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por Bruno Malta
Nessa série de quatro partes, o SAMBARIO apresenta um pouco da história
do Carnaval de São Paulo. Falaremos dos desfiles, palcos e pavilhões da capital
paulistana. Trazendo histórias, personagens, curiosidades, desfiles notáveis,
sambas marcantes e o momento atual de cada uma das principais agremiações
da cidade. Rosas de Ouro Pavilhão
da Roseira e suas três Rosas de Ouro. Azul e rosa tem sete
troféus do Grupo Especial. (Foto: Claudio L.Costa/SRZD)
Fundação: 18
de outubro de 1971 Madrinha:
Estação Primeira de Mangueira Títulos: 7
no Grupo Especial (1983, 1984, 1990, 1991, 1992, 1994 e 2010) e 1 no Grupo de
Acesso (1974) Cores: Azul,
Rosa e Branco Bairro:
Freguesia do Ó Hino e exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=QFW9vfCOypc A história A Sociedade Rosas
de Ouro foi fundada em 1971 — completará 50 anos no próximo Carnaval — e é mais um dos casos de escolas que moldaram sua grandeza após a oficialização da folia paulistana. A Roseira
tem sete títulos no Grupo Especial. Sua
origem de bairro é na Vila Brasilândia, mas desde a década de 80, a agremiação se situa na Freguesia do Ó
por iniciativa de um dos seus fundadores, o eterno presidente Eduardo
Basílio. A mudança de localização somada a um novo estilo
de gestão mudou seu patamar. A Roseira
também é uma das entidades que pouco sentiram a mudança da Avenida Tiradentes
para o Anhembi. No antigo palco foram três títulos; No novo foram quatro e,
claro, muitos outros bons resultados nas duas passarelas. Além disso, é uma das
agremiações, ao lado do Camisa Verde e Branco, que venceu a última
disputa na Tiradentes e a primeira no Anhembi. Em 1990, com o enredo “Até
que enfim…o Sábado” e em 1991 com “De Piloto de fogão a chefe da nação”,
a Roseira foi bi em meio a mudança. No ano seguinte, o tri viria falando sobre
São Paulo com “Non Ducor Duco, qual é a minha cara?” É, ao lado
da Mocidade Alegre, uma das únicas escolas que não foi rebaixada desde
que subiu, pela primeira vez, na década de 70 e, também, tem a regularidade
como marca. Em toda sua existência, só ficou abaixo do oitavo lugar em uma
única oportunidade. Foi em 2016, com o enredo “Arte à flor da pele. A
minha história vai marcar você” que contava a história da Tatuagem.
A Roseira correu sérios riscos de rebaixamento pela primeira e, até hoje, única
vez em sua trajetória. Ao final da apuração, o décimo primeiro lugar e A ameaça
do descenso, culminou no pior resultado até hoje. Desfiles notáveis Além do
tricampeonato em 1990 (Até que enfim… “o Sábado”), 1991 (De Piloto de fogão a chefe da nação) e 1992 (“Non Ducor Duco”, qual é a minha cara?), a Roseira conquistou outros quatro títulos. O mais famoso deles é o
de 1994, quando cantou a vida de Ângela Maria, renomada cantora de MPB, com o
enredo Sapoti. Apesar da força da apresentação, existiram muitas polêmicas sobre a
justiça da conquista por conta de uma confusa
formação do júri, recheado de nomes contestáveis
e pela discussão com a homenageada que era acusada de cobrar dinheiro pela participação na apresentação. A partir
desse campeonato, a azul e rosa viveu um longo período de jejum sem
campeonatos, mas sempre com desfiles marcantes como nas apresentações de 1999 (A “Divina Comédia” de um folião) e 2001 (Quem plantou o palco, hoje é o
