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SAMPARIO

SAMPARIO

PRESIDENTE Luiz Henrique
VICE-PRESIDENTE Vinícius Marques
AUTOR DO ENREDO Wendel Henrique
INTÉRPRETE Vinny Machado
DIRETORES DE CARNAVAL Fernando Constâncio e Gleison Maurício
CARNAVALESCO Izaias Júnior
CORES Azul e Branco
FUNDAÇÃO 27/1/2013
CIDADE-SEDE São Paulo-SP
SÍMBOLOS Águia
FACEBOOK Link

No final do ano de 2012, através de membros do JIO (grupo carnavalesco no Facebook), em uma conversa tiveram a idéia da criação de uma Escola de Samba, agremiação essa real, com a finalidade de participar dos sub-grupos do Carnaval Paulistano onde a mesma teria sua equipe formada pelos membros ativos e mais participativos do JIO. Após percepção das dificuldades e empecilhos que é gerir uma escola de samba no carnaval real, eles tiveram a idéia então de criar uma Escola Virtual, visto que o Carnaval Virtual é um meio de não deixá-los fora do cotidiano carnavalesco no pós-desfiles das agremiações reais. A escola não tinha nome, até que após o Theo Valter inteligentemente perceber que os membros do JIO em sua maioria eram das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro nada mais justo que nomeá-la como Sampario (Sampa + Rio de Janeiro) na qual é uma forma também de homenagear a coirmã Estrela Sambario. A Sampario no seu primeiro ano disputando (2013) no Grupo de Avaliação (CAESV) já mostrara que era uma escola promissora, onde homenageando a ícone da musica Rita Lee conseguiu ascender ao Grupo de Acesso para o ano seguinte faturando inclusive o Troféu Tradissaum “Melhor Alegoria” com o Abre-Alas. Seguindo ao ano de 2014 onde a agremiação levou para a passarela virtual o enredo sobre o Palhaço Arrelia, a mesma passou por diversos problemas internos onde não almejava nada mais que a permanência no Grupo de Acesso e ainda assim com todas as tormentas conseguiu ficar na 8º colocação, o resultado foi muito festejado por todos. Após superar as dificuldades do ano anterior com uma equipe renovada, a Águia Guerreira como é conhecida fez um desfile bonito visualmente, embalado por um dos melhores sambas do carnaval no ano de 2015 ficou na 3ª colocação no Grupo de Acesso com o enredo falando sobre o Rio São Francisco, assim ascendendo ao tão sonhado Grupo Especial. Em seu primeiro desfile na elite, finalizou a apuração em oitavo. Em 2017, não desfilou. Voltou em 2020, garantindo o retorno ao Grupo Especial pra 2021.

Ano

Enredo

Colocação

2022 A negra palavra – Solano Trindade -º (Especial)
2021 Salve Mam’etu Manaundê, Salve os ventos de Matamba e o Quilombo da Vila Brasilândia! 12º (Especial)
2020 Odoya, Iemanjá! O Canto da Sereia de Itamaracá 6º (Acesso)
2017 Dos alaúdes persas e medievais ao patrimônio da cultura popular. Viola, Minha viola! não desfilou
2016 Mário de Andrade: Poesia aos quatro ventos do Brasil 8º (Especial)
2015 Opará, Tupiniquim ou Rio São Francisco, mas pra facilitar, simplesmente o velho Chico 3º (Acesso)
2014 Do Despertar do Grande Artista ao seu Último Espetáculo: Arrelia, o Palhaço Porta-Voz da Alegria 8º (Acesso)
2013 Rita Lee - A Rainha do Rock! 5º (CAESV)

SINOPSE ENREDO 2022

A negra palavra – Solano Trindade


Apresentação:

“A minha poesia continuará com o estilo do nosso
populário, buscando no negro o ritmo, no povo em geral
as reivindicações sociais e políticas e nas mulheres, em
particular, o amor. Deixem-me amar a tudo e a todos”
(Solano Trindade)
Seguindo o caminho da negritude, como ensinaram nossos ancestrais, nossa águia altaneira se põe a voar de volta a suas raízes africanas a fim de reencontrar a essência de sua negritude, nas “negras palavras” do poeta do povo, Solano Trindade.
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Sampario, como um quilombo de cultura e resistência, adentra novamente a passarela do samba erguendo a
bandeira da negritude brasileira, como sempre fez em seus quase 10 anos de
existência Desta forma, fazendo jus a sua história, a águia azul e branca viaja entre as principais obras e conquistas de Solano Trindade para apresentar ao carnaval virtual e ao povo do samba de todo o Brasil seu legado de luta em prol da cultura afro-brasileira

Sinopse do Enredo

Setor 1 (setor de abertura): O negro canto de liberdade

Sou Negro

meus avós foram queimados
pelo Sol da África
minh’alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gonguês e agogôs.
Contaram-me que meus avós
vieram de Luanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu
[…]
(Sou negro – à Dione silva, Solano Trindade)
Eu sou o poeta Negro. Entro em cena. Trago em minhas obras e em minhas
palavras a força e a ancestralidade de meu povo. Trago a resistência de
Palmares, do quilombo de zumbi. Trago a sabedoria e a inteligência daqueles
que cruzaram o mar. Eu sou o poeta Popular, falo por meus irmãos de pele
escura, esquecidos por esse Brasil de desigualdade. E assim, em poesia
visito meu povo de pele preta, que bate seu atabaque a fim de manifestar sua
fé, seus cantos, suas danças, mas que também esse mesmo atabaque que
lamenta, chora e demonstra sua indignação contra todo o preconceito e a
desarmonia social.
Me chamo Francisco Solano Trindade. De nome Solano como o forte vento
que cruza o continente Africano. Vento que leva para longe tudo aquilo que
se coloca em seu caminho, e espalha para todo o mundo. Jogo minhas
palavras ao vento, para que possam se espalhar por todos os cantos deste
país meus ideais de luta e liberdade. Liberdade no sentido literal e figurado.

Setor 2: O menino do Recife

[…]
Recife
maracatu
com Rei e Rainha
mexendo com o corpo
e alma da gente
Recife
Xangô da Baiana
na praia do Pina
para “seu” Exu
[…]
Recife
frevo
serenata
melhor carnaval do mundo
melhor cidade da terra
melhor cantinho do céu
pra não perder a saudade
(Canção à minha cidade – À Maria Margarida, Solano Trindade)
Minha jornada se inicia em Recife. Jornada de luta e de vida, uma tão
indissociável da outra, de tanto que se cruzam, descruzam e entrecruzam. Se
incia em uma Recife de meu pai sapateiro e de minha mãe quituteira, onde
negro não vive, apenas sobrevive, como parte do retrato de um Brasil onde
aqueles de pele não branca são parte dos indesejados da sociedade.
Contudo, também é a Recife do frevo, do maracatu, do caboclinho, do
coco-de-roda, da ciranda e do afoxé. Uma Recife de essência negra e
cabocla, a essência do populário, que se manteve como pilar de toda minha
jornada.
E em minha jornada busquei fazer com que minhas negras palavras, como se
fossem o toque de um tambor ou um cortejo de maracatu, se espalhasse por esse Brasil, e também pelo mundo, assim como a dança, o folclore e a
cultura de nossa gente preta e brasileira.

Setor 3: Poeta pernambucano, ativista brasileiro

A minha alma nasceu africana
Aprendi a amar com as águas do rio
Compus meus poemas com o povo na rua
Com o povo na rua cantei e dancei…
[…]
(Viva a rapaziada da canela suja, Solano Trindade)
Em minha passagem por esse Brasil, me fiz presente onde se fez necessária
a minha luta. Onde não pude estar deixei a cargo de meus irmãos de luta
compartilharem meus ideais de cultura e contra opressão, como minha
mulher Margarida Trindade, e meu companheiros Édson Carneiro, Haroldo
Costa, Abdias do Nascimento e demais negros em movimento.
Enquanto estive por aí, lutei para dar voz e reconhecimento ao nosso povo, e
notáveis foram nossos feitos, conquistas e batalhas em prol da cultura e do
bem viver, como o I e II Congresso Afro-Brasileiro, a Frente Negra
Pernambucana, o Centro Cultural Afro-Brasileiro, o Teatro Popular do Negro,
Grupo de Arte Popular de Pelotas, Teatro Folclórico Brasileiro, e o Comitê
Democrático Afro-Brasileiro.
Mas talvez fora Embu, dentre os lugares onde fixei morada, onde fiz minhas
maiores contribuições para a cultura e arte. Por lá ficaram sementes, parte de
minha vida, de minhas produções e de minha família, que formaram raízes e
se mantêm vivas até hoje.

Setor 4: Voz ao povo preto… a poética de re-existência negra

Nas manhãs de sol
O trabalhador
Sai pra trabalhar,
Nas manhãs chuvosas
O trabalhador
Sai pra trabalhar
É a natureza
E o trabalhador
Sempre a trabalhar
Que constrói o mundo
Que constrói a vida
Sempre a trabalhar
[…]
(Amanhã será melhor, Solano Trindade)
Contudo, acredito que minhas palavras tiveram papel importante para
denunciar as mazelas que acometiam (e ainda acometem) meu povo. Como
a luta por liberdade, daqueles que continuam socialmente escravizados, e do
direito do trabalhador. A luta contra a fome e a miséria que assola milhares
de brasileiros, em sua maioria negros, esquecidos nas periferias, e as
margens da sociedade. E aquela que talvez tenha sido a maior das lutas, a
luta pela arte, negritude e educação.

Como meu legado para nosso povo, que ainda sofre e carrega consigo a
marca do preconceito deste país, deixo as sementes para que se plante um
Brasil e um amanhã melhor. Que minha obra fique para a eternidade, de
forma que se façam ouvidas as minhas palavras por todos aqueles que ainda
se encontram escravizados. Para que se construa uma luta por emancipação,
e que seja o ponto de partida do diálogo para uma sociedade justa e
igualitária. Para que seja viva a cultura afro-brasileira, e para que seja possível re-existir, indo muito além de apenas resistir, para que nos façamos presentes. E para que jamais esqueçamos que a luta só começou.
Deixo a cena, mas não deixo vazio este palco. Saio para que este chão se
transforme em passarela, por onde possam desfilar minhas “negras
palavras”, bordadas em azul e branco no pavilhão da águia guerreira. Parto
para a eternidade, com a esperança de dias melhores. Parto para onde
encontram-se ancestralizados os grandes imortais que lutaram por nossa
negritude.

Referências
GREGÓRIO, M. C. Solano Trindade: Raça e classe, poesia e teatro na trajetória de um afro-brasileiro (1930 – 1960) . Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2005.
REIS, Z.C. Apresentação, in TRINDADE, Solano. Poemas Antológicos de Solano
Trindade. 2a edição. São Paulo. Editora Nova Alexandria, 2011
TRINDADE, Solano. Poemas Antológicos de Solano Trindade. 2a edição. São
Paulo. Editora Nova Alexandria, 2011

Autor do enredo: Wendel Henrique e Eric Augusto