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DISSECANDO AS JUSTIFICATIVAS 2020 (QUESITOS MUSICAIS - PARTE 2)
21 de abril de
2020,
nº 40 Aqui começa a segunda
parte do Dissecando as Justificativas versão 2020. Se você não sabe do que se
trata, eis a explicação: como já foi feito em 2019 (parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4), reunimos e comentamos em
quatro capítulos tudo, ou quase tudo, que os julgadores deixaram nos mapas, com
prioridade aos quesitos musicais, os quais esta coluna acompanha de forma mais
apurada. Neste 2020, como sabido, LIESA e LIERJ, divulgaram seus respectivos
cadernos com as justificativas das notas do carnaval que passou no mesmo dia -
13 de março. Claro e evidente que não
dá para falar de todos os mapas de maneira mais detalhada, e para tal recomendo
a tradicional e ótima Justificando o Injustificável" de Rafael Rafic
no blog Ouro de Tolo. Na semana passada, abordamos aqui algumas notas de
Bateria, Samba-Enredo e Harmonia das escolas que terminaram entre o 7° e o 13°
lugar. Agora, neste segundo capítulo, dissecaremos sobre algumas justificativas
das seis primeiras colocadas. Importante ressaltar que
praticamente a maioria das justificativas que estarão presentes no texto serão
de notas descartadas. Sendo assim, vamos aos trabalhos. MANGUEIRA Samba-Enredo: a obra assinada pelo casal Manu da Cuíca e
Luiz Carlos Máximo gabaritou o quesito, mas não fez os cinquenta pontos - foram
quatro notas 10 e um 9,9. Vamos saber o porquê desse desconto, que não foi
computado na soma final: Alice Serrano (9.9)
apontou alguns problemas na melodia da obra, como por exemplo
"buracos" em alguns desenhos.
Bruno Marques (9.9)
constatou problemas de afinação e uma transição do samba-enredo entoado,
segundo ele, de maneira confusa, tendo a sensação de erro.
Bateria: tal qual como o samba-enredo, a Tem Que
Respeitar Meu Tamborim de Mestre Wesley fez os trinta pontos, mas não alcançou
os cinquenta - obteve quatro notas dez e um 9,9. Leandro Luiz Oliveira (9.9) fez a típica justificativa padrão: achou que a bateria verde e rosa "foi menos criativa do que as outras que tiveram nota máxima".
SALGUEIRO Samba-Enredo: a obra salgueirense teve nas cinco cabines de
jurados um desconto total de 0,7 - com os descartes, a perda foi de 0,4. A
destacar: Alfredo Del Penho (9.9)
observou uma perda de criatividade na melodia. Alice Serrano (9.7 -
descartado) justificou a proposta poética prejudicada e colagem de trechos
melódicos.
Harmonia: O Salgueiro perdeu apenas dois décimos no
quesito - um deles foi descartado. Eis os destaques: Miriam Orofino Gomes
(9.9) argumentou que o andamento do desfile - início acelerado e depois mais
lento - ocasionou um desempenho sem vibração.
Bateria: A Furiosa dos mestres Guilherme e Gustavo
saíram da Sapucaí com os trinta pontos, mas os cinquenta não vieram - a bateria
salgueirense perdeu 0,1 que foi descartado na soma final. Rafael Barros Castro
(9.9) foi breve e atribuiu o seu desconto a uma acentuação rítmica do naipe de
caixas. BEIJA-FLOR Samba-Enredo: a obra da azul e branca fez os trinta pontos,
mas não chegou aos cinquenta nos cinco módulos. Foram quatro dez e um 9,8. Felipe Trotta (9.8 -
descartado) justificou seu desconto pela insistência de rimas comuns e pelos
tons graves da melodia. Harmonia: Nos cinco módulos, a escola perdeu 0,3 ao
todo. Com os descartes, a perda foi de 0,2. Aos destaques: Deborah Levy (9.9) também
destacou os versos do samba cantados em tom grave, que segundo ela causaram uma
diminuição drástica na dinâmica. Célia Souto (9.9) citou
uma irregularidade de desempenho na harmonia da azul e branca. Bateria: A Soberana dos mestres Plínio e Rodney teve
apenas o desconto mínimo - um décimo, que acabou descartado da soma final. Nos
demais módulos, apenas notas 10. Cláudio Luiz Matheus (9.9) - vamos falar muito dele na próxima escola - percebeu uma sensação de desencontro de naipes na bossa do refrão central. MOCIDADE Samba-Enredo: a obra assinada por Sandra de Sá, Igor Vianna,
Dr. Márcio, Solano Santos, Renan Diniz, Jefferson Oliveira, Professor Laranjo e
Telmo Augusto obteve as cinco notas dez. Harmonia: neste quesito, a verde e branca fez os trinta,
mas não os cinquenta pontos - foram quatro 10 e um 9,9. Miriam Orofino Gomes
(9.9) citou algumas alas que passaram sem cantar o samba, um desencontro dos
instrumentos de corda com os demais e até algumas desafinações do intérprete
Wander Pires.
