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CARNAVAL PARA ASSISTIR E LER
17 de fevereiro de 2023, nº 56 Com
o suposto vazamento do livro Abre-Alas (Caderno do Julgador) o
público carnavalesco teve acesso a várias
informações antecipadas que as escolas de samba do Grupo
Especial do Rio de Janeiro vão apresentar no carnaval 2023.
Como apreciador de enredo, me interessa muito sobre a ideia do tema, o conceito e a origem das sinopses. Atualmente, uma sinopse lembra um trabalho acadêmico, pois os carnavalescos precisam inserir até as referências bibliográficas dos enredos. Com a bibliografia oficial, vamos destacar algumas obras que abastecem a fundamentação das sinopses, mostrando que além de ser uma festa audiovisual, o carnaval também tem muito de pesquisa e literatura. Império Serrano Enredo: Lugares de Arlindo O Reizinho de Madureira vai homenagear um dos maiores compositores da música brasileira e também um dos seus filhos mais queridos: Arlindo Cruz, em um desfile que o carnavalesco Alex de Souza promete ser de muita emoção. O sambista começou sua carreira de fato quando ingressou no Fundo de Quintal, em 1982, grupo que revolucionou a maneira de fazer e gravar samba. Com 448 páginas e várias fotos, o livro Fundo de Quintal – O som que mudou a história do samba, escrito pelo jornalista Marcos Salles (Editora Malê, 2022), documenta história de resistência que se mistura com as trajetórias de bambas como a do próprio Arlindo, Almir Guineto (1946 – 2017), Beth Carvalho (1946 – 2019), Jorge Aragão, Jovelina Pérola Negra (1944 – 1998), Luiz Carlos da Vila (1949 – 2008), Sombrinha e Zeca Pagodinho, entre muitos outros. Livro aborda a revolução no samba promovida pelo Grupo Fundo de Quintal e Arlindo Cruz foi um dos protagonistas
Paraíso do Tuiuti Enredo: Mogangueiro da Cara Preta Segundo
os carnavalescos Rosa Magalhães e João Vitor
Araújo, a Paraíso do Tuiuti está bastante
empolgada para contar a história do boi mogangueiro, ou melhor,
do búfalo, e de sua adaptação à Ilha de
Marajó. E da importância do animal no desenvolvimento do
lugar, inclusive do ponto de vista cultural, que tem na figura de
Mestre Damasceno seu expoente. Pescador, artesão, compositor de
carimbó e criador do Búfalo-Bumbá, uma
adaptação da festa do Boi-Bumbá para a cultura
marajoara.
Uma das obras que fundamentam o enredo da Tuiuti é Cosmologias Afroindígenas na Amazônia Marajoara (Projeto História, 2012), trabalho acadêmico de Agenor Sarraf Pacheco, professor adjunto da Universidade Federal do Pará. O ensaio procura visibilizar práticas “decoloniais” em territórios da “diferença colonial” experienciadas por índios, negros e afroindígenas entre campos e florestas na Amazônia Marajoara. Outra obra interessante (esta em audiovisual) é o documentário “Mestre Damasceno – O Resplendor da Resistência Marajoára”, do diretor Guto Nunes, e que está disponível na internet. Mestre Damasceno foi pescador e agricultor. Ficou cego quando atuava como operário na construção civil. Na cultura popular, encontrou um caminho que o levou a compor mais de 400 músicas de carimbó, e a dedicar sua vida inteira juntos aos grupos juninos da região do Marajó. Mestre Damasceno junto ao diretor Guto Nunes (de barba), em 2011
Acadêmicos do Grande Rio Enredo: Ô Zeca, o pagode onde é que é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, pra te abraçar, pra beber e batucar. Outro
desfile muito aguardado e que deve encher a Sapucaí de
emoção será a homenagem a ser prestada pela atual
campeã do carnaval, Acadêmicos do Grande Rio, preparada
pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, ao sambista Zeca
Pagodinho.