espetáculo). Em 2008, após contratar o carnavalesco Jorge Freitas, viveu uma
grande fase tendo como o auge o ano em que quebrou o jejum com o enredo “Cacau: um grão precioso que virou
chocolate, e sem dúvida se transformou no melhor presente”, mas as apresentações de 2009 (Bem-vindos à fábrica dos sonhos) e 2012 (Hungria, o Reino dos Justus) também merecem uma justa lembrança. Curiosidade Em 2006, o
Rosas chegou ao último quesito como líder da apuração, com 0,25 de vantagem
para Império de Casa Verde, Vai-Vai e Mocidade Alegre. Mas, duas notas abaixo
de 10 em bateria, a tiraram da ponta e colocaram num modesto e pouco comemorado
quinto lugar. Naquele ano, a azul e rosa contava com o enredo “A Diáspora
africana. Um crime contra a Raça Humana” assinado pelo carnavalesco
Fábio Borges. O atual momento e o último desfile A Roseira passa por instabilidade plástica desde a saída de Jorge Freitas (Foto: Site Carnavalesco)
Desde a
saída de Jorge Freitas, a escola passa por uma fase de transição,
onde falta dinheiro, mas sobra chão. Suas apresentações são marcadas pela força
de sua comunidade que é, hoje, uma das mais fortes da cidade. Em 2020, com o
enredo Tempos Modernos, falou da relação do homem com a modernidade. O
desfile assinado por André Machado — que já deixou a agremiação — foi criativo e divertido, mas
pecou em problemas de acabamento, especialmente em alegorias. A azul e rosa
terminou em sétimo lugar, longe da briga pelo
título. Sambas marcantes Ao contrário
de outras grandes escolas, a discografia da Roseira não é considerada uma das
mais inspiradas no conjunto da obra, principalmente após a ida dos desfiles
para o Anhembi. Isso não impede que a agremiação tenha bons sambas,
especialmente nas décadas de 80 e início dos anos 90 sempre na voz de Royce
do Cavaco. O primeiro grande clássico, de autoria de Zeca da Casa Verde,
nome fundamental na trajetória da azul e rosa, surge em 1977 (Ataulfo
Alves, o poeta de Miraí) e soma-se
aos principais destaques do período de ouro que ficam por conta da ótima obra
sobre o Largo São Francisco em 1984 (A velha academia berço dos heróis) e o charmoso samba de 1989 no enredo Vera
Cruz, a vedete dos anos 50. Além desse período, duas obras também marcaram sua presença de maneira
positiva na discografia do Rosas. Em 2005, o famoso e consagrado “Mar
de Rosas” é lembrado até hoje como um
grande clássico do Anhembi. Já em 2018, com o enredo “Pelas
estradas da vida, sonhos e aventuras de um herói brasileiro”, a Roseira nos brindou com mais uma obra
inesquecível. Gaviões da Fiel Pavilhão
do Grêmio Gaviões da Fiel Torcida com suas quatro estrelas
do Grupo Especial. (Foto: Cláudio L.Costa/SRZD)
Fundação: 1º
de Julho de 1969 Madrinha:
Camisa Verde e Branco Títulos: 4
no Grupo Especial (1995, 1999, 2002 e 2003) e 3 no Grupo de Acesso (1990, 2005
e 2007) Cores:
Preto, Branco, Vermelho e Amarelo Bairro: Bom
Retiro Hino e
exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=aO5mZeDXFeY A História Oriunda da
torcida de mesmo nome, os Gaviões da Fiel foi fundado em 1969, mas
passaram a desfilar como bloco oficial em 1975. Nesse período, a alvinegra
venceu o festival dos blocos em doze dos treze anos que participou. Em 1989,
através de um convite da prefeitura da cidade, o bloco virou escola de samba.
