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por Bruno Malta
Nessa série de quatro partes, o SAMBARIO apresenta um pouco da história
do Carnaval de São Paulo. Falaremos dos desfiles, palcos e pavilhões da capital
paulistana. Trazendo histórias, personagens, curiosidades, desfiles notáveis,
sambas marcantes e o momento atual de cada uma das principais agremiações
da cidade. Depois de
falarmos das quinze escolas com mais destaque ao longo da história carnaval
paulistano, chegou a hora de conhecermos um pouco mais de sete escolas que
também marcaram e marcam seu espaço no Carnaval da cidade . Hora de
falarmos de Barroca Zona Sul, Pérola Negra, Tom Maior, Leandro de Itaquera, Colorado do
Brás, Imperador do Ipiranga e Lavapés. Barroca Zona Sul Batizada pela Mangueira, o Barroca herdou suas cores; Atualmente, está no Grupo Especial (Foto: Guilherme Queiroz/SRZD)
Fundação: 7
de agosto de 1974 Madrinha:
Estação Primeira de Mangueira Cores: Verde
e Rosa Bairro:
Jabaquara Onde
desfila: Grupo Especial Exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=zCZJuX9p_zg Fundado em
1974, o Barroca Zona Sul teve um início muito bom como escola de samba
obtendo uma longa passagem pelo Grupo Especial. Entre 1977 e 1994, só em 1987,
não esteve na elite. De lá pra cá, no entanto, existiram muitos insucessos e
anos distantes do grupo de elite. Após uma curta passagem entre 2003 e 2005, marcada pela
virada de mesa que a salvou do rebaixamento, no grupo principal, a verde e rosa chegou a estar na quarta divisão do
samba em 2014, realizada fora do Anhembi. De lá pra cá se organizou e voltou a
elite em 2020 (Benguela… A Barroca clama a ti, Tereza!), permanecendo no
grupo para o próximo Carnaval. Pérola Negra
Oscilante
em resultados nos últimos anos, o Pérola Negra
tentará retornar a elite em 2021 (Foto: Cláudio
L.Costa/SRZD)
Fundação: 7
de agosto de 1973 Madrinha:
Acadêmicos do Salgueiro Cores: Azul,
Preto, Vermelho e Branco Bairro: Vila
Madalena Onde
desfila: Grupo de Acesso I Exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=N-3kdfVuJPs Fundado em
1973, o Pérola Negra começou sua trajetória com uma longa passagem pelo
Grupo Especial entre as décadas de 70 e 80. No entanto, a partir de 1984 (10
Anos de Samba), sofreu rebaixamentos e só voltou pra elite em três
oportunidades (1990 — Shangri-lá Tupiniquim, Sonho, Fartura e Milagres, 1996 — Navegar
é Preciso e 2001 —A Vida Pela Paz. Solidariedade) Em 2007, (Venda
como arte, comércio como sua principal representação) começou outra longa
sequência na elite que durou até 2012 (A pedra que canta também samba — Itanhaém, hoje a
Pérola é você!). Desde então, não conseguiu se firmar no grupo e
virou uma espécie de ioiô entre Especial e Acesso. Em 2020 (Bartali Tcherain — A estrela cigana brilha na Pérola Negra!), acabou rebaixada pela quarta vez em nove anos. Tom Maior Tom Maior é uma escola que virou figurinha carimbada na elite nos últimos anos (Foto: Cláudio L.Costa/SRZD)
Fundação: 14
de fevereiro de 1973 Madrinha:
Camisa Verde e Branco Cores:
Vermelho, Amarelo e Branco Bairro:
Sumaré Onde
desfila: Grupo Especial Exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=zkQYdHtqOBE&t=12s A Tom
Maior é mais uma das escola fundada na década de 70, especificamente em
1973, que sofreu pra se firmar no carnaval . Até 2005, (Sabendo usar…
não vai faltar!) a escola teve curtíssimas passagens pela elite, que
somavam. até então, apenas cinco apresentações no Grupo Especial. No entanto,
de 2005 em diante foram quinze desfiles na elite (em dezesseis anos). Se
afirmando definitivamente. Conseguiu o maior resultado de sua história em 2018
(O Brasil de duas Imperatrizes: De Viena para o novo mundo, Carolina Josefa
Leopoldina; De Ramos, Imperatriz Leopoldinense), quando teve a mesma
pontuação da campeã, mas perdeu o título pelo desempate, ficando em quarto
lugar, com um desfile inesquecível sobre as Imperatrizes. Leandro de Itaquera Fundada
por Leandro Alves Martins, a Leandro de Itaquera já foi muito
mais forte do que é atualmente (Foto: Desenvolve Itaquera)
Fundação: 3
de Março de 1982 Madrinha:
Nenê de Vila Matilde Cores:
Vermelho e Branco Bairro:
Itaquera Onde
desfila: Grupo de Acesso I Exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=4Jcqs5Bnzgw Fundada em 1982, a Leandro de Itaquera começou sua trajetória com
bastante impacto… Estreou na elite em 1989 (Babalotim — a História dos Afoxés) com o histórico Babalotim e lá permaneceu até 2006 (A Nova Passarágua do samba orgulhosamente
apresenta Festas e tradições paulistas sobre as águas de um Novo Tietê) com
um raro hiato em 1996 (300 Anos de Zumbi, a Festa é Nossa), consolidando
como escola de Especial no período. Só que desde então, acumulou desfiles
fracos e rebaixamentos. Esteve na elite em 2009 (Leandro de Itaquera faz a
festa das periferias do Brasil para o Mundo. Salve salve, nossa estrela Regina
Casé), 2010 (Sob Um Manto de Amor e Paz, Sou Leandro de Itaquera
Desfilando o Vermelho e Branco no Meu Carnaval) e 2014 (Ginga Brasil,
Futebol é Raça. Em 2014 a Copa do Mundo começa aqui), sendo rebaixada nos
dois últimos e desde então não conseguiu ter a força de outrora nem mesmo no
Grupo de Acesso. Hoje, está mais perto do Acesso II que da elite. Colorado do Brás Vivendo
uma fase de evolução, o Colorado do Brás busca a
afirmação na elite em 2021 (Foto: Bruno Gianelli/SRZD)
Fundação: 1
de outubro de 1975 Madrinha:
Camisa Verde e Branco Cores:
Vermelho e Branco Bairro: Brás Onde
desfila: Grupo Especial Exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=64baLFseMdc O Colorado
do Brás nasceu em 1975 é oriundo da torcida de um time de futebol de várzea
da região central da cidade. Desde a sua fundação, a escola teve problemas para
se afirmar no Grupo Especial, estando quase sempre no Acesso ou em grupos
inferiores. Além da atual passagem, a sequência de destaque da agremiação na
elite é entre 1986 (Ah!, Se eu Fosse Noé) e 1988 (Catopês do Milho
Verde, de Escravo a Rei da Festa) quando fez o inesquecível Catopês que, apesar da obra histórica, acabou rebaixado. Nos últimos anos, teve
uma grande ascensão e em 2021 irá para o terceiro ano consecutivo na
elite. Imperador do Ipiranga Imperador desde 2018 não conseguiu estar nos principais grupos da folia paulistana. (Foto: Cláudio L.Costa)
Fundação: 27
de Setembro de 1968 Madrinha:
Gaviões da Fiel Cores: Azul,
Amarelo, Verde e Branco Bairro:
Ipiranga/Vila Carioca Onde
desfila: Grupo de Acesso II Exaltação: https://www.youtube.com/watch?v=In4AGJyC3Jo&t=12s A Imperador
do Ipiranga foi fundada em 1968, mas teve dificuldades e chegou a não
desfilar por dois anos durante a década de 70. No entanto, a partir de 1978
virou uma escola de força considerável, que alternava entre Especial e Acesso.
