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Editorial Sambario
Edição nº 83 - 21/06/2021

O DIA EM QUE ROQUE SANTEIRO FOI ENREDO

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Desde essa segunda-feira, "Roque Santeiro", obra-prima da teledramaturgia brasileira e considerada por muitos a melhor novela de todos os tempos, está disponível completa no Globoplay. Os assinantes da plataforma vão poder desfrutar de personagens inesquecíveis criados por Dias Gomes, como Sinhozinho Malta, Viúva Porcina, Beato Salu, Zé das Medalhas, Florindo Abelha, Dona Pombinha, além do personagem-título e de tantos outros. O êxito da produção de 1985 foi consolidado por Aguinaldo Silva quando Dias teve que se ausentar na metade da produção, reassumindo o comando da novela na reta final.

O Editorial aproveita o gancho pra lembrar a ocasião em que "Roque Santeiro" foi enredo no Carnaval Virtual da LIESV em 2016. O tema foi desenvolvido por mim para a tradicional Colibris, a Guerreira Virtual, uma das mais antigas agremiações da folia na tela, presente desde o primeiro desfile da Liga Independente das Escolas de Samba Virtuais em 2003. O carnavalesco foi Mateus Schappo, com Murilo Sousa como presidente. O título: "E no ABC do Santeiro, o que diz a Colibris?".

Veja aqui o desfile de 2016 da Colibris sobre Roque Santeiro na Passarela Virtual da LIESV e baixe aqui o organograma oficial. Confira as novidades da LIESV no site Vitrine do Samba.


Logomarca do enredo

SINOPSE

Texto: Marco Maciel

E o mito prevalece sobre a realidade…

Por que que a cara feroz da mentira
Nos pode trazer tanta felicidade?
Por que que na hora da grande verdade
Às vezes o povo se esconde, se esquece?

Quando a mentira nos ilude diante da realidade muitas vezes tristonha, o povo faz questão de se esconder, de apagar qualquer resquício daquilo que é fato, para viver sua quimera, seu sonho. Muitas vezes a verdade é inimiga, bem como a mentira é aliada. É um eterno jogo de esconde-esconde, em que tudo se esconderá.

A liberdade de expressão era amordaçada nos nebulosos anos de chumbo. Para fugir da perseguição dos militares, Dias Gomes direciona sua crítica teatral à Segunda Guerra Mundial, ainda não tão distante naquele tempo. No front, um cabo chamado Jorge desaparece no meio das linhas inimigas e é dado como morto. É tratado como mártir na sua terra, “o berço do herói”.

No entanto, Cabo Jorge – na verdade um desertor do combate – volta à cidade natal vivo, para desespero dos poderosos que lucravam com seu desaparecimento. Devido ao conteúdo subversivo, a peça é censurada. Então o dramaturgo tenta reeditar a obra como telenovela em 1975, com as devidas adaptações. Mas no dia da estreia, a produção recebe o fatídico veto.

Após a covarde censura de dez anos antes, um novo tempo surge. A Nova República aflora a euforia do povo com a abertura política. Naquele 1985 em que a esperança renasce, enfim “Roque Santeiro” vai ao ar, num êxito sem precedentes da televisão brasileira, um marco na história da teledramaturgia.

Dizem que Roque Santeiro
Um homem debaixo de um santo
Ficou defendendo seu canto e morreu

As ações se passam na interiorana Asa Branca, microcosmo brasileiro, a terra do mártir que está vivo e da viúva que era sem nunca ter sido. Sob os acordes do cego Jeremias, sedento por esmolas na frente da Igreja da Praça da Matriz, é narrado melodicamente o duelo que não aconteceu.

E no ABC do Santeiro, o que diz o A? Que diz o A?

O A diz adeus à Matriz, o que faz com que todos acreditem que apenas aquele jovem coroinha e artesão de santos de barro estivesse encorajado a defender a cidade do temido bandido Navalhada.

O que diz o B? Que diz o B?

O B é a batalha de morte. Roque teria tombado ao ser almejado pelos criminosos, que jogaram seu corpo na lama do rio corrente. Logo depois, uma menina afirma ter uma visão do falecido, que diz que a tal lama cura doenças. Nasce então o mito!

O que diz o C? Que diz o C?

