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UNIDOS DO PAIOL

UNIDOS DO PAIOL

PRESIDENTE Michel Laczynski
CARNAVALESCO Adler Mendes
INTÉRPRETE Thiago Meiners
CORES  Verde, Azul e Branco
FUNDAÇÃO 20/03/1991
CIDADE-SEDE Nilópolis-RJ
SÍMBOLO Pomba
SITE http://mrlmonteiro81.wix.com/unidosdopaiol

A Unidos do Paiol surge em 20 de março de 1991 como uma escola de maquetes com desfiles caseiros no bairro Paiol em Nilópolis. Sua transformação em escola virtual se dá em 2004 com sua entrada na LIESV (Liga Independente das Escolas de Samba Virtuais) onde se filiou e passou a participar do Grupo de Acesso a partir de ano de 2005 com enredo sobre a educação.

As cores originais são o azul e branco, em homenagem à Beija-Flor de Nilópolis, escola de seu município de origem. O verde entrou apenas em 2005 quando seu presidente passou a integrar a bateria da escola de samba União de Jacarepaguá e se apaixonou pela escola do Campinho.

A Unidos do Paiol desfilou dois anos na LIESV. Em 2005 com o enredo “Educação: Direito de Todos, Utilizado Por Poucos – A Pomba Voa Para o Futuro! É o Paiol Melhorando o Mundo” e em 2006 com o enredo “O mais importante é o Amor”. Apesar de não conseguir o acesso, a escola nilopolitana conquistou admiração e respeito dos integrantes do Carnaval Virtual.

Para 2007 houve a contratação do carnavalesco Raphael Soares, a escola contaria a história de sua cidade, mas a escola acabou enrolando sua bandeira em Dezembro de 2006 e de lá pra cá esteve fora do Carnaval Virtual.

Em 2015 aconteceu o retorno triunfal da pomba nilopolitana aos desfiles virtuais da Liga Independente das Escolas de Samba Virtuais. Filiada à CAESV, a Unidos do Paiol trouxe um belíssimo samba e enredo intitulado “João Saudade!”. A escola nota 10 em enredo ficou com a 8ª colocação e conseguiu sua ascensão ao Grupo de Acesso da LIESV para 2016.

2016 a Paiol retornou à LIESV e traz um enredo de cunho crítico com o título: “2016. Rio, cidade calamitosa”, com o objetivo de fazer um grande carnaval e continuar construindo sua história no Carnaval Virtual. A escola terminou o Grupo de Acesso em sexto. Em 2017, o terceiro lugar obtido promoveu a tradicional agremiação pela primeira vez ao Grupo Especial, onde se manteve até 2021.

“Seja noite ou seja dia, brilha a lua ou o sol
Na avenida brilha a Unidos do Paiol”

Ano

Enredo

Colocação

2021 O dia que Aldir chegou no céu 18º (Especial)
2020 A Paiol orgulhosamente apresenta: CyberColibri, a Folia dos Bit’s não tem fim! (reedição do enredo de 2006 da Colibris) 9º (Especial)
2019 Pedro e a Pedra: Na cabeça do Imperador os mistérios da Pedra da Gávea 9º (Especial)
2018 Cantemos por Marielle. Paiol é a voz da Maré no Carnaval da Resistência 12º (Especial)
2017 Libertos nunca Fomos! 3º (Acesso)
2016 2016. Rio, cidade calamitosa 6º (Acesso)
2015 João Saudade 8º (CAESV)
2006 O mais importante é o Amor 6º (Acesso)
2005 Educação, um direito de todos, utilizado por poucos. A pomba voa para o futuro, é o Paiol melhorando o mundo! 5º (Acesso)

SINOPSE ENREDO 2021

O dia que Aldir chegou no céu

Confesso que quando comecei a escrever sobre Aldir Blanc, parti para uma literatura de cordel. Não gostei e passei para uma prosa mais bibliográfica e que tentava contar sobre Aldir Blanc… adivinha só, também não gostei. Resolvi, agora, continuar com essa crônica para dar forma a essa sinopse. Talvez, consiga, assim, o fracassado plano de explicar o inexplicável: te contar quem foi… Aldir. Nada mais justo que começar dizendo: boêmio, tijucano, sambista, músico, cantor, suburbano, compositor, cronista, escritor, neto, pai, avô e até doutor. Foi múltiplo sob sua perspectiva de olhar o mundo.

Assim será essa sinopse, esse desfile, esse carnaval que mesmo na data que o convém, será… fora de época. Fora de época pelo período difícil em que vivemos. Pela doença mortal que nos vimos obrigados a conviver. Pelo tempo difícil que nos convida a ver o que há de pior dentro do ser humano. Confesso que tento romper as palavras aqui escritas para atingir você, leitor. Talvez num sopro de Brecth, em que romper a quarta parede para conversar com que me lê, seja, para mim, um ato de auto ajuda ou de uma companhia presente no distanciamento. Uma esperança equilibrista, contra o ano de 2020 que foi uma corda bamba. Portanto, te convido a imaginar comigo e tentar, enfim, romper o tempo, romper esse plano e achar uma fuga efetiva através das palavras e da imaginação. Criando um circo de ilusão próprio. Dito isso, a sinopse do dia que Aldir chegou ao céu está assim posta:

Talvez, quando chegou ao céu, Aldir, de cara, tenha dado “batidas na porta da frente” e visto Pedro em pé, segurando uma chave, ao melhor, segurando um surdo de marcação para celebrar aquele início de Segunda-Feira. Enquanto chorava a pátria mãe gentil, Marias e Clarisses, o céu estava em festa. O silêncio, que no nosso imaginário é o som do paraíso, nesse céu de Aldir é o “som da ralé, da gentalha, de exus catimbeiros, de canalhas”. Um som de samba celebrando o poeta dos desprezados, o filósofo dos botequins o cronista dos carnavais.