No livro “Deixa o Samba Me Levar” (Editora Sonora, 2014), os autores Leonardo Bruno e Jane Barboza traçam efetiva biografia musical do artista - contando fatos, causos e até anedotas da vida profissional, entremeados por histórias de bastidores que ajudam a situar, no tempo e na história, os álbuns de sucesso de Zeca Pagodinho, ao longo de sua carreira. Livro aborda histórias e músicas de Zeca Pagodinho
Portela
Enredo: O Azul que vem do Infinito A Portela comemora no carnaval de 2023 o seu centenário de fundação, em enredo assinado pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage. Em 2013, os autores Marcelo Loureiro e Salete Lisboa, lançaram o livro pela Nova Criação Editora, em comemoração aos 90 anos de história da azul e branco de Madureira. Livro foi lançado em 2013, nas comemorações dos 90 anos da Portela
Mocidade Independente de Padre Miguel
Enredo: Terra de meu Céu, Estrelas de meu Chão A Mocidade, do carnavalesco Marcus Ferreira, vai apresentar como tema em 2023 Vitalino Pereira dos Santos, um dos maiores artesãos da região de Caruaru-PE. Popularmente conhecido por Mestre Vitalino, o artista retratava em pequenas figuras de barro cenas do cotidiano. O escritor André Neves recolheu em “Mestre Vitalino” (Paulinas, 2011) a arte e a magia das obras do mestre para dinamizar o imaginário de três crianças nordestinas, que descobrem as riquezas e as alegrias de sua cultura. Escritor André Neves criou ficção em cima da vida e obra de Mestre Vitalino
Unidos de Vila Isabel
Enredo: Nessa Festa, Eu Levo Fé! Festejar é uma das linguagens favoritas do povo brasileiro. É nisso que a Unidos de Vila Isabel, do carnavalesco Paulo Barros, aposta. A antropóloga Rita Amaral, no livro “Festa Brasileira, Sentido do Festejar no País que ‘Não é Sério’” (EbooksBrasil, 2001), as festas ocupam um espaço privilegiado na cultura brasileira, entendida como um conjunto de valores compartilhados em todas as regiões do país, adquirindo, no entanto, significados particulares. Livro enfatiza que as festas sempre ocuparam um espaço privilegiado na cultura brasileira
Unidos da Tijuca
Enredo: É Onda que Vai... É Onda que Vem... Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no Samba da minha Terra A escola do Morro do Borel, do carnavalesco Jack Vasconcellos, é outra escola que vai festejar na Sapucaí, tendo como pano de fundo a Baía de Todos os Santos. “Festas na Baía de Todos os Santos” (Edufba, 2019) é um livro-inventário que apresenta a diversidade festiva nos municípios do entorno da Bahia. Escrito por Fátima Tavares, Carlos Caroso, Francesca Bassi e Cleidiana Ramos, é dirigido não apenas ao público acadêmico, mas a todos os amantes da fruição festiva, a obra contribui para valorizar as incontáveis manifestações culturais que ocorrem na “sincrética” região da Bahia. Festas
religiosas, étnicas, de passagem de ano; procissões
marítimas; carnavais e micaretas fazem parte deste
livro-inventário
Imperatriz Leopoldinense
Enredo: O Aperreio do Cabra que o Excomungado tratou com má-querença e o Santíssimo não deu guarida O desfile da Imperatriz pretende narrar, de forma lúdica, as aventuras de Lampião tentando entrar no céu e no inferno depois de morrer. O carnavalesco Leandro Vieira se inspirou na literatura de cordel para desenvolver o enredo "O Aperreio Do Cabra Que O Excomungado Tratou Com Má-Querença E O Santíssimo Não Deu Guarida". O enredo da Rainha de Ramos foi inspirado em duas obras do cordelista pernambucano José Pacheco da Rocha (1890-1954): “A Chegada de Lampião no Inferno” e “O Grande Debate entre São Pedro e Lampião”. Pacheco era um camarada alegre, brincalhão e irreverente. Os grandes poetas do presente e os pesquisadores que realmente entendem de Literatura de Cordel, consideram José Pacheco um dos grandes pilares da trindade máxima do cordel, ao lado de Leandro Gomes de Barros e José Camelo de Melo. Acadêmicos do Salgueiro
