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COLUNA SAMBARIO

DISSECANDO AS JUSTIFICATIVAS 2020 - QUESITOS MUSICAIS (PARTE 1)

18 de abril de 2020, nº 39

Chegou o momento mais esperado (ou não, dependendo do seu ponto de vista) desta coluna: a resenha geral sobre as justificativas. Tal qual como em 2019 (parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4), vamos reunir e comentar em quatro capítulos tudo (ou quase) que os julgadores deixaram nos mapas, com prioridade aos quesitos musicais. Porém, ah porém, diferente do ano passado, o trabalho aumentou, haja vista que o Grupo Especial aumentou de quatro para cinco o número de julgadores por quesito. Neste ano, LIESA e LIERJ divulgaram suas justificativas das notas do último carnaval no mesmo dia.

Obviamente que não vamos falar de todos os mapas de forma mais detalhada, e para tal recomendo a tradicional e ótima "Justificando o Injustificável" de Rafael Rafic no blog Ouro de Tolo, que é a livre inspiração desta série. E como será a divisão? Simples: os quesitos musicais (Bateria, Samba-Enredo e Harmonia) divididos em dois textos com as sete últimas e a seis primeiras do Grupo Especial, um terceiro com destaques dos demais quesitos e um quarto com algumas justificativas da Série A.

Introdução feita, vamos começar.

UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR

Samba-Enredo: uma das obras mais criticadas em todo o pré-carnaval deixou 1,1 total pela pista - com os descartes, o desconto foi de 0,7. A destacar:

Alfredo Del Penho (9.7) criticou, entre outros, as frases soltas ou as que não foram bem encaixadas ao ponto de dar sentido ao samba, além da troca de interlocutor durante a letra - coisa que o editor-chefe Marco Maciel chamou atenção em sua análise da safra deste ano.



Já Clayton Fabio Oliveira (9.9) deu um desconto mínimo por entender que o samba pecava nos refrões melodicamente frágeis.



 

Harmonia: neste quesito, a Ilha perdeu no total nove décimos. Com os descartes, somou 29,4 - desempenho igual ao quesito Evlução. A destacar:

Bruno Marques (9.8) apontou, entre outros problemas, uma tendência de afinação geral baixa a partir da metade do desfile e dinâmica extremamente fraca em trechos de afinação grave.



Célia Souto (9.8) também citou a fluidez do canto, que segundo ela foi "fraca e arrastada". A jurada também mencionou que a interpretação acentuada prejudicou a leveza e a clareza melódica.


 

Bateria: item de melhor desempenha da tricolor, a Baterilha dos mestres Keko e Marcelo perdeu apenas quatro décimos - um deles foi descartado. A destacar:

Rafael Barros Castro (9.9) apontou um desenho rítmico conflitante no naipe de tamborins durante uma bossa no refrão central.



Philipe Galdino (9.9) percebeu uma ligeira defasagem ritmica nos naipes agudos.

 

ESTÁCIO DE SÁ

Samba-Enredo: a obra estaciana não peneirou, isto é, não contagiou os jurados, que descontaram no total 0,9 da agremiação - com os descartes, a perda foi de 0,6. A destacar:

Alfredo Del Penho (9.7 - descartado) citou algumas frases que pareciam soltas, imagens poéticas pouco inspiradas e problema de prosódia no encaixe da melodia - especificamente no trecho "O poder que emana", cantado "Ôpoder que emana".



Eri Galvão (9.8) justificou a falta de uma melodia mais criativa.

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Harmonia: No total, a escola deixou 1,3 pela pista. Considerando os descartes, o prejuízo foi de 0,8 no quesito. A destacar:

Deborah Levy (9.8) destacou a pouca participação do canto e o excesso de desenhos dos cavacos (hein?).


 

Miriam Orofino Gomes (9.7) listou, entre outros problemas vistos por ela, a falta de entrosamento entre ritmo e melodia, a falta de segurança e fluência no canto da escola e algumas alas que passaram sem cantar.


 

Bateria: Os comandados de Mestre Chuvisco saíram da Sapucaí com o prejuízo total de 0,5 - considerando os descartes, 0,3. A destacar:

Rafael Barros Castro (9.8) apontou, entre outros, pouca presença sonora em alguns naipes e a falta de destaque necessário nas caixas.

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Ary Jaime Cohen (9.9) deflagrou uma embolada de alguns naipes no retorno de uma bossa.

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PARAÍSO DO TUIUTI

Samba-Enredo: a obra da azul e amarelo perdeu ao todo 0.7 nos cinco módulos. Considerando os descartes, quatro décimos. Aos destaques: 

Felipe Trotta (9.7 - descartado) citou as frases melódicas muito curtas e o excesso de rimas em "ado".

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Clayton Fabio Oliveira (9.9) tirou seu décimo ao observar os quatro últimos versos da segunda estrofe terminando na tônica "A".

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Harmonia: Nos cinco módulos, a escola perdeu 0,9. Com os descartes, a perda foi de 0,6. Aos destaques: 

Bruno Marques (9.8) observou problemas de intensidade e conflitos ocasionais entre o canto e as linhas melódicas.

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Jardel Maia Rodrigues (9.7 - descartado) citou, entre outros problemas, a falta de sincronia do canto com as cordas.