Foi a partir desse momento que a Torcida Que Samba se tornou potência e
conquistou quatro campeonatos do Grupo Especial em doze participações entre
1990 e 2003. Acidente em 2004 é um marco na trajetória dos Gaviões (Foto: Rubens Cavallari/Acervo Folha)
Após um
bicampeonato com em 2002 (Xeque-Mate) e 2003 (As Cinco Deusas
Encantadas na Corte do Rei Gavião), os Gaviões eram a mais poderosa
escola do Anhembi em 2004 quando tentava um inédito tricampeonato com o enredo
“Ideias e Paixões: Combustível das Revoluções”. Tudo ia muito bem
até que, a quebra do eixo da última alegoria causou inúmeros problemas e afetou
a apresentação. Com o desfile prejudicado, houve perda de pontos por estouro de
tempo e notas baixas nos quesitos evolução e harmonia, o que rebaixou a
agremiação para o Grupo de Acesso. Desde então, nenhum título e os dias de
glória cada vez mais distantes. Apesar
disso, os Gaviões desfilam no Grupo Especial ininterruptamente desde 2008. Em
2006, com “Asas da Fascinação” fez sua última apresentação
rebaixada, quando após muitas discussões na justiça, conseguiu
ter direito a concorrer na elite, mas,
terminou em último lugar com estouro de tempo e inúmeros problemas. Desde o
retorno em 2008, jamais conseguiu sequer ficar entre as três primeiras
colocadas na elite. A melhor colocação é um quarto lugar em 2009 com enredo “O
sonho comanda a vida, quando o homem sonha o mundo avança. A fantástica
velocidade da roda para evolução humana. É pura adrenalina!” assinado
pelo carnavalesco Zilkson Reis. Desfiles notáveis Todos as
principais apresentações da escola foram realizadas no Anhembi, palco das
quatro conquistas da alvinegra e que viu outros tantos momentos marcantes da
agremiação. Apesar disso, sua estreia na elite foi na Avenida Tiradentes com o
enredo “O homem nasceu pra voar” em 1990. Devido a inexperiência na elite, foi
rebaixada. Um outro fato curioso sobre os Gaviões, é que por mais que sempre
faça reverências ao Corinthians, a Torcida Que Samba só falou do clube de
maneira direta em 1998 no e “Corinthians, meu mundo é você” e em 2010, ano do centenário, “Corinthians… Minha vida, minha história,
meu amor”. Nos dois desfiles, a alvinegra terminou em
quinto lugar na apuração. Para não dizer que não falamos dos títulos, a Torcida
Que Samba também fez apresentações inesquecíveis em 1999 (O Príncipe Encoberto ou a Busca de Dom
Sebastião na Ilha de São Luís do Maranhão), 2002 (Xeque-Mate), 2003 (As Cinco Deusas Encantadas na Corte do
Rei Gavião), e sobretudo em 1995, com o enredo “Coisa Boa É Para Sempre”, quando conquistou seu primeiro título do Grupo
Especial. O samba é, até hoje, lembrado nos principais eventos carnavalescos de São Paulo
e do Brasil. Curiosidade Em cinco da
sete primeiras apresentações como escola do Grupo Especial, a alvinegra cantou
composições de um único autor. Janos Tsukalas, conhecido como Grego, venceu a
disputa de samba-enredo dos Gaviões em 1992 (Cidade Aquariana), 1993 (A Chave no Tempo), 1994 (A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente), 1995 (Coisa Boa É Para Sempre) e 1997 (O Mundo da Rua). Também foi autor da obra que ajudou no acesso em 1991 (A Dança das Horas). Um craque daqueles raríssimos no mundo da composição. O atual momento e o último desfile A Torcida
Que Samba está longe de ser o rolo compressor que foi entre 1992–2003, onde sua
ascensão foi meteórica e vitoriosa, mas os últimos resultados não refletem o
desempenho satisfatório nos últimos dois anos. Existe, sim, uma evolução nítida
na agremiação, desde 2018 em termos de apresentação. Neste ano, após completar
cinquenta anos, e ter a contratação dos carnavalescos Paulo Barros e Paulo
Menezes como grande trunfo, era esperado que a alvinegra conseguisse um bom
resultado. Porém, apesar do elogiado desfile, o décimo primeiro lugar foi
bastante aquém do esperado e frustrou a nação corintiana. Sambas marcantes O mágico quarteto de compositores reunido em uma única foto. (Foto: Arquivo Sambario)
Assim como o
Camisa, a escola sabe flutuar muito bem em sua discografia. Por quase vinte
anos, os autores de seus sambas se resumiram no mágico quarteto Grego, Alemão
do Cavaco, Ernesto Teixeira e José Rifai. Esse pequeno grupo
de compositores assinou quinze dos dezesseis trilhas da agremiação entre 1991 (Dança
das Horas — último ano no Acesso antes dos títulos) e 2006 (Asas da Fascinação — ano do último rebaixamento no Grupo
Especial). Por terem estilos bem diferentes, os Gaviões conseguiram ter obras de maior explosão popular como em 1994 (A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente) e 1995 (Coisa Boa É Para Sempre) e de maior adequação carnavalesca e refinamento como em 1999 (O
Príncipe Encoberto ou a Busca de Dom Sebastião na Ilha de São Luís do Maranhão) e 2001 (Mitos e Magias na Triunfante Odisseia da
Criação). Merece menção especial, os
dois sambas que deram o bicampeonato entre 2002 (Xeque-Mate) e 2003 (As Cinco Deusas Encantadas na Corte do
Rei Gavião). No primeiro, assinado por
Alemão do Cavaco, José Rifai e Ernesto Teixeira, um estilo mais refinado, onde
cada trecho do enredo ganha um desenho melódico especial. No segundo, composto
por Grego, uma obra de refrães explosivos e com uma melodia mais “fácil”.
