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UM ANO DE PAPOS MEMORÁVEIS
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. Editorial anterior: Os Anos sem Julgamento no Carnaval Carioca . Editorial anterior: Concorrentes nas Vozes dos Compositores Todos nossos entrevistados em 2020
A pandemia recém tinha iniciado no país, naquela segunda quinzena de março de 2020. Jmauro, que há algum tempo realizava suas lives semanais no Facebook do SAMBARIO batendo papo sobre samba e Carnaval com os internautas, se deparou com o advento do StreamYard. O site, que permite video-conferências entre mais de um usuário com telas divididas, foi a solução definitiva encontrada para um antigo desejo de nossa equipe. Antes daquele período, realizávamos debates via Hangouts veiculados em nosso antigo canal no YouTube e, posteriormente, gravaríamos no formato podcast nas plataformas digitais. Com o StreamYard, iniciamos a experiência através de lives compartilhadas diárias, comandadas por Jmauro. Nesse Editorial especial de aniversário de 17 anos do site dos sambas-enredo, vamos recordar algumas histórias contadas pelos bambas que passaram por nossa live no ano passado. Como felizmente recebemos muitos, não será possível citar todos. O começo de tudo - Edson Pereira era um espectador sempre presente nas lives "pré-StreamYard" no Facebook do SAMBARIO. Até que, no dia 14 de abril de 2020, Jmauro teve a ideia de convidar o carnavalesco para participar de nosso bate-papo. E lá estava o responsável pelos carnavais de Vila Isabel, Mocidade Alegre e Unidos de Padre Miguel conversando comigo, Jmauro e Theo Valter. Entre outras confidências, Edson Pereira relatou o seu passado de morador de rua, pra onde foi quando tinha 14 anos de idade após não suportar ver o pai bater em sua mãe. Ele encontraria um abrigo no barracão da União da Ilha. Ouça abaixo. Fiquei
morando na rua três anos de minha vida. Comia sobras de quiosques
de Copacabana, não tenho vergonha de falar nada disso. Trabalhei
muito em restaurante, pedindo comida pra me ajudar. Numa certa
época, fui parar dentro de um barracão de escola de
samba, que era da União da Ilha. Fui trabalhar como pintor de
arte, o barracão era no cais do porto. Lá tinha um
porteiro que sabia que eu era morador de rua, ninguém sabia:
só ele. E o porteiro me escondia lá, dormia lá
dentro, acabei morando dentro do barracão da União da
Ilha. Era 1994, o carnavalesco na época era o Chico Spinoza. Ele
me conheceu e começou a me dar várias oportunidades.
Trabalhei com o Chico pra cenários, figurinos, comecei a
costurar, desenhar, esculpir, pintar... comecei a trabalhar na Globo.
Então a minha trajetória se construiu numa realidade
muito espontânea, não foi nada que eu procurei.
O carnavalesco ainda participaria de outras lives com a equipe do SAMBARIO (live 2) e (live 3). Logo, a ideia parecia consolidada. Era possível recebermos os grandes nomes da folia para trocarem uma ideia com nosso time, inicialmente no Facebook, com as lives migrando em definitivo para o YouTube em janeiro de 2021. Ao mesmo tempo em que Theo, Jmauro e eu ancorávamos as lives, o SÉCULO XXI EM REVISTA nascia com o intuito de recordar desfiles antigos com apresentação de Theo Valter. O BOLETIM DE NOTÍCIAS repercutindo as últimas do Carnaval começou comigo e Carlos Fonseca, com Bruno Malta entrando mais tarde no time e também assumindo o comando do quadro PODCAST recebendo intérpretes de São Paulo. Jmauro capitanearia o POLÊMICAS VAZIAS DO CARNAVAL e a COPA DE DESFILES DO SÉCULO XXI e Carlos Fonseca no Instagram @sambariosite faria o SAMBARIO ENTREVISTA. Samba-enredo desconhecido para Silvio Santos - Neste último, o primeiro convidado foi Zé Paulo Sierra. O intérprete da Viradouro ainda celebrava o recente título conquistado dois meses antes. E naquele 18 de abril de 2020, o cantor relembrou o samba-enredo de 1989 da Difícil é o Nome, que compôs quando adolescente, assinando como Zé Paulo da Abolição. O tema era uma homenagem a Silvio Santos. Zé Paulo entoou o samba inteirinho, cuja melodia era desconhecida, já que nunca fora gravado. Ouça no vídeo abaixo. Batam palmas, ele merece
Batam palmas, para a TVS Foi camelô Vendendo Gilette Azul Hoje ele é, o quê O dono do Baú Ainda
no mesmo quadro SAMBARIO ENTREVISTA, o intérprete Igor Vianna
lembrou uma história engraçada envolvendo seu caco
"fogo no palhaço" no Carnaval de Guaratinguetá em 2011. "Era
cantor da Bonecos Cobiçados. Antes da gente, desfilou a Unidos
do Tamandaré, que falou sobre o circo. O último carro da
escola tinha um palhaço enorme. A
bunda da escola tá saindo, a gente tá entrando na
avenida. Quando eu soltei o 'fogo no palhaço', todo mundo riu. O carro do palhaço ali na frente e eu mandando tacar fogo na porra do palhaço", lembrou às gargalhadas o atual cantor do Império Serrano.
