio com a Unidos de Manguinhos no Carnaval de 1991. A escola desfilou no Grupo B (terceira divisão) com o enredo “Do Sonho do Futebol a Estrela do Carnaval”, desenvolvido pelo carnavalesco Renato do Nascimento Dias. A agremiação verde rosa e branco terminou na 6ª colocação. Não encontramos nenhum registro de áudio e/ou vídeo ou foto do desfile da Unidos de Manguinhos de 1991.

Manguinhos
Desta vez iluminado
De uma forma sem igual
Apresenta uma estrela negra
Que faz brilhar o carnaval
Nasceu na Vila de Noel (em Vila Isabel)
O menino de pé no chão
Muito sofrimento
Mais com seu talento
No samba se tornou
Um bacharel
(Simonal, Mangueirinha, Fernando, Neném, Damião e Maurício Pessoa)

O flamenguista Neguinho da Beija-Flor (no centro da foto) vestindo uma camiseta muito parecida com a do rival Vasco da Gama. Foto tirada provavelmente nos anos 80. O time não foi identificado. Crédito: Blog da Intendente.

No ano seguinte, foi a vez da Independentes de Cordovil homenagear o Neguinho no enredo “Um Negro Chamado Felicidade, Neguinho da Beija-Flor”, do carnavalesco Eduardo Silva. A saudosa escola do folclórico presidente Salú, desfilou no grupo A (segunda divisão) em 1992 e terminou na 13ª posição. Neguinho da Beija-Flor desfilou no carro abre-alas do Dragão da Leopoldina.

Salustiano Canela, o Salú, folclórico presidente da Independentes de Cordovil em 1992.

O samba-enredo da Independentes de Cordovil de 1992 ficou de fora da gravação do disco oficial do Grupo A.

Boêmio miscigenado
Sorridente e muito amado
Chora cavaco é o seu grito de emoção
Fica feliz minha gente
Quando vê seu time campeão
Vencedor de vários carnavais
Não esqueceremos jamais
(Lula Barbudo e Nenê)

Neguinho no alto do carro abre-alas da Cordovil na Sapucaí em 1992. Crédito: reprodução Canal do Deivison Conceição/Youtube.

A terceira agremiação a homenagear o Neguinho foi a Leão de Nova Iguaçu em 2010. Com o enredo “De Neguinho da Vala, a Neguinho da Beija-Flor. Um Príncipe Negro na Corte do Leão”, desenvolvida por uma comissão de carnaval, incluída sua irmã Tina Flor, a escola desfilou no grupo Rio de Janeiro 4, antigo Grupo E (sexta divisão), e foi a grande campeã do carnaval.

O grande homenageado desfilou na alegoria da escola. Aliás, antes da Beija-Flor, a trajetória de Neguinho teve início na própria Leão de Nova Iguaçu, no início da década de 1970, quando a entidade ainda era bloco carnavalesco.

Domingo eu vou ao Maracanã
Torcer pro time que sou fã
Vibra meu povo, ele vai ser campeão
Chora cavaco
Dá um toque de emoção
Bate forte bateria
Vem no embalo, eu sou Leão
(Claudio Agitação, Zé do Pagode, Deca e Juarez)

Em 2010, Neguinho da Beija-Flor recebeu homenagem da Leão de Nova Iguaçu, escola na qual começou sua carreira no carnaval. O cantor foi a grande atração no desfile da Intendente naquele ano. Crédito: Reprodução Canal O Batuque/Youtube.

Em 2015 foi a vez de o carnaval paulistano homenagear um dos maiores intérpretes da história do samba brasileiro. Neguinho da Beija-Flor foi o enredo da escola de samba Imperatriz da Pauliceia no Carnaval de São Paulo em 2015.

O título oficial do tema foi “Neguinho da Beija-Flor, Hoje a Homenagem é Você”. O desenvolvimento do enredo ficou por conta de uma comissão de Carnaval liderada por Fabiano Melodia.