Estilos diferentes, mas igualmente bons! X-9 Paulistana Pavilhão
da X-9 e suas “três” estrelas. Por muito tempo, se
denominou tricampeã do Grupo Especial (Foto:
Reprodução)
Fundação: 12
de Fevereiro de 1975 Madrinha:
X-9 Santista Títulos: 2
no Grupo Especial (1997 e 2000) e 2 no Grupo de Acesso (1994 e 2017) Cores:
Verde, Vermelho e Branco Bairro:
Parada Inglesa Hino e
exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=qfhcKMCPjsU A história Fundada em
1975, a escola surgiu com o nome “Filhotes da X-9” em homenagem a santista
“X-9”. Em 1986 virou X-9 Paulistana e após vitórias em grupos
inferiores, estreou na elite em 1995. A Xis tem dois títulos no Grupo Especial. No primeiro
ano na elite, em 1995, surpreendeu o mundo do samba pela ótima estreia, que
rendeu um honroso quinto lugar, além disso, também causou impacto pela
contratação de Royce do Cavaco, consagrado no Rosas de Ouro, para cantor
oficial. Na época, os valores pagos ao intérprete
eram bem acima do mercado, o que
demonstrava que a escola não estava para brincadeira. Nos anos
seguintes, entre 1996 e 2000, a X-9 se tornou potência no samba de São Paulo,
conquistando dois títulos. Em 1997, foi a segunda fora do grupo formado por Nenê
de Vila Matilde, Rosas de Ouro, Camisa Verde e Branco, Vai-Vai
e Mocidade Alegre, a vencer o Carnaval. Já no ano 2000, a
agremiação dividiu a taça com o Vai-Vai. Uma curiosidade desse período é
a denominação oficial. A entidade usou o nome “X-9 Paulistana Passo de Ouro”,
como seu nome oficial e adotou o amarelo como cor, junto das tradicionais
verde, vermelho e branco. Isso ocorreu pela incorporação da antiga escola ao
pavilhão da Xis. Pouco antes do Carnaval que lhe daria o segundo título, a
agremiação decidiu voltar ao nome e as cores “originais”. A X-9
poderia ter tido um terceiro campeonato na elite. Foi em 2002. Falando sobre o
papel, conseguiu a pontuação máxima do júri, mas estourou o tempo de desfile,
perdendo então seis pontos, terminando então em décimo lugar. Se não tivesse
estourado o tempo, dividiria a taça com os Gaviões da Fiel. Desfiles notáveis Além dos
dois campeonatos em 1997 (Amazônia,
a Dama do Universo) e 2000 (Quem é você, Café!) e do desfile de 2002 (Aceito
tudo, quem sou eu?…O papel), a X-9 tem
outros vários momentos marcantes no seu período de ouro. O duplo
vice-campeonato entre 2004 (Se
vens em minha casa com deus no coração, senta-te a mesa e coma do meu pão) e 2005 (Nascidos para cantar e também sambar) é considerado a demonstração do domínio técnico da agremiação na
época. Assim como a
Imperatriz Leopoldinense fazia no Rio, naquele período, a X-9 fazia por
aqui. desfiles técnicos praticamente perfeitos. Mesmo sem carros grandiosos ou
super luxuosos, pouca errava e conseguia grandes resultados. Isso também causou
algum descontentamento entre os adversários. No seu primeiro
campeonato em 1997, Solón
Tadeu, presidente do Vai-Vai, proferiu inúmeras palavras de baixo calão contra a rubro-verde e acusou — chegando a agredir — o então presidente da X-9 e da Liga,
Laurentino Marques, o Lauro, de armar o resultado para favorecer sua
própria agremiação. Já na segunda conquista em 2000, a descrença entre os
sambistas era tão grande que pegou até a própria Xis de surpresa. Nem mesmo
seus componentes e o seu mandatário acreditavam na vitória. Curiosidade Por anos a
X-9 adotou uma terceira estrela extra-oficial como um dos seus símbolos, para