Talvez santos e santas não tenham demorado aparecer: Santa Bárbara, São João, Santo Expedito, Santo Antônio, São Jorge, São Sebastião e até Santo Antão. Bem, e como céu é de Aldir, o céu é democrático. Talvez tenha chegado Ogum com seus dez mil cavalos, exus, caboclos e orixás. Todos pedindo bençã ao “ateu, cético, cínico e escroto, nessa ordem”. Rompendo a quarta parede: nem pelo fato de ser ateu, tiraria o mérito de Aldir ter um céu só dele, ainda que o sentido de céu, aqui empregado, seja figurativo, seja uma tentativa de fuga. Funciona, como disse anteriormente, ser uma imaginação de que qualquer aparente fim seja um novo começo.

Talvez tenha chegado Seu Ceceu Rico com um taco de sinuca em uma mão e o cigarro na outra, parando, de tempos em tempos, para pegar um pouco de fôlego naqueles pulmões asmáticos. Talvez ainda Dona Helena, mais quietinha, tenha chegado também para acalentar aquele coração de outrora triste. Talvez quem Aldir mais tenha gostado de ver tenha sido seu Avô. Seu Antônio, afinal de contas, qualquer festa ele estaria dentro. E nosso Vasco hein?! Perguntaria o avô. Não importa se na segunda, na terceira ou deixe de existir: Sou Vasco. Ao que responderia Aldir. Talvez o papo tenha ficado nas glórias da memória. Do jogo contra o Bangu que Vavá não perdoou e marcou o título de 56. Do negro e do português, lado a lado, da febre alta que pegou depois da chuvarada e que o fez ficar de cama causando a doença de ser Vasco da Gama.

Talvez tenha visto lá de cima as “pipas levadas pela brisa remendando luzes do sol” que o faz relembrar da sua Tijuca. “Laranjeiras da terra, limoeiros, jaqueiras, mangueiras, goiabeiras vermelhas, uma leitura de monteiro Lobato, almoços de domingo em forma de festa, feijoadas recortadas por cervejas suadas em tinas de madeira. Talvez recordando do menino que lançou garatujas no papel sempre correndo atrás da infância.

Talvez, em certo momento da prosa Aldir tenha olhado lá de cima cá pra baixo e ficando com um tanto de “saudades da Guanabara”. Talvez tenha sentido uma nostalgia, respaldada pela acepção da palavra, o tomando por completo. Saudade de uma Guanabara longe da devastação e “contra os crimes cometidos contra a liberdade”. E talvez, lá de cima mesmo tenha regado ao Salgueiro novo alento, o seu Salgueiro que o fez nem ser melhor ou pior, apenas uma pessoa diferente. Ou talvez tenha visto galos de briga, um João triste ou um Moacyr invadido de um “desejo calmo e frio” de tocar seu violão de parceria ou um Paulinho que não quer despedida do filme da vida. Talvez tenha saído na madrugada mais vadia e passado por um bloco de rainhas e princesas que resultaria nas “poluções noturnas” tal qual o bafo da onça. Porém a madrugada reservaria o amarelo e lilás tradicional de um bloco sustentado pela simpatia, que de tanta, seria quase amor. Sorte de Sebastião a quem retiraria as flechas do peito desse padroeiro e, subido alguns ramos do seu céu, pediria piedade ao Redentor.

Com certeza, Aldir do seu céu estava ao redor de nuvens o glorificando por ter em vida tirado manchas torturadas através da sua música, da sua arte, do seu poema e da sua crônica! Ainda que uma Minnie estivesse dançando com um zé carioca, ainda que essa parte de BraZil o estivesse menosprezando, o BraSil, a verdadeira pátria mãe gentil, Marias e Clarisses estavam chorando, mas com a certeza de que a esperança é viva, que a democracia é uma luta constante e que o show tem que continuar.

Talvez com uns olhos marejados de saudade tenha escutado a melodia de um timbre famoso: “Olá! Prazer rever você”. Que no giro do corpo, já consciente de quem se tratava, “soube que encontraria no olhar no espelho daquela amiga sua própria face. Elis Regina girando num bailado de porta bandeira ao lado de um marinheiro, magrinho, riscando o seu céu como mestre sala. Como um almirante negro com vestes de dragão do mar: João Cândido.

Talvez tenha preparado uma mesa grande com a presença de Beth Carvalho, Betinho, Henfil, Taiguara, Clara Nunes, Tom Jobim e Beth Carvalho. Que bradariam em alto e bom som:” Glória aos piratas, as mulatas, as sereias. Glória a farofa, a cachaça, as baleias”. Uma reunião daqueles que nunca esqueceram a história de um país que vive um passado tenebroso. Dariam glória para que a memória nunca ficasse reduzida a pedras pisadas num cais.

Talvez… não

Aldir ao se despedir do Brasil que olhava lá de cima, ao se despedir do seu Rio de Janeiro, ao se despedir da sua tijuca, ao se despedir da sua vida boemia, ao se despedir do seu samba observou que o céu em que estava era o céu que já imaginava. Chegou na goiabeira branca cujo galho que se direcionava ao chão o pegou e o recolheu para as frondosas flores e o emaranhado de galhos, sempre deixando o menino dentro dele vivo e presente em cada pessoa que sempre defenderá a democracia e as lutas inglórias.

Autor do enredo: Adler Mendes