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TOP 10 SAMBARIO - CANTORES QUE SE ARRISCARAM NO CARRO DE SOM DAS ESCOLAS DE SAMBA

TOP 10 SAMBARIO - CANTORES QUE SE ARRISCARAM NO CARRO DE SOM DAS ESCOLAS DE SAMBA

6 de novembro de 2022, nº 55

No mês de outubro de 2022, a direção da Beija-Flor anunciou que a cantora Ludmilla vai dividir o microfone com o titular Neguinho na Sapucaí em 2023.

A carreira da artista, que já tem dez anos, sempre foi trilhada por ritmos como o pop, o funk e, mais recentemente, pelo pagode. Sua experiência anterior na Avenida tinha sido em desfiles no Salgueiro e na Unidos da Tijuca. Mas a Beija-Flor, segundo a cantora, é sua escola de coração.

Essa não será a primeira vez que Neguinho da Beija-Flor dividirá o microfone com uma mulher. Em 2022 o intérprete, que está há 48 anos na agremiação, contou com o reforço ao seu lado no carro de som da paranaense Karinah, que oficialmente foi a primeira mulher voz feminina da escola. Nos anos 70 e 80, Neguinho teve como apoio as cantoras do grupo vocal As Gatas.

O carro de som da azul e branca de Nilópolis conta com o reforço de uma voz feminina ilustre no desfile de 2023: Ludmilla vai dividir o microfone com Neguinho da Beija-Flor

O(A) intérprete, cantor(a), ou mais popularmente puxador(a) tem a função entoar o samba na Avenida, dando-lhe ritmo, animação e chamando os componentes para o desfile.

Alguns cantores e cantoras não necessariamente ligados à folia já se arriscaram a gravar ou empunhar um microfone no carro de som de escola de samba em pleno desfile de carnaval.
E o Top 10 Sambario lembra alguns desses momentos.

10° lugar – Vários artistas (CD Sambas Enredo São Paulo 2002)

Para o carnaval de 2002 a Liga-SP, a gravadora Som Livre e a TV Globo, responsáveis pelo CD oficial das escolas de samba do grupo especial de São Paulo, resolveram convidar alguns nomes famosos do pagode (então no auge da popularidade e campeões em vendagens de discos) para fazer duetos com os intérpretes titulares das agremiações.


A iniciativa já havia sido esboçada no Rio de Janeiro três anos antes: os pagodeiros Alexandre Pires e Belo participaram da gravação dos sambas da Mangueira e Beija-Flor, respectivamente, no CD do carnaval carioca de 1999.

Participaram do CD paulistano nomes como Ronaldinho (então integrante do Grupo Fundo de Quintal), Marquinhos (Sensação), Salgadinho (Katinguelê), Pinha e Péricles (Exaltasamba), Netinho de Paula (Negritude Jr), entre outros. Os astros só gravaram o samba e não desfilaram no Anhembi.

Ronaldinho FDQ, Marquinhos Sensação, Salgadinho, Pinha e Péricles e Netinho de Paula (nas fotos acima) participaram do CD paulistano

9° lugar – Larissa Luz (São Clemente 2019)

A escola de samba São Clemente contou com a participação da cantora Larissa Luz no carnaval de 2019. No ano anterior, a artista baiana interpretou Elza Soares (1930 – 2022), no espetáculo musical “Elza”.

Em 2016 Larissa (ex-vocalista da Banda Ara Ketu) foi indicada ao Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa com "Território Conquistado". Larissa esteve ao lado dos titulares Leozinho Nunes e Bruno Ribas soltando a voz no samba-enredo “E o samba sambou” (Helinho 107, Chocolate, Mais Velho e Nino. Seu grito de guerra na Sapucaí foi “Mulher preta no poder!”.

Grito de guerra de Larissa Luz (ao microfone) ao cantar na São Clemente foi “Mulher preta no poder!”

8° lugar – Cláudia Leitte (Mocidade 2015)

O convite feito por Paulo Barros, então carnavalesco da Mocidade Independente de Padre Miguel, para a cantora Claudia Leitte ser Rainha de Bateria da agremiação pegou o mundo do carnaval de surpresa.

Apesar de não ter tanto samba no pé e nem interagir com os demais componentes da Mocidade, Claudinha caprichou na fantasia, no carão e no rebolado que ela faz nos blocos e no axé baiano que ela trocou pela Sapucaí.
 

Cláudia Leitte caprichou no figurino de rainha da “Não Existe Mais Quente”.

Em dado momento, a beldade desistiu de sambar na avenida e empunhou um dos microfones de um dos cantores do grupo de apoio do titular Bruno Ribas na defesa do samba-enredo “Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria se só lhe restasse um dia?” (Ricardo Mendonça, Tio Bira, Anderson Viana e Lúcio Naval). Foi um delírio para a plateia.

Claudinha ainda esteve no cargo de rainha da bateria da Mocidade no ano de 2016.

