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AS IMAGENS QUE MARCARAM UM ATÍPICO ANO CARNAVALESCO
22 de dezembro de 2021, nº 59 Se inscreva no canal SAMBARIO no YouTube Coluna anterior: Seleção do Samba: o Impacto Positivo e os Próximos Passos
Coluna anterior: As Últimas desse (próximo) Carnaval - que, com Otimismo, virá! Coluna anterior: Recém-Criada, Associação dos Intérpretes luta por Valorização da Classe Neste
período em que mais um fim de ano se aproxima, aparecem as
famosas e famigeradas retrospectivas, rememorando o que de mais
importante aconteceu nos últimos doze meses em vários
setores da sociedade, como o esporte, a política, a economia,
entre outros. Para o carnaval, lógico, não poderia ser
diferente. Este escriba, por exemplo, ainda à época em
que apresentava o Carnaval Show (2015-2021) na inesquecível e
saudosa Rádio Show do Esporte, adorava o período em que
produzia para a atração a retrospectiva dos desfiles, com
foco principal para pelo menos três cidades - geralmente eram
Rio, São Paulo e Santos - e um compilado dos festejos no
restante do país.
Ao ter a ideia dessa coluna de hoje, pensei: como fazer uma retrospectiva do carnaval num ano em que não tivemos o principal, os desfiles? É, acertou o leitor que cravou que não foi fácil. Mesmo fortemente marcado pelo vazio da Sapucaí, do Anhembi e demais passarelas, reviramos os arquivos para mostrar que o 2021 carnavalesco nos reservou alguns momentos, que em imagens retratamos aqui. Sapucaí: as luzes e o silêncio No lugar do calor humano, o vazio. Em vez da batucada, o silêncio. Em vez do colorido, as luzes. Condições que jamais imaginaríamos ver a Passarela do Samba num fim de semana de carnaval. Luzes, nas cores das escolas do Grupo Especial, coloriram a Sapucaí numa iluminação especial idealizada pela prefeitura do Rio numa homenagem às vítimas da Covid-19 e a profissionais da Saúde. No mesmo dia em que a iluminação foi inaugurada, o prefeito Eduardo Paes (PSD) entregou as chaves da cidade para técnica de enfermagem Joelma Andrade e para a enfermeira Adélia Maria dos Santos, em cerimônia que ainda teve a presença do Rei Momo da cidade, Jefferson Mendes, com quem Paes tirou um barato: "Você deve ter pecado muito cara. Ficou quatro anos com o Crivella, e no primeiro carnaval comigo não tem carnaval". Luzes
coloriram à Sapucaí no fim de semana de carnaval:
homenagem às vítimas da pandemia e aos profissionais de
saúde (Foto: Beth Santos/Prefeitura do Rio)
Sapucaí: imagens de esperança A
Passarela do Samba também foi lugar para renovar a fé na
ciência. No início de fevereiro, a Sapucaí
também passou a ser um posto de vacinação contra a
Covid-19. Por lá, nomes do samba como Mestre Ciça,
Monarco (1933-2021) e demais personalidades da Velha Guarda do samba
receberam suas doses. Infelizmente, por conta da baixa procura, o posto
foi desativado em julho.
Sapucaí foi ponto de vacinação contra a Covid-19 (Foto: Daniela Maia/Riotur)
Sapucaí: imagens de retomada Com
o avanço da vacinação e a queda nos números
da Covid-19, os trabalhos voltaram. A Marquês de Sapucaí
foi reaberta para ensaios em 8 de novembro, num anúncio pra
lá de empolgado de José Carlos Machine pelas redes
sociais. No vídeo, o síndico da passarela do samba ainda
aparece sambando ao som de "Arranhão", canção que
viralizou nas redes sociais pelo refrão "Aí que mora o perigo".
