PRINCIPAL EQUIPE LIVRO DE VISITAS LINKS ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES ARQUIVO DE COLUNAS CONTATO |
||||
![]() |
||||
14 de novembro de 2025, nº 106 Leia as colunas anteriores de Carlos Fonseca Coluna anterior: As Curtas Aventuras de Mestre Marçal por Niterói Coluna anterior: Guia das Disputas de Samba-Enredo - Edição 2026 Coluna anterior: Reedição longe do ninho... Sambas cantados sob outros pavilhões A NOITE EM QUE O CARNAVAL SAMBOU NO RITMO DO TRI DE SENNA
No último fim de semana aconteceu o Grande Prêmio do Brasil (desde
2021 chamado oficialmente de Grande Prêmio de São Paulo) de Fórmula 1, com o
britânico Lando Norris – piloto da McLaren –
vencendo a etapa do sagrado circuito de Interlagos. É o encaixe perfeito pra
mostrar carnaval e automobilismo tem uma longa relação de intercâmbios e
coincidências – e não, dessa vez não estamos falando do “Acelera, Tijuca!”,
desfile do quarto campeonato tijucano, até hoje alvo de discussão. Na madrugada de domingo, dia 20 de outubro de 1991, cinco escolas
do Grupo Especial carioca escolheriam seus sambas para o carnaval de 1992. Até
aí, nada anormal, seria mais uma noite decisiva qualquer. A não ser por uma
coincidência.
Na mesma madrugada, simultaneamente, aconteceria o Grande Prêmio
do Japão, penúltima etapa daquela temporada e corrida que poderia sacramentar o
tricampeonato mundial de Ayrton Senna – que à época, vejam só, guiava uma
McLaren. Novos sambas estariam surgindo para a posteridade da avenida enquanto
os olhos do mundo estavam voltados para o que acontecia no circuito de Suzuka.
“Carnaval desfalca torcida de Senna”, era o que manchetava o Jornal O
Globo no dia seguinte à aquela noite. Mesmo com a expectativa de mais uma
grande conquista pro esporte brasileiro (que acabou acontecendo), o samba
seguiu sua normalidade em cinco cantos da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro. Mas nem por isso a conquista do eterno tricampeão passou
despercebida. A quadra do Salgueiro, por exemplo, só atingiu a lotação máxima
para a escolha da trilha que embalaria o enredo “O Negro Que Virou Ouro nas
Terras do Salgueiro” apenas quando a corrida terminou - com a vitória do austríaco
Gerhard Berger e o título do brasileiro. O motivo: “Muitos componentes
ficaram assistindo à corrida pelos aparelhos de TV instalados nos bares nos
arredores da quadra.”, relatou a reportagem do Globo. Passada a euforia da
vitória, a vermelha e branca fez sua final e consagrou a obra de Bala, Efe
Alves, Preto Velho, Sobral e Tiãozinho do Salgueiro, até hoje considerada um
dos clássicos da discografia salgueirense. Bem longe da Silva Teles, não se falava de outra coisa a não ser
decisão de samba-enredo. No Campinho, a Tradição (que retornava ao Grupo
Especial naquela temporada) escolhia o samba de Moisés Santiago, Luizinho
Professor e Toninho para cantar “O Espetáculo Maior... As Flores”. Na Baixada
Fluminense, a Beija-Flor consagrava a obra de Dinoel Sampaio e Itinho como a
vencedora do concurso na agremiação – posteriormente, Neguinho da Beija-Flor
também assinaria o samba sobre a televisão, num carnaval que seria de memória
esquecível para os nilopolitanos e, principalmente, Joãosinho Trinta. No outro
lado da Baía de Guanabara, a Viradouro também realizou sua final: de quadra
lotada e ainda sob a batuta de Mestre Marçal – cuja
passagem relatamos na coluna anterior – o samba de Heraldo Faria, Flavinho
Machado, Gelson e Rubinho foi o escolhido pra cantar “E a Magia da Sorte
chegou”. Por fim, a quinta escola a definir seu samba pra 92 foi a Unidos
da Tijuca. E uma final que só aconteceu naquele momento por obra do acaso:
inicialmente programado para a noite anterior, o evento foi adiado para a
virada do sábado pra domingo sem maiores explicações da presidência, já
comandada por Fernando Horta, e sob protestos da moçada. E a chiadeira aumentou
quando a obra de Gilmar Silva, Vicente das Neves e Beto do Pandeiro
(este último recentemente falecido) foi escolhida para embalar “Guanabaran, o seio do mar”.
Ironias dessa festa: não demorou muito pra obra se tornar um dos clássicos da
discografia azul-amarela... Na contagem final daquela noite, o carnaval acelerou e chegou na
frente da Fórmula 1. Por um capricho dos deuses da velocidade e do samba, foi
naquele 1992 que o já tricampeão Ayrton foi a presença ilustre na Sapucaí
durante o desfile das campeãs. E, convenhamos, até que se divertiu bem.
Leia as colunas anteriores de Carlos Fonseca Inscreva-se no canal SAMBARIO no YouTube
Carlos Fonseca |
Tweets by @sitesambario Tweets by @sambariosite | |||