Outra tirada hilária ocorreu com o carnavalesco André Machado, quando desenvolveu a desfile da Em Cima da Hora para o Grupo de Acesso em 1997. O tema era sobre Sérgio Cabral (o pai). Grande amigo do renomado jornalista, Fernando Pamplona assinou o texto daquele Carnaval, no entanto não escreveu uma linha da sinopse e sequer sabia que seu nome estava junto com o de Machado, que inclusive imita Pamplona forçando o "R" ao término da explicação. Clique aqui pra ver o trecho Saiu
em um monte de lugar que quem dividiu comigo a sinopse foi o Fernando
Pamplona. É mentira! Eu também fui enganado! Eu era o
mais novo carnavalesco da Em Cima da Hora, mas me disseram "você
não é ninguém, ninguém conhece o
André Machado, quem é André Machado?".
Íamos falar do Sérgio Cabral, uma figura
conhecidíssima no mundo do Carnaval. Propuseram colocar o nome
do Fernando Pamplona na sinopse. Falei: "sem problema nenhum". A
sinopse não fui eu que escrevi, já existia uma pesquisa,
veio pra mim com a assinatura do Pamplona. No ano seguinte, quando
peguei amizade com o Sérgio Cabral e estava escrevendo um
enredo, queria a opinião dele. Foi um momento fantástico!
Marquei de ir na casa dele pra apresentar a sinopse e pedir algumas
ideias, pra saber se estava no caminho certo. Enquanto lia a sinopse,
tocou a campainha. Adivinha quem entrou na casa do Sérgio
Cabral? Fernando Pamplona. Eu tremia, porque finalmente ia estar
cara-a-cara com o homem com quem dividi aquele texto. Até
então, eu pensava que a sinopse, que foi apresentada pra mim,
que foi dada pros compositores, realmente ele tinha escrito. Porque
ninguém me falou! Quando eu falei pra ele da sinopse, ele disse
"não tô sabendo de nada, não escrevi PORRRRRA
nenhuma".
E nessa loucura de dizer que não te quero...-
Recém-aclamado presidente do Império Serrano, Sandro
Avelar participou de um bate-papo regado a roda de samba, com Leozinho
Nunes no cavaco acompanhado de Temtem Sampaio (um dos campeões
de aparições em nossas lives - live 1 e live 2) e Temtem Jr. A
descontração reinou naquele 19 de maio de 2020, com os
sambistas puxando desde o hit "Evidências" de Chitãozinho
& Xororó, "Negra Ângela" de Neguinho da Beija-Flor,
até "Lua de Cristal" e "Ilariê" imortalizados na voz de
Xuxa. Leozinho mostrou ter boa memória ao recordar do momento
preciso em que foi convidado pra ser intérprete oficial da
São Clemente: "Eu sei o dia e a hora. Foi o dia 8 de março de 2015 às 21h53. Eu estava fazendo um feijão mexicano. Fui dormir cinco horas da manhã de tanto que atendi telefone", divertiu-se.
