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RECÉM-CRIADA, ASSOCIAÇÃO DE INTÉRPRETES LUTA POR VALORIZAÇÃO DA CLASSE

5 de julho de 2021, nº 56

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(Por Marco Maciel e Carlos Fonseca)

A pandemia do novo coronavírus foi um duro golpe nos profissionais do Carnaval. Com os trabalhos paralisados, sem renda há quase um ano e meio e ludibriados por promessas de editais por parte do poder público, estes contaram com auxílios de movimentos como Ritmo Solidário, Não é Só Folia, Barracão Solidário e derivados, fundamentais para que a situação não se agravasse.

Mas nem todos os profissionais da festa foram contemplados com auxílios. Um setor em específico entendeu que o momento era de uma atitude mais incisiva e que não ficasse apenas nos apelos públicos ignorados na maioria das vezes. Em um movimento inédito, os intérpretes do Carnaval do Rio de Janeiro uniram forças para formar um sindicato. Criada no final de maio, a Associação dos Intérpretes das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, a ASSINCARJ, tem como bandeira lutar pela maior valorização dos intérpretes. E o amparo não ficará restrito apenas aos cantores da Sapucaí: a ajuda se estende a quem atua nos desfiles de outras partes do Rio de Janeiro, favorecendo não apenas as vozes das escolas de samba, como também as de blocos.

O SAMBARIO noticiou o surgimento do sindicato em primeira mão no último dia 24 de maio. Em entrevista ao site no mês passado, Marquinho Art'Samba, um dos criadores, transpareceu a preocupação com a sua classe. "Quando os cantores param, você vê que não tem um auxílio e a gente fica muito preocupado. Não é nem cultura das escolas de samba, a gente culpa a cultura do próprio Carnaval", criticou o intérprete da Mangueira, afirmando que ninguém conseguirá cantar pra sempre. "Pra quem se espelha em Jamelão com 94 anos e Neguinho com 70, nem todo mundo vai chegar a essa idade em plena plenitude cantando. A maioria não vai chegar", esclareceu Art'Samba na live.

De acordo com a ASSINCARJ, cerca de 85% dos intérpretes de samba-enredo dependem exclusivamente do Carnaval, o que motivará a entidade a incentivar futuros trabalhos na música dos profissionais. "Precisavámos de uma associação para que déssemos andamentos a ideias de projetos que há anos estavam engavetados", ressalta Serginho do Porto, vice-presidente de Finanças da associação, que atua no Carnaval desde 1994, quando estreou na Unidos da Ponte. Para ele, o desabafo feito por Wantuir em sua conta pessoal no Facebook, há pouco mais de três meses, foi o principal estimulador para a criação do movimento: "Acendeu a luz do alerta", complementa o atual intérprete da Estácio de Sá.


Na mesma entrevista, Marquinho Art'Samba reforçou a importância da associação para as orientações burocráticas aos profissionais. "Às vezes você precisa de um documento adequado visando uma Lei Rouanet, de repente você faz um show, as pessoas perguntam se tem firma aberta, CNPJ... Então a associação está sendo criada pra dar essa orientação a todo mundo", disse o cantor da verde-e-rosa. "Depois você para, você não tem nada, não tem uma ajuda, não tem a quem socorrer e isso é muito triste. Estamos pensando mais no futuro", complementou o mangueirense. 

Contando com o apoio dos presidentes das agremiações, a diretoria presidida pelo cantor da Unidos da Tijuca é composta por nomes como Bruno Ribas (que ocupa a vice-presidência), Tinga, Preto Joia e Marquinho Art'Samba. Neguinho da Beija-Flor é o presidente de honra.
Em conversa com a equipe do SAMBARIO, Serginho do Porto deu maiores detalhes sobre os primeiros movimentos da ASSINCARJ (agradecimentos a Vanessa e a Ricardo Paulino).



SAMBARIO: Como surgiu a ideia da criação da ASSINCARJ?

Serginho do Porto: Surgiu por conta da pandemia. Nós interpretes precisávamos de uma associação para que déssemos andamentos a ideias de projetos que há anos estavam “engavetados” e necessitando de uma organização.





SAMBARIO: A repercussão das queixas públicas de Wantuir foi determinante para o surgimento do sindicato?

Serginho: Sim, pois acendeu a luz do alerta, trazendo assim uma melhor reflexão para o futuro.

 
SAMBARIO: De uma forma geral, qual a situação atual dos intérpretes de grupos inferiores e de blocos da cidade do Rio?

Serginho: A situação não é boa, aí que entra a ideia da associação para contemplar a todos.


SAMBARIO: Vocês [da ASSINCARJ] têm alguma ideia da porcentagem de cantores de sambas-enredo da capital carioca que dependem financeiramente do carnaval?

Serginho: Cerca de 85% [dos cantores] dependem exclusivamente do Carnaval.


SAMBARIO: O que foi debatido nas primeiras reuniões da ASSINCARJ?

Serginho: Ajuda à alimentação, plano de saúde e arrecadações em shows para ajudar os mais necessitados.


SAMBARIO: Quais os direitos que o sindicato visa obter para os intérpretes?

Serginho: Que, ao se aposentarem, consigam receber um benefício, calculado dentro de um a dois salários mínimos, respeitando a contribuição.


SAMBARIO: Os cantores de outras cidades - Niterói, Nova Friburgo, entre outras - também serão contemplados?

Serginho: Sim. Todos do Estado do Rio de Janeiro, sem exceção.


SAMBARIO: O Sindicato planeja pleitear situações de mercado mais favoráveis para os intérpretes junto aos empresários artísticos, tanto para shows e lives quanto para lançamentos de discos nas plataformas de música?

Serginho: Sim. Tudo isso foi discutido e iremos colocar em prática.


A logomarca da ASSINCARJ

Abaixo, a ficha técnica da ASSINCARJ. Siga o Instagram da entidade: https://www.instagram.com/assincarj8/

Presidente: Wantuir

Vice: Bruno Ribas

Presidente de Honra: Neguinho da Beija Flor

Vice Presidente do Conselho Fiscal: Preto Jóia e Rixxa

Suplente do conselho: Quinho e Leléu

Vice Presidente de patrimônio: Tinga

Vice Presidente Cultural: Marquinho Art’Samba

Vice Presidente de finanças: Serginho do Porto

Vice Presidente jurídico: Denis Carvalho

Texto e Edição: Ricardo Paulino

Controle de mídias sociais e divulgação: Vanessa


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Carlos Fonseca
Twitter: @eucarlosfonseca
Apresentador do Carnaval Show na Rádio Show do Esporte todas às quartas-feiras às 20h
www.radioshowdoesporte.com.br