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Por Guilherme Peixoto *
Rio
de Janeiro, 22 de abril de 2022. O dia que nunca vai sair da minha
mente. Bruno está ali, com o passo firme em minha
direção. Na face, a cara de bravo que quase nunca
entregava o coração molenga. Na cabeça, uma ideia
firme: me entregar um pacote. O pacote que me abriu um mundo novo.
Foi Bruno o responsável por me conceder, em mãos, um pacote com aquilo que, pra quem é jornalista, é quase como pão e água: a credencial que me dava acesso à Passarela do Samba e o colete de imprensa que me permitia andar para lá e para cá na imensidão do Sambódromo da Marquês de Sapucaí Lado a lado com Bruno, dei os primeiros passos naquele lugar que sempre quis conhecer. Desde que me formei, cobrir os desfiles na Sapucaí era um objetivo. Lá fui eu, com o crachá do jornal Estado de Minas, uma mochila com computador e um carregador portátil que o Bruno me emprestou. Depois daqueles passos iniciais, ele falava para todo mundo: “o Guilherme pisou na passarela sem acreditar no que vivia”. Aqui, paro de falar de mim e me volto a Bruno. E, ao falar de Bruno, o resumo pode conter apenas três palavras: ele foi feliz. Bruno, aquele que você, caro leitor, conheceu por ser um analista de samba de enredo. Julgava letras e melodias com grande rigor. Era coerente. Firme. Mas eu parei de me importar com esse Bruno há vários anos. Por um simples motivo: nos tornamos amigos — ou amigões, como costumávamos dizer. Já não me importava saber se Bruno achava o samba A ou B bom — ou se achava o ponta-esquerda do Flamengo um craque de bola. Me importava saber se Bruno estava bem. Me importava saber se a piada imbecil que fiz tinha arrancado um sorriso da boca que custava a sorrir — embora, soubéssemos, estivesse sempre a digitar risadas no WhatsApp. E, sim, ele estava bem. Um homem, com alma de menino e coração resistente, que havia passado por tantas provações, na vida e no amor, havia encontrado, agora, a conexão perfeita. A mulher que o fez errar as batidas cardíacas. Do lado dela. Ele foi com ela até o fim. O nome? Marina. Marina, aliás, a quem agradeço por ter feito meu amigão feliz. Ele foi feliz, deixou sementes e aproveitou. Viveu o amor, foi campeão na vida, no samba e na bola. As mãos dadas, daquele emoji que usávamos, vão seguir entrelaçadas. Ele foi feliz, deixou amigos e um legado. Bruno não estará apenas em meu coração. Estará no coração de Leonardos, Pedros, Caios, Gabriéis, Carlos, Marcos, Julianas e Marinas. Isso, sem contar os corações que ele sequer conheceu, mas que o conheceram nas lives. Ele foi feliz. Ele nos fez feliz. * Guilherme Peixoto é jornalista da Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte |
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