marcar o ano de 2002. Os integrantes da Xis, que estourou o tempo e perdeu o
título por isso, julgavam ter sido prejudicados pela Liga por conta de possível
disparo
antecipado do cronômetro que fez com
que a escola estourasse o tempo. O atual momento e o último desfile A
X-9 não conseguiu se encontrar nos últimos anos e
acumulou dois rebaixamento no Grupo Especial (Foto: Jornal SP Norte)
Desde 2006,
a X-9 não consegue voltar ao desfile das campeãs via elite. Também amargou dois
rebaixamentos no período em 2016 (Açaí guardiã! Do amor de Iaçá ao
esplendor de Belém do Pará) e 2020 (Batuques
para um rei coroado). Com a morte
de Laurentino (2001) e a saída
de Gaspar (2013), dois comandantes de inegável contribuição
para o seu sucesso, a agremiação se viu sem força financeira e sentiu falta de
uma comunidade mais presente e vibrante. Devido a esses fatores, o desempenho
está bem longe dos dias de glória. Nem mesmo a técnica, que foi a marca de
outrora, se mantém. Em 2020, erros em vários quesitos culminaram numa
apresentação abaixo da expectativa que ainda teve um carro desacoplado,
resultando numa punição de 0,5 décimos antes da apuração e selando o segundo
descenso de sua história. Sambas marcantes Ao contrário
de outras escolas de ascensão meteórica, como Império de Casa Verde e Acadêmicos
do Tatuapé, a X-9 não é uma entidade de uma grande discografia, embora
tenha tido bons momentos, como os sambas de 1997 (Amazônia, a Dama do Universo), 2000 (Quem é você, Café!) e 2003 (Pi, iê, rê Jeribatiba ou Pinheiros. A deusa dos rios clama
pela preservação: Se ela muda o curso, pode mudar sua história)
que até hoje, são lembrados com carinho pelos sambistas. Além destes citados
acima, merece destaque por aqui a homenagem a Chitãozinho e Xororó em 2005 (Nascidos
para cantar e também sambar), a Arlindo Cruz em 2019 (Meu lugar é cercado de luta e suor, esperança
num mundo melhor! O show tem que continuar) e o bonito e animado samba sobre o Mercosul em
1999 (Laços e Abraços no Mundo do Mercosul). Império de Casa Verde Pavilhão
da Império e suas seis estrelas; Três representam os
títulos na elite e três em grupos inferiores (Foto: Erich
Marinho / Amantes do Carnaval de São Paulo)
Fundação: 27
de fevereiro de 1994 Madrinha:
Camisa Verde e Branco Títulos: 3
no Grupo Especial (2005, 2006 e 2016) Cores: Azul
claro e Branco Bairro: Casa
Verde Hino e
exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=qShIHlVwazM A história Fundada em
1994 por dissidentes do Unidos do Peruche, a Império de Casa Verde
surgiu desde o princípio com muita força, devido ao patronato do bicheiro
Chico Ronda. A escola em nove anos estava no
grupo principal e com doze era bicampeã na elite. Atualmente, tem três títulos
no Grupo Especial. Entre 1995 e
1998, subiu de divisão por quatro anos seguidos, chegando ao Grupo de Acesso em
1999. O Tigre permaneceu na segunda divisão do samba por quatro anos, até
conquistar a ida para a elite em 2002 sendo vice-campeã no Acesso. Estreou no
Especial em 2003, chamando
a atenção pela grandiosidade e o luxo de seus carros, algo incomum para uma agremiação estreante. Mesmo assim, o primeiro
resultado não foi bom. Com um décimo primeiro lugar, ao lado do Águia de
Ouro, esteve envolvida em uma polêmica, que resultou na última
virada de mesa do Carnaval Paulistano. Com a
controversa permanência na elite garantida, nos anos seguintes, virou potência.