Coitado do povo infeliz. Que disfarça as mazelas com a fé diante da mentira. Uma romaria para um santo que de santo não tinha nada. Porque o povo carente precisa de heróis. História que pode render até um filme. Uma falcatrua que significa lucros para os poderosos de Asa Branca. Tô certo ou tô errado?

Sinhozinho Malta é o mandachuva daquele lugar que exala brasilidade, ao mesmo tempo em que cultiva um romance com a fogosa Porcina, de maneira a convencê-la a se tornar viúva do “santeiro” que todos julgam morto, mesmo sem nunca ela o ter conhecido, a fim de lhe transmitir influência, riqueza e poder. Dona dos seus ideais!

Impérios de um lobisomem
Que fosse um homem
De uma menina tão desgarrada
Desamparada, seu professor

Enquanto isso, para desespero das beatas do lugar, a boate Sexus promete abalar a moral e os bons costumes da pacata Asa Branca com a sensualidade noturna de suas dançarinas. Mas nas noites de lua cheia, um lobisomem pode estar à solta. Pelas ruas ou pelos arredores do cemitério. Na luz do dia, um professor…

Mas sei que ele é vivente
E abençoa o povo crente
Até quem não lhe socorreu

Era para ser mais um dia de devoção e romaria… Mas não seria uma data qualquer. 17 anos depois, Luiz Roque Duarte, o santeiro milagroso e tão reverenciado pela ingênua população, reaparece numa noite chuvosa… vivo. De volta ao seu aconchego, trazendo na mala bastante saudade. Roque, que na verdade havia rodado o mundo após partilhar o roubo da cidade com Navalhada, resolve se redimir dos pecados, em busca do perdão de Padre Hipólito, de quem foi coroinha.

Paira no ar uma ameaça aos interesses de quem fatura e tira proveito da mentira. Nesse eterno jogo do esconde-esconde, a verdade vale a pena? Não para Sinhozinho Malta e seus comparsas, que levam a sério o referido jogo e escondem o “carcará sanguinolento” da população, além de desejarem eliminá-lo.

Para o vaqueiro Salustiano, pai de Roque, que se tornou o Beato Salu logo após a morte do filho, o demônio se apoderou do corpo do santeiro. Sinhozinho tenta tirar a sua vida, já que o rezadeiro viu quem não poderia ver. Mas ao despertar, brada para o Brasil ouvir: “Mais fortes são os poderes de Deus!”. Os romeiros, que já choravam sua passagem, creditam a “ressurreição” do Beato a mais um milagre na conta de Roque. Não adianta… o mito é mais forte que a verdade.

Ainda recluso, Roque se envolve amorosamente com Porcina, para a ira de Sinhozinho, que amarga a farsa que inventou se tornando realidade. Mas um reencontro com o passado selará o destino do falso santo. Após sair da prisão, Navalhada retorna a Asa Branca convertido, também suplicando por perdão e cultuando a figura de Roque Santeiro, mas com a missão de eliminar o demônio que ameaça a cidade. Roque-santo tem que vencer Roque-demônio. O bandido precisa acabar com Roque, pra expulsar o Satanás de seu corpo. No encontro de ambos na frente da Igreja da Matriz, Navalhada é baleado e morto.

Se sentindo culpado com o fracasso na tentativa de redenção pessoal e ciente que apenas semeou desgraças ao invés de sorrisos sinceros e abraços, Roque decide deixar Asa Branca. Porcina está disposta a partir com o santeiro. Porém, na hora do avião decolar, o coração da “viúva” opta por Sinhozinho. O falso santo ganha os céus sob os olhares radiantes de Porcina e Malta no solo, eternizando o enlace.

Naquele mesmo instante, Asa Branca desperta com mais uma canção do Cego Jeremias para os milhares de turistas e romeiros que tomam a Praça da Matriz.

Deus disse a Roque Santeiro
Diante de todos os santos
Você, filho meu, pode à terra descer
Assim foi que Roque Santeiro
No corpo mortal e humano
Desceu pra ganhar ou perder

Assim foi que Roque Santeiro
Um homem debaixo de um santo
Lutou protegendo seu canto e venceu
Depois numa barca luzente
No rastro do cometa errante
Voltou pra perto de Deus



A letra do samba-enredo. Ouça abaixo, na voz de Murilo Sousa



O desfile começa abordando a censura sofrida pela trama na ditadura militar nos anos 70, após a descoberta de que a novela seria a adaptação de uma peça já vetada. Com o fim do regime, “Roque” vai ao ar 10 anos depois e celebra a chegada da Nova República se tornando um dos maiores êxitos da história da nossa TV. O desfile passa então a abordar a brasilidade da trama, destacando seus principais personagens, cenários e elementos, mostrando como a ingênua população da interiorana Asa Branca passou a enaltecer o mito de um coroinha e jovem santeiro, que teria morrido em confronto com o bandido Navalhada após tentar defender a cidade do ataque de seu bando.

