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12 de setembro de 2021, nº 46 ENREDOS DO GRUPO ESPECIAL DE SÃO PAULO - SEGUNDO DIA
por Bruno Malta
Segunda
noite de desfiles do próximo Carnaval terá
valorização do negro, defesa da democracia, homenagens,
propostas de reflexão sobre o mundo, o desejo pela cura e a
história da comunicação. Safra com propostas de
perfil distinto do recente gera equilíbrio e boa expectativa. Vai-Vai — Sankofa Reunindo memórias e resgatando a dignidade, a Saracura pretende reconectar a conexão entre os descendentes-herdeiros com as civilizações ancestrais Pisando no Grupo Especial, após um ano de ausência, o Vai-Vai
traz uma temática que aborda a trajetória do negro que
sai da África como um grande e busca ao redor do mundo, mesmo
com todos os poréns que sofreu, recuperar sua ancestralidade
mantendo viva a ligação umbilical criada em seu
nascimento. O título do enredo faz referência a um
pássaro africano de duas cabeças que tem como significado
“retornar ao passado para ressignificar o presente”.
A tentativa da maior escola da cidade para o próximo Carnaval é mais do que exaltar a figura do negro, mas também reverenciar sua soberania na história da humanidade e, claro, falar de seus bambas e sua história. É como se a Saracura para falar do negro, precisasse também falar de si mesma. Uma espécie de resgate com auto-afirmação que acabou por fazer muito bem a atual imagem, um tanto combalida, da agremiação. O desfile será assinado por Chico Spinosa, consagrado na escola com três títulos do Grupo Especial pela Saracura em 1998 (Japão), 1999 (Nostradamus) e 2008 (A educação no Brasil). Gaviões da Fiel — Basta! Pedindo Basta! É assim que os Gaviões da Fiel prometem balançar a avenida. Recuperando a veia crítica, os Gaviões da Fiel
apresentam uma temática que pedirá o fim de três
graves problemas da humanidade: A desigualdade social, o racismo e o
fascismo. Escola traz o fim destes dissabores do mundo como valores da
defesa da democracia que é o fio condutor da proposta.
A
ideia da agremiação e do carnavalesco Paulo Barros, em
seu segundo ano em São Paulo, é apresentar uma mensagem
forte e antenada no que acontece no Brasil e no mundo. No entanto, para
entender a escolha, é preciso relembrar a veia histórica
da agremiação. Muito além do Carnaval, a
instituição é bastante ativa em protestos que
tocam o “dedo na ferida”. Em Maio de 2020, ainda durante a
pandemia, fizeram manifestações lutando pela democracia e
combatendo arroubos autoritários apresentados pelo governo
federal. Além de outros protestos políticos em momentos
diferentes de tempos recentes como quando mencionou o famoso caso da
merenda que envolvia o promotor Fernando Capez.
Por fim, o conteúdo retoma a imagem da escola de samba em si. Ao longo da sua história, a alvinegra levou para a passarela do samba, mensagens que tinham o lado da crítica como nos carnavais de 1992, 1996, 1997 e em 2002 — a mais famosa delas quando se sagrou campeã com Xeque-Mate. Recuperar sua identidade para conquistar o título como em 2002, é a meta dos Gaviões da Fiel para o próximo Carnaval. Mocidade Alegre — Quelémentina, cadê você? A trajetória de Clementina de Jesus é o ponto central do enredo da Mocidade Alegre Mantendo uma linha de homenagens para as grandes mulheres do Brasil (Clara Nunes 2005, Marília Pêra 2015, Alcione 2018), a Mocidade Alegre reverencia, segundo palavras da sinopse, de joelhos a figura de uma mulher que é a cara do Brasil. Preta, favelada e do samba, a voz de navalha é cantada em verso e prosa pelo texto que explana com competência a temática.
Apesar de ter sido descoberta tardiamente já com mais de 60 anos, Clementina ou Quelé, lançou cinco discos — todos de reconhecido sucesso — ao longo de sua carreira e causou fascínio em vários artistas de diferentes perfis como João Bosco, Milton Nascimento e Alceu Valença. Com a assinatura da dupla Édson Pereira e Márcio Gonçalves, o tributo em forma de desfile dá luz a uma das principais cantoras de sua geração. Clementina de Jesus e sua história Águia de Ouro — “Afoxé de Oxalá — No ‘Cortejo de Bàbá’ Um Canto de Luz em Tempos de Trevas” O Águia de Ouro traz um cortejo de paz para defender o mundo contra a intolerância religiosa Atual
campeão do Carnaval de São Paulo, o Águia de Ouro
apresenta o enredo “Afoxé de Oxalá — No
‘Cortejo de Bàbá’ Um Canto de Luz em Tempos
de Trevas” que conta uma história forte, densa e conectada
no momento em que vivemos.
