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24 de junho de 2024, nº 1 APRESENTAÇÃO Sou de uma família festeira e carnavalesca.
Nasci em Madureira, mas minha família era da Gávea, quando o bairro era operário ainda. Meu avô era fundador da Independentes do Leblon, Aprendizes da Gavea e Em Cima da Hora. Era compositor e foi puxador, na época que não havia microfone. O padrinho de minha mãe foi fundador da Imperio da Tijuca, meus tios foram mestre sala e porta bandeira. Tive pessoas de samba na família o tempo todo. Sai na Independentes de 1976 em diante, tinha quatro anos. Meu tio era o presidente na época. Depois desfilei na Unidos da Tijuca, Portela, Estácio e Mocidade. Fugia de casa para ir para União da Ilha e Portela, enfim samba é um veneno pra mim (risos). Sei de muitas coisas por viver no meio e ter contatos com figuras fortes e velhas no samba. Como compositor, oficialmente venci sambas na Independentes de Cordovil em 1993 e 1995, porém já compus para Santa Cruz, Tupy de Brás de Pina, Unidos de Lucas e Imperatriz oficialmente. Mas já tive pombos na Beija-Flor (final), Mangueira, Salgueiro (semi) e Império Serrano (final). Por não ter dinheiro, me ponho por trás dos (comprositores). No meu Bloco do Barriga, também venci alguns. Neste espaço, oferecerei as crônicas denominadas Pau com Formiga, Caneta de Ouro e Mumunhas do Samba. Eu tenho algumas histórias...
PAU COM FORMIGA I Mulher à Brasileira A Portela tentava se modernizar, se impor, afinal estava acostumada aos titulos que não vinham mais desde 1970. Embora no período entre 1971 e 1977 tivesse três vices campeonatos, três terceiros lugares e um quinto. Lança o "Mulher Brasileira", um tema antenado com o tempo, nada tirado da historia ou livros, sem heróis, fatos nacionais, apenas exaltando a mulher brasileira como guerreira, forte, dengosa, bela, conquistadora, antecipada, etc. Um tema do departamento cultural da escola, comandado por Hiran Araujo e desenvolvido por Rosa Magalhães. A forte ala de compositores lança seus sambas com a participação de Luiz Ayrão e o retorno de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Sua constelação de compositores montaram suas artes e mesmo já sem Candeia, Paulinho da Viola, Carlos Elias (transferiu se para Brasília de vez), Cabana e Wilson Bombeiro, que retornaram para a Beija-Flor, era de primeira grandeza. Sambas na quadra, inicia as mumunhas, armações, conchavos, outros apetrecho e surpresas para incrementar a disputa. Carlinhos Maracanã fica impedido de comandar a escola momentaneamente por motivos de força maior, então Nezio toma a frente. A guerra começa com força, David Corrêa é cortado no início da disputa, fato que o levou para a Beija-Flor, criando reboliço na ala nilopolitana. A parceria de Romildo, Jair do Cavaquinho e Cardosonho, escolhida pelos tradicionais como a melhor, é cortada. Catone e Valtenir abrem a parceria, Catone vem com Dedé e Jabolô; e Valtenir com Jorge Macedo. Lançando o roqueiro na ala, Luiz Ayrão têm em sua composição dada como forte candidata a vencer e é cortado por gravá-la antes da escolha final. Monarco e Wilson Moreira são avisados que seriam cortados e foram, com isso Monarco sai da Portela, retornando apenas em 1980. A disputa a cada corte era uma insatisfação decepcionante, todos se sentiam covardemente limados e excluídos em prol de um samba que já se via como armação para ver campeão, embora no fundo ninguém acreditasse na hipótese. A disputa ia afunilando e o samba do Noca, junto a seus parceiros, se apresentava como o favorito. Talvez isso fazia a ala acreditar numa honestidade. João Nogueira e Ary do Cavaco; Noca da Portela, Joel Menezes e Carlito Cavalcanti, Agepê e Canário, Anesio e Candanda; Edson China e Marques Balbino; Jair Amorim e Evaldo Gouveia; e Norival Reis e Vicente Mattos eram as parcerias que concorriam na semifinal. Portela era a notícia do samba, pela disputa, todos queriam saber o que iria acontecer. Chega a finalíssima, quatro sambas: Jair Amorim era dado como carta fora com sua marcha rancho por todos, apenas chegou por ser famoso e estar derramando grana, assim sonham os portelenses. Norival Reis era uma força, mas o samba não era páreo. Agepê era um samba mais romantico e seu crescimento popular pelas músicas que lançava o fazia forte na disputa. Noca era o grande favorito na quadra, no mundo do samba e da mídia na época, já se via e se punha como o grande campeão junto a seus parceiros. Resultado: vence a marcha rancho de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Em cinco minutos, a quadra se esvazia, deixando apenas quem dependia dos ônibus das torcidas para retornar para casa. Dessa ferrenha concorrência: Agepê grava o seu faz sucesso, Luiz Ayrão grava o seu e faz sucesso, Roberto Ribeiro grava o do Noca e faz sucesso, Jorge Aragão grava o do Anesio e recebe elogios pela beleza da música e poesia. O samba campeão vai pra avenida, expulsando vários portelenses. Veja mais detalhes sobre a disputa na coluna História & Samba, de Túlio Rabelo
PAU COM FORMIGA II Alto do Desespero Em 1946, retornou os desfiles oficiais das escolas de samba. Teve uma parada por causa da Segunda Guerra Mundial, mas haviam desfiles extra oficiais e desfiles sem concorrência. A Prazer da Serrinha lançou seu enredo "Conferência de São Francisco", também conhecido como "Paz Universal". Seu Alfredo Costa chamou Antônio Caetano, uma viga da grandiosa Portela que estava brigado com a escola para fazer o carnaval e convidou Mano Decio da Viola para fazer o samba, algo surpreendente, pois o autor dos sambas era sempre o seu cunhado Euzébio Delfino Coelho (sogro de Dona Ivone Lara). Mano Decio convidou o compositor Silas de Oliveira para ser o parceiro e ambos fizeram o samba que teve grande aceitação na escola, deixando a escola em grande euforia. Alfredo e Mano Decio viviam num amor e ódio; e numa dessas se desentenderam num jogo de cartas quando Sr Alfredo chamou Decio de ladrão. Logo depois teve outro desentendimento por Mano Decio trocou a letra de um samba no ensaio e o compositor reclamou. Essas brigas resultaram no desfile. A escola estava pronta para entrar e, como era de praxe, o cantor "Delfino" perguntou ao presidente pelo samba. Alfredo diz "Alto da Colina" de Albano. Foi uma pancada nos autores do "Paz Universal" e nos componentes. A escola desfilou sem ênfase, capenga, sem canto, enfim sem saber o que estava ocorrendo. O resultado não surpreendeu. Uma escola que sonhava com o titulo chegou em 11° lugar.