Pixulé também resolveu brindar o espectador do site dos sambas-enredo com "Evidências". O sucesso sertanejo recebeu a voz potente do intérprete na abertura de sua live, onde fez questão de informar didaticamente como um cantor se prepara para o desfile, numa verdadeira aula de técnica vocal, cheia de cuidados sobre como não prejudicar a voz. Clique aqui pra ver o trecho Se
você chegou em casa sem voz, totalmente afônico, se
alimente bem, beba muito liquido e vá dormir, sem falar nada com
ninguém. De preferência falar pouco, falar o
necessário, baixinho, porque se você falar gritando, alto,
vai estar agredindo as cordas vocais. De manhã você
acorda, também sem dar um pingo de palavra com ninguém,
toma seu café da manhã bem reforçado com frutas,
líquidos, e falando o mínimo possível. Cuidado com
o exagero do exercício vocal. As cordas vocais não
estão na garganta, estão abaixo dela. (...) Quando
você fala ou acaba de cantar, as suas cordas vocais estão
quentes. Se após cantar, você beber algo gelado, vai dar
um choque térmico. Você acaba ficando afônico, perde
sua voz. Ela tá aquecida porque você encarou uma avenida
de uma hora. Acabou de cantar, você fica ressecado, quer beber
água e vai naquela geladinha, mas que não mata sede. Tem
que ser uma água a contento.
Igor
Sorriso
ofereceu uma lição semelhante ao justificar a subida no
fim da primeira parte do
samba da Mocidade Alegre de 2020 com relação ao CD. Para
o intérprete, era uma preocupação, apesar
do trecho ser balanceado e de forte
identificação com a escola. "Porém,
não me favorece muito, porque eu tenho uma voz mais médio
pra agudo em que você consegue alcançar as regiões
mais intermediárias pras mais altas. Nas
regiões mais graves eu tenho um pouco mais de dificuldade e
preciso fazer mais esforço. E quanto mais esforço eu
faço, mais desgasta a voz", explicou, optando pela
oitava naqueles versos, ou seja, realizando a mesma nota oito tons
acima, desde os ensaios de dezembro (depois da gravação
do CD) até o desfile. Igor Sorriso acrescentou ainda o trauma
que o tom menor de
um verso do samba de 2014 da Morada lhe causou. "A gente perdeu ponto porque o jurado não entendeu um trecho do samba que era muito grave", revelou, se referindo ao verso "tenha fé que a fé não costuma falhar". Clique aqui pra ver o trecho
Carnaval de São Paulo é muito chato? - Outro campeão recente entrevistado pelo SAMBARIO, o carnavalesco Sidnei França, mesmo festejando o primeiro título da Águia de Ouro, demonstrou uma marcante franqueza ao opinar sobre o desfile das escolas de samba de São Paulo. Veja o vídeo abaixo. O
Carnaval de São Paulo está muito chato. Se eu fosse um
espectador, não teria coragem de ficar a noite inteira na
arquibancada. Tá tudo muito igual, não tem
diferença. Os sambas parecem que são todos iguais, as
baterias passam iguais, os casais dançam iguais. Digamos que os
critérios de julgamento estabelecidos foram fazendo com que as
escolas fossem se moldando para um concurso. Justamente isso que tento
fazer ao lançar um novo enredo. Tento sempre envolver a escola
numa magia de tal maneira que aquele Carnaval não é
só mais um Carnaval na conta, na estatística, pra um
concurso que vai levar nota. A escola tem que viver aquele tema, tem
que entender aquela proposta. Eu sinto que aos poucos isto está
se perdendo também. Cada vez mais as escolas lançam seus
enredos de uma maneira jogada. (...) Tá tudo muito
automático, muito mecânico.