Com carros enormes, fantasias luxuosas e temas diferentes do habitual até
então, a Império viveu um período de ouro entre 2004 e 2009. Foram dois
títulos, em 2005 (Brasil: Se Deus é por nós, quem será contra nós?) e
2006 (Do Boi Místico ao Boi Real — De Garcia D´Ávila na Bahia ao Nelore — O Boi que come capim — A Saga pecuária no
Brasil para o Mundo) e outros três retornos (2004, 2007 e 2009) entre
as cinco melhores em um intervalo de seis anos. A partir de
2010, a Império entrou numa fase mais modesta de desfiles e resultados. Com
enredos patrocinados e sem a empolgação de outrora, se tornou coadjuvante do
grupo e participou lamentavelmente como protagonista, da confusão de 2012. Em
2016, com a chegada do carnavalesco Jorge Freitas, voltou a ser forte e
ganhou o Carnaval novamente. O artista que assinou três apresentações entre
2016 e 2018 resgatou a auto-estima do Tigre e mostrou o quão forte pode ser
essa comunidade. Desfiles notáveis A Império,
apesar da pouca idade — são apenas vinte e seis anos — é uma escola
marcante na Era Anhembi. Por vários anos
chamou a atenção com sua imponência, especialmente entre 2003 e 2009. Na estreia, com o enredo sobre Nhô João (Nhô João, Preto Velho Milagreiro e
Profeta de Todos os Deuses, lá pelas bandas do Cafundó), a apresentação ficou marcada pela grandiosidade
incomum para uma estreante. Nos anos seguintes, todas as apresentações até 2009
são marcantes. Em 2004 (O Novo Espelho de Narciso. Um Delírio
Sobre os Heróis da Mitologia Paulistana), delirou ao falar de São Paulo. No ano seguinte,
uma crítica (Brasil: Se Deus é por nós, quem será
contra nós?) irreverente sobre o mundo moderno garantiu a taça. Já em 2006, (Do Boi Místico ao Boi Real — De Garcia D´Ávila na Bahia ao Nelore — O Boi que come capim — A Saga pecuária no Brasil para o Mundo) a história do boi garantiu o bicampeonato. No auge,
em 2007, o sonhado
desfile sobre os Impérios (Glórias e Conquistas — A Força do Império está no salto do Tigre) redefiniu o conceito de grandeza e luxo na cidade. Já em 2008 (Sambando, cantando e seguindo a canção.
Vem, vamos embora para a festa da MPB) e 2009 (É festa, é feriado, é celebração. O
tigre comemora na avenida e exalta seu pavilhão. São 15 anos de paixão!) quando falou de MPB e dos feriados, também passou
seu recado com competência. Com Jorge
Freitas, a Império conseguiu deixar sua marca em três ótimas apresentações. Em
2016 (O Império dos Mistérios), quando falou dos mistérios, quebrou o jejum de dez anos sem títulos.
No ano seguinte cantou a paz (Paz — O Império da Nova Era) com muita
competência e foi a que mais somou pontos contando todos os jurados. Por fim,
em 2018 (O Povo, a Nobreza Real), fez uma inesquecível exibição sobre a revolução francesa, onde o luxo
se uniu a criatividade proporcionando uma marcante passagem pela pista do
Anhembi. Curiosidade Chico Ronda, patrono da agremiação que foi assassinado em 2003, teve duas homenagens explícitas nos dois anos seguintes. No
samba de 2004, o verso “mistério! Tudo o que toca vira ouro, mas morre sem
aproveitar” fazia alusão ao presidente que não conseguiria ver o “auge” da
agremiação que montou. No ano seguinte, a última alegoria fazia referência a
saudade do patrono. O atual momento e o último desfile Império ainda não se achou após a saída de Jorge Freitas. (Foto: Site Carnavalesco)
Após a saída
de Jorge Freitas em 2018, a Império voltou a fazer desfiles de nível mediano
nos últimos dois anos. Em 2020, com um enredo sobre o Líbano, mostrou força nos
grandes segmentos que tem. O intérprete Carlos Júnior, o casal formado por
Rodrigo Antônio e Jéssica Gioz e a bateria comandada por Mestre Zoinho
brilharam no Anhembi. Faltou chão e sem dúvida nenhuma, enredo e samba melhores