Sua maior sequência na elite foi entre 1979 (Homenagem em Forma de Samba — Sílvio Santos) e 1983 (Ymembuy), mas até 2010 (Da Antiguidade a Tecnologia:
Medicina, A Nobre Arte de Salvar Vidas) sempre teve perambulando no grupo especial.
Em 2018 (Solidariedade. A explícita magia de sonhar, amar e viver, em prol
do bem) caiu para o Grupo de Acesso II e permanece por lá sendo coadjuvante
desde então. Lavapés Origem
de tudo e dona de sete títulos, a Lavapés sonha em
retornar aos dias de glória (Foto: Reprodução)
Fundação: 9
de Fevereiro de 1937 Madrinha:
Não tem Cores:
Vermelho e Branco Bairro:
Liberdade Onde
desfila: Grupo de Acesso de Bairros I Samba 2020: https://www.youtube.com/watch?v=X_LllXIbAO4 Origem de tudo no samba paulistano, a Lavapés é da região central
da cidade e foi fundada em 1937. Possui sete títulos do Grupo Especial na era
pré oficialização. Revelou inúmeros baluartes que fizeram história em outras
agremiações como Tadeu, mestre de bateria do Vai-Vai e Carlão,
presidente de honra do Unidos do Peruche. Desde a oficialização da
folia, sofreu com a desorganização interna e foi sumindo dos principais grupos
da folia paulistana. A esperança, no entanto, ressurgiu com a vitória no Grupo
de Acesso II de Bairros em 2020. Com novo nome — foi adicionado Pirata Negro ao
Lavapés — e o comando de Aílton Graça,
consagrado ator global e de muito contato com escola de samba, há chance de um
futuro melhor para a agremiação. Os palcos, os desfiles e as curiosidades do Carnaval de São Paulo Um resumo da história do Carnaval de São Paulo Pré-Oficialização Já que
falamos dos pavilhões que ajudaram a construir essa história ao longo dos
últimos cinquenta anos, é o momento de recontarmos a trajetória do Carnaval
Paulistano nesse período. Falaremos dos palcos, dos anos, das polêmicas e,
sobretudo, de tudo que construiu a folia em São Paulo. A
oficialização do desfile das escolas de samba na capital paulista só aconteceu
em 1968, quando o carioca Faria Lima, então prefeito da cidade,
chancelou a festa e passou a subsidiar o cortejo. Apesar disso, já existia uma
competição nos anos anteriores. Entre as décadas de 50 e 60, os títulos da
folia paulistana foram conquistados por cinco escolas. Lavapés, sete
títulos (1950, 1951, 1952, 1953, 1956, 1961 e 1964), Nenê de Vila Matilde,
seis títulos, (1956, 1958, 1959, 1960, 1963 e 1965), Unidos do Peruche,
cinco títulos (1957, 1962, 1965, 1966 e 1967), Garotos do Itaim, dois
títulos (1955 e 1956) e Brasil de Santos, um título, (1954). A Oficialização e a transição para a Era Tiradentes Com a
ratificação da prefeitura, o cenário das escolas de samba mudou. Se o público
até então, se dividia entre blocos, cordões e escolas, com o aval oficial da
gestão pública, isso mudou. Sem o
dinheiro, os cordões e blocos passaram a migrar com o objetivo de ser escolas
de samba e competir com as escolas tradicionais da época, criando uma nova
ordem na folia paulistana. O público (devido a essa unificação) cresceu. Mesmo
com um tricampeonato a Águia Guerreira entre 1968 e 1970, a chegada de novas
escolas, unida a transição dos blocos e cordões, fez com que a ordem de
grandeza se reinventasse. Três anos após ser fundada, a Mocidade Alegre iniciou
a jornada que desaguaria num tricampeonato, entre 1971 e 1973. Nos quatro anos
seguintes, foi a vez do Camisa Verde e Branco ser o campeão. Originário
do cordão, o alviverde da Barra Funda carrega até hoje, o fato de ser o único
tetracampeão sozinho, sem divisão de conquistas. O último título da sequência
marca também a estreia da nova passarela do Samba, a Avenida Tiradentes.