 A Imperatriz da Pauliceia desfilou pelo Grupo de Acesso 3 de Bairros (o equivalente à sétima divisão do carnaval de São Paulo, organizado pela União das Escolas de Samba de São Paulo – UESP), na Vila Esperança.


Imperatriz da Pauliceia também prestou tributo a um dos maiores intérpretes da história do samba brasileiro. Crédito: Divulgação.

Neguinho também foi tema do Grêmio Recreativo Escola de Samba Juventude Imperial, escola de samba de Juiz de Fora (Minas Gerais), uma das maiores e mais tradicionais da cidade. Em 2010, a JI foi a ultima escola a desfilar, com o enredo “Juventude Imperial Canta e Encanta o Destino de Neguinho da Vala, Nas Asas de um Beija-Flor”, dos carnavalescos Flavinho da Juventude, Nilmar Romano e Sandra Portela.

O Neguinho de Pé no Chão
A sua história vou contar
Minha Imperatriz canta feliz
Meu coração é o seu lugar
(Paulinho Letra, Toddynho, Denilson Mano e Danilo)

E aos 73 anos de idade e 50 de carreira, Neguinho da Beija-Flor será tema no carnaval de Porto Alegre no Rio Grande do Sul, pela escola de samba, Unidos de Vila Isabel.

A escola, que é da cidade de Viamão, na região metropolitana da capital gaúcha, e que foi vice-campeã do grupo especial em 2023, quer chegar em 2024 com todo gás e contará com a saga de uma das maiores vozes do Brasil e a voz do Carnaval mundial. O tema será “Neguinho do Mundo, Flor que a Vila Beija”.

Neguinho será o grande homenageado da escola de samba Vila Isabel no carnaval de Porto Alegre em 2024. Crédito: Redes Sociais.

JOÃOSINHO TRINTA (2 vezes)
(UNIÃO DA ILHA 1990 E ACADÊMICOS DA ROCINHA 2004)

Conhecido por enredos polêmicos e luxuosos, João Jorge Clemente Trinta, ou simplesmente Joãosinho Trinta (1933-2011), revolucionou o mais famoso carnaval do mundo. J30 e Pamplona foram até agora os únicos gênios carnavalescos homenageados em vida em mais de um desfile na Marquês de Sapucaí. Outros artistas fenomenais como Arlindo Rodrigues, Fernando Pinto e Viriato Correa só receberam o tributo post-mortem. Maria Augusta Rodrigues também já foi homenageada no carnaval, mas apenas uma vez, pela Arranco do Engenho de Dentro em 2004.

Dos 78 anos de vida, Joãosinho dedicou mais de 50 à festa carioca. Só na escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, da Baixada Fluminense, onde ficou por 17 anos, ele foi campeão cinco vezes, entre 1976 e 1983. O carnavalesco que criou uma nova estética para o carnaval brasileiro levou teatro e grandes alegorias para Avenida, com desfiles antológicos, como o enredo “Ratos e Urubus Larguem a Minha Fantasia”, de 1989.
Uma das características de J30 em seu trabalho era o luxo e a riqueza na avenida. Quando criticado por ter essa posição, é dele a célebre frase: “O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual”.

Em 1990, ele próprio virou enredo e foi homenageado pela União da Ilha do Governador, com o tema “Sonhar com Rei Dá João”, do carnavalesco Ney Ayan. A Ilha no ano anterior encantou a Sapucaí com o histórico carnaval “Festa Profana” e preferiu seguir falando sobre a folia e ninguém menos do que J30 para dar seguimento. As cores azul, vermelho e branco da escola da Cacuia foram bem apropriadas para a distribuição do enredo, já que a primeira parte do desfile falou sobre os carnavais de Joãosinho no Salgueiro (vermelho e branco), e a segunda parte discorreu sobre seus títulos na Beija-Flor (azul e branco).

Enquanto isso, na Beija-Flor, Joãosinho tentava o título com “Todo Mundo Nasceu Nu”. A escola de Nilópolis ficou em segundo e a tricolor insulana ficou em sétimo.