Após tantos anos dado como morto, a chegada de Roque vivo à Asa Branca ameaça aqueles que lucram com a farsa, já que os romeiros fizeram da pequena cidade um ponto turístico para exaltar a fé pelo falso mártir. Nem a sinopse, tampouco a setorização, representam fielmente a narrativa da novela na sua forma linear. O desenrolar da trama no desfile é intercalado à apresentação de personagens e cenários.


Confira a setorização completa do desfile, além das descrições de cada elemento, pela ordem de apresentação.

SETOR 1 - DA CENSURA A NOVA REPÚBLICA



CF - Jogo do esconde-esconde

“Por que que a cara feroz da mentira/Nos pode trazer tanta felicidade?/Por que que na hora da grande verdade/Às vezes o povo se esconde, se esquece?”. Muitas vezes a verdade é inimiga e a mentira é aliada. Como diriam Sá & Guarabyra na canção “Verdades e Mentiras”, uma das mais emblemáticas da novela, é um eterno jogo de esconde-esconde, em que tudo se esconderá. Comissão de frente simula a velha brincadeira do esconde-esconde usando não só crianças como também adultos e velhos.


Tripé 1 - Trincheiras e canhões no front

Dias Gomes escreveu a peça “O Berço do Herói” nos anos 60, que inspiraria o argumento da novela “Roque Santeiro”. A encenação seria ambientada na Segunda Guerra Mundial, como forma de fugir ao regime militar vigente, já que a intenção era criticar o comportamento das Forças Armadas. O tripé traz elementos e símbolos da Segunda Grande Guerra, como fuzis, canhões, trincheiras, suásticas...


Ala 1 - O Berço do Herói de guerra

O protagonista da peça é Cabo Jorge. Durante combate na Itália, Jorge sai correndo em direção às linhas inimigas no meio do fogo, sendo dado como morto. O combatente é martirizado, se tornando um herói, de maneira à sua cidade natal ser rebatizada com seu nome e passando a ser um importante ponto turístico e lucrativo da região. Até que o próprio Jorge reaparece anos depois na cidade, anunciando que sobreviveu na guerra e viveu 15 anos na Europa, para desespero do prefeito, que tirava proveito financeiramente do desertor e falso mártir. A ala mostra um combatente, com as cores fazendo menção ao Exército, trazendo as bandeiras do Brasil e da Itália.


Ala 2 - Golpe militar

Os militares tomam conta do poder em 31 de março de 1964. Os generais despontam na ala fantasiados de Adolf Hitler, como alusão à ditadura que censuraria a peça “O Berço do Herói”, que se passou na Segunda Guerra.


Ala 3 - A primeira mordaça da censura

Os militares censuram a peça de Dias Gomes duas horas antes da estreia, em 1965. Ala representa máscaras teatrais amordaçadas.


Ala 4 - No ar, mais um campeão de audiência?

No ápice do regime, Dias Gomes tenta reeditar a peça através da novela “Roque Santeiro”, a ser veiculada no tradicional horário das 20h na Globo. Ala representa a emissora, com seu logotipo da época.


Carro 1 - Censura no dia da estreia

Com dezenas de capítulos gravados, a novela é censurada pela ditadura no dia da estreia, em 27 de agosto de 1975, após o governo descobrir, através de um grampo telefônico, as semelhanças da novela com a peça vetada dez anos antes. Carro representa a opressão, o brasileiro de mãos atadas diante da falta de liberdade de expressão, televisores com seletor e preto-e-branco ou em cores confiscados, telefones grampeados, além de uma “traição” dos militares a Roberto Marinho, dono da emissora e simpatizante do regime. 


Casal 1 - Nova República

O governo militar se desgasta e a democracia volta a imperar no país. A liberação de “Roque Santeiro” dez anos depois, em 1985, é um dos símbolos da Nova República, vigente a partir daquele ano, e sempre mencionada na novela. A estreia ocorre em 24 de junho de 1985, às 20h. O casal simboliza a bandeira do Brasil e o brasão da República.