Claudinha pega o microfone de um dos cantores de apoio da Mocidade e canta o samba da escola, para delírio da plateia

7° lugar – Selma Reis (Mocidade Independente de Padre Miguel 1995)

O vozeirão de Selma Reis (1958 – 2015) esteve a serviço da Mocidade Independente de Padre Miguel como apoio de Wander Pires, no carnaval de 1995. Nascida em São Gonçalo e considerada uma cantora de repertório sofisticado, Selma não poupou esforços para ajudar a cantar o belíssimo samba “Padre Miguel, olhai por nós” (Marquinhos PQD, Santana, Wanderley Marcação e Cardoso do Cavaco).

Além de cantora, Selma também era atriz e participou de várias novelas, especialmente na Rede Globo, como “Páginas da Vida”, e séries, como “Presença de Anita”.

Um grande marco em sua carreira foi o disco “Selma Reis” (o quarto de sua carreira), gravado em Londres, Madri, Miami, Los Angeles e Rio de Janeiro e lançado no final de 1993. Com arranjos de Grahamm Presket, arranjador de astros internacionais como Paul McCartney e Elton John, foi uma das grandes experiências profissionais que viveu, pois teve a oportunidade de trabalhar com músicos de várias nacionalidades em diversos países.

No mesmo álbum, gravou com a bateria da Mocidade, “Sonhar Não Custa Nada... Ou Quase Nada” (Paulinho Mocidade, Divo da Viola e Moleque Silveira), samba que fez estrondoso sucesso no carnaval do ano anterior. Daí surgiu o convite para, em 1995, integrar o carro de som da verde e branco da Vila Vintém na Marquês da Sapucaí em 1995.

O disco “Selma Reis” (1993) teve arranjos e instrumentações de músicos de diversos países. No mesmo álbum, gravou com a bateria da Mocidade, o que lhe rendeu convite para cantar no carro de som da verde e branco

Selma Reis morreu após complicações advindas de um câncer cerebral. A artista lançou 11 álbuns.

Selma Reis (entre Nego Martins e Wander Pires, ao microfone) pronta para soltar o vozeirão no desfile da Mocidade Independente em 1995

6° lugar – Leci Brandão (Acadêmicos de Santa Cruz 1995)

A Acadêmicos de Santa Cruz é conhecida por ser celeiro de notáveis cantores do Carnaval Carioca. Quinzinho e Luizinho Andanças são exemplos. Também, ao longo dos anos, grandes cantores já passaram pela agremiação como Aroldo Melodia, Dominguinhos do Estácio e Carlinhos de Pilares, entre outros.

Em 1995, a verde e branco apostou no talento da já reconhecida cantora Leci Brandão (que cantou ao lado do intérprete Rogério Fabiano) para levar o samba-enredo “Deuses e Costumes nas Terras de Santa Cruz” (Agostinho e Hugo Reis), vencedor do Prêmio Estandarte de Ouro.

Antes de começar a cantar o samba, Leci lembrou do grito de guerra e cacos de puxadores famosos, como os de Dominguinhos do Estácio (Maravilha!), Sobrinho (Vai meu rrritmo), Preto Joia (Dá licença) e Neguinho da Beija-Flor (Chora cavaco).

Leci Brandão comanda o canto da Acadêmicos de Santa Cruz no carnaval de 1995

5° lugar – Péricles (Mangueira 2018)

A Estação Primeira de Mangueira contou com um belíssimo reforço no carro de som em 2018: o cantor Péricles foi um dos puxadores da Verde-e-Rosa, ao lado do outro intérprete, Ciganerey.

Além de empunhar o microfone na Marquês de Sapucaí, o ex-vocalista do Exaltasamba também participou de ensaios da Mangueira e da gravação do CD oficial dos sambas de enredo cantando “Com Dinheiro ou Sem Dinheiro, Eu Brinco” (Lequinho, Junior Fionda, Igor Leal, Gabriel Martins, Gabriel Machado, Alemão do Cavaco e Wagner Santos).

O cantor Péricles (ao centro) reforçou o carro de som da Mangueira no carnaval de 2018. Crédito: Léo Queiroz

Péricles formou parceria com Jorge Aragão, e foi derrotado, na disputa de samba da Grande Rio para o Carnaval de 2014. Em São Paulo, cantou em algumas escolas, como a Gaviões da Fiel, Águia de Ouro e Camisa Verde e Branco.

4° lugar – Alexandre Pires (Mangueira 1999)

Para o carnaval de 1999 a Mangueira apresentou o enredo “O Século do Samba” (Adalberto, Jocelino e Jerônimo), uma homenagem ao gênero genuinamente brasileiro. No período de pré-carnaval o samba fez um enorme sucesso pois ao lado do inigualável Jamelão, a escola convidou o pagodeiro Alexandre Pires para uma participação especial na faixa.
 