Após nove anos de desfiles oficiais na Avenida São João, centro velho da
cidade, a festa é transferida – no reboque do aumento considerável de público e
mídia – para a Zona Norte, próximo do que hoje, é a estação da Luz e da
própria Tiradentes. A intenção da mudança era facilitar a logística e
atrair mais público, já que havia mais espaço para arquibancadas e desfilantes
na nova pista. Desenho da pista da Avenida Tiradentes no Carnaval de 1990 (Foto: Acervo/Folha)
Foi na nova
pista que o Carnaval de São Paulo viveu uma fase de transição e conseguiu
emplacar grandes clássicos de sua história. No primeiro ano, o Trevo da Barra
Funda trouxe Narainã, A Alvorada Dos Pássaros e consagrou-se campeão com
um grande samba. Naquele mesmo ano, uma escola que não era tão forte, também
teve um clássico samba-enredo. O Rosas de Ouro contou a história de Átaulfo
Alves, o Poeta de Miraí com sutileza, poesia e genialidade. A obra ficou
tão conhecida que foi regravada por Jair Rodrigues. Nos anos
seguintes, outras grandes escolas começaram a conseguir resultados e desfiles
inesquecíveis. O Vai-Vai, conquistou seu primeiro campeonato, contando a
história de Noel Rosa, o samba, composto por Oswaldinho da Cuíca, também é um dos mais
marcantes da história da Tiradentes e foi cantado anos depois por Monarco da Portela. No ano seguinte, apesar do campeonato do Camisa Verde Branco, munido
por mais um grande samba, foi a Mocidade Alegre que escreveu em sua trajetória,
mais uma apresentação inesquecível sendo aclamada pelo público, ao levar o
enredo A
Revolta dos Malês. Em 1980, a Morada conseguiria o campeonato contando com mais um enredo
de matiz africana e também munido por um samba poderoso que sacudiu a
Tiradentes, fazendo que a escola trocasse a Noite
da Choradeira pela
Noite da Vitória. Entre 1981 e 1982, os títulos ficaram com o Vai-Vai que também apresentou mais um obra inesquecível composta pelo craque Oswaldinho da Cuíca no enredo Orun Aiyê — O Eterno Amanhecer, mas a Mocidade Alegre e o Camisa Verde e Branco apresentaram o melhor samba-enredo de sua história em cada ano, respectivamente. Se a escola do Limão cantou com incrível competência o enredo “Visungo Canto de Riqueza” em 1981, no ano seguinte, foi a vez do Trevo sacudir a Tiradentes com o inesquecível Negros Maravilhosos “Mutuo Mundo Kitoko”. Mesmo sem o campeonato, ambas foram vice em cada ano, a dupla fez história. Vale também que o período é marcado pelos grandes sambas, em especial, por dois clássicos do gênero na cidade. O primeiro foi obra da pequena, quase irrelevante, Cabeções de Vila Prudente que trouxe o inesquecível Do Iorubá Ao Reino De Oyó, composto por Dom Marcos, nome marcante do samba da Selva de Pedra. O segundo já tem digitais mais poderosas e vem da Zona Leste. A Nenê de Vila Matilde nos brindou com uma composição pra lá de marcante no enredo Gosto é Gosto e Não se Discute de autoria de Armando da Mangueira, outro nome fundamental para o gênero da cidade. Falando de resultado, foi a vez da então jovem, Rosas de Ouro surpreender e conquistar um bicampeonato. Com dois grandes sambas sobre a Nostalgia e o Largo São Francisco, a Roseira começava a dar os sinais de que seu lugar no panteão das gigantes era questão de tempo. Vai-Vai na passarela da Tiradentes em 1984. Desfile se consolidou na pista de rua da Zona Norte (Foto: Acervo)
Em 1985, a
correria em São Paulo foi grande devido ao fato de que a campeã seria convidada
para desfilar entre as campeãs do Rio, na Marquês de Sapucaí. Quebrando um
jejum de quinze anos sem conquistas a Nenê levantou a Tiradentes e é, até hoje
a única agremiação paulistana que desfilou no palco da folia carioca. No entanto, a história poderia ser diferente caso o Barroca Zona
Sul, que animou como ninguém o público com sua inesquecível apresentação
sobre Chico Rei, não tivesse estourado o tempo de desfile e tivesse sido punida com
oito pontos na apuração. Com os pontos retirados, a verde e rosa seria a grande
campeã naquele ano. Outro fato importante daquela safra é o espetacular samba
do Unidos do Peruche sobre Águas Cristalinas que capitalizou de vez a carreira da intérprete Eliana de Lima. Em 1986, o
título voltou para as mãos da Saracura, mas a apuração foi confusa e gerou a
primeira grande cisão de gestão das escolas de samba. Naquele ano, a leitura
das notas foi interrompida, houve briga generalizada e até proposta de dez
campeãs. O Camisa Verde e Branco, na figura de seu
mandatário, Carlos Alberto Tobias, chiou bastante e ameaçou, ainda
durante aquele Carnaval, o rompimento com a UESP, então organizadora do
Carnaval. Nos meses seguintes surgiu a Liga Independente das Escolas de Samba
de São Paulo, atual gestora dos Grupos Especial e de Acesso que são realizados
no sambódromo do Anhembi. Os destaques musicais daquele ano ficam por conta do ótimo samba do Trevo e do samba campeão do Vai-Vai. Quadro com as notas da confusa apuração de 1986 (Foto: Reprodução)
No ano
seguinte, já com a gestão da Liga, o Vai-Vai se sagrou bicampeão com o enredo A volta ao Mundo em 80 minutos, mas novamente, sob
protestos de outras agremiações como o
Camisa Verde e Branco e o Rosas de Ouro. Naquele ano, sambas dessas duas
escolas (Barra Funda Estação Primeira e São Paulo, Seu Povo Sua Gente) somado a ótima e surpreendente trilha do Acadêmicos do Tucuruvi
(Brasil em Aquarela) eram os principais destaques. Para 1988, o
Carnaval de São Paulo viveu seu auge musical. Pelo menos sete dos doze sambas
daquela safra, eram no mínimo excepcionais. São eles: Amado Jorge, a História de uma Raça