A
ideia do carnavalesco Sidnei França para a
agremiação é de que o desfile sirva como um
manifesto contra a intolerância religiosa em tempos
difíceis, especialmente para as vertentes das religiões
afro-brasileiras. Uma curiosidade importante sobre a proposta é
que esse é o primeiro enredo da história da
agremiação da Pompeia que falará sobre um tema
afro.
Luís Antônio Simas e a música que deu origem ao enredo do Águia de Ouro. Barroca Zona Sul — A evolução está na sua fé… Saravá, seu Zé! José Pereira dos Anjos, o Zé Pelintra, enredo do Barroca Zona Sul para o próximo Carnaval. Buscando a afirmação na elite, o Barroca Zona Sul explora através de um viés pouco comum — a biografia em si — a figura do Zé Pelintra. A história mais aceita dessa entidade é que ele tenha nascido no povoado de Bodocó, sertão pernambucano. E sua família precisou mudar para Recife, devido a uma grande seca que devastou toda a região. Infelizmente, quando menos esperava, o menino José dos Anjos perdeu toda sua família, vítima de uma doença desconhecida. Sem ter para onde ir, se criou no rua no meio do porto, se sustentando como podia. Dormia em meio a malandragem e trabalhava como garoto de recados, cresceu tendo a noite em suas mãos: amava os jogos e as mulheres. Zé possuía grande habilidade com facas, ninguém tinha coragem de enfrentá-lo, era temido até mesmo pela polícia.
Na
juventude, decidiu então mudar-se para o Rio de Janeiro, e logo
passa a ser conhecido nas áreas boêmias da cidade. O
caboclo de sangue quente encontra-se em um cenário de
transformação, onde os mais pobres começam a
povoar pedaços das cidades em desenvolvimento, surgindo assim as
favelas. Exímio conhecedor de tratamentos com ervas (adquirido
entre o povo nordestino), temido nas mesas de jogos e apostas, e
principalmente um grande galanteador, não se sabe ao certo como
aconteceu o assassinato da figura, mas pode-se afirmar que foi pelas
costas. Pois não havia ninguém no litoral carioca capaz
de enfrentar o Pelintra frente a frente. Sua morte, até hoje,
é um mistério. Para os devotos, o Zé vive pelos
becos e vielas sempre protegendo aqueles que precisam dele.
Rosas de Ouro — Sanitatem Sanitatem e o Carnaval da Cura na Roseira O Rosas de Ouro, sob comando de Paulo Menezes na condução plástica, se aproveita do atual desejo insano por uma cura para falar sobre o assunto de duas formas distintas que estão unidas na mesma temática de título Sanitatem.
A azul e rosa traz a fé através dos rituais — como surgiram, quais são, quem exerce e até sobre quem vende falsa promessas — e a ciência — através da medicina e de seus avanços com destaque especial para os médicos. Por fim, a Roseira também mostra que para o sambista, o samba é também um artificio salvador para lutar contra os dissabores que a vida oferece. A temática da cura, apesar disso, não é inédita e já apareceu recentemente na Império de Casa Verde com o viés mais direcionado aos curandeiros. Os curandeiros da Império de Casa Verde em 2013. A cura não é um tema inédito na história do Anhembi. Império de Casa Verde — O poder da comunicação — Império, o mensageiro das emoções Carlinhos Maia é o fio condutor da temática da Império de Casa Verde. A Império de Casa Verde,
depois de muito suspense, anunciou seu tema. A agremiação
da Zona Norte optou por um caminho pouco convencional para contar a
história da comunicação. Trazendo o influenciador
digital Carlinhos Maia de fio condutor, o Tigre Guerreiro conta como o
homem buscou se comunicar ao longo da história.
Começando lá dos primórdios ainda nos tempos ancestrais e passando pelo sinal de fumaça, rádio e TV, a história, no fim, desembarca na internet e na Vila Primavera, lugar de onde saiu o comunicador digital nordestino para trazer a mensagem no século XXI. Apesar do fio condutor renovado, o tema não chega a ser exatamente inédito. Em 1996, no próprio Anhembi, a Nenê de Vila Matilde falou da comunicação. Já em 2014, o polêmico desfile da Beija-Flor que reverenciou Boni, diretor consagrado na Globo, também sublinhou sobre o tema. O desfile da Nenê em 1996
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