Enredo: Delírios de um Paraíso Vermelho O enredo salgueirense vai falar sobre a valorização da liberdade de expressão, com homenagem a Joãosinho Trinta, além de mostrar que cada um constrói o seu próprio paraíso. Uma das obras pesquisadas pelo carnavalesco Edson Pereira foi “Paraíso Perdido” (edição em graphic novel, Darkside, 2021) um poema épico do século XVII, escrito pelo inglês John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. O texto narra as penas dos anjos caídos após a rebelião no paraíso, o ardil de Satanás para fazer Adão e Eva comerem o fruto proibido da Árvore do Conhecimento, e a subsequente Queda do homem. Capa de “Paraíso Perdido”, em edição em graphic novel
Beija-Flor de Nilópolis
Enredo: Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência Os carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues propõem mudar a data da Independência do Brasil. Segundo a Beija-Flor, a independência só foi comemorada um ano depois, quando o povo expulsou os portugueses da Bahia. A emancipação política brasileira decorreu de um longo e conflituoso processo, desenvolvido em várias regiões do país e que teve diversos atores. Episódios esses escamoteados em favor de uma história oficial ainda muito europeia, pacífica, masculina e unificadora, que encontrou no Sete de Setembro seu mito fundador. É o que pregam Lilia Moritz Schwarcz, Lúcia Klück Stumpf e Carlos Lima Junior em “O Sequestro da Independência – Uma história da construção do mito do Sete de Setembro” (Companhia das Letras, 2022). Os autores analisam a formação complexa de nossa identidade nacional. Um dos livros que questionam o Sete de Setembro como data da Independência do Brasil adotados pela Beija-Flor
Estação Primeira de Mangueira
Enredo: As Áfricas que a Bahia canta A verde e rosa pretende levar as ruas a construção das visões da África na Bahia, por meio da música e de instituições carnavalescas negras, com destaque para o protagonismo feminino e questões como o racismo. A Mangueira será a última a desfilar no domingo de carnaval. Uma das obras consultadas pelos carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão para a concepção do tema enredo mangueirense foi o projeto “Histórias Contadas em Tecidos – O Carnaval Negro Baiano” (Editora Capivara, 2022). O autor, o artista plástico Alberto Pitta, apresenta o contexto histórico e cultural das estampas produzidas ao longo de mais de 40 anos. O Livro conta a história dos blocos Afro e Afoxés através da estética dos tecidos utilizados para confecção de fantasias. Blocos como Ilê Aiyê, Malê Debalê, Muzenza, Olodum, Araketu, Os Negões, Bloco da Capoeira, Afoxé Filhos do Congo, Afoxé Filhos de Gandhy, Cortejo Afro, Apaches do Tororó, Os Commanches do Pelô, dentre outros, que fizeram e fazem história no tão querido "Carnaval Negro Baiano". Artista
plástico apresenta o contexto histórico e cultural das
estampas produzidas ao longo de mais de 40 anos de história dos
blocos Afro e Afoxés baianos
Unidos do Viradouro
Enredo: Rosa Maria Egipcíaca O carnavalesco: Tarcísio Zanon, da escola de samba niteroiense Unidos do Viradouro, anunciou que o tema-enredo para o Carnaval 2023 será inspirado na trajetória de Rosa Egipcíaca, também conhecida como Rosa Courana ou Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, que é considerada a primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil. A vida dela inspirou a produção dos livros “Rosa Egipcíaca: uma santa africana no Brasil” (Companhia das Letras, 1993), uma biografia de 750 páginas escrita por Luiz Mott, e “Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz: a incrível trajetória de uma princesa negra entre a prostituição e a santidade”, um romance ficcional escrito por Heloisa Maranhão. Os dons espirituais levaram Rosa Egipcíaca a ter devotos, inclusive do clero católico, motivo que a levou aos "olhos" da Inquisição. A vida da primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil inspirou a produção de dois livros
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Brisolara (Rixxa Jr.)
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