Já o também consagrado Jorge Freitas lembrou como uma menina pedindo esmola no sinal inspirou o enredo "Bem-Vindos à Fábrica de Sonhos", que desenvolveu pra Rosas de Ouro em 2009. "Ela perguntou: 'tio, o que é que você faz?'. Falei: faço Carnaval. Aí ela falou: 'ih, você fabrica sonhos'", recordou o atual carnavalesco da Mancha Verde. Clique aqui pra ver o trecho Um dos momentos especiais da carreira do intérprete Darlan Alves foi no ano da homenagem da X-9 Paulistana para Arlindo Cruz, em 2019, quando também foi um dos autores do samba-enredo. Meses antes do desfile, esteve na casa do compositor dias depois que este voltou do hospital após ter o AVC. “A Babi (esposa de Arlindo) me levou até o quarto e pediu pra eu cantar o samba da X-9 pra ele. Não aguentei cantar o refrão de tanto que chorei”, emocionou-se. A Acadêmicos de Tatuapé veio em peso pra LIVE SAMBARIO, representada pelo presidente Eduardo dos Santos e o carnavalesco Wagner Santos. Eduardo contou como Leci Brandão se tornou madrinha da escola, a partir do Carnaval de 2012, quando ainda estava no Acesso. Leci se tornou enredo da agremiação, criando desde então um forte elo entre a sambista e a Tatuapé. Chegamos
na Leci Brandão por achar que ela, com sua história, com
seu talento, com suas posições... ela reunia todos esses
elementos que a gente procurava no enredo. Fomos conversar no gabinete
dela, era já era deputada estadual, já a conhecia de
muitos anos, sempre tivemos um carinho muito grande. Fizemos o convite,
ela aceitou. A Leci participou de praticamente tudo que a gente fez
aquele ano. Foi um envolvimento, uma empatia, uma troca de carinho
muito grande. Acabou o Carnaval, conseguimos atingir o objetivo de
voltar pro Grupo Especial, mas pra nossa surpresa,
a relação não parava, esse carinho não
parava. Houve o convite em conversa numa pizzaria que ela adora
ir. Ela disse 'estou me tornando uma espécie de madrinha dessa
escola'. 'Está se tornando, não. Já é!'.
A partir daí, sempre que
o portão abre pra Tatuapé desfilar, a primeira pessoa que entra na
pista é Leci Brandão. "Isso vai acontecer até o dia que ela não quiser
mais fazer, se é que isso vai acontecer um dia", completou o presidente Eduardo dos Santos.
Presente de grego - Pelo SAMBARIO ENTREVISTA no Instagram, o intérprete Guto teve a oportunidade de contar pela primeira vez como ocorreu sua saída da Acadêmicos do Sossego antes do desfile pra 2020, mesmo após gravar o samba para o CD oficial. O cantor admitiu que errou ao publicar um postagem anunciando que se demitira da escola, quando na verdade fora dispensado pela diretoria no dia de seu aniversário. "Acordei com uma mensagem do presidente me dando os parabéns, mas dizendo que não estava mais no quadro da agremiação. Não obtive nenhuma resposta até hoje", lamentou Guto. Clique aqui pra ver o trecho Tua mãe foi FDP, hein? - Recebemos Max Lopes em 26 de junho de 2020. O Mago das Cores, questionado sobre sua relação com Dercy Gonçalves ao desenvolver o Carnaval que a Viradouro a homenageou em 1991, lembrou quando a saudosa atriz conheceu o escultor da escola, de nome estranho. "Apresentei pra ela um menino que era meu escultor, hoje tá na Globo, VENTOLÍDIO era o nome dele. A Dercy: 'ah meu filho, como é seu nome?'. Ele disse: 'Ventolídio'. Ela: "a tua mãe foi filha da puta, hein? Como é que tua mãe inventa um nome desse? Ela quer sacanear você, que porra de mãe é essa?'", divertiu-se Max, levando todos às gargalhadas (confira abaixo). Sufocos passados pelos intérpretes - Luizinho Andanças revelou o motivo de sua saída repentina da Mocidade, às vésperas da gravação do CD para o Carnaval 2014. A razão foi a morte de um sobrinho no dia da final de samba-enredo, com a perda comprometendo seu desempenho na quadra. "Eu não tinha como rir pra todo mundo, não tinha como ficar com a cara mais alegre. Na hora do resultado do samba, o que ganhou eu gostei mesmo, muito bom samba. Mas cantei mal pra caramba, eu não tinha aquela vibração por causa do falecimento do meu sobrinho. Depois fui no barracão da Mocidade, não sabia de nada. Me chamaram lá dentro e um dos diretores me disse que o presidente falou que eu estava fora da escola", desabafou. Clique