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ALAFIOU, SAPUCAÍ!
   

21 de fevereiro de 2024, nº 86

Coluna anterior: Cinco Sambas que você nem faz Ideia que foram Reeditados


ALAFIOU, SAPUCAÍ!

No duelo entre a onça e a lua, foi a serpente que abocanhou a taça. No carnaval dos 40 anos da Marquês de Sapucaí, o troféu atravessou o mar... quer dizer, a Ponte Rio-Niterói, e ancorou novamente no Barreto. A Viradouro é a campeã. O terceiro título na história. O segundo nos últimos quatro anos. Com sete décimos de vantagem, diferença tão grande que há muito tempo não se via. Um título incontestável. Não teve pra ninguém.

A seguir, algumas linhas sobre o que a Sapucaí leva dos desfiles de 2024.

 

A vitória da Viradouro (Foto: Ewerton Fintelman/SAMBARIO)

 

GRUPO ESPECIAL

- Que avalanche da Viradouro! Passou o trator! Não perderia a taça nem com o tão falado recurso sobre a Comissão de Frente – rejeitado no dia seguinte à apuração. A consolidação de um desfilaço e de uma escola que tornou-se a grande força do carnaval hoje. Um título que também consolida a redenção de Wander Pires, que apaga definitivamente da história o triste capítulo de 2010. E pra completar, a apresentação nas campeãs, com os carros fora de ordem – motivado pelo atraso provocado pela quebra do último carro da Imperatriz – foi tão épica quanto a da manhã de terça-feira...

- A Imperatriz fez um grande desfile no encerramento do primeiro dia que faz jus ao vice-campeonato, mas as notas de Alegoria poderiam fazer o Leandro – que é um craque! - repensar algumas soluções estéticas que vem repetindo há anos.

- Grande Rio fecha o top-3, como esperado, pelo outro grande desfile que fez do domingo, mas estava na cara que o complexo enredo seria o calcanhar de aquiles. Não deu outra.

- Tudo bem que as notas de Alegoria e Fantasias pesariam contra, mas a Mangueira fora do G-6 me deixa assustado. E que papelão depois do resultado, hein...

- Beija-Flor fora das campeãs mesmo com um bom desfile nos quesitos visuais. A fase não tem sido das melhores em Nilópolis.

- Sem entrar na polêmica do enredo, a Unidos da Tijuca namorou perigosamente o Acesso. Definitivamente, não é mais o bicho papão de outros tempos. Muita coisa precisa ser revista nos lados do Borel.

- Uma pena o rebaixamento do Porto da Pedra pelos problemas que teve, agora algumas notas são bem contestáveis - pra se dizer ao mínimo.

- 9.8 em Gbalá? Tuiuti com notas maiores que Porto da Pedra e Tijuca em Alegorias? Outro julgamento pavoroso em Samba-Enredo?

 

SÉRIE OURO

 
 

Padim Ciço trouxe o milagre pra Vila Vintém: Unidos de Padre Miguel campeã! (Foto: Bruno Surcin/SAMBARIO)

 

- O milagreiro veio e os anjos disseram amém! Unidos de Padre Miguel no Grupo Especial 52 anos depois! Bem-vindo de volta, Boi Vermelho! Dessa vez foi!

- Uma pena a queda do Império da Tijuca pra Intendente. Mas, pelos relatos, era um roteiro esperado. Triste também pela queda da Sereno. Porém, mais um ano de julgamento pavoroso no Acesso. Eu pergunto a você: qual é a surpresa?

 

SEÇÃO DE CURIOSIDADES

 

- Consolidando o posto de grande potência do carnaval na atualidade, é a primeira vez que a Viradouro termina entre as três primeiras colocadas por cinco desfiles consecutivos: foram dois campeonatos (2020 e 2024), dois vices (2019 e 2023) e um terceiro lugar (2022). É a melhor sequência histórica da escola de Niterói na elite. E a segunda vez que a vermelho e branco conquista o título com pontuação máxima – 180 pontos em 1997 e 270 pontos em 2024.

 

- A Imperatriz Leopoldinense não era vice-campeã do carnaval desde 1996. E a diferença foi bem parecida: naquela ocasião, a escola de Ramos perdeu o título para a Mocidade por “apenas” meio ponto.

 

- É a décima quinta vez neste século que a Grande Rio retornou ao Sábado das Campeãs. O terceiro lugar não se repetia desde “A Grande Rio é do Baralho”, em 2015.

 

- Após um carnaval de hiato, o Salgueiro retornou ao Sábado das Campeãs. A Academia não chegava em quarto lugar desde “A Ópera dos Malandros”, em 2016. Em termos musicais, a escola não gabaritava o quesito Samba-Enredo desde “Xangô”, em 2019.

 

- A Vila Isabel chegou ao Desfile das Campeãs pelo terceiro ano consecutivo, sequência que não repetia desde o período 2009-2011 (que seria estendido até 2013). A escola não chegava em sexto lugar desde 2007.

 

- É a primeira vez na história que a Beija-Flor termina um carnaval em oitavo lugar. Também é a terceira vez em 10 anos que a escola de Nilópolis não volta nas Campeãs.

 

- Com o nono lugar, o Paraíso do Tuiuti vai para o oitavo carnaval consecutivo no Grupo Especial, melhor sequência histórica da escola na elite, cujo melhor resultado foi o vice-campeonato de 2018.

 

- O décimo primeiro lugar foi a pior colocação da Unidos da Tijuca desde 2017, quando também terminou em décimo primeiro na tabela. A escola do Borel chega a 10 anos sem títulos, o segundo maior jejum de sua história – atrás, claro, dos já conhecidos 76 anos, entre 1936 e 2010.

