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- Coluna anterior: Luto no Carnaval e no Jornalismo Esportivo - Coluna anterior: Cadinho da Ilha - Até que Deus nos Ajudou - Coluna anterior: O Dia em que eu Encontrei o Rixxa em Porto Alegre FÁBIO DE MELLO E ZUZUCA - AS REVOLUÇÕES DE DOIS QUESITOS
Ao
contrário de muitos que reclamam nas redes sociais de que chegou
o dia 92 de janeiro, mas nunca chega o Carnaval que neste ano
será em março...
Este primeiro mês de 2025 passou voando. Afinal, parece que o réveillon foi ontem. Mas, infelizmente, este janeiro 'meteórico' foi triste para os amantes do Carnaval. Já havíamos lamentado, há pouco mais de 10 dias, as partidas de três dos grandes nomes das escolas de samba do Rio de Janeiro. O compositor Zé Glória, o intérprete Luizinho Andanças e a carnavalesca Márcia Lage nos deixaram num único fim-de-semana. Mas o janeiro de 2025 ainda reservaria mais duas perdas históricas. De nomes que não estavam mais em evidência no Carnaval atual. Pelo menos dois quesitos foram modernizados graças a estas personalidades. Na terça-feira (28), partiu o coreógrafo Fábio de Mello. O artista já estava ausente da folia por problemas de saúde, além de enfrentar dificuldades financeiras. Quando a notícia chegou, veio em minha mente aquelas comissões de frente mágicas que pareciam simples aos olhos de hoje, comandadas por Fábio. Que ajudaram a consagrar a Imperatriz Leopoldinense como a multicampeã dos anos 90. Com a sutileza de seus componentes, no chão, realizando coreografias repletas de efeitos. Através de adereços de mãos ou com composições das fantasias. Sem precisar de imensos tripés tapando a cabeça da escola. Quem não se lembra dos leques no título de 1994, que representavam a dança da corte francesa?
Ou dos teclados dos pianos encantadores do desfile gresilense de 1997, que celebravam a obra de Chiquinha Gonzaga?
Fábio de Mello ajudou a aperfeiçoar o quesito, que
até poucos anos antes, geralmente reunia baluartes que
apresentavam a agremiação, sem nenhum tipo de coreografia.
No dia seguinte, na quarta-feira (29), um outro baque para os sambistas. Morria, aos 88 anos, Adil de Paula, imortalizado como Zuzuca. Compositor de mão cheia e também um grande produtor musical, que lançou nomes como Neguinho da Beija-Flor. Uma de suas melodias se tornaria uma das mais famosas do mundo. Cantada por estádios afora até hoje, como o gigantesco Camp Nou, do Barcelona. O refrão "Olelê... olalá... pega no ganzê... pega no ganzá" se tornaria global. Certamente todos cantarolaram o trecho ou o ouviram pelo menos uma vez na vida, com todas as adaptações possíveis.
"Festa para um Rei Negro", que embalou a conquista do Salgueiro do
Carnaval de 1971, marcou a modernização do quesito
samba-enredo.
Que já havia iniciado no fim da década anterior, tendo Martinho da Vila como um dos expoentes. Se antes o estilo dos sambas eram os famosos 'lençóis' que cobriam todo o enredo, com letras extensas e melodias pesadas. Com o efeito "Pega no Ganzê" de Zuzuca, o refrão passaria a ser o cartão-de-visitas do hino. Embalando melodias mais chamativas através de letras mais curtas. O samba-enredo salgueirense do ano seguinte, "Nossa Madrinha, Mangueira Querida", seria outro 'hit' da época. O famoso "Tengo Tengo" de 1972 possui apenas quatro estrofes, sendo três delas refrões.
O legado de Zuzuca no gênero perdura até hoje.
Tanto Zuzuca quanto Fábio de Mello estavam esquecidos. Mas ambos marcaram época na história dos desfiles das escolas de samba. Ajudando a tornar contemporâneos os quesitos de samba-enredo e comissão de frente, respectivamente. A marca da dupla será indelével eternamente no maior espetáculo audiovisual do planeta. Leia os Editoriais anteriores de Marco Maciel Marco Maciel
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