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Os sambas de 2019 por Carlos Alberto Fonseca
As avaliações e notas referidas apresentam
critérios
distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados
aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile Veja