Brasileira, O Cientista Poeta — Paulo Vanzolini, Boa Noite São Paulo — Convite para Amar, O Poeta Falou Zona Leste Somos Nós, Filhos da Mãe Preta, Madeira de Lei — Paulo Machado de Carvalho e Catopês do Milho Verde, de Escravo a Rei
da Festa. Com uma grande safra os desfiles foram de alto nível e consagraram o
tricampeonato da Saracura. A Mocidade Alegre e o Camisa Verde e Branco
dividiram um doloroso vice-campeonato. No ano
seguinte, surge a primeira menção de um sambódromo definitivo. A nova prefeita,
Luiza Erundina, pela primeira vez menciona a possibilidade da construção de uma passarela para as escolas de samba
de São Paulo. Alinhado com a ideia da mandatária, estava Leandro Alves
Martins, presidente da caçula Leandro de Itaquera, que estrearia
naquele ano na elite do samba paulistano com o histórico samba Babalotim. Naquele desfile, o campeão seria o Camisa Verde e Branco com o enredo Quem
Gasta Tudo Num Dia, No Outro Assovia. No entanto, o resultado daquele seria
polêmico. Com um desfile espetacular para os padrões da
época, com um grande samba composto pelo enorme Ideval Anselmo e munida de reforços como Laíla,
Jamelão e Joãozinho Trinta, o Unidos do Peruche,
sairia aclamado da pista como principal candidato ao campeonato. Na leitura das
notas, o júri recheado
de jurados cariocas—entre eles, Dona Zica,
histórica torcedora da Mangueira e do Camisa — trazidos
pelo mandatário do Trevo da Barra Funda
consagrou a escola alviverde como a grande vencedora de 1989. Além dos sambas de Peruche e Leandro, consagrados como os melhores daquele
ano, também vale escutar o ótimo samba do Rosas de Ouro sobre a Vera Cruz e o samba
campeão. Chegando ao
que seria o último ano dos desfiles na pista de rua da Zona Norte, o Carnaval
de São Paulo começa sua era de empates. Em 1990, Camisa Verde e Branco e Rosas
de Ouro dividiram o campeonato com dois desfiles de temáticas distintas, mas
igualmente bons. Se o Trevo optou pela crítica política falando de Sarney, a Roseira resolveu falar ludicamente sobre o Sábado. Além dos desfiles campeões,o Peruche conseguiu levantar novamente o
público com mais uma grande apresentação, mas terminou novamente com o vice-campeonato. Menção honrosa para a estreia dos Gaviões da Fiel. Sem experiência na elite e lutando contra escolas consagradas, a Fiel
Torcida foi rebaixada, mas adquiriu experiência, para pouco tempo depois ser
mais uma das agremiações na briga pelos títulos. E foi assim que as escolas de
samba se despediram da Tiradentes. Com uma evolução notória ao longo de catorze
anos, chegava a hora da ida para a passarela definitiva do Sambódromo do
Anhembi. A Era Anhembi no Carnaval de um dia só Início
da Era Anhembi não foi dos mais organizados. Pista tinha um
desenho bem diferente do atual com recuo ficando do lado direito e
não do esquerdo como é atualmente (Foto: Acervo Folha)
Mesmo inacabado e ainda com muito por fazer, o
Anhembi foi inaugurado em 1991. Com
um desfile que ficou marcado pela adaptação das escolas a nova “casa”, mais uma
vez, o resultado foi um empate entre Camisa Verde e Branco e Rosas de Ouro, duas
das escolas que tinham bons sambas-enredo naquele ano. Outros destaques positivos nesse quesito foram o bom samba
da Mocidade Alegre, sobre os planos econômicos e o ótimo samba do Águia de Ouro, que mesmo rebaixada deu seu recado com
competência. No ano seguinte, a Roseira venceu sozinha e consagrou seu melhor samba em toda história como uma espécie de hino da cidade de São Paulo. Além da escola da Brasilândia, também merece muito destaque os bons
sambas do Trevo sobre a lua e dos Gaviões da Fiel sobre a cidade de São Paulo.
Gaviões
da Fiel e seu desfile do Tabaco entraram para a lista de grandes
injustiçadas do Carnaval de São Paulo (Foto:
Reprodução/Internet)
Em 1993, o
título voltaria a ter dois donos. Na Barra Funda, festa do Trevo e no Bixiga
festa da Saracura. No Anhembi, um abraço de paz entre Solón Tadeu (Vai-Vai) e
Magali dos Santos (Camisa Verde e Branco), um tanto quanto armado, segundo Zulu (locutor da apuração) contou anos depois. Os destaques em samba-enredo
foram as duas campeãs e os Gaviões da Fiel que trouxe uma obra ousada e cheia de força para
falar da chave. No ano seguinte, o título contou com uma chancela
“VIP” no julgamento e premiou a escola
de “japonês” da Freguesia do Ó. A Roseira foi campeã falando de
Ângela Maria, a Sapoti. Apesar disso, a Fiel Torcida reclama
até hoje de uma nota 6 pra lá de
injusta e controversa, em seu clássico samba, composto pelo genial Grego, “A saliva do santo e o veneno da serpente”. Outro destaque positivo daquele ano foi o ótimo e surpreendente desfile da Leandro de Itaquera que contou com um belo samba sobre o
Tietê. O Carnaval
ganhou mais espaço na mídia. Com divulgação nacional em TV (Desde o ano
anterior, a TV Globo transmitia os desfiles para todo o país) e com o sucesso
dos Gaviões da Fiel, o sambódromo lotou para acompanhar os desfiles. Com uma apresentação memorável, a Fiel Torcida garantiu seu primeiro campeonato, com o mais conhecido samba-enredo da cidade. O ano também reservou boas apresentações, de Rosas de Ouro, Vai-Vai e Nenê de Vila Matilde. Além disso, a estreia da X-9 Paulistana chamou atenção. Em 1996, foi a vez de outra alvinegra sacudir o sambódromo. Com um desfile marcante sobre a noite paulistana e com a atriz Lilian Gonçalves de fio
condutor, a Saracura arrebatou o público, se conectou de maneira umbilical com o sambista, garantindo assim mais
uma taça para sua galeria. Campeã do ano anterior (com seu belo samba), a Mocidade Alegre e a sua vaidade também foram destaques dignos de lembrança. Um fato marcante foi o