SETOR 2 – UM MÁRTIR EM ASA BRANCA


Ala 5 - E no ABC de Santeiro, o coroinha é artesão

Dezessete anos antes, o jovem Luís Roque Duarte (José Wilker) era coroinha da Igreja da Matriz em Asa Branca, um microcosmo do Brasil, cuja localização mais provável é no interior da Bahia. Também era um promissor artesão. Ala simboliza um menino coroinha.


Ala 6 - Santos de Barro

O jovem Roque construía imagens sacras, santos de barro, razões pelo acréscimo de seu sobrenome de guerra. Ala remete a esses santos, com a cor vermelho-escuro que representa o barro.


Ala 7 - O Bandido Navalhada

Surge uma ameaça à paz de Asa Branca. O bando do temido Navalhada (Oswaldo Loureiro) chega à cidade. Diria outra canção de Sá & Guarabyra pra novela, esta ainda mais célebre: “O que diz o A? O A diz adeus à Matriz!”. Segundo a lenda, todos os moradores teriam fugido do local.


Ala 8 - A lama do rio corrente

No clássico “Roque Santeiro”, o do popular “ABC do Santeiro”, Sá & Guarabyra entoam “Na lama do rio corrente, na terra onde ele nasceu”. Asa Branca é banhada por um rio lodoso. Ala simboliza as águas, porém com uma pitada da lama.


Ala 9 (baianas) - Mocinha, a noiva-virgem

Mocinha (Lucinha Lins) era a namorada de Roque. Seu amor pelo santeiro era tamanho que, após sua morte, a jovem fez um voto de castidade ao amado, tornando-se beata. Algumas recaídas fazem com que ela saia pelas ruas de Asa Branca vestida de noiva, além de guardar um dente careado que supostamente pertencia a Roque. Ala das baianas vem com vestimentas semelhantes a um vestido de noiva.


Carro 2 - A batalha na Igreja da Matriz

“O que diz o B? O B é a batalha de morte!”. Apenas Roque teria ficado para proteger a Igreja da Matriz dos bandoleiros. Alvejado por Navalhada, o valente Roque tombou. O corpo supostamente de Roque foi jogado às margens do rio lodoso. “O que diz o C? Coitado do povo infeliz”. A alegoria representa a morte de Roque Santeiro e dá a ideia da batalha com os elementos da igreja, mas sem mostrar a fachada. É como se tudo fosse feito de barro inspirado nos santos do Roque.

SETOR 3 – DO MITO, A DEVOÇÃO DE UM POVO


Ala 10 - A visão da menina Lulu

Anos depois, uma menina dá origem ao mito que muda a história da então pacata Asa Branca. A pequena Lulu (Cássia Kiss) afirma ter tido uma visão de Roque, que a alertara que a lama do rio poderia curá-la de uma grave doença de pele. O “santo” tornava-se milagreiro. Ala destaca a figura de uma menina.


Ala 11 - A viola do cego Jeremias

Jeremias (Arnaud Rodrigues) é um violeiro cego que “enxerga” tudo, de maneira a todos da cidade desconfiarem se ele realmente tem problemas de visão. Ele fica sentado na porta da Igreja da Matriz pedindo esmolas ao lado do fiel escudeiro, o menino Tiquinho, enquanto dedilha na viola canções em devoção a Roque Santeiro.


Ala 12 - O povo em romaria

Romeiros, entre nativos da cidade e turistas, acendem velas, fazem promessas, pedem milagres para Roque.


Ala 13 - Lendas em cordel

Nas barraquinhas, os livrinhos com a morte de Roque Santeiro em cordel estão entre os itens mais vendidos.


Ala 14 - Beato Salu

Salustiano, pai de Roque, era vaqueiro, mas se tornou o Beato Salu (Nélson Dantas) assim que o filho morreu. Barbudo e maltrapilho, mora em um casebre construído sobre estacas na beira do rio, exatamente no local onde o suposto corpo de Roque fora encontrado mutilado.


Ala 15 - A saga de Roque Santeiro – Luz, Câmera, Ação!

