30 de outubro de 2018, nº 11

No último domingo (28) o ex-juiz federal Wilson Witzel foi eleito como o novo governador do estado do Rio de Janeiro por 4.675.355 votos, correspondente a 59,87% do eleitorado fluminense que compareceu as urnas. A vitória do candidato do Partido Social Cristão não é vista com bons olhos por uma grandiosa parcela da comunidade do carnaval, complacente e certa de que, impulsionado pela onda da assombrosa extrema direita que dará as cartas no governo federal a partir de janeiro e de fazer parte da linha de conservadorismo que virou as costas para o carnaval tal qual fez o bispo que dizem ser prefeito da capital (ou seria o contrário?) Marcelo Crivella durante seu mandato, Witzel possa vir a fazer o mesmo no comando do estado. Entretanto, para fins informativos (e é importante esclarecer este termo) a coluna pesquisou e consequentemente irá expor neste espaço algumas poucas ligações do futuro comandante do estado com a maior festa popular, tanto em sua atuação no magistério quanto ao longo de sua campanha eleitoral deste. 

Audiência pública que propôs Grupo de Trabalho para a segurança nos desfiles

Em setembro do ano passado, o então juiz federal participou de uma audiência pública realizada na Câmara de Vereadores do Rio. A audiência foi solicitada a época pelo Sindicato dos Jornalistas para debater sobre as condições de trabalho e segurança dos profissionais de imprensa em razão dos acidentes com os carros alegóricos nos desfiles de Unidos da Tijuca e Paraíso do Tuiuti sete meses antes que fizeram um saldo tristemente negativo de vários feridos e uma vítima fatal - a jornalista Liza Carioca, da Ação FM. Quando teve a palavra, Witzel destacou o aspecto do ente público gestor do carnaval tornar legal a realização dos eventos, através de contratos de longo prazo, com normas contratuais claras sujeitas a fiscalização, definindo direitos e deveres dos entes contratantes.

Então juiz federal, Wilson Witzel (a esquerda) participou de audiência pública sobre o carnaval carioca (Foto: Reprodução/Facebook)

Confira a fala de Witzel nesta audiência pública, a partir de 39:15

Evento que aproximou magistério ao samba

Quando era Diretor Cultural da Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Ajuferjes), órgão ao qual também foi presidente entre 2014 e 2016, foi realizado o "Fórum do Samba", que, nas palavras de Witzel, era um meio de trazer os advogados, magistrados e membros do ministério público para ter "uma troca de calor humano (com os sambistas) fora do ambiente da toga". O único registro que a coluna achou deste evento foi a edição de 2017.

Witzel (a direita, de branco) durante o evento "Fórum do Samba" em 2017 (Foto: Acervo Ajuferjes)

Visita a Renascer e propostas para o carnaval

Durante a campanha eleitoral no segundo turno, o ainda candidato visitou a quadra da Renascer de Jacarepaguá, que diga-se de passagem, insinuou apoio ao ex-juiz por meio de postagem em suas redes sociais - registra-se, apoio que, embora tímido, foi bastante criticado por todos os motivos que expusemos anteriormente. No encontro, Witzel apresentou suas propostas para áreas como da educação, saúde, segurança pública e lazer - importante registrar para os desinformados e alienados, nenhum centavo dessas áreas é tirado pra se investir em carnaval, cujo investimento vem da pasta de cultura. Parênteses feito, seguimos o texto. O Carnaval também foi pauta do encontro, onde ele falou para a comunidade da região sobre como pretendia valorizar as agremiações e enaltecer a festa de momo. Até o fechamento deste texto não encontramos qualquer registro deste encontro.

Por falar nas propostas, cabe mencionar que, apesar da cultura não estar presente nas 66 páginas de seu programa de governo, Witzel afirma dar apoio institucional às Escolas de Samba do Rio de Janeiro e que acha os ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí uma manifestação verdadeira, prometendo melhorar o acesso das pessoas a Passarela do Samba. Witzel complementa que não vai somente apoiar como também pretende criar mecanismos de incentivos através da iniciativa privada. A proposta foi revelada por Sergio Firmino, amigo pessoal do governador eleito, em postagem numa rede social.

É muito cedo para fazer um prognóstico de qual será o apoio do estado ao carnaval na futura gestão Witzel, até porque só iremos descobrir de 1° de janeiro em diante. Resta pegar a pipoca, os chocalhos e os tamborins pra ver no que vai dar.