aqui pra ver o trecho Leléu, quando entrevistado, sabia que a clássica canção "O que é o que é?" de Gonzaguinha, usada pelo Império Serrano para embalar o desfile de 2019, não funcionaria na avenida. O cantor chegou até a receber pedidos pra que os trechos mais difíceis de cantar fossem retirados ou se modificasse o andamento da Sinfônica. "A música tem uma métrica diferente do andamento de samba-enredo. A chuva de crítica vem em cima do cantor, de pessoas que nem sabem o que é uma métrica. Houve casos de pessoas que fizeram contato pra sugerir que eu tirasse o trecho 'eu só sei que confio na moça e na moça eu ponho a força da fé...'. Pô, eu vou mexer na música do Gonzaguinha?", criticou o ex-intérprete imperiano. Clique aqui pra ver o trecho Leonardo Bessa, questionado sobre o samba derrotado na final salgueirense ter sido utilizado no esquenta no Sábado das Campeãs em 2017 (como retaliação aos décimos perdidos pela obra que desfilou, decisivos para a perda do título), deixou claro seu constrangimento. "Como funcionário da escola, profissional, prestador de serviço, tenho que acatar o que meu chefe determina, concordando ou não. Óbvio que se eu pudesse, teria o livre arbítrio de chegar e não participar desse momento. Foi constrangedor pra todo mundo de forma geral, não julgo quem tomou essa decisão, respeito. Mas como sambista, compositor e cantor, não gostaria jamais de repetir aquele momento. Foi punk!", colocou Bessa. Um dos compositores do hino que desfilou, Marcelo Motta, disse em live recente que o ato "foi uma marretada na cabeça". Personagem de "Malhação" inspirou grito de guerra - Tiganá, intérprete do Camisa Verde e Branco, me confirmou uma suspeita antiga: de que seu grito de guerra fora inspirado no bordão do personagem Catraca, interpretado pelo ator João Velho na temporada 2004 da "Malhação" (aquela da Vagabanda). "Ele sempre repetia, toda hora ele falava: tô mentindo? Falo mesmo!", divertiu-se. Vocês ouviram primeiro aqui no SAMBARIO - A pandemia vem impedindo a apresentação dos sambas-enredo, assim que anunciados, da maneira tradicional: no palco de uma quadra lotada. Dessa forma, a LIVE SAMBARIO promoveu a primeira audição ao vivo de quatro obras encomendadas (logo depois de gravadas) visando o próximo Carnaval da Série Ouro da (agora) Liga-RJ. Acadêmicos de Vigário Geral, Inocentes de Belford Roxo, Acadêmicos do Sossego e Acadêmicos de Santa Cruz mostraram seus sambas para 2021-2 em primeira mão ao vivo (poucos dias depois da divulgação das gravações das escolas), para os espectadores do site dos sambas-enredo, com seus respectivos intérpretes Temtem Jr, Temtem Sampaio, Nino do Milênio e Roninho. Inclusive Samir Trindade anunciou, também com exclusividade para nós, que o samba pra Império de Casa Verde já estava pronto. A obra, também assinada por André Diniz, Cláudio Russo, Diego Nicolau, Darlan Alves e Marcelo Casa Nossa, ainda não foi divulgada e o compositor despistou ao ser questionado se o tema era mesmo o influencer Carlinhos Maia. "A gente fala da história da comunicação. Eu garanto que tá melhor do que o Boni", brincou Samir, um dos autores do polêmico e cultuado samba-enredo de 2014 da Beija-Flor. Clique aqui pra ver o trecho Lingerie e Lula na Portela? - O carnavalesco e ex-Rei Momo do Rio de Janeiro Alex de Oliveira confidenciou que sua intenção inicial era fazer a história da lingerie, quando foi carnavalesco da Portela em 2010. Segundo Alex, o tema abordaria, entre outros setores, Grécia e Roma, a era dos Luíses e prometia rococó, muitas roupas de época. Mesmo assim foi reprovado por baluartes como Dona Dodô, que retrucou: "vou ter que desfilar de calcinha?". "No barracão tinha uma mesa enorme que eu chamava de Santa Ceia e tinha todos os conselheiros sentados na reunião junto com o presidente. Eles que determinavam o que seria enredo e todo mundo detestou", recordou Alex de Oliveira, reforçando que por muito pouco a Portela não falou de Luís Inácio Lula da Silva em 2010, sendo vetado pelo Ministério da Cultura por causa do ano de eleição ("Lula, Filho do Brasil" era o título). Mas o enredo imposto acabou sendo a tecnologia, aquele tema que misturava "positivo" pra nação com