Da cidade grande, uma equipe de filmagem chega a Asa Branca para rodar a lenda sobre a morte de Roque. O mulherengo Roberto Mathias (Fábio Jr.) interpretará o Santeiro, dirigido pelo atrapalhado Gérson do Valle (Ewerton de Castro). Linda Bastos (Patrícia Pillar) fará o papel de Viúva Porcina.


Carro 3 - A praça da Matriz

A praça é o principal ponto turístico de Asa Branca. Ali se situa a igreja, mais a estátua de Roque Santeiro, que não se parece nem um pouco com ele e ainda teve o nariz roubado, além das barraquinhas que vendem souvenirs de Roque e folhetos em cordel com toda a história da morte do santeiro. Carro representa a praça da Matriz, uma praça típica do interior, com coretos, barraquinhas e o monumento em homenagem a Roque.

SETOR 4 – OLHA QUEM CHEGOU, SINHOZINHO MALTA...


2º Casal - Sinhozinho Malta e Viúva Porcina

O segundo   casal   representa   um   dos   maiores   casais   da   história   de   nossa teledramaturgia, consagrados eternamente por Lima Duarte e Regina Duarte. Fantasia da porta-bandeira inspirada nas vestimentas da Viúva Porcina, sempre com cores fortes e berrantes. A do mestre-sala apresenta um relógio com as célebres pulseiras do Sinhozinho Malta, além do chifre que era marca na sua limusine.


Ala 16 - Zé das Medalhas

Aliado de Sinhozinho Malta e comerciante mais rico de Asa Branca, se aproveita do mito sobre Roque Santeiro para lucrar com sua loja repleta de medalhas, santos de barro e penduricalhos referentes ao mártir. No último capítulo, morre soterrado de medalhas. Interpretado pelo saudoso Armando Bógus.


Ala 17 - Florindo Abelha, o prefeito bundão

Mandatário de Asa Branca, o personagem de Ary Fontoura sempre foi pau-mandado da esposa e, principalmente, de Sinhozinho Malta, o homem que manda de verdade em Asa Branca. Ala dos políticos laranjas, representado também pela abelha.


Ala 18 - O Padre Vermelho

Padre Albano (Cláudio Cavalcanti) é distinto de seu colega conservador Hipólito (Paulo Gracindo). Com ideais comunistas, não usa batina e anda de moto, como mostra a ala. É padre de uma paróquia mais humilde na periferia de Asa Branca e costuma ajudar os pobres e mais necessitados.


Ala 19 - Celibato: o amor proibido de Tânia Malta

A filha de Sinhozinho Malta se apaixona pelo Padre Vermelho, mas este prefere manter o sacerdócio a corresponder sua paixão pela jovem beldade. Ala representa uma mulher dividida entre a paixão e a tentação. Personagem interpretada por uma das mais belas atrizes da história da teledramaturgia brasileira: Lídia Brondi.


Carro 4 - Tô certo ou tô errado?

A alegoria sertaneja de Sinhozinho Malta (Lima Duarte) destaca seu império, como um riquíssimo criador de gado. No carro aparecem sua limusine com um chifre no capô, mais os colares que usa para tilintar seu famoso bordão “tô certo ou tô errado”, seguido do barulho de uma cascavel. Sinhozinho também costuma imitar um cachorrinho para lamber as mãos da Viúva Porcina e sonha construir um aeroporto em Asa Branca. Curte umas “cachacinha” (a primeira coisa que faz ao chegar em sua mansão é tomar um drink) e guarda uma espingarda, que causou a morte de sua primeira esposa.

SETOR 5 – TENTAÇÕES E ASSOMBRAÇÕES


Ala 20 (passista) – O que foi que você deu, meu bem?

As belas e sensuais Rosaly (Isis de Oliveira) e Ninon (Cláudia Raia) aparecem em Asa Branca para atiçar os desejos dos homens, ao trabalharem na recém-inaugurada boate Sexus ao lado de Matilde (Yoná Magalhães). Com o futuro veto à boate, as duas trabalharão como manicures no salão de beleza do prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura). Elas representarão a ala das passistas, que recebe o nome em alusão à música “Eu Dei” de Ary Barroso, que costumeiramente era entoada em cenas na Sexus.


Ala 21 - A revolta de Dona Pombinha

A autoritária esposa do prefeito brilhantemente interpretada por Eloísa Mafalda é beata das mais fervorosas e lidera a oposição à boate Sexus e à presença de Matilde em Asa Branca. Ala das carolas.