Anhembi pelas vacinas Em São Paulo, o espetáculo foi trocado pela conscientização: todos pelas vacinas. Campanha organizada por instituições ligadas à divulgação científica – como a Equipe HALO / Nações Unidas (ONU) – pintou a mensagem no piso do Sambódromo do Anhembi. "Todos pelas Vacinas": mensagem pintada na pista do Anhembi (Foto: Fabio Bardella/André Michiles)
A reconciliação de duas grandes vozes
O período de lives relacionadas ao carnaval reservou para 2021 um momento muito esperado pela bolha: após longos anos de briga, Wander Pires e Bruno Ribas deixaram as rusgas de lado e selaram a paz durante apresentação virtual do projeto "Vozes do Samba" em 23 de abril, dia de São Jorge. Celebrando a reconciliação, o cantor da Imperatriz chamou o intérprete da Mocidade para o centro do palco pra cantar "O Quinto Império: de Portugal ao Brasil, Uma Utopia na História", samba de 2008 da escola de Padre Miguel, época em que Wander defendeu a obra nas eliminatórias e Ribas era o intérprete oficial da verde e branca. Em janeiro, o próprio Ribas, quando entrevistado por este Sambario, deu um depoimento sincero já se mostrando favorável ao fim da briga. Sem dúvida, uma das cenas do ano. Observados
por músicos (esq.) e pela intérprete Thati Carvalho
(dir.), Wander Pires e Bruno Ribas se reconciliaram durante live do
projeto "Vozes do Samba" em abril (Foto:
Reprodução/YouTube Fitamarela)
O adeus aos baluartes Chega
a ser clichê falar que foi um ano de muitas perdas. De fato, foi.
Porém, o coração do sambista ficou machucado ao se
despedir de grandes nomes que saíram de cena em 2021. O carnaval
foi dilacerado com o adeus de mestres como Jorge Tropical, Dominguinhos do Estácio, Mestre Mug, Laíla, Nelson Sargento, e, mais recentemente, Monarco.
Outros nomes ligados ao carnaval também se despediram. Casos dos compositores Djalma Falcão (autor de obras para a União da Ilha e Boi da Ilha), Zé Miranda (autor dos sambas de 2019 e 2020 da Portela), Panda (autor de três sambas da Vila Maria), João do Violão (autor dos sambas de 1991 e 1992 do Rosas de Ouro) e Leandro Almeida (que assina o samba da Mangueira para o próximo carnaval, vindo a falecer horas depois da gravação do "Seleção do Samba" que consagrou a obra que compôs ao lado de Moacyr Luz, Pedro Terra e Bruno Souza), da vice-presidente do Vai-Vai Ana Murari, dos ex-jurados Pérsio Gomyde Brasil e Eri Galvão; e dos jornalistas Mário Dias, Aloy Jupiara, Robson Aldir e Paulo Stein, que concedeu sua última entrevista ao Sambario em fevereiro. Com
o pavilhão da Beija-Flor sobre o caixão, porta-bandeira
Selminha Sorriso presta última homenagem à Laíla
(Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo)
Seleção do Samba: a novidade positiva Principal
parceira do carnaval, a Globo soube firmar posição em
favor da festa neste 2021. Começou apresentando um resultado
longe do ideal com o programa especial de fevereiro (Desfile N° 1 Brahma)
apresentando desfiles históricos de Rio e São Paulo, mas
terminou com a melhor compensação possível: o Seleção do Samba,
programa criado para mostrar as escolhas de samba do Grupo Especial
carioca para 2022 entre outubro e novembro, nas madrugadas de
sábado para domingo. O grande e repentino sucesso fez a emissora
produzir uma versão com as escolas de São Paulo,
esticando o programa em mais duas edições. Como
será em 2022? O tempo há de responder...
Imperatriz Leopoldinense durante do "Seleção do Samba" (Foto: Leandro Ribeiro/TV Globo)
E
assim foi 2021, iniciado com o vazio de um fevereiro sem desfiles e se
despedindo com a esperança do carnaval voltar. Que 2022 nos
traga ótimas notícias, prosperidade e que nos reserve
à retomada pra valer e o retorno às passarelas do samba.
Pedindo licença para mexer nos versos cantados pelo Rosas de
Ouro: que a ciência continue sendo a fonte do saber, a medicina
siga sendo a esperança pra salvar e que o samba,
definitivamente, também tenha o dom de curar. Sim ao carnaval,
viva a cultura popular, não ao negacionismo fajuto e ao elitismo
nojento.
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Carlos Fonseca |
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