jaqueira. "Resolveram fazer o mesmo enredo que o Jacarezinho já tinha escolhido", comparou o ex-Rei Momo com o cultuado "Jacarezinho.com.br", também assinado por Alex naquela mesma temporada no antigo Grupo B na Sapucaí. O namoro com a filha de Silvio Santos - Celino Dias confirmou na LIVE SAMBARIO as fofocas que tomaram conta do noticiário de famosos há 20 anos atrás. O atual intérprete da Tradição de fato teve um relacionamento sério com Silvia Abravanel por quatro meses, com ele tomando a iniciativa do término (veja abaixo). "Essa quantidade de shows e eventos que eu participei pelo Brasil afora foi em função do grande problema midiático que aconteceu com a descoberta desse meu namoro com a Silvia. Ela teve os motivos dela pra negar, mas as pessoas do samba sabiam que era verdade. Foram momentos bacanas, ela ia pra minha casa em Realengo", recordou Celino, cuja voz na época ficou notória fora da bolha carnavalesca ao eternizar o samba-enredo em homenagem a Silvio Santos "O Homem do Baú - Hoje é domingo, é alegria, vamos sorrir e cantar", cantado pela Tradição em 2001. O intérprete inclusive teve até que fugir de paparazzi, ao ser fotogrado
abraçado com Silvia Abravanel no Aeroporto de Congonhas, saindo na capa do jornal O
Dia. "Eu me escondi na quadra do
Salgueiro, parei no vão central da Ponte Rio-Niterói e liguei o
pisca-alerta pra despistar paparazzi, fiquei quase quatro horas num
restaurante no Alto da Boa Vista pra se livrar deles", lembrou Celino Dias. Na primeira vez que Silvia veio para o
Rio, ela ficou na casa do sobrinho de Celino, Emerson Dias. O
cantor salgueirense corroborou as constantes visitas da filha de Silvio Santos, em entrevista para o site dos
sambas-enredo. "Ela pedia pra minha mãe fazer língua com batata", contou um sorridente Emerson.
Patrocínio gera quatro carnavais - Na conversa que teve conosco, Ivo Meirelles justificou o motivo pelo qual optou pelo enredo CEP sobre Cuiabá no último ano de sua gestão na Mangueira em 2013. Por mais que os dos anos anteriores fossem bonitos e com a cara da agremiação, não geraram nenhum lucro pra verde-e-rosa, fazendo com que a escola ficasse sempre de pires na mão. "Quando eu fui buscar o patrocínio em Cuiabá, o que quase ninguém sabe é que eu fiz quatro escolas de samba com esse dinheiro. Fiz a Mangueira, Tuiuti, Manguinhos e Jacarezinho", contou, acrescentando que se a Estação Primeira homenageasse o centenário de Jamelão naquele ano sem dinheiro, seria um fiasco. "Foi o Carnaval que Cuiabá me proporcionou. O Jacarezinho fez o Jamelão, a Mangueira bancou", completou Ivo. Clique aqui pra ver o trecho Presenças emocionantes - Um dos convidados que mais emocionou a equipe do SAMBARIO, Preto Jóia contou que, por ele, o refrão do clássico gresilense "Liberdade Liberdade, Abre as Asas sobre Nós" de 1989 seria diferente. "Eu tinha um refrão que era mais ou menos assim: 'oh liberdade / abre as asas sobre nós / você é felicidade / paz, amor e igualdade / e está em nossa voz'. Mas num comum acordo, fui voto vencido, os quatro compositores acharam que aquele refrão que se tornou mundialmente conhecido seria o do samba e graças a Deus, deu certo", lembrou cantando (veja abaixo) o intérprete da Imperatriz Leopoldinense, cuja presença arrancou lágrimas do nosso colunista e apresentador Carlos Fonseca (confesso que me segurei também em muitos momentos). Rogerinho também caiu em prantos quando apareceu nos comentários da live uma filha do ex-cantor da Renascer de Jacarepaguá, residente em Foz do Iguaçu, com quem não falava há anos. O veterano Quinzinho também marcou presença em nossa live, cantando, entre outras obras-primas, "Bumbum Paticumbum Prugurundum" do Império Serrano de 1982 (confira abaixo). O cantor recordou aquele último título imperiano. "Se fosse hoje, eu ia tremer na base, por causa da responsabilidade que a gente agora tem. Naquela época, não ligava pra isso não. Entrei na avenida, parecia que estava dentro de casa ou num bloco. Eu não tinha noção do peso nas minhas costas, sinceramente. Substituir Roberto Ribeiro? Que é isso?", admitiu o lendário intérprete, apesar que, enquanto debatia e comentava sobre antigas capas e contracapas dos LPs de sambas-enredo