Amigos do Sambario! Quem vos escreve é Túlio Rabelo, do canal TR - Sambas de Enredo. Nesta nova coluna irei escrever sobre oito datas comemorativas que foram mal exploradas pelas escolas de samba de SP e RJ, seja porque se esperava um samba antológico e isso não veio, ou nem sequer houve o enredo pertinente a data naquele ano.

Trata-se da opinião pessoal do presente colunista, não sendo necessariamente a opinião do site Sambario. Estes foram os casos lembrados até o fechamento desta coluna:

Portela 2023 - A decepção com o samba escolhido

Só se faz 100 anos uma vez e todo sambista, em especial os portelenses, esperavam este enredo há anos. Naturalmente, criamos há expectativa de que viria um samba antológico, o que de antemão já acreditamos que não teremos. Em uma disputa com ótimos sambas, com potencial de antologia, a Portela escolheu um samba pouco aclamado pelo público, com excesso de aspas e em formato “checklist”, listando enredos da agremiação, com sacadas duvidosas. Mesmo sabendo que o samba pode melhorar e render um desfile digno, não vislumbro antologia para este samba portelense. Aos menos seis parcerias, encabeçadas por Marienne de Castro, Noca da Portela, Samir Trindade, Mauro Diniz, Cláudio Russo e Jorge do Batuke, tinham sambas mais emocionantes. A Portela no momento em que não devia, prezou pela técnica. Este enredo pedia emoção.


Gaviões da Fiel 2010 - O centenário do Corinthians

Quando se faz um enredo sobre um time de futebol é importante que se tente fazer um samba popular, que seja cantado no estádio pela torcida. Entretanto, os Gaviões da Fiel não atingiram esse objetivo. Trata-se de um bom samba, mas que não é lembrado com afinco até hoje. Na disputa pra 2010, é possível que tenha tido algum samba concorrente com este potencial. Quanto ao desfile, uma boa quinta colocação. Quem sabe o tempo faça desse samba um “cult” atribuindo-o mais glória.


Gaviões da Fiel 2020 - 50 anos de Gaviões com um samba funcional

Passado dez anos, outra data comemorativa. Cantando os 50 anos desta grandiosa torcida, a expectativa era novamente a mesma: um samba popular, que seja cantado no estádio pela torcida. Isso definitivamente não foi visto na avenida, pois foi escolhido um samba burocrático, um samba funcional feito pra buscar as notas do jurado.


Na disputa escutei ao menos três sambas bem melhores, que trago no vídeo a seguir [Faixa 2 - 06:51 - Pout-Pourri Gaviões da Fiel Grego e cia 2°Versão; Carlos Bebeto e cia 1°Versão; Luciano Costa e cia 2°Versão]:


Salgueiro 2003 - 50 anos de Salgueiro

Não é de hoje que um enredo comemorativo não rende um samba antológico. O Salgueiro também teve em 2003 um samba e um desfile pouco lembrado pelo povo. Averiguando a disputa de samba, também não teve nenhum samba concorrente com potencial de antologia. Não foi um ano muito inspirado. Será que o tempo o fará “cult”?


Imperatriz 2009 - 50 anos de Imperatriz

Outro caso é o da Imperatriz, agremiação de grandes sambas, mas que em 2009 não foi muito feliz, ainda que este seja bom. O que mais incomoda neste samba-enredo é o fato de citar diretamente três dos oito títulos da agremiação e relegar os outros cinco aos versos: “E pra cantar o nosso orgulho a nossa emoção / Mais cinco vezes o é campeão / Na Leopoldina ecoou”. Poderia ter sido muito melhor.


O samba concorrente de Jeferson Lima, Veneza, Me Leva, Dhiego Moura e Guga, gravado pelo Nêgo, me parece ser bem mais bonito.


Império Serrano 2016 - Silas de Oliveira

O centenário de Silas de Oliveira não rendeu um samba tão aclamado pelo povo. É um samba que até considero bom, até por ser do Arlindo Cruz, Aloísio Machado, e cia, mas que poderia ter sido muito melhor. Ainda sim, valerá certamente como um registro histórico destes grandes compositores exaltando Silas de Oliveira.


A verdade é que havia um samba bem melhor na disputa. Trata-se da parceria de Paulinho Valença, Henrique Hoffmann e cia:


Império Serrano 1997 - Beto Carrero no ano do cinquentenário

Sim… no ano dos 50 anos do Império Serrano o enredo foi Beto Carrero.

E detalhe que o Império Serrano foi rebaixado.

Quem se lembrou de exaltar o cinquentenário foi a modesta Mocidade de Vicente de Carvalho, que desfilou no Grupo B (terceira divisão) com transmissão da CNT.


Mangueira 2008 - Frevo no ano do centenário do Cartola

E na Mangueira, no ano do centenário do Cartola, o enredo foi… o frevo.

O Cartola só viria a ser enredo, só que junto a Jamelão e Delegado, em 2022.

Sobrou para a Paraíso do Tuiuti, na época no Grupo B, exaltar o Cartola. Com alusivo na voz de Alcione e interpretado pelo grande Ciganerey, que tem história na Mangueira, o samba da Tuiuti é lindo, diria que uma antologia desta agremiação.