para obter um resultado superior ao nono lugar. A esperança por uma melhora em
2021 passa pela chegada de Mauro Quintaes, carnavalesco que
estava na Dragões da Real. Sambas marcantes Diferentemente
da X-9 Paulistana, a Império apresentou suas credenciais de grande,
baseada em uma ótima discografia. Desde que chegou a elite até 2009, construiu
uma imagem de grandes sambas, formados por letras longas e melodias de
variações interessantes, fazendo com que o Tigre costumeiramente defenda bem o
quesito samba-enredo. Mesmo com algumas obras menos inspiradoras em alguns
anos, como em 2012 (Na ótica do meu Império, o foco é você!) e 2015 (Sonhadores do mundo inteiro: uni-vos!), o conjunto da obra é bem positivo. Os principais
destaques dessa discografia, são as trilhas de 2003 (Nhô João, Preto Velho
Milagreiro e Profeta de Todos os Deuses, lá pelas bandas do Cafundó), 2005 (Brasil: Se Deus é por nós, quem será contra
nós?), 2007 (Glórias e Conquistas — A Força do Império está no salto do Tigre), 2008, (Sambando, cantando e seguindo a canção. Vem,
vamos embora para a festa da MPB), 2016 (O Império dos Mistérios) e 2019 (O Império contra-ataca) onde a riqueza melódica de cada obra chama a
atenção, especialmente por contemplar letras de muito refino. Águia de Ouro Pavilhão do Águia de Ouro já com sua estrela de campeã do Grupo Especial
Fundação: 9
de maio de 1976 Madrinha:
Nenê de Vila Matilde Títulos: 1
no Grupo Especial (2020) e 3 no Grupo de Acesso (1998, 2009 e 2018) Cores: Azul,
Ouro e Branco Bairro:
Pompeia Hino e
exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=PTGbaMcdtzo A história Fundada em
1976, a escola é oriunda de um time de futebol chamado “Faísca de Ouro”. Dos
fundadores originais, a grande maioria segue presente até os dias atuais na
agremiação, sendo que Sidnei Carrioulo, um dos presentes na fundação, é o atual
presidente. O Águia tem uma taça do Grupo Especial. Estreou nos
desfiles em 1977 (A Bahia de Jorge Amado). Chegou ao Grupo de Acesso
pela primeira vez em 1980 (Raízes da Amizade). A partir disso, (até
1998), demorou para se firmar como integrante do Grupo Especial. Foram poucas
participações na elite nesse período e uma grande gangorra em resultados. Em
1999, com a ampliação do grupo que até então tinha dez agremiações e depois
passou a ter catorze, o Águia soube se aproveitar disso para, enfim, se
estabelecer na elite. Com enredos extravagantes, causava choque em suas
apresentações. Os resultados quase sempre foram de meio de tabela, mas o povo
da Pompeia passou a ser aguardado. Um dos momentos que mais causou polêmica
nesse período foi o de 2006. Falando sobre a Pedofilia (Não tem Desculpa!),
a escola tratou do assunto de maneira séria, leve e carnavalesca, surpreendendo
o samba paulistano. A azul e branco terminou em sétimo lugar, melhor posição de
sua história até então. Além disso,
sua bateria de alto nível também chamava atenção com enorme destaque para a
apresentação de 2007 (Deus fez o homem de barro e a Águia de Ouro… o Brasil
Feito a Mão), onde o público foi a loucura com um show dos comandamos de
mestre Juca. Em 2008 (A taça da Felicidade, Uma Viagem pelos Sentidos às
Delícias do Sorvete), falou do Sorvete e foi rebaixada pela primeira vez em
dez anos. A partir desse rebaixamento, a Pompeia começou a traçar um caminho
que a fez mudar de patamar nos anos seguintes. Com grandes desfiles, como em
2011 (Com todo gás a Águia de Ouro é fogo), 2013 (Minha missão. O
canto do povo. João Nogueira) e 2014 (A velha Bahia apresenta o
centenário do poeta cancioneiro Dorival Caymmi), o Águia se afirmou mais do
que uma escola de Especial, entrando definitivamente para o grupo das grandes.