primeiro rebaixamento do Camisa Verde e Branco. Punido por conta de seus
problemas no desfile, o Trevo sofria a primeira queda de sua gloriosa história. Em 1997 veio
a grande surpresa da década... Com um desfile impactante, colorido e que contou
pela primeira vez com a presença dos artistas de Parintins em São Paulo, a Xis
garantiu seu primeiro campeonato com outro clássico do samba paulistano. Apesar
da imensa chiadeira dos rivais, especialmente do povo da Saracura, o campeonato da rubro-verde foi
justíssimo. Outros destaques daquele ano foram as alvinegras do Bixiga e do Bom Retiro que levaram mais uma vez ótimas composições para o Anhembi. No ano
seguinte o título voltou para as mãos do Vai-Vai, com seu inesquecível Japão. Sacudindo e deixando o povo maluco com
seu desfile a Saracura arrebatou o Anhembi com seu fantástico samba, composto por nomes históricos como Zeca do Cavaco e Zé Carlinhos,
reforçando a conexão criada em 1996. Outros destaques foram a Nenê (e o seu melhor resultado desde
1985) falando sobre a Estação Primeira de Mangueira e os Gaviões da Fiel, que exaltaram o Corinthians mas ficaram apenas em quinto
lugar, por causa da punição imposta pela Liga. Naquele ano o rebaixamento foi suspenso pela organização do Carnaval,
que visava aumentar o número de escolas na elite, criando então a divisão
principal da folia paulistana em dois dias, como acontecia no Rio de Janeiro desde 1984. No último
ano com o desfiles em apenas um dia, São Paulo teve mais uma vez duas campeãs
e, dessa vez, duas
escolas “irmãs” em cores e trejeitos. O Vai-Vai,
mais uma vez conquistou a taça (com seu enredo sobre
Nostradamus). Já os Gaviões fez uma apresentação diferente e arrebatadora graças ao seu ótimo samba, composto por Alemão do Cavaco, José Rifai e Ernesto
Teixeira, sobre a lenda de Dom Sebastião perdido nos Lençóis do Maranhão.
Aquele ano também reservou muitos problemas nos desfiles de Rosas de Ouro sobre Dante Alighieri, Nenê de Vila Matilde falando de São
Paulo e a Mocidade Alegre exaltando a Bahia. Com tudo isso, o destaque positivo ficou por conta da surpreendente
apresentação do Acadêmicos do Tucuruvi sobre Santa
Catarina e a simpática exibição da X-9 Paulistana sobre o Mercosul. Com isso, se encerrava mais uma era. No ano seguinte, o Carnaval da
elite das escolas paulistanas passou a contar com 14 participantes, divididas
em dois dias de desfile, entrando assim no formato mais duradouro de sua
história. A consolidação do Carnaval Paulistano e os desfiles em dois dias — Os anos 2000 Anhembi nos anos 2000 já mudou bastante em relação ao da inauguração (Foto: Acervo Folha)
Na virada do
milênio, o Carnaval de São Paulo passou pela sua última grande transformação.
Com dois dias de desfiles, o ano 2000 é marcado pelo Carnaval temático sobre a
história dos 500 anos — até então — do Brasil. Cada escola contou um
período da trajetória do país. Campeãs em 1999, Gaviões e Vai-Vai voltariam a brigar
pelo título com lindos sambas e ótimos
desfiles sobre a chegada de D.João e a redemocratização, respectivamente. Outros destaques do ano foram X-9 Paulistana e a era do Café, a Nenê e o período Vargas e o Tucuruvi com a ditadura militar. O título, novamente, foi dividido entre a Saracura, que conquistava o tricampeonato e a Xis, que surpreendeu o mundo do samba e até si
mesmo ao conquistar a taça. No ano
seguinte, os desfiles voltaram a ter temáticas diferentes, mas o título seguiu
dividido. Dessa vez entre a escola
do Bixiga, que sagrava-se tetracampeã e a Águia Guerreira da Zona Leste que
quebrava um jejum de 16 anos sem campeonato. Outros destaques do ano foram a surpreendente exibição da Roseira sobre Caio de Alcântara
Machado, a Fiel Torcida e o seu big bang e o a simpática apresentação do Trevo sobre o Sertanista Orlando
Villas Bôas. Em 2002 não
teve empate. Como num jogo de xadrez, o Rei Gavião derrubou os rivais, Camisa Verde e Branco com seu divertido
número 4 e o Rosas de Ouro com seu pão e entrou para a história com seu fantástico enredo “Xeque-Mate”. É preciso citar também o fantástico samba da Nenê de Vila Matilde sobre a reforma agrária como um dos destaques daquele Carnaval. No ano
seguinte, o repeteco do resultado da campeã é o marco do ano. Falando das cinco
regiões do Brasil sem usar o verde da Amazônia, os Gaviões da Fiel se tornaram
bicampeões do Grupo Especial, era
a primeira consagração do carnavalesco Jorge Freitas. A surpresa ficou pela vice-campeã. Após quinze anos, a Mocidade Alegre
voltava a brigar pelo título, com o inesquecível desfile sobre Omi, que gerou um dos clássicos
do gênero samba-enredo em São
Paulo. Também é necessário citar a ótima passagem do Trevo sobre João Cândido e a exibição da Império de Casa Verde que estreava na
Elite falando de Nhô João e chamou a atenção pela força
de suas alegorias, mesmo estando envolvida na confusão que impediu o
rebaixamento naquele ano. Gaviões
da Fiel dominou o início dos anos 2000 sendo bicampeã da
folia em 2002–2003 (Foto: Albano Mendes/Anhembi Parque)
Sem
rebaixamento no ano anterior, mas novamente com Carnaval temático, São Paulo
entrou no Carnaval dos 450 anos com uma pergunta: Quem poderia derrotar os
Gaviões da Fiel? Atual bicampeã do Grupo Especial, a agremiação era a grande
favorita para o tricampeonato e tudo parecia seguir por esse caminho até que um
incidente envolvendo o último carro destruiu o sonho alvinegro. Com estouro de tempo e problemas em Harmonia e Evolução, a Fiel saiu
do sonho do tri para o pesadelo
do rebaixamento. Sem a Torcida Que Samba no
páreo, o título parecia possível para qualquer uma das grandes escolas. Já sob
