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Botando a mão no fogo parte II - Ano passado, botei a cara pra bater analisando as safras das escolas do Especial (visível aqui), às vésperas das escolhas, com a particularidade de arriscar quem venceria em cada, ao mesmo tempo em que evidenciava o samba de minha preferência, que nem sempre era o mesmo considerado favorito. Lembrando que estamos numa época em que nem sempre o melhor samba-enredo vence as disputas... Como eu adoro me aventurar, aí estão os meus palpites sobre as safras de cada agremiação da elite do carnaval carioca para 2010. As escolhas se iniciarão já neste 3 de outubro, quando a Vila Isabel deverá consagrar Martinho com a população do Rio ainda extasiada pelo anúncio dos Jogos Olímpicos na Cidade Maravilhosa em 2016. Antes que venham descer a lenha em cima de mim (espero que construtivamente, de preferência...), quero lembrar que se faltar o comentário de algum samba ainda em disputa por aqui, peço que aceitem as mais sinceras desculpas, pois realmente é impossível ouvir todos que a Internet coloca no ar, em virtude do infindo número de concorrentes que pipocam via online. Bem, lá vai e seja o que Deus quiser! Pra quem quiser acertar contas comigo: sambariobr@yahoo.com.br. Também tenho Twitter: http://www.twitter.com/marcoandrews. Mas, por favor, peguem leve... SALGUEIRO - Decididamente o
campeonato impulsionado por um samba-enredo limitado que levou 4
notas 10 foi muito ruim em termos de qualidade musical, pois a Academia
deverá insistir nessa linha de sambas pra cima, com limitações
melódica e poética aliada a clichês. E o samba da parceria de Josemar
Manfredini parece ter sido feito sob medida para Quinho. Com o surpreendente corte de Dudu Botelho e cia, torna-se o
grande favorito na disputa salgueirense. O rival maior deverá ser Adalto Magalha e cia, ainda que esta parceria também
não tenha um samba nada primoroso. Dos quatro que sobraram, vi
mais qualidades na obra da parceria de Líbero, com um bom
refrão de cabeça e uma melodia um pouco mais diferenciada, sem
tanta quadradice como os sambas dos demais finalistas. Mesmo
assim, em nada supera os três sambas-enredo que teriam
condições de representar bem o Salgueiro, mas que, mesmo numa
safra bastante inferior a do ano passado, foram precocemente
descartados pela escola. O que sempre digo é que Moisés
Santiago ganhou no ano errado (2009) e perdeu no ano errado
(2010), pois o seu samba para o enredo "Histórias sem
Fim" era perfeito para o tema, despertava sentimento e
emocionava. Na minha opinião, era disparado o melhor da disputa.
Superior até ao de Zédi, cuja obra (famosa pelo caco "oh oh
oh") ganhou muitos simpatizantes por ser estruturalmente diferente dos atuais, lembrando sambas dos anos
70 e 80. Porém, o samba-enredo do veterano compositor (campeão
em 74 e 82) seria impensável na voz de Quinho e também na linha
atual salgueirense. Por fim, Dudu Botelho e cia. seria a última
esperança da escola desfilar com um bom samba, ainda que, na
minha opinião, fosse inferior ao de Moisés. Mas francamente a
mentalidade da diretoria da escola é preocupante, pois desse
jeito será difícil ouvirmos novamente um samba-enredo grandioso
por parte da Academia. O descarte do antológico "Menina,
quem foi teu Mestre" para que o limitado "Vem no tambor
da Academia" levasse 40 pontos em samba foi um desastre sem
precedentes. BEIJA-FLOR - Antes da diretoria da Beija autorizar
a divulgação dos sambas, vazou na Internet uma versão caseira
de um samba-enredo, de letra bastante extensa, cujas complexas
viradas melódicas causaram, à primeira audição, estranheza.
Mas eis que, com um banho de estúdio, o mesmo samba, pela força
e pela primorosa interpretação de Nêgo, ganhou milhares de
simpatizantes e se destacou de forma soberana sob os demais
concorrentes em Nilópolis. O samba de Serginho Sumaré e
parceiros é favorito absoluto, tranquilamente o melhor da
disputa, tem a cara da escola nesta última década e só não
ganha se Laíla der mancada novamente, como ocorreu em 2009
quando ele abriu mão da belíssima obra de Cláudio Russo em
prol do polêmico "Embala eu, babá" (que levou os benditos 40
pontos em samba, ai... ai...). Os demais que restaram nas
eliminatórias para 2010 seguem a mesma linha, melodicamente
pesados, mas sem o brilho da obra-prima de Sumaré e companhia.