Tripé 2 - Boate Sexus

A boate que desperta a cobiça masculina e a ira das carolas representa o tripé.


Ala 22 - Barraca do beijo

Numa quermesse em Asa Branca, as dançarinas da Sexus abrem uma barraquinha do beijo na Praça da Matriz e fazem o maior sucesso entre os homens da cidade.


Ala 23 – A calcinha do outdoor

Um patrocinador coloca a propaganda de uma calcinha nas proximidades da boate Sexus, atiçando ainda mais os desejos masculinos, com o outdoor numa localização privilegiada da cidade e mostrando um bumbum que, na imaginação do Professor Astromar, rebola pra ele. Ala representa o reclame, revolucionário pra época, que alavancou as vendas das calcinhas Hope.


Ala 24 - Lobisomem

O principal orador da cidade, o sombrio Professor Astromar (Rui Rezende), é a criatura mais misteriosa de Asa Branca. Magro e pálido, é apaixonado por Mocinha (Lucinha Lins), mas procura evitar as noites de lua-cheia às sextas-feiras. Logo, todos desconfiam que Astromar é o lobisomem, o que acaba se confirmando no último capítulo.


Carro 5 - Mistérios da Meia-Noite

“Impérios de um lobisomem, que fosse um homem, de uma menina tão desgarrada, desamparada, seu professor”. No cemitério, embalado pela canção de Zé Ramalho, o Professor Astromar se refugia sem ser notado. A dançarina Ninon, encantada pelo lobisomem, resolve ir atrás da criatura, mas se decepciona quando descobre que o delegado Feijó (Maurício do Valle), apaixonado por ela, se passa pelo bicho para conquista-la. O carro representa o cemitério de Asa Branca e as assombrações que assustam o povo da cidade.

SETOR 6 – ROQUE SANTEIRO ESTÁ VIVO


Ala 25 (bateria) - De volta pro aconchego

“Estou de volta pro meu aconchego, trazendo na mala bastante saudade...”. Enquanto Elba Ramalho solta a voz, um forasteiro surge em Asa Branca num dia chuvoso qualquer. Trata-se do próprio Roque Santeiro, Luís Roque Duarte, vivinho da Silva e representado pela bateria.


Ala 26 - O golpe e a devolução do ostensório

A primeira atitude de Roque ao voltar para Asa Branca 17 anos depois é devolver o ostensório de ouro da igreja da Matriz, que ele mesmo roubara. Ele confessa ter participado do furto da cidade e da igreja, tendo repartido com Navalhada o dinheiro e fugido da cidade pra ganhar o mundo, e pede perdão ao Padre Hipólito.


Ala 27 - A verdade e a ameaça ao poderio financeiro

Com a notícia de que Roque Santeiro está vivo, a ameaça paira diante dos poderosos de Asa Branca, que dependem do mito e da mentira sobre os falsos milagres para manter suas riquezas. A solução é o já mencionado jogo de esconde-esconde: esconder Roque da população. Ala representa o dinheiro que transborda do bolso dos poderosos.

Ala 28 - Um mito ou o cão?

Beato Salu (Nelson Dantas) não acredita que Roque tenha voltado e acusa o próprio filho de ser o cão, o demônio que tomou conta de seu corpo. Ala do diabo.

Ala 29 - Mais fortes são os poderes de Deus - o despertar do Beato

Sinhozinho Malta tenta eliminar todos que tomam conhecimento de que Roque está vivo. Após um atentado, Beato Salu entra em coma, para desespero dos devotos do pai de Roque. Porém, do nada, o Beato desperta do coma e brada: “Mais fortes são os poderes de Deus!”. No momento em que Padre Albano toca o sino da Igreja da Matriz conclamando toda a população de Asa Branca para revelar que Roque está vivo, o Beato Salu desponta na Praça da Matriz atraindo uma multidão de romeiros, e o povo conclui que a “ressurreição” do Beato é mais um milagre de Roque, cultuando ainda mais o falso santo. Uma prova de que o mito está acima da verdade, segundo as palavras do próprio Padre Albano. Ala dos milagres, representa o despertar dos enfermos.