O auge, até então, tinha sido em 2013, onde falando de João Nogueira, a
azul e branco teve a maior pontuação do júri, perdendo a taça pelo estouro do
tempo. Desfiles notáveis O Águia de
Ouro construiu sua história com apresentações ousadas e impactantes. Na Era
Anhembi, o primeiro grande choque causado pela Escola da Pompeia veio em 2000 (A imagem e semelhança dos Deuses: Terra
Brasilis) onde causou polêmica com a Igreja
Católica. No Carnaval temático sobre a cidade de São Paulo
a agremiação homenageou Ana
Maria Braga (Sou mais São Paulo… Ana Maria Braga
conta os 450 anos da culinária paulistana) e conseguiu empolgar com seu samba-enredo. Já em 2006 (Não tem Desculpa!) e 2007 (Deus fez o homem de barro e a Águia de
Ouro… o Brasil Feito a Mão), impactou
de duas maneiras diferentes. No primeiro, chocou com seu enredo sobre a
Pedofilia. No segundo, com o show inesquecível de sua bateria. Já nos
últimos anos, a azul e branco surpreendeu com a inesquecível apresentação sobre
João Nogueira (Minha missão. O canto do povo. João
Nogueira), onde apenas um estouro de tempo impediu a
conquista do campeonato. No ano seguinte, novamente homenageando um músico, a
agremiação exaltou a figura de Dorival Caymmi (A velha Bahia apresenta o centenário do
poeta cancioneiro Dorival Caymmi) com mais
um lindo desfile. Por fim, é merecido citar os anos de 2016 sobre Maria (Ave Maria cheia de faces), 2019 sobre a história do Brasil (Brasil, eu quero falar de você! Que país
é esse!) e 2020 (O Poder do Saber — Se Saber é Poder… Quem Sabe Faz a Hora, Não Espera Acontecer) sobre a
sabedoria, onde o inédito título finalmente apareceu pelas bandas da Zona
Oeste. Curiosidade Entre 1991 e
2020, somente em um ano, o microfone principal do Águia não contou com Douglinhas
ou Serginho do Porto. Em 2005, teve como voz oficial, o cantor Paulinho
Mocidade, de grande sucesso no Rio na Mocidade Independente de Padre Miguel e
na Imperatriz Leopoldinense. O atual momento e o último desfile Após
anos de tentativas, o Águia de Ouro, finalmente, conquistou o
inédito título do Grupo Especial (Foto:
Reprodução/Facebook)
Depois do
insólito rebaixamento em 2017 (Amor com amor se paga. Uma história animal!),
o Águia conseguiu voltar com gás total. Em 2019 (Brasil, eu quero falar de
você! Que país é esse!), conseguiu o melhor resultado de uma escola vinda
do Acesso desde o Camisa Verde e Branco em 1998. Nesse ano (O Poder
do Saber — Se Saber é Poder… Quem Sabe Faz a Hora, Não Espera Acontecer), a taça desembarcou na Pompeia.
Na estreia de Sidnei França como seu carnavalesco, a azul e branco
conquistou o inédito título. Com um desfile técnico, onde os quesitos foram bem
defendidos, levou a taça pela primeira vez falando sobre o poder da
sabedoria. Sambas marcantes O Águia de
Ouro é uma escola de poucos grandes sambas em sua história, mas construiu uma
marca de ousadia em suas composições. Praticamente todas as obras que compõem
sua discografia possuem surpresas e, acima de tudo, estilos variados. As
principais trilhas estão em anos bem pontuais. Em 1984, com Royce do Cavaco
como intérprete, cantou com muita competência a história do Teatro (Mil
vidas, o Teatro Através dos Tempos). No ano de estreia do Anhembi, em 1991, a saga dos
italianos com uma emoção pra lá de inesquecível (São
Paulo, Pátria mia). Já no século
XXI e afirmada no Grupo Especial, conseguiu inesquecíveis apresentações com
grandes sambas em 2007 (Deus fez o homem de barro e a Águia de
Ouro… o Brasil Feito a Mão), 2013 (Minha
missão. O canto do povo. João Nogueira) e 2016 (Ave
Maria cheia de Faces). O Águia,
sem dúvida, tem uma discografia de poucas grandes obras, mas quando isso
acontece, transcende pro além da pista, deixando sempre sua marca na história
do Carnaval de São Paulo.
Bruno Malta
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