Que não dê zebra de novo pelos lados nilopolitanos...
MINHA PREFERÊNCIA: Serginho Sumaré e cia. QUEM DEVE GANHAR: Serginho Sumaré e cia. PORTELA - "Dá um link no coração", "num clique derruba barreiras, deleta fronteiras", "digite a senha e vai abrir uma janela". Realmente o enredo sobre o mundo virtual, mais a sinopse um tanto esquisita em forma de janelinha de MSN, deram trabalho para a excelente ala de compositores da Águia. Mas o resultado não foi tão ruim como o esperado, muito em virtude da competência dos poetas portelenses, embora tenha sido muito difícil se livrar de pérolas como as listadas acima. Dois sambas me chamaram a atenção positivamente: o da parceria de Serginho Procópio, que apresenta uma melodia bastante dolente, cujo maior destaque está em sua segunda parte; e o de Noca da Portela, também melodicamente inspirado e com um belo refrão de cabeça. Aposto numa briga mais acirrada entre essas duas obras. Embora elogiado por muitos, o samba de Ary do Cavaco (que, diferentemente do ano passado quando concorreu sozinho e sem apoio financeiro, mantém-se na disputa por se aliar a uma parceria) não me cativou por completo. Já Ciraninho, Diogo Nogueira e cia. erraram a mão e, com um samba muito inferior aos dos carnavais anteriores da parceria, dificilmente conquistarão o tetra em Oswaldo Cruz e Madureira. As parcerias de Eliane Faria e Wanderley Monteiro também apresentam sambas interessantes. MINHA PREFERÊNCIA: Serginho Procópio e cia. QUEM DEVE GANHAR: Noca da Portela e cia. VILA ISABEL - Como João Marcos
explicitou em sua última coluna, a final da Vila Isabel poderá
incentivar uma revolução no samba-enredo, sendo decisiva até
quiçá para o futuro do gênero. Afinal, a obra de Martinho da Vila
representa a derradeira oportunidade de provar de que ainda
há espaço para obras-primas no carnaval contemporâneo,
poluído por sambas de escritório apenas funcionais e sem nenhum
brilho. Se vier a confirmar a vitória (o que deve acontecer), a
escola terá, seguramente, o melhor samba-enredo da década.
Principalmente pela gravação esplêndida realizada pelo
próprio Martinho e disponibilizada em primeira mão aqui no
SAMBARIO. Confirmada a vitória de Martinho, a tendência é que
o tom seja aumentado para a voz de Tinga e o andamento do
desfile, com a volta do "refrãozão" central de seis linhas. Embora Martinho ainda acredite que o samba deva ser
executado com bateria mais lenta, de um jeito até similar à sua
antológica gravação (o que pra mim é uma utopia). Mas só o triunfo do
Mestre Zé Ferreira já basta, pois poderá representar um
divisor de águas, um alento em tempos de seca no samba-enredo.
Quanto aos demais compositores na disputa, só digo que colocar
samba esse ano na Vila foi fria... GRANDE RIO - O enredo patrocinado
mais a imposição tardia da empresa que "banca" a escola para
que seus slogans constem na letra limitou os compositores, que
proporcionaram uma safra mediana pelos arredores de Duque de Caxias.
E tome um festival de sambas sem originalidade em suas melodias,
com jeito de obra de firma que em nada empolgam o
bamba. Naturalmente, a valente obra de Arlindo Cruz e
parceiros é a favorita, possuindo uma boa segunda parte. Mas,
particularmente, gosto mais do samba de Barbeirinho, Levi Dutra e
cia, este com bons refrões e uma letra mais descritiva.
Recomendo também atenção ao concorrente da parceria de Amendoim do
Samba.
MANGUEIRA - O sistema imposto pelo
presidente Ivo Meirelles que ocultou o nome dos compositores
tornou confuso o acompanhamento das eliminatórias mangueirenses.
Até porque a presença de intérpretes renomados em algumas
parcerias identificam de certa forma quais os compositores já
conhecidos do público e, ao mesmo tempo, com mais poderio financeiro. Assim,
a disputa chamou mais atenção pelo jogo de identificações dos
internautas para adivinhar que autor fez tal obra do que pela
qualidade dos sambas em si, cuja safra é nivelada, com
sambas-enredo que claramente procuram seguir a linha dos
anteriores: mais animados, um pouco marcheados e pra cima. Na
minha opinião, a melhor melodia é a da obra defendida pelo Pixulé,
tornando-se assim a minha preferida. Ao mesmo tempo, o samba
cantado pelo Tinga tem um pouco mais a cara da Estação
Primeira. Mas o defendido pelo David do Pandeiro também chama a
atenção pelos envolventes versos "O samba é o rei... o
samba é o rei do terreiro"... Enfim, disputa acirrada! VIRADOURO - Poucos sambas se
salvam na safra da Viradouro. A disputa sobre o enredo mexicano
(sem citação a Chaves e Chapolin... o que é um pecado!) deve se centralizar mesmo entre
as obras de Heraldo Faria, Flavinho Machado e cia (atual campeã)
e a da parceria de Gilberto Gomes e PC Portugal (ambos também com um
grande número de vitórias na escola). Vejo um pouco mais de
qualidades no primeiro, ainda que não seja nada de excepcional.