comigo e Cláudio Carvalho, declarou que "Mãe Baiana Mãe" (1983) foi o mais bonito samba-enredo que defendeu na avenida. "Tinha mais poesia, era mais melódico". Paulinho Mocidade foi outro que nos deixou honrado, sendo o último convidado de 2020, contando muitas histórias. Como a em que foi surpreendido com o convite pra ser o intérprete da Mocidade no Carnaval de 1990, logo após a morte do lendário Ney Vianna na quadra da verde-e-branco de Padre Miguel. "Eles me tiraram debaixo do chuveiro, com sabão na orelha. Era um domingo, seis horas da tarde, quando terminou o enterro. Quase destruíram minha campainha, perguntando 'cadê ele, cadê ele?", divertiu-se. Evandro Malandro recordou com euforia o momento em que recebeu a notícia de que havia ganho o Estandarte de Ouro de melhor intérprete do último Carnaval. "Depois do desfile, fui dormir chorando, feliz pelo meu trabalho, pedindo muito a Deus pra que desse muito certo. Muitos cantores também fizeram um ótimo trabalho, eu não esperava mesmo o Estandarte. Mas quando deu seis e pouco da manhã da terça-feira e saiu o resultado, aí já era (risos)", brincou o intérprete da Grande Rio. O fim da briga com Wander Pires - Primeiro convidado de 2021 do SAMBARIO, Bruno Ribas já se manifestava favorável ao término da briga de anos que tinha com Wander Pires, num depoimento emocionante concedido em 11 de janeiro. "As pessoas criaram um estigma em cima de uma besteira na qual levou o convívio do Wander Pires comigo insuportável, porque nós temos timbres e vibratos parecidos" (assista o trecho), falou Bruno, que admitiu ficar longe dos filhos do intérprete da Mocidade nos eventos para evitar confusões com o pai. "Eu vejo os filhos do Wander, eu me sinto com uma vontade muito grande de chegar perto deles, abraçar eles, falar com eles e não falo porque, de repente, isso pode criar um problema do pai deles para com eles", desabafou (assista o trecho). As pazes seriam seladas na live Vozes do Samba do dia de São Jorge, 23 de abril, com ambos cantando juntos. As lives de Pedro Migão - Dono do blog Ouro de Tolo, o economista e conselheiro portelense Pedro Migão foi chamado (junto com o enredista Diego Araújo) pra ser um dos debatedores do quadro Século XXI em Revista, que analisou o Grupo Especial de 2014 na Sapucaí, numa série de duas lives (parte 1 e parte 2). Foi o ponto de partida para Migão iniciar o maravilhoso projeto no canal Ouro de Tolo, que vem trazendo nomes emblemáticos do samba e do Carnaval para longos depoimentos sobre a história dos desfiles das escolas de samba. Pedro Migão participaria de mais duas lives conosco (parte 1 e parte 2), proporcionando uma resenha antológica. Uma das maiores conquistas desses 17 anos que o site dos sambas-enredo completa nesse 29 de maio é a consolidação de nossas lives. Lembramos neste Editorial algumas que fizemos no ano passado, quando elas ainda eram veiculadas no Facebook. Faremos em breve uma segunda parte, recordando grandes momentos das LIVES SAMBARIO da temporada 2021, já na era YouTube. Dedicamos este texto a todas as vítimas da covid-19 e, em especial, a Paulo Stein. Coube a nós a responsabilidade de conduzirmos a última entrevista de sua vida, em 22 de fevereiro de 2021 (um mês e cinco dias antes de sua morte, vitimado pelo novo coronavírus). Essas palavras abaixo, ditas por Stein neste bate-papo histórico (veja o trecho aqui), sintetizam o trabalho de resgate da história e da memória do Carnaval que nós e tantos outros veículos estão fazendo nesses meses pandêmicos, a fim de não deixar essa chama apagar. Aquilo
que eu sempre falo: o importante pra mim e pra minha cabeça
hoje, ao participar desses encontros, é poder passar pras
pessoas que estão assistindo, ainda mais com a gente usando o
YouTube, um pouco de conhecimento e da experiência daquilo que eu
vivenciei, aquilo que eu vivi, o que eu aprendi. Pra muita gente que
está hoje na profissão, de repente podemos evitar repetir
o erro que a gente cometeu um dia, o que faz
nós aprendermos com este erro. Então é mais
fácil começar aprendendo com a coisa que deu mais certo.
É uma satisfação grande eu estar aqui com
vocês!
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