a administração de Solange Bichara, a Morada do Samba se sagraria campeã com um desfile que não esbanjou luxo, mas teve muita força no chão e
muita disciplina nos quesitos. Outros momentos dignos de nota foi a ótima safra
de sambas-enredo (Imperador, Peruche, Império, Nenê, Gaviões, Mocidade…) e a apresentação da Caçula do Samba que surpreendeu e conquistou o terceiro lugar. Em 2005, sem
os Gaviões da Fiel no grupo, era a hora de uma outra organizada estrear. A
Mancha Verde abriu os trabalhos com competência e de cara deixou seu nome registrado. Apesar disso, o ano foi marcado
pelo equilíbrio, com a vitória
do Tigre Guerreiro, rompendo as expectativas em
torno das grandes, Mocidade Alegre (Clara Nunes), Vai-Vai (Imortalidade) e Rosas de Ouro (Mar
de Rosas). O tigre faturou o troféu com uma crítica
irreverente, inteligente e sobretudo pertinente. Um desfile para a história do Anhembi. Além das já citadas, também é válido mencionar a X-9 Paulistana e sua homenagem a
Chitãozinho e Xororó, a Vila Maria exaltando o Circo e o Tucuruvi falando da Cantareira. Em 2006
ocorreu o esperado encontro entre Gaviões da Fiel e Mancha Verde. Temendo
problemas, brigas e confusões, a Liga, amparada por um artigo do regulamento da
época, criou uma categoria à parte para a dupla e as limou do julgamento do
Grupo Especial. Posteriormente, a Fiel
Torcida conseguiu uma liminar que a
trouxe de volta para a disputa do Grupo Especial, mas com um desfile
problemático, marcado pelo estouro do tempo, a agremiação acabou, novamente, rebaixada. Já a Mancha, que
disputou sozinha o grupo das esportivas, acabou fazendo uma emocionante apresentação sobre os injustiçados do mundo, tendo inclusive um dos grandes sambas daquela safra. Alheia a toda a confusão, a
Império de Casa Verde sagrou-se bicampeã exaltando o Boi Nelore, vencendo no
desempate o Vai-Vai,
que apresentou São Vicente como
enredo. Também merecem destaque a Roseira que exaltou a Diáspora Africana com um belo samba e o novo
rebaixamento do Camisa Verde e Branco. Mocidade
Alegre também é um nome fundamental da década;
Escola venceu três campeonatos (Foto:
Reprodução/Internet)
A partir de
2007, o Carnaval de São Paulo passou a ser dominada pelo histórico trio de
ferro (Mocidade Alegre, Vai-Vai e Rosas de Ouro). Com a queda acentuada do
Tigre Guerreiro, esse trio passou a dominar os desfiles. Naquele ano, a Morada garantiu
o sexto campeonato de sua história falando do Riso, mesmo com fortes concorrentes como a Vila Maria que exaltou Cubatão e o Vai-Vai que falou do plástico. Já sobre samba-enredo, a cidade contou com uma safra de alto nível com
destaques para Mocidade Alegre, Águia de Ouro, Unidos de Vila Maria, Império de Casa Verde, Pérola Negra e Vai-Vai. No ano
seguinte, a Saracura, com
uma forte crítica social criada por Chico Spinoza, dá um verdadeiro sacode no Anhembi e garante
o campeonato virando o jogo em cima da Mocidade na última nota.
A Unidos de Vila Maria que exibiu luxo e riqueza falando sobre o Japão, ficou em terceiro lugar. Aquele Carnaval marcou o fim do Grupo
Especial das Escolas Esportivas, o
retorno definitivo dos Gaviões da Fiel para a elite e a criação
da Superliga das Escolas de Samba, grupo
opositor da Liga/SP formado por escolas como Vai-Vai, campeã naquele ano,
Mancha, Gaviões e Império. Tigre da Império em 2009. Casa Verde foi uma das escolas que surgiram nessa década (Foto: Gazeta Press)
Com o grupo
rachado entre duas Ligas (Liga e Superliga), o Carnaval 2009 ficou marcado pelo altíssimo nível dos desfiles. Com
pelo menos, cinco grandes apresentações, o equilíbrio se refletiu numa leitura de notas marcante. Com virada na última nota a Mocidade
Alegre conquistou o sétimo campeonato de sua
história com um enredo sobre coração assinado por Sidnei França. O
Vai-Vai, vice-campeão, falou sobre a saúde e teve um samba excepcional. Falando da Fábrica dos Sonhos, da Roda e dos feriados, Rosas, Gaviões e Império fecharam o grupo dos desfiles das campeãs. É
justo mencionar também os ótimos sambas de Tom Maior e Nenê de Vila Matilde. Apesar do grande samba, a Águia acabou
rebaixada pela primeira vez em sua
história. Fechando a
década, a Roseira
sagrou-se campeã do Carnaval pela primeira vez em dezesseis anos. Com o enredo sobre o chocolate, a azul e rosa superou velhas rivais
como Vai-Vai e Mocidade Alegre e arrebatou o campeonato. Comemorando o
centenário do Corinthians, os Gaviões da Fiel sacudiram o Anhembi com uma ótima
apresentação, mas terminaram apenas em quinto lugar,
gerando protestos de sua gigantesca torcida. Outros destaques
daquele ano foram os bons sambas de Mancha Verde (mestres), Acadêmicos do Tucuruvi (São Luís do Maranhão) e, principalmente, Pérola Negra (Rolando Boldrin). Domínio da Mocidade, títulos com emoção e novas campeãs — Os anos 2010 A década
começou com o fim da Superliga e a reunificação de todas as entidades do Grupo
Especial na Liga/SP. Em termos de resultados, o domínio passou a ser da dupla
Mocidade Alegre e Vai-Vai. Em 2011, a Saracura amparada pelo fantástico samba, sagrou-se
campeã pela 14ªvez. Num Carnaval marcado pelos problemas
da Morada do Samba, a alvinegra da Bela Vista
superou ótimos desfiles de Tucuruvi (Nordestinos) e Mancha (Gênios) para conquistar o campeonato. Nota de destaque fica por conta dos
ótimos sambas de Unidos do Peruche (Teatro Municipal) e Nenê de Vila Matilde (Sal) que, apesar de serem rebaixadas, brindaram com belas composições. Vai-Vai conquistou o campeonato em 2011 e 2015 baseando seu desfile em um grande samba (Foto: Daigo Oliva/G1)
No ano
seguinte, a Liga completou 25 anos e foi presenteada com grandes apresentações.