Naturalmente, apenas o desempenho na quadra deverá decidir o
samba campeão. Curiosidade: Wander Pires, novo intérprete
oficial da Viradouro, está defendendo três concorrentes da
própria agremiação. Inclusive gravou no estúdio o de Heraldo
Faria (na época, Wander ainda era da Mocidade). IMPERATRIZ - Vem de Ramos a melhor safra do ano! Os
compositores da Imperatriz acertaram a mão e proporcionaram um
rol de grandes sambas e belas opções para a escola. Mas o samba
de Guga e parceiros leva grande vantagem, pela beleza da
composição, inspirada em todos os sentidos tanto em letra
quanto em melodia. E o melhor: o "mar de fiéis"
costuma cantar o samba-enredo a plenos pulmões na quadra. A maior rival é a
composição de Dominguinhos do Estácio e cia. O intérprete,
como o esperado, mantém a particularidade de colocar sambas nas
escolas em que é o encarregado do microfone oficial. E a sua obra segue as suas características,
pois Dominguinhos sempre foi mais adepto a sambas com refrões
fortes e melodia pra cima. Porém, falta empolgação nas suas
apresentações na quadra. Os sambas da parceria de Armênio
Poesia e Zé Katimba mais o de Leandro Thomaz correm por fora na
disputa. Já para Josimar e cia, atuais bicampeões gresilenses,
a disputa terminou mais cedo. Nenhuma surpresa, pois a obra era
muito inferior às anteriores da parceria. Ah, e Eduardo Medrado
e cia. também caíram precocemente, o que, infelizmente,
não é novidade... UNIDOS DA TIJUCA - Com a volta de Paulo Barros, a
agremiação tijucana busca recuperar a força de meados da
década para voltar a figurar nas primeiras colocações, já que
2009 foi o primeiro ano em que a escola ficou de fora do Sábado
das Campeãs desde o histórico desfile de 2004. Como a
tendência aponta, mais uma vez a Unidos da Tijuca apostará num
samba-enredo apenas funcional para o desfile de 2010,
de maneira a embalar as alas e alegorias coreografadas do
carnavalesco. Dos sambas finalistas, agradou-me mais o de Beto
Savanna e cia, de melodia mais diferenciada, de boas variações
e com um refrão central praticamente todo em menor. Realmente
lembra muito os últimos sambas da agremiação. Deve brigar com
os sambas das parcerias do atual campeão Júlio Alves e de Vicente
das Neves, que também teriam plenas condições de representar a
escola na Sapucaí. Enfim, meu palpite abaixo vai ser no chute,
pois os respectivos desempenhos na quadra também serão decisivos. PORTO DA PEDRA - Pelos lados de São
Gonçalo, a safra foi complicada. Os sambas inscritos eram
fracos, de melodias genéricas, sem nada de especial. Num ano em que não tivemos a
sempre inspirada parceria de David de Souza, tricampeã na disputa, a dificuldade
maior foi encontrar um samba diferenciado com relação ao outro.
Para mim, o melhorzinho é o da parceria Dadinho e Waldeir
Melodia, que se encaixaria muito bem na voz de Luizinho Andanças
e tem um refrão principal agradável. Mas está longe de
ser algo excepcional, evidentemente. O samba
de JC Couto e cia. também pode chegar lá!
MOCIDADE - Ao contrário do ano
passado, quando o samba de Diego Nicolau e cia. me cativou à
primeira audição (perdendo na final), nenhum samba da safra
atual da Mocidade me entusiasmou tanto como aquele magistral concorrente de 2009.