 

- Para quem gosta de coincidências: em 2020, a Viradouro foi campeã num cenário em que repetiu a posição de desfile do ano anterior, era a vice-campeã vigente, um clube carioca era o campeão vigente da Copa Libertadores e o carnaval de Niterói havia feito uma campeã inédita. Em 2024, a escola gabaritou tudo de novo.

 

- Depois de incríveis cinco vice-campeonatos (2015, 2016, 2018, 2020 e 2023) e um jejum que durava desde 1959 – primeiro carnaval de sua história, a Unidos de Padre Miguel finalmente chegou lá e conquistou o título da Série Ouro. O Boi Vermelho volta ao Grupo Especial depois de 52 anos – estando por lá pela última vez em 1972, quando apresentou o enredo "Madureira, Seu Samba, Sua História", assinado por Júlio Mattos.

 

- O Império Serrano não era vice-campeão do Grupo de Acesso desde 2012. Naquela ocasião, o Reizinho homenageou Dona Ivone Lara, perdendo o título (até hoje contestado) para a Inocentes de Belford Roxo.

 

- O quarto lugar da União de Maricá foi o melhor resultado de uma estreante na Série Ouro desde o campeonato da Unidos da Villa Rica em 1994, quando o nome ainda era o antigo e tradicional Grupo de Acesso. Considerando estreias na Sapucaí, foi o melhor desempenho desde o vice-campeonato da Inocentes de Belford Roxo no antigo Grupo B, em 1999.

 

- Com o rebaixamento, o Império da Tijuca deixa a Sapucaí após 33 anos. A única vez que a escola do Morro da Formiga havia ficado fora do Sambódromo foi no carnaval de 1990, quando desfilou pelo antigo Grupo B na Avenida Rio Branco com o enredo “Na Terra do Pau-Brasil, Só Mico Dourado Deu”. Dessa vez, a verde e branca vai desfilar na Intendente Magalhães, fato inédito.

 

- A Tradição retorna à Sapucaí depois de 10 anos. Na ocasião, a escola foi rebaixada da então Série A reeditando “Sonhar com Rei dá leão”, clássico enredo que embalou o primeiro título da Beija-Flor, em 1976. Neste período longe do sambódromo, a escola perdeu a quadra para uma igreja evangélica, ficou um ano sem desfilar e chegou a disputar uma liga alternativa (a LIVRES, extinta no ano passado), sem acesso ou descenso.

 

- O acesso da Botafogo Samba Clube é duplamente histórico: além de ser mais uma estreante na segunda divisão, será a primeira escola de samba ligada a torcidas de futebol a desfilar na Marquês de Sapucaí. A alvinegra foi fundada em 2018 por um grupo de torcedores do clube, sem vínculo com organizadas, e estreou nos desfiles substituindo a tradicional Tupy de Braz de Pina. A escola recebe apoio institucional do clube de General Severiano.

 

- A equipe de transmissão da Globo para os desfiles do Grupo Especial sofreu mudanças para 2024. Na ancoragem, Alex Escobar passou a ter a companhia de Karine Alves, colega da editoria de esportes que substituiu Maju Coutinho, e de Milton Cunha, efetivado como apresentador após 10 anos atuando como comentarista. Diferente do que vinha acontecendo, o trio ancorou os desfiles do Rio e de São Paulo – por lá, substituindo Rodrigo Bocardi e Aline Midlej. O músico Pretinho da Serrinha seguiu nos comentários, ganhando a companhia do jornalista Leonardo Bruno, que retornou ao Globeleza após ter comentado a Série Ouro na Band. Como medida para atrair patrocinadores e remendar o prejuízo financeiro dos últimos anos, a Globo decidiu mudar a chefia da transmissão dos desfiles do setor de jornalismo para o entretenimento, o que acarretou na inclusão de atrizes e influencers na função de repórter, no lugar da tradicional equipe de jornalistas. O mesmo time se repetiu na transmissão do Desfile das Campeãs pelo Multishow, com o reforço da porta-bandeira Lucinha Nobre.

 

- A Band também mexeu na equipe de transmissão dos desfiles da Série Ouro. Sérgio Maurício e Glenda Kozlowski foram substituídos por João Paulo Vergueiro (apresentador da versão fluminense do “Brasil Urgente”) e Thais Dias (jornalista da BandNews). Aydano André Motta substituiu Leonardo Bruno nos comentários, fazendo companhia à Bruno Chateaubriand e Rafaela Bastos. Nas participações especiais, Selminha Sorriso e Evelyn Bastos foram substituídas pela cantora, repórter e ex-intérprete da Tijuca, Wic Tavares, e pelo repórter e promonter Amin Khader.

 

A nota dez

Parabéns pra você, Sapucaí! Nos 40 anos, um carnaval de alto nível como presente.

 

A nota zero

Para a LIESA e a Rio Carnaval: por mais uma vez desrespeitar as mídias de carnaval, mantendo empecilhos absurdos no processo de credenciamento, negar o pedido à sites tradicionais (parece que só querem os mais famosos...) e dificultar o trabalho até de quem esteve credenciado – como o Site Apoteose, que chegou a ser proibido de fazer seus tradicionais vídeos no primeiro recuo. Enquanto muitos veículos foram proibidos de trabalhar na avenida, a ex-namorada de um rapper famoso ganhou uma credencial de “apoio” em nome da Liga. Ficam as perguntas: apoio de quê? A presença dessa criatura é mais importante do que um veículo que quer cobrir a festa?

É urgente que o processo de credenciamento volte pra Riotur. 

 

A última volta do ponteiro

E a dança das cadeiras para 2025 já começou! Mas isso é assunto para as próximas colunas...