Mordida com o sétimo lugar e vinda de um incêndio
à um mês do Carnaval, a Mocidade sacudiu o sambódromo e conquistou
o campeonato numa apuração
recheada de problemas. Brigas,
notas rasgadas e até incêndio
em carro alegórico foram momentos vistos naquela
triste terça-feira gorda de carnaval. Ficou de alento o bom nível de desfiles,
com grandes apresentações, não só da campeã, como de Rosas de Ouro (Roberto Justus), Vai-Vai (Mulheres), Gaviões da Fiel (Lula) e Mancha Verde (Odu Obará) e a estreia da Dragões
da Real (Mães). Em 2013 o
Carnaval contou com uma apuração
sem público e uma grande mudança no júri. Paralelo a isso, a Mocidade Alegre se reafirmou com a mais forte do
momento e conquistou
um bicampeonato superando o Rosas de Ouro no
desempate. Apesar disso, quem encantou mesmo foi o Águia de Ouro com sua reverência a João
Nogueira, conquistando
a maior pontuação do júri e perdendo apenas por. caestouro do cronômetro. Outros bons momentos daquele ano são o retorno da Nenê para a elite com um
fantástico samba e as boas composições de Tatuapé
(Beth Carvalho) e Império de Casa Verde (saúde). No ano seguinte, a campeã
novamente foi a Morada com uma apresentação emocionante sobre a fé. As principais ameaças ao tricampeonato da escola foram a Roseira (Inesquecível) e, principalmente, o Águia que, mais uma vez, homenageou um músico
consagrado (Dorival Caymmi) e arrebatou público e crítica. Apesar de um ano recheado de bons
desfiles, como Tucuruvi (universo infantil) e Dragões (Nostalgia — Anos 80), a safra de sambas-enredo ficou devendo. Tricampeonato da Morada reafirmou a escola como a mais forte da última década (Foto: Claúdio Lira/LIESSP)
Em 2015, o
desafio de treze agremiações era superar a então tricampeã. Praticamente
imbatível, a
rubro-verde exibiu sua competência para cantar a vida e obra de Marília Pêra. Só que a escola do Limão não imaginava a catarse conquistada pela
eterna rival Saracura,
na sua apresentação sobre Elis Regina. Com um
show de comunicação, o Vai-Vai
conquistou seu décimo quinto campeonato e pôs fim ao domínio da Morada. Outros momentos dignos de menção
daquele ano foram os ótimos desfiles de Gaviões da Fiel (baralho), Tucuruvi (marchinhas) e Nenê de Vila Matilde (Moçambique). Em relação a parte musical, o ano conto com uma boa safra, com
destaque para o samba da campeã, da Nenê e da X-9 sobre a chuva. No ano seguinte, a ordem de forças do Carnaval de São Paulo teve
grandes mudanças. Jorge
Freitas, após quase dez anos, deixou o Rosas de Ouro rumo ao Império de Casa
Verde e provocou a grande transformação do ano. Com um
conjunto plástico impressionante, não teve mistério capaz de impedir
o terceiro título do Tigre Guerreiro. Em segundo
lugar, ficou o Tatuapé que surpreendeu falando da
Beija-Flor. Mocidade (Ayô), Vai-Vai (França) e Vila Maria (Ilha Bela) completaram o grupo das campeãs. Já a Roseira, após vários anos
brigando pelo título, terminou em décimo primeiro lugar, chegando a ficar e
ameaçada pelo rebaixamento. O quesito samba-enredo teve o Unidos do Peruche, retornando ao Grupo
Especial, como o principal destaque. Título
do Tatuapé em 2017 abriu uma série de conquistas
inéditas (Foto: Gabriela Biló/Estadão
Conteúdo)
2017 foi
outro ano com muitas surpresas. Amparada por um grande samba, o Vai-Vai era o grande favorito com sua homenagem a Mãe Menininha, mas
não conseguiu traduzir isso na pista e foi surpreendido por apresentações de alto nível de Tatuapé (Zimbábue) e principalmente dos Dragões (Asa Branca). No resultado final, o título foi parar na Zona Leste após dezesseis
anos, com a
inédita conquista do Tatu, que
superou a Tricolor da Vila Anastácio no desempate graças ao quesito
samba-enredo. Outros destaques do ano foram a Unidos de Vila Maria (Nossa Senhora) e Império de Casa Verde (Paz). Na parte musical, além de Vai-Vai, Tatuapé, Dragões e Vila Maria, também mereceram destaque os sambas de Peruche (Salvador) e Mocidade Alegre, que apesar de um desfile decepcionante, teve um ótimo samba sobre seu Jubileu de Ouro. Grego, de camisa branca, é o autor do samba dos Gaviões da Fiel reeditado em 2019 (Foto: Leonardo Dahi)
Nos últimos
três anos, uma intensa mudança no manual, os resultados geraram três campeãs
diferentes. Tatuapé (Maranhão), Mancha (Aqualtune) e Águia (sabedoria). Com muita técnica, as três apresentações conquistaram o campeonato
com desfiles corretos e que seguiram o rigoroso
manual de julgamento da Liga. Apesar
disso, o Anhembi presenciou grandes apresentações de Império de Casa Verde (Revolução Francesa), Gaviões da Fiel (reedição
do Tabaco) e Mocidade Alegre (Yabás) que conquistaram o público e a crítica e
merecem serem lembradas por aqui. Durante esse período, os grandes sambas
ficaram em número mais restrito mas surgem em Rosas de Ouro (Caminhoneiros), Colorado do Brás (Hakuna-Matata), Tom Maior (Grande Negros da História) e Barroca Zona Sul (Tereza
de Benguela). Referências e dicas de conteúdo Como a