Alô, bumba-meu-boi! Meu boi-bumbá
Que veio lá do Maranhão
A fonte da manhã
Brilhou no Ribeirão
Sonhar com rei da João
(Franco, J. Brito e Bujão)

Joãosinho Trinta, sendo homenageado pela União da Ilha, em 1990 (Crédito: Gladstone Campos/VEJA)

Em 1996, Joãosinho Trinta sofreu um derrame que deixou sequelas, paralisando um dos lados de seu corpo. De 2001 a 2004 ele assinou os desfiles da Grande Rio.

Ainda em 2004, a Acadêmicos da Rocinha homenageou o carnavalesco e ficou em terceiro lugar no Grupo de Acesso, com o enredo “O Mago do Novo, João do Povo”, assinado por Alex de Souza. Na época, a Rocinha estava turbinada pelos recursos trazidos pelo seu novo presidente, Maurício Mattos.

Aliás, o desfile da “borboleta encantada”, que homenageava J30, foi a última vez em que Carlinhos de Pilares puxou um samba na avenida – ele morreria em 2005, aos 63 anos. Logo após o carnaval daquele ano, Joãosinho sofreu um novo derrame.

Desfile da Rocinha, que homenageou Joãosinho Trinta em 2004.  Crédito: Blog Vermelho.

Em 2010, o carnavalesco foi homenageado no enredo da Grande Rio, que falou sobre os 25 anos da Marquês de Sapucaí. Ele desfilou em frente a um carro alegórico em alusão ao enredo “Ratos e Urubus...”.  Joãosinho Trinta faleceu em dezembro de 2011, em hospital em São Luís do Maranhão. Como homenagem póstuma, o nome de J30 foi dado à Cidade do Samba carioca, local onde estão os barracões das principais escolas de samba da Cidade Maravilhosa.

Em 2012 a Beija-Flor contou a história da capital do Maranhão, São Luís, que comemorava 400 anos. O enredo foi patrocinado pelo governo do Estado do Maranhão, que pagou cerca de R$ 2 milhões para enaltecer sua capital. Para o público, porém, o grande homenageado do desfile foi Joãosinho Trinta.

Da história que o tempo guardou
No rádio o reggae do bom
Marrom é o tom da canção
Na terra da encantaria a arte do gênio João
(J. Velloso, Adilson China, Carlinhos do Detran, Silvio Romai, Hugo Leal, Gilberto Oliveira, Samir Trindade, Serginho Aguiar, Jr Beija-Flor, Ricardo Lucena, Thiago Alves e Romulo Presidente)

Valeu João! Em 2012, a Beija-Flor prestou homenagem em seu desfile ao carnavalesco que durante 17 anos trabalhou na escola de Nilópolis. Créditos: site g1.

RONALDO NAZÁRIO (2 vezes)
(TRADIÇÃO 2003 E GAVIÕES DA FIEL 2014)

Futebol e Carnaval. Alguns enredos também foram inspirados  no esporte, como a comemoração dos centenários do Flamengo (Estácio de Sá 1995), Vasco da Gama (Unidos da Tijuca 1998), Fluminense (Acadêmicos da Rocinha 2003) e do América FC (Unidos da Ponte 2004).

Craques também já foram reverenciados na Avenida, como Garrincha (Mangueira 1980), Roberto Dinamite (Boêmios de Inhaúma 1989), Nilton Santos (Vila Isabel 2002), Zico (Imperatriz Leopoldinense 2014), Neymar (Acadêmicos do Grande Rio 2016), a rainha Marta (Inocentes de Belfort Roxo 2020), ou mesmo o eterno rei do futebol, Pelé, que foi enredo de um sem-número de escolas de samba mas nunca desfilou em nenhuma.

Ronaldo Nazário foi tema enredo duas vezes. Uma no Rio (na qual não desfilou) e a outra em São Paulo (numa apresentação apoteótica no Anhembi).

Em 2003, Ronaldo desistiu de participar do desfile da Tradição, que o homenageava. O atleta preferiu não contrariar a diretoria de seu clube na época, o Real Madrid, e anunciou que não iria participar do carnaval na Sapucaí. O jogador foi representado por sua mãe, Sônia Nazário.