Bateria: A Não Existe Mais Quente de Mestre Dudu
deixou pela Sapucaí quatro décimos, dos quais dois foram descartados. Aos
destaques: Rafael Barros Castro
(9.9) constatou um flan ao perceber uma indecisão no desenho rítmico do naipe
de tamborins numa determinada passagem do samba.
Cláudio Luiz Matheus
(9.9) justificou, numa das atuações mais catastróficas de um jurado que o
escriba já tenha visto na história do carnaval carioca, que a bateria da
Mocidade não apresentou nenhuma bossa em frente ao módulo. O que é uma senhora
mentira. O vídeo abaixo comprova isso.
Cláudio Luiz Matheus
protagonizou em 2020 um dos trabalhos de julgamento mais vergonhosos já vistos
por mim em um carnaval. E não só por descontar nota baseada em uma inverdade.
As inacreditáveis e preguiçosas justificativas feitas já falam por si. É de uma
atrocidade retumbante que fica impossível usar um argumento para classificar. Sobre a questão a
respeito da bateria da Mocidade, o Manual do Julgador é bem claro: "Não
penalizar: o fato de qualquer bateria não parar em frente às Cabines de
Julgamento, desde que em condições normais de deslocamento durante o seu
Desfile, tendo em vista não ser obrigatória essa parada." Embasado no que diz
trecho correspondente do manual, não há o que discutir. O fato é que a bateria
da Mocidade fez sim a bossa em frente ao módulo, como o vídeo destacado
comprova. Cabe aqui dois questionamentos: como é que um cidadão dito capacitado
a julgar uma das festas mais populares do país comete um erro crasso dessa
natureza? E a mais óbvia: como é que ele não percebeu a bossa? Não custa lembrar: ele
integra o time de jurados há mais de trinta anos. Como é que a LIESA ainda o
aprova sistematicamente para estar nos julgamentos? O trabalho dele é tão
satisfatório a esse ponto? Mesmo com os erros e as justificativas preguiçosas,
ele continuará julgando? Perguntas que ficam no ar para serem respondidas... GRANDE RIO Samba-Enredo: a obra assinada por Deré, Robson Moratelli,
Rafael Ribeiro e Toni Vietnã obteve as cinco notas dez. Harmonia: No quesito, a tricolor caxiense obteve os
trinta pontos mas não os cinquenta - foram quatro notas dez e um 9,9. Jardel Maia Rodrigues (9.9 - descartado) justificou sua nota pois, segundo ele, algumas alas passaram pelo módulo sem conseguir defender o canto.
Bateria: A Invocada comandada por Mestre Fafá obteve
as cinco notas dez. VIRADOURO Samba-Enredo: De grande desempenho no desfile, o
"Ensaboa" perdeu tão somente 1 décimo, desprezado pelo descarte e que
fez a escola alcançar os trinta pontos no quesito. Alfredo Del Penho (9.9 -
descartado) justificou o desconto entendendo que haviam partes que se
desenvolvem da mesma forma na melodia e quebra de frase no trecho "onde
nossas ancestrais acordavam as manhãs pra luta". Harmonia: A vermelho e branco só perdeu dois décimos,
que foram descartados e também desprezados, já que naquela altura a escola já
obtivera as quatro notas dez suficientes pra confirmar o campeonato. Eis então
a justificativa: Jardel Maia Rodrigues
(9.8 - descartado) penalizou a escola pela interferência negativa na fluência
causada pela variação do andamento e porque muitas alas, na visão dele, não
mantiveram o canto.
Bateria: A Furacão Vermelho e Branco de Mestre Cica
obteve as cinco notas dez.
Detalhe da última alegoria da Viradouro (Foto: Carlos Fonseca/Rádio Show do Esporte)
"Sambando por aí" volta com a terceira parte da série, com um resumo geral dos outros seis quesitos. Carlos Fonseca
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