intenção dessa série é compartilhar conteúdo, apresento aqui uma série de links
que trazem um pouco mais da história do Carnaval de São Paulo. Referências Musicais CD Ensaio de Escola de Samba—Leandro Lehart Leandro Lehart e sua coletânea de grandes sambas de
São Paulo Produzido
pelo artista Leandro Lehart que chegou a ser comentarista de Carnaval na
TV Globo, o CD é um daqueles elementos essenciais para quem está chegando agora
no Carnaval Paulistano. Composto por obras históricas, a audição é mais uma
delícia, sem momento de baixa. A produção é feita por nomes conhecidos das
escolas como Zoinho (Império de Casa Verde) e Moleza (Unidos de
Vila Maria) CD de 38 anos do Rosas de Ouro Rosas de Ouro e seus grandes sambas; CD foi feito
em 2009 Esse CD
feito em 2009 apresenta uma sequência de alusivos e exaltações da escola na voz
de cantores consagrados na agremiação como Royce do Cavaco, Polengue e
Darlan Alves, além de uma sequência de grandes sambas na vozes de
conhecidos cantores da cidade como Vaguinho e Carlos Júnior. Vale
a pena ouvir! CD de 40 anos do Águia de Ouro CD dos 40 anos do Águia de Ouro foi produzido em
2016 Na linha
seguida pelo Rosas de Ouro, o Águia comemorou seus 40 anos com um CD com seus
grandes sambas, seu exaltação e seu hino. Com grandes cantores como Douglinhas,
Royce do Cavaco e Serginho do Porto, a audição é uma delícia e vale
muito. É mais uma coletânea
necessária. CD Gaviões da Fiel 1997 Playlist traz a coletânea feita pelos Gaviões da
Fiel em 1997 Em 1997, os
Gaviões produziram um CD daqueles raros. Além de contar com seus sambas em
ótima qualidade, o disco traz inúmeras vozes marcantes do gênero samba-enredo
para a interpretação das obras. Tem Wander Pires cantando Mundo da
Rua, Royce do Cavaco em A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente
e até Jamelão cantando o clássico Coisa Boa É Para Sempre. Imperdível. Coletânea de grandes sambas
concorrentes derrotados Coletânea traz grandes sambas que não foram pra avenida Uma
excelente pedida para conhecer um pouco mais do nosso Carnaval é conhecer o
estilo de cada agremiação. Com essa ótima reunião de obras que não foram pra
avenida, você consegue entender melhor o estilo de cada escola e o perfil de
cada comunidade. Vale! Referências para conteúdo Acervo/SASP:
http://www.carnavalpaulistano.com.br/ É impossível
falar de Carnaval de São Paulo sem acessar a SASP. O maior acervo de conteúdo
sobre a festa da capital está neste link acima. Quem quiser encontrar sambas
concorrentes de outros anos, saber por onde anda determinado carnavalesco ou
até, mesmo, ver uma justificativa. Tudo está neste lugar. Essencial. Acervo
Folha: https://acervo.folha.com.br/ O riquíssimo
acervo da Folha é gratuito e você consegue olhar tudo sobre as reportagens
(excelentes) do jornal relacionada aos carnavais. Basta pesquisar pela data e o
conteúdo estará por lá. SRZD Carnaval/SP: https://www.srzd.com/carnaval/sao-paulo/ O trabalho
do SRZD, especialmente do Raul Machado, é fantástico. Muitas das histórias
contadas nessa série surgiram após horas assistindo o ótimo programa “No Mundo
do Samba”. É justo mencionar o trabalho desse site que me fez aprender
muito. Bodas de
Prata — Ouro de Tolo: http://www.pedromigao.com.br/ourodetolo/category/inativos/bodas-de-prata/ Assinada
pelo jornalista Leonardo Dahi, um estudioso do Carnaval Paulistano, o Bodas de
Prata é mais uma série fantástica que traz detalhes riquíssimos de cada um dos
primeiros vinte e cinco desfiles da Era Anhembi. Além de uma visão crítica e de
um levantamento histórico, há curiosidades e detalhes para quem quiser conhecer
mais daquele período. Série espetacular! Canal O
Ritmista: https://www.youtube.com/user/crsrob O canal é
mais que produz, imensamente, conteúdo sobre o Carnaval Paulistano mostrando as
diferenças de cada bateria da cidade. É um mergulho dentro do coração de cada
agremiação que comprova a identidade única de cada uma. Podcast Tudo
Que Cai, Volta (SASP): https://open.spotify.com/show/6jt8mXX4HTeO8bKozz5OOf Mais um
conteúdo produzido pelo mais antigo site de Carnaval em São Paulo. Formado por
sambas concorrentes que perdeu nas disputas internas das agremiações, o podcast
é um conteúdo daqueles fundamentais para se aprender mais sobre o samba
paulistano. Variados Documentário — Zeca da Casa Verde Filme sobre Zeca da Casa Verde relembra a história
de um grande compositor paulistano O maior
compositor da história do Rosas de Ouro é o personagem principal de um
documentário que mostra muito do Carnaval de São Paulo, especialmente nas
décadas de 70 e 80. Documentário — Geraldo Filme É mais uma produção que valoriza uma figura
fundamental do samba de São Paulo Outro
sambista muito famoso e muito importante na história de uma grande escola de
São Paulo é o mote dessa bela película que retrata bem as origens negras do
samba paulistano.
Bruno Malta
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