Principal nome da conquista do pentacampeonato da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2002, realizada no Japão e na Coreia do Sul, Ronaldo, o “Fenômeno”, foi o grande homenageado da Tradição no ano seguinte com o enredo “O Brasil é Penta, R é 9 – O Fenômeno Iluminado”, do carnavalesco Orlando Jr. No desfile, a agremiação do Morro do Campinho mostrou a história de superação do atacante, eleito três vezes o melhor jogador do mundo (1996, 1997 e 2002) e então maior artilheiro da história das Copas, com 15 gols.

Se nos campos, Ronaldo estava sempre disputando títulos, na Sapucaí ele não foi o mesmo fenômeno, pois a Tradição ficou apenas na 13ª posição do Grupo Especial.

O Ronaldo iluminado, dono da camisa 9
Nasceu em Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro
Um menino inspirado, pelo mundo consagrado
O fenômeno brasileiro
(Adalto Magalha e Lourenço)

Mesmo ausente da Sapucaí, Ronaldo Fenômeno foi o grande homenageado da Tradição em 2003, ano seguinte à conquista do pentacampeonato da Seleção na Copa do Mundo realizada no Japão e na Coreia do Sul. Crédito: UOL.

Onze anos após ser homenageado pela Tradição, Ronaldo novamente deu samba, desta vez na Gaviões da Fiel, em São Paulo. Já na condição de ex-jogador, ele estava presente no Anhembi e curtiu do início ao fim. “Foi demais. Estou rouco de tanto cantar. O mais bacana foi ver a emoção da galera. Nunca senti uma emoção como esta”, afirmou o ex-atacante.

Com o enredo “R9 – O Voo Real do Fenômeno”, do carnavalesco Zilkson Reis, a escola contou a trajetória do jogador desde a infância em Bento Ribeiro, subúrbio do Rio de Janeiro, até a sua chegada ao Corinthians, clube no qual encerrou a carreira em 2011. Ronaldo desfilou vestindo um terno amarelo ouro no último carro alegórico e foi ovacionado pela galera no Anhembi. Estava ao lado da mãe, Sônia, do pai, Nélio, do filho mais velho, Ronald, e da noiva, Paula Morais. A Gaviões da Fiel chegou em 10º lugar.

Bateu asas e voou (voou, voou)
O menino passarinho se transformou
Consagrado no cenário mundial
Ronaldo, fenomenal!
(José Rifai, Ernesto Teixeira, Grandão, Preto, Cainã, Sukata, Netinho da Carioca e Max)

Ronaldo foi homenageado pela Gaviões da Fiel, em São Paulo, em 2014. Já aposentado, desta vez o ex-atacante esteve presente na Avenida, acompanhado pela família. Crédito: Flavio Moraes/G1.

MARIA CLARA MACHADO (4 vezes)
(UNIDOS DO JACAREZINHO 1992 E 2008, UNIÃO DA ILHA 2003 E UNIDOS DO PORTO DA PEDRA 2010)

Neste ranking de personalidades mais vezes homenageadas no carnaval vamos abrir uma exceção para alguém que foi enredo várias vezes, teve chance de desfilar e não desfilou, mas que pela relevância cultural merece ser citada: a escritora, atriz, professora e dramaturga Maria Clara Machado (1921 - 2001).

Nascida em Belo Horizonte, a menina Maria Clara foi criada no bairro carioca de Ipanema, num ambiente de artistas e intelectuais como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Pagu, Oswald de Andrade e Di Cavalcanti, que eram amigos de seu pai, o escritor Aníbal Machado. Começou então na carreira artística com um teatro de bonecos, contando com a ajuda da poeta Cecília Meireles, que a ensinou como manipulá-los.

Recebeu em 1950 uma bolsa do governo francês e, aos 19 anos, foi estudar teatro em Paris. Voltou com várias ideias de textos na cabeça. Em 1951, montou com mais dez amigos o Tablado, companhia que revolucionou o teatro infantil e formou dezenas de atores e atrizes. Autora de peças como “O chapeuzinho vermelho”, “O cavalinho azul”, “A bruxinha que era boa”, entre outras.