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Bateria: A SuperSom comandada por Mestre Ricardinho - já substituído por Mestre Marcão para o desfile do ano que vem - deixou 0,4 pela pista do Sambódromo, sendo um desses décimos descartado. Aos destaques:

Cláudio Luiz Matheus (9.9) justificou, talvez numa das atuações mais catastróficas de um jurado que eu já tenha visto na história do carnaval carioca - e ainda irei dissecar mais sobre isso, tão somente uma falta de criatividade e/ou ousadia. Só isso, cara?

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Leandro Oliveira (9.9) também foi na linha de seu colega. Só que ele discorreu um pouco mais no seu texto.

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SÃO CLEMENTE

Samba-Enredo: a obra assinada por Adnet e companhia deixou 0,5 pela pista - 0,3 considerando os descartes. Aos destaques: 

Alfredo Del-Penho (9.8 - descartado) justificou seu desconto com o alongamento das notas e trechos da letra sem encadeamento.

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Clayton Fabio Oliveira (9.9) destacou tão somente por achar a melodia composta por chichês comuns em alguns outros sambas.

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Harmonia: a aurinegra de Botafogo perdeu 0,7 totais, sendo 0,5 válidos. Aos destaques:

Miriam Orofino Gomes (9.8) destacou, entre outras coisas, "uma voz feminina bastante estridente e aguda destoando dos demais", se referindo a Grazzi Brasil.

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Jardel Maia Rodrigues (9.9) apontou perda de força e fluência no canto.

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Bateria: A Fiel Bateria de Mestre Calquinho perdeu ao todo quatro décimos - metade foi descartado. Aos destaques:

Cláudio Luiz Matheus (9.8) - leitor, ainda vamos falar muito dele por aqui - citou duas imprecisões.

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Ary Jaime Cohen (9.9) constatou falta de unidade ritmica precisa em algumas caixas.

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UNIDOS DA TIJUCA

Samba-Enredo: nas cinco cabines de jurados, a obra tijucana perdeu 0,3 totais - 0,2 foram válidos. Aos destaques:

Felipe Trotta (9.9) constatou problemas melódicos na segunda estrofe.

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Clayton Fabio Oliveira (9.9) citou algumas passagens, para ele, muito bruscas, soando uma colagem de composições distintas.

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Harmonia: no quesito, a Tijuca perdeu ao todo 0,4  - um desses décimos acabara descartado. Aos destaques:

Bruno Marques (9.9) atribuiu seu desconto a dois problemas que observara.

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Célia Souto (9.9) entendeu que o canto da escola não teve empolgação, além de faltar, segundo ela escreve, vibração, garra e segurança.

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Bateria: A Pura Cadência de Mestre Casagrande obteve as cinco notas 10. Como curiosidade: é o décimo ano consecutivo que os ritmistas do Borel obtem a pontuação máxima no quesito - excluindo-se os descartes.

VILA ISABEL

Samba-Enredo: a obra, que dividiu opiniões durante o pré-desfile, não "pairou no ar" com os jurados ao deixar pela pista cinco décimos no total - valeram apenas 0,3. Eis os destaques: 

Felipe Trotta (9.9) citou um enfraquecimento da riqueza poética citando até que "o samba foi levado pelo enredo a narrar de modo convencional uma espécie de Aquarela Brasileira, algo já explorado em sambas antológicos do passado" - hein?

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Alfredo Del-Penho (9.8 - descartado) citou frases menos inspiradas e partes não conectadas a ponto de criar um bom discurso melódico.

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Harmonia: A azul e branca do bairro de Noel Rosa perdeu 0,4 totais no quesito, sendo que metade foi descartado no cômputo final. Eis os destaques:

Bruno Marques (9.9) até parabenizou a escola, mas descontou nota por observar uma dinâmica fraca do canto em alguns trechos.
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Jardel Maia Rodrigues (9.8 - descartado) percebeu uma falta de entrosamento entre a parte harmônica e o canto em vários trechos.

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Bateria: A Swingueira de Noel de Mestre Macaco Branco obteve as cinco notas 10 pela primeira vez desde que o músico assumiu o comando do "ritmo da Vila".

PORTELA

Samba-Enredo: A obra assinada por Valtinho Botafogo, Rogério Lobo, José Carlos, Zé Miranda, Beto Aquino, Pecê Ribeiro, D&rsquoSousa e Araguaci, obteve as cinco notas dez.

Harmonia: A águia altaneira de Oswaldo Cruz e Madureira perdeu apenas 0,3 totais no quesito, sendo 0,2 descartados. A destacar justamente as duas notas diferentes de 10, ambas da primeira cabine de julgadores:

Deborah Levy (9.9) parabenizou o trabalho harmônico da Portela, mas tirou um décimo por constatar um verso de difícil compreensão melódica.

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Bruno Marques (9.8 - descartado) chamou a atenção de trechos do canto com melodia grave apresentando, segundo ele, intensidade fraca e na interação do intérprete com seus auxiliares.

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Bateria:
A exemplo do samba-enredo, a Tabajara do Samba comandada por Mestre Nilo Sérgio obteve as cinco notas dez no quesito.

"Sambando por aí" volta com a segunda parte das justificativas dos quesitos musicais, com as seis primeiras colocadas.


Carlos Fonseca

Twitter: @eucarlosfonseca
Apresentador do Carnaval Show na Rádio Show do Esporte todas às quartas-feiras às 20h
www.radioshowdoesporte.com.br