PAU COM FORMIGA III Lapso de Memória No Morro de Mangueira havia nos anos 30 e ínicio dos anos 40 duas escolas de samba. A já tradicional Estação Primeira (verde e rosa) e a Unidos de Mangueira (azul e rosa), cada uma com sua estrutura e forma. A Estação havia a nata, os compositores Cartola, Carlos Cachaça, Zé Com Fome, Babaú, Gradim, Arturzinho de Farias, Geraldo da Pedra entre outros. Na Unidos tinha Geraldo Pereira, Alfredo Português, Pelado, Zagaya, Cícero dos Santos, Padeirinho, Marreta, entre outros. Enfim, eram bem definidas em suas características, uma no Buraco Quente e outra no Santo Antônio. Com o inicio da guerra, a Unidos se licenciou e não desfilou oficialmente. Aos poucos, seus integrantes foram se incorporando à Estação Primeira. Com o fim da guerra, ambas uniram-se naturalmente e, quando retornaram os desfiles oficiais em 1946, a Mangueira era uma só, salvo a Unidos de Santo Antônio que agregou um pequeno contingente do resíduo da Unidos, que não desaguou na Estação Primeira. Nessa iniciou o Geraldo das Neves. Em 1948, a Mangueira lança o enredo "Vale do São Francisco" ou "Integração Nacional". Do seu nascimento até então, todos os sambas de desfiles mangueirenses eram de Cartola, quando não o oficial, o de esquenta. E em 48, não seria diferente, se o próprio Cartola não esquecesse sua composição e cantasse o de seu maior concorrente, o de Nelson Sargento e Alfredo Português. Com esse esquecimento, abriu precedente para outros quererem e terem seus sambas como oficiais. Cartola, que era ciumento, viu o crescimento desses compositores e aos poucos foi deixando de fazer samba enredo e até largando a ala. Entregou o comando de canto a Xangô em 1949 e este a Jamelão depois. Uma curiosidade é que, de 1948 a 1965, todos os sambas da verde-e-rosa foram de pelo menos um compositor da Unidos. Nelson Sargento e Alfredo Português - 49, 50 e 55 Pelado - 51, 52, 53, 54, 59, 60, 61, 63, 64 e 65 Cicero - 51, 52, 53, 54, 57, 59, 60 e 61 Padeirinho -56 Jorge Zagaia - 57, 58 e 62 CANETA DE OURO Nelson de Morais Nelson e de uma família que fundou a Unidos da Tijuca, ele e seus parentes, juntos aos Vasconcelos e os Chagas criaram a escola. Nelson era uma viga da escola e compositor junto a Henrique Mesquita e Nilo Chatas. Nelson foi o criador da primeira semente do samba-enredo em 1933. "Somos Unidos da Tijuca E cantamos o samba brasileiro Cantamos com harmonia e alegria O samba nascido no terceiro Não queremos abafar Nem também desacatar Viemos cantar o nosso samba Que é nascido no terreiro Perante o luar" Daí em diante, Nelson foi compondo e se tornando o compositor oficial da escola, assim de 1937 a 1951 todos os sambas eram de Nelson de Morais, até Rubem Gerardi chegar na escola e ousar desrespeitar a regra e cantar uma composição sua, coisa que perturbou Tatão, irmão de Nelson e diretor de harmonia da escola, que o repreendeu. Mas Rubem Gerardi não se intimidou e continuou, abrindo para outros compositores mostrarem suas obras como Zequinha, Mauro Afonso, Darcy da Mangueira que na época era o Si Menor, Nadinho da Ilha, entre outros. Os sambas oficiais da Unidos da Tijuca foram dele nos anos de 33, 37 a 51, 53 a 55. Nelson era pai de Néneo, compositor de sucesso, chegando gravar com Roberto Carlos e Alcione (é dele o sucesso "O Ébano") e era tio de Nadinho da Ilha. Os sambas da Unidos nos anos de 65, 66, 72, 77 e 78 foram de seu filho Nelson de Morais Filho, o Néneo. Inscreva-se no canal SAMBARIO no YouTube André Poesia
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