Carro 6 - Viúva Porcina, aquela que foi sem nunca ter sido

A fogosa, divertida e espalhafatosa baiana foi enriquecida por Sinhozinho Malta, que a convenceu a se passar por viúva de Roque Santeiro, mesmo sem nunca tê-lo conhecido, para obter influência e prestígio junto à população de Asa Branca. A alegoria tem cores fortes, predominando o rosa e o vermelho, de acordo com as vestimentas e com a forte personalidade daquela que foi viúva sem nunca ter sido. Sua mansão tem um lago com patos, já que era muito difícil conseguir cisnes, como Porcina queria. Sem contar sua fiel escudeira, a empregada Mina (Ilva Niño), que oferece o banquete presente no carro. Com Roque escondido em sua mansão, os dois acabam se envolvendo.

SETOR 7 – O DUELO FINAL E A PARTIDA DE ROQUE


Ala 30 – Gazeta Asabranquense

Roque se apodera do principal jornal de Asa Branca e, através da imprensa, começa a atacar os mandatários da cidade, em especial seu inimigo Sinhozinho Malta, que quer ver o “Carcará Sanguinolento” (como Sinhozinho se refere a Roque) morto. Ala representa a imprensa desafiadora do poder e apresenta um carcará com fantasia que remete ao jornal.


Ala 31 - O enterro de mentira

Sinhozinho Malta e Zé das Medalhas contratam um pistoleiro para matar Roque, mas o Santeiro prepara um dossiê revelando todas as acusações contra Sinhozinho, como as mortes de testemunhas que viram Roque vivo ao longo da trama, todas a mando de Malta. Diante da ameaça da revelação do conteúdo do dossiê, Sinhozinho passa - a contragosto - a lutar pela preservação da vida de Roque. O pistoleiro se recusa a abortar a missão pelo qual fora contratado, considerando o assassinato do Santeiro uma obsessão. A solução encontrada para ludibriar o pistoleiro é um enterro de mentira. Os poderosos de Asa Branca fazem toda a encenação, com caixão e tudo, só para convencer o pistoleiro a deixar a cidade. Ala representa um pistoleiro do Nordeste e apresenta elementos referentes à morte.


Ala 32 - Roque x Navalhada – O acerto de contas

Navalhada sai da cadeia e volta a Asa Branca convertido, com uma Bíblia e um revólver, disposto a cultuar a figura de Roque Santeiro. Ao ouvir o Beato Salu afirmar que o diabo assumiu o corpo de seu filho, descobre que sua missão é eliminar o demônio que ameaça a cidade. Roque-santo tinha que vencer Roque-demônio. Ou seja, Navalhada tem que acabar com Roque, pra expulsar o Satanás de seu corpo. Roque tenta se entender com Navalhada na frente da igreja da Matriz, ambos armados. Navalhada diz que Roque é um demônio e atira em sua direção. Roque também dispara, ao mesmo tempo em que Sinhozinho, que estava por perto, também puxa o gatilho. A bala de Sinhozinho atinge Navalhada, que cai morto. Ala representa um duelo.


Tripé 3 - Último capítulo

Com sentimento de culpa pela morte de Navalhada, Roque resolve enfim deixar Asa Branca, numa cena à la Casablanca. Viúva Porcina desponta com um figurino clássico, avermelhado, disposta a ir embora com Roque. Mas de última hora, decide ficar com Sinhozinho Malta. O avião parte e Porcina celebra com Malta: “Agora vamos comer um sarapatel que eu tô com uma fome danada”. O tripé representa o avião que decolou apenas com Roque.


Velha Guarda - Tributo a Dias Gomes

A Velha Guarda da Colibris fecha o desfile celebrando a obra de Dias Gomes, um dos grandes dramaturgos de nosso país e que, ao lado de Aguinaldo Silva, consagrou “Roque Santeiro” para a eternidade. A fantasia representa um imortal da ABL, já que Dias Gomes foi membro da Academia Brasileira de Letras.

Na época da apresentação da Colibris, o renomado crítico Nilson Xavier, autor do Almanaque da Telenovela Brasileira e editor do site Teledramaturgia, compartilhou o desfile em suas redes sociais.
A Guerreira Virtual finalizaria a apuração na quinta colocação no Grupo Especial de 2016 da LIESV.


Veja aqui o desfile de 2016 da Colibris sobre Roque Santeiro na Passarela Virtual da LIESV e baixe aqui o organograma oficial. Confira as novidades da LIESV no site Vitrine do Samba.

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