Jamelão (de chapéu) e Alexandre Pires gravaram o samba da Mangueira de 1999. Jamela cantou na avenida. Pires apenas desfilou no chão junto às alas

O cantor mineiro vivia o auge da carreira, com uma vendagem do álbum do Só Pra Contrariar que à época bateu o recorde absoluto de vendas de CDs dois anos antes. Era enorme a expectativa pela apresentação, afinal, a Manga vinha de um campeonato que não conquistava havia 11 anos e lutaria pelo bicampeonato com um enredo com a cara da verde e rosa.

No entanto, Pires não cantou no carro de som e apenas desfilou no chão, no meio das alas. Os responsáveis por conduzirem o samba verde e rosa foram o velho Jamela acompanhado por seus fiéis escudeiros Eraldo Caê, Luizito e Clóvis Pê.

Jamelão (de chapéu e com o microfone) e Alexandre Pires (com terno verde) com outros célebres mangueirenses em show na quadra da verde e rosa

3° lugar – Belo (Beija-Flor 1999, Império de Casa Verde 2009, Vai-Vai 2018)

Em 1999, no auge do sucesso do pagode, Belo participou da gravação do samba-enredo da Beija-Flor, “Araxá, lugar alto onde primeiro se avista o sol” (Wilsinho Paz, Noel Costa e Serginho do Porto) e cantou a obra no desfile com Neguinho da Beija-Flor.

Em 2005, Belo participou da gravação da faixa do samba da Mancha Verde. Nos anos de 2009 e 2010, desfilou junto ao time de canto da Império de Casa Verde. Em 2018, novamente voltou a empunhar um microfone na folia no carnaval paulistano, sendo apoio de Grazzy Brasil no Vai-Vai.

O cantor Belo (à direita na foto) no carro de som da Império de Casa Verde no desfile do Anhembi em 2009

2° lugar – Simone (Tradição 1989)

Após ser moda nos anos 70 mulheres serem puxadoras de samba no carnaval (Elza Soares, Marlene, entre outras), o ressurgimento de uma voz feminina com papel de destaque no carro de som de uma escola de samba ocorreu em 1989.

A cantora Simone foi convidada pela Tradição para dividir a condução de “Rio, Samba, Amor e Tradição” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) com o puxador Gilson Candanda no carnaval de 1989. A artista baiana não era nenhuma estranha no ninho.

Após 10 anos de carreira com um repertório calcado na MPB tradicional, Simone regravou “O Amanhã” (João Sérgio), samba enredo da União da Ilha do Governador de 1978, para o disco “Delírios e Delícias” (1983). A música bateu recordes de execução nas rádios e nos programas de tevê.

No ano seguinte, a cantora fez um bate bola com Neguinho da Beija-Flor: ela cantou no disco dele, Ofício de Puxador (1984), a faixa para o disco Desejos (1984) da Cigarra.

A partir daí, graças à ótima repercussão, Simone sempre passou a incluir uma música ao estilo samba enredo no repertório de seus discos e shows. Foi assim com  “Deusa da Passarela” (Neguinho da Beija-Flor) e “Por um dia de graça” (Luiz Carlos da Vila), duetos gravados com Neguinho em 1984; “Amor no Coração”, com a participação de Carlinhos de Pilares e a bateria da Caprichosos (1985), “Rei por um dia” (1986), “Disputa de poder” (1988), “Louvor a Chico Mendes” (1989) e “Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós” (1990).

Simone, ao lado de Candanda, no desfile da Tradição no carnaval de 1989

1° lugar – Martinho da Vila (Vila Isabel 1987, 1993)

Martinho da Vila, além de ser compositor de samba-enredo dos mais brilhantes, canta como ninguém obras do gênero, não só de sua Vila Isabel do coração, como também de outras agremiações.

Zé Ferreira já dedicou álbuns inteiros sobre a arte de fazer e de cantar samba-enredo.

Sempre que compõe samba enredo, Martinho da Vila faz questão de gravar tanto nos discos oficiais do carnaval quanto nos seus álbuns de carreira, mesmo não sendo um puxador de samba ou intérprete de avenida propriamente dito. Seu primeiro samba para a Vila Isabel foi para o carnaval de 1967. Antes, o sambista era compositor da já extinta Aprendizes da Boca do Mato.

Martinho cantou pela primeira vez um samba-enredo de sua autoria na avenida em 1987. Até a primeira metade do desfile da escola do bairro de Noel Rosa, o artista cantou “Raízes” (Martinho, Ovidio e Azo) no carro de som junto com o titular Gera.

Em 1993 repetiu a dose ao cantar durante alguns minutos no desfile da Sapucaí sua composição “Gbala”, com seus filhos Tunico, Mart’nália e Analimar, além de Gera, o puxador oficial da Vila à época.

Martinho junto com a filha Analimar (à esq.) cantando “Gbala” no desfile da Vila Isabel na Sapucaí em 1993

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Gerson Brisolara (Rixxa Jr.)
rixxajr@yahoo.com.br