Para tentar sair da crise que assombra Padre Miguel, a escola
apresenta uma safra nivelada, com total equilíbrio entre os sambas. A parceria de Diego Nicolau traz um samba-enredo que
não tem tanto brilho como o anterior, mas que em alguns momentos
lembra o do ano passado, com uma melodia que mescla lirismo e
valentia e um jogo de palavras - as aspas - em "Nota",
na segunda parte (em 2009 apareceu no verso "Ser tão brasileiro"). O
do atual campeão Jefinho Rodrigues e cia., de melodia forte e
valente, também é um forte concorrente. O de J. Giovani e cia.
possui um refrão principal chiclete e tem chances de chegar lá. Um
samba que vem ganhando torcida na Internet é o de Antônio da
Conceição e cia, que possui uma melodia muito bem trabalhada...
Enfim, será uma escolha difícil! Mas como eu gosto de por
a cara pra bater, aposto que Diego Nicolau comemorará sua
primeira vitória na Estrela Guia. UNIÃO DA ILHA - De
volta ao Grupo Especial depois de nove anos, a Ilha é mais uma
que seguirá a mesma linha de suas obras anteriores: alegres,
leves e de melodia valente. Ano passado, na seção Comentários, considerei o samba
insulano o mais fraco do Acesso e defendi a mudança de estilo
dos compositores, pois salientei sentir falta do lirismo que sempre
acompanhava os antigos sambas-enredo da União. Porém, com o
título do Grupo A conquistado e o samba ganhando nota máxima de todos os jurados,
minha queixa naturalmente foi voto vencido e seguem as obras com
um quê de escritório. Sobre os sambas para 2010, o
melhor pra mim é o de Barbieri e cia, de melodia mais
qualificada e dolente. Mas o favorito da disputa apontado
é Grassano e cia, cujo samba-enredo de audição leve e
agradável parece ter sido feito sob medida para o intérprete Ito Melodia.
Ironicamente, Ito é integrante da parceria do atual campeão Gugu
das Candongas e cia, que também apresenta um samba interessante.
Não se deve descartar também a obra da parceria de Walkir e
cia. Obviamente, não estou por dentro de todas as disputas do Grupo de Acesso, em virtude da quantidade infinda de sambas disponibilizados pela Internet. Mas acompanho algumas eliminatórias da LESGA. No Império Serrano, o favorito, como não poderia deixar de ser, é o de Arlindo Cruz e cia. Não só pela grife do compositor, mas porque também é o melhor samba de forma disparada na minha opinião. São dois refrões arrebatadores, sendo que o de cabeça ("Quem é Império Serrano não chora") emociona até quem não é tão ligado a carnaval, aliados a uma melodia muito bem variada e trabalhada. A primeira versão desta obra, a caseira que Arlindo Neto enviou por engano ao site Carnavalesco, é de arrepiar a alma do sambista tamanha a energia da interpretação dos compositores e se encontra à disposição na coletânea lançada pelo colunista João Marcos aqui no site e que pode ser baixada aqui. As parcerias de Ivan Milanez e Marcelo Ramos também têm bons sambas. Já na Estácio, o favoritismo natural é de Gusttavo Clarão e cia., que apresenta um samba forte e envolvente pra homenagear a sua história. Mas o de Alexandre Naval e cia. impressiona pela valentia, marca dos últimos sambas-enredo estacianos. Já o de Eudes, Marcus Vinícius e cia. tem uma segunda parte emocionante, impulsionada pelos versos "Berço do samba, sou eu, sou eu... comunidade, sou eu, sou eu". No Império da Tijuca, a parceria de Edgar Filho e cia, a mesma do antológico concorrente do Salgueiro "Menina quem foi teu mestre?" em 2009, é a favorita no Morro da Formiga com mais um belíssimo samba, diferenciado melodicamente e estruturalmente. A safra é boa em virtude do excelente enredo sobre a Rainha Nzinga. Pelos lados de Niterói, no Cubango, meu favorito é o da parceria de Renan Gêmeo. Por fim, no Tuiuti, a disputa pela homenagem à Eneida de Moraes é interessante por contar com dois ótimos sambas: o de Zezé e cia. e o de Rodrigo Raposa e cia. Ambos desafiam o natural favoritismo de Aníbal e cia, que conta com um samba-enredo inferior, mas é multicampeão na escola. Recapitulando: em 2009, dos 11 palpites que arrisquei (constando que Império reeditava), acertei sete sambas vitoriosos. Errei na Beija-Flor (apostei no Cláudio Russo e deu Tom Tom), Salgueiro (cravei Dudu Botelho, com vitória de Moisés Santiago), Mocidade (Diego Nicolau, com trunfo de Jefinho) e Viradouro, onde revelei apreciar mais Heraldo Faria, que se tornaria o vencedor, mas mesmo assim arrisquei PC Portugal. Vamos ver quantas eu acerto para 2010. Até o próximo editorial, com a primeira análise dos sambas campeões. Marco Maciel |
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