Em 1992, foi homenageada pela Unidos do Jacarezinho, com o enredo “A Visita do Jacarezinho ao Reino Encantado de Maria Clara Machado”, conquistando o 6º lugar no desfile do Grupo 1, atual Série Ouro (segunda divisão). Na época, aos 71 anos, Maria Clara estava de férias no período de carnaval e não participou do desfile, mas a autora foi representada por seus alunos de teatro e prestou todo apoio à escola em termos de material para confecção de alegorias e fantasias.

Sou, eu sou, eu sou
Jacarezinho sou criança
E visito o mundo encantado
De uma doce inspiração
Que clareou Maria Clara Machado
(Tingó, Gilson, Bernini, Clóvis Pê e Fernando)

Em 1992, aos 71 anos, Maria Clara Machado estava de férias no período de carnaval e não participou do desfile do Jacarezinho. Crédito: Reprodução Internet.

A autora faleceu em 2001, com 80 anos completos, vitima de câncer, deixando uma extensa obra no campo da dramaturgia infantil, que ficará viva por muito tempo. Em 2007, a rosa e branco reeditou o enredo em homenagem à escritora desta vez desfilando pelo Grupo C (quarta divisão), na Intendente Magalhães.

O tema foi novamente desenvolvido pelo autor do enredo, o carnavalesco Eduardo Gonçalves, que na nova leitura contou com o auxílio de Gebran Smera, figurinista da Rede Globo. O Jacarezinho foi campeão naquele ano, subindo para o Grupo B (terceira divisão do carnaval).

Em 2008, com a reedição do enredo sobre Maria Clara Machado, o Jacarezinho foi campeão do Grupo C (quarta divisão do carnaval carioca). Crédito: Acervo O Globo.

Em 2003, a obra de Maria Clara Machado recebe nova homenagem, desta vez pela União da Ilha do Governador. Com o enredo “Chega em seu Cavalinho Azul Uma Bruxinha boa. A Ilha Trouxe do Céu Maria Clara Machado”, assinado por Paulo Menezes, a tricolor insulana faz um desfile candidatíssimo ao título, mas consegue apenas o vice campeonato.

A estrela do meu céu, vem aí
Vem no cavalinho azul, vamos aplaudir
Vem com a Ilha na maior felicidade
Vem acordar e sacudir essa cidade!
(Marcio André, Almir da Ilha, Miguel e Roxinho)

Comissão de frente do desfile da União da Ilha no grupo de acesso, em homenagem a Maria Clara Machado, em 2003. Crédito: Alexandre Cassiano/Agência O Globo.

Também sob a assinatura de Paulo Menezes, em 2011 foi a vez da Unidos do Porto da Pedra homenagear Maria Clara Machado e o universo infantil, com o enredo “O Sonho Sempre Vem Pra Quem Sonhar”. No desfile, a bateria tocou usando fantasias e perucas brancas, representando Pluft, o fantasminha que tinha medo de gente. Acompanhando os ritmistas, um balão pintado de lua sustentava uma dançarina pendurada em sua estrutura.

Com 50 metros de comprimento, o abre-alas levou um gigantesco tigre de madeira, fantoches, um carrossel e uma grande foto da escritora. Chamado “Teatro de Bonecos”, o carro fez referência ao livro “Como Fazer Teatrinho de Bonecos”.

Com um desfile mágico e encantador, a Porto da Pedra somou 293 pontos. A escola de São Gonçalo foi a 8ª colocada no Grupo Especial.

No tablado consagrando a criação
É a arte, vida em transformação
Meu tigre chegou, aplausos no ar
É Clara que me faz sonhar!
(Bira, Diego Ferreiro, Robinho e Porkinho)

Alegoria da Porto da Pedra em 2011. Durante o desfile, o carro se abria e se transformava em palco para a coreografia dos bailarinos. Crédito: Wilton Junior/AE.



Gerson Brisolara (Rixxa Jr.)
rixxajr@yahoo.com.br