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25 de agosto de 2020, nº 44 . Coluna Anterior: Se Você não Conhece, venha Conhecer - Parte 1 . Coluna Anterior: Se Você não Conhece, venha Conhecer - Parte 2 . Coluna Anterior: Se Você não Conhece, venha Conhecer - Parte 3 . Coluna Anterior: Se Você não Conhece, venha Conhecer - Parte 4 ENREDOS DO GRUPO ESPECIAL DE SÃO PAULO - PRIMEIRO DIA
por Bruno Malta
Primeira noite de
desfiles do próximo Carnaval terá críticas, homenagens, releituras e
inspirações musicais. Escolas saem do lugar-comum dos CEPs e da homenagem
natural e partem em busca de argumentos e propostas que dialoguem com o
momento atual. Acadêmicos do Tucuruvi — Carnavais: De lá pra cá, o que mudou? Daqui pra lá, o que será? Resumo da história do Carnaval de São Paulo
produzido pela TV Cultura; Tucuruvi apresentará muito dessa história no próximo
Carnaval O Acadêmicos
do Tucuruvi, de volta a elite, apresenta uma temática que buscará uma
reflexão sobre como o Carnaval de São Paulo mudou desde a sua construção.
Falará da saudade da Tiradentes — antigo palco, do povo que foi esquecido e de como a
festa já não é mais tão popular como foi. Também mencionará do engessamento da
festa com seus regulamentos cada vez mais rígidos e de como o samba sempre
sobrevive as mudanças que são impostas a ele. É uma crítica ao Carnaval de São
Paulo e sua modernidade, mas, acima de tudo, uma proposta de reflexão sobre o
que ele se tornou com o passar dos anos.
O
desenvolvimento será da dupla de carnavalescos Dione Leite (desde 2019 na
escola) e Fernando Dias (estreante no Zaca e com passagens na Mancha). Zaca
será a primeira escola a desfilar no primeiro dia de desfiles do próximo
Carnaval. O título do enredo faz uma referência ao desfile do Camisa Verde e
Branco em 1990. Foi o último campeonato disputado na Avenida Tiradentes.
Naquele ano, o Trevo apresentou “Dos Barões do Café a Sarney, Onde Foi Que
Errei”. Naquele ano, o Camisa apresentou uma crítica a política nacional indo
desde a fundação dos barões do Café ao Sarney que tinha recém deixado a
presidência do país. Ideia do Zaca é uma referência cristalina para a alviverde
da Barra Funda. Colorado do Brás — Carolina, a
Cinderela Negra do Canindé Um resumo da história de Carolina de Jesus e uma
prévia do que podemos ver na avenida no próximo Carnaval Buscando se
afirmar no Grupo Especial, o Colorado do Brás apresenta a vida e a obra
de Carolina de Jesus. Negra, nasceu em Sacramento em Minas Gerais. Quando
perdeu a mãe se mudou para São Paulo e lá se fixou numa favela no Canindé,
região central da cidade — perto de onde
está localizada a Colorado. Por lá, manteve um hábito de leitura e na década de
50, escrevia relatos sobre sua vida cotidiana.
Um desses
relatos virou a grande obra de sua vida: “O Quarto de Despejo”. Com ele, virou
escritora reconhecida e saiu da favela, mas não perdeu a veia humilde. Seguiu
criando os filhos que estudavam em escola pública até sua morte no fim dos anos
70. É conhecida também pelo fato de nunca se casar para não ter que ser submissa
a um homem, sendo uma referência feminista até mesmo quando esse termo nem
existia ainda. É essa a história que a escola do Brás apresenta no próximo
Carnaval. André Machado, de grandes passagens em Pérola Negra e Rosas de Ouro,
será o responsável pelo desenvolvimento do desfile. A escola será a segunda a
desfilar no primeiro dia de apresentações. A história
de Carolina de Jesus teve uma passagem por um sambódromo recentemente. Foi na
Renascer de Jacarepaguá em 2017. Naquele ano, a escola da Zona Oeste Carioca
apresentou um enredo sobre um fictício encontro entre João Cândido e Carolina
de Jesus baseado no curta-metragem O Papel e o Mar que mostrava como seria esse
diálogo no centro do Rio de Janeiro. Mancha Verde — Planeta Água A inspiração musical da Mancha Verde A Mancha
Verde, vice-campeã de 2020, apresenta um enredo sobre Água. Baseado na
música de Guilherme Arantes, a intenção do tema é mostrar toda a importância
desta na vida do ser humano. Além disso, também apresenta suas vertentes como a
questão religiosa com orixás como Oxum, Iemanjá e Oxumaré citado e a questão
física com os rios, as cachoeiras, os mares e os moinhos. Por fim, enfatiza a
necessidade de preservação do item para que o mundo seja um lugar melhor. Tudo
isso com pano de fundo na inspiração musical.
O
desenvolvimento será de Jorge Freitas, pelo terceiro ano seguido na escola.
Cinco vezes campeão do Grupo Especial, o artista segue na escola que sonha com
o bicampeonato. Por mais que a abordagem baseada na música seja inédita, o tema
sobre a água não é exatamente uma novidade. Em 2003, a Mocidade Alegre narrou a
saga da água como o berço da civilização iorubá. Para a Morada do Samba, a água
foi o fundamento da construção das civilizações. A Mancha, no próximo desfile,
traz, de maneira simplista, a mesma ideia, sob uma ótica bem diferente. Acadêmicos do Tatuapé — Preto Velho canta a saga do café num canto de fé A história do Café no Brasil. O Tatuapé irá, além
disso, mas um pouco do tema da escola está presente nesse vídeo. Lutando para
ser campeã novamente, a Acadêmicos do Tatuapé traz uma nova roupagem para
um enredo que já passou por aqui. A história do Café já foi tema e deu título
no Anhembi, mas vem renovada pela narrativa de perspectiva original. Com Preto
Velho, figura conhecida na Umbanda, como narrador, o tema ganha ares de
africanidade e originalidade.
A história
base ainda é a do grão em si que viaja pelo mundo — Arábia, Turquia, Inglaterra, França… e etc. Também passa por seus acontecimentos no Brasil como na época do Ouro Negro, a era do Café quando até o ramo foi parar na bandeira e a política do Café com Leite
e termina no doce sabor da bebida. O desenvolvimento fica por conta de Wagner
Santos em seu quarto carnaval no Tatu da Zona Leste. Em 2000, no
Carnaval dos 500 anos do Brasil, a X-9 Paulistana, uma das duas campeãs daquele
ano, falou da Era do Café numa apresentação que explorou, ao máximo, o limite
de tempo imposto e foi até além ao chegar na quebra da bolsa de valores
norte-americana em 1929. Com um desfile bastante técnico, a Xis surpreendeu e
levou a taça: Unidos de Vila Maria — Se o Mundo precisa de nós, a Vila é porta-voz A inspiração musical da Vila Maria virou trilha
sonora para o próximo desfile Vinda de
ótimos resultados, a Unidos de Vila Maria sai da linha CEP e apresenta
um enredo que nasceu depois do samba-enredo. Inspirado na canção “O samba é
porta-voz”, a temática mostra como o mundo precisou da fé e do amor para
superar os problemas que já teve em sua história.
Além disso,
a proposta apresenta como o mal do mundo também está na desigualdade social.
Seres gananciosos que lucram demais em detrimento de grande parte da população
também serão lembrados pela escola. Por fim, a saída de tudo também está no
samba. Para a agremiação, o samba une as raças e ajuda no fim de qualquer
diferença. O desenvolvimento do tema fica a cargo de Cristiano Bara que
assinará o terceiro desfile pela escola do Jardim Japão, o segundo em carreira
solo. A temática
remete ao desfile da Beija-Flor que em 2018, conquistou um título chocando o
sambódromo carioca com uma apresentação que misturou a crítica política com a
ideia de que o samba pode ser a saída positiva para mudar um país. Naquele ano,
assim como nesse enredo da Vila Maria, o contexto histórico foi utilizado. No
enredo da Mais Famosa, através do Império Romano. No enredo da Soberana da
Passarela, a figura do Frankenstein. Dragões da Real — O dia em que
a terra parou A inspiração musical da Dragões da Real Querendo
voltar a brigar pelo título, a Dragões da Real apresenta um enredo
também inspirado numa música. O dia em que a terra parou, de Raul Seixas, é o
ponto de partida de uma temática que busca uma mensagem de autorreflexão sobre
o momento
em que vivemos e o mundo que construiremos.
A
palavra-chave é a solidariedade como a única coisa capaz de mudar. Para a
escola, segundo palavras do texto explanação, o lugar de gente feliz será
construído no dia em que a terra parou; Já que com o mundo parado,
conseguiremos entender tudo que há de bom ao nosso redor e, por consequência,
sermos pessoas melhores na construção de um novo mundo. A assinatura fica por
conta de Jorge Silveira, de volta a escola, após três carnavais. Seu último
desfile na Tricolor foi o inesquecível Dragões canta Asa Branca. Tom Maior — O Pequeno Príncipe do Sertão A inspiração da Tom Maior é na adaptação cordelista
do clássico Pequeno Príncipe Renovada, a Tom
Maior apresenta um criativo enredo sobre uma adaptação
cordelista/nordestina de “O Pequeno Príncipe”. A adaptação de Josué Limieira
segue o preceito da obra do francês Antoine de Saint-Exupéry. Como exposto, é
uma obra que segue toda a estrutura do clássico, mas o adaptando para o cenário
nordestino.
Ou seja,
para o enredo a viagem do Pequeno Príncipe começa na Zona da Mata pernambucana
rumo aos Lençóis Maranhenses, claro, sem desprezar os “ensinamentos doces” e as
“perguntas profundas” que sempre norteiam a história. O desenvolvimento fica
por conta do carnavalesco Flávio Campello. Consagrado e campeão em São Paulo em
duas oportunidades, o artista estreia na Tom Maior mirando colocar a escola em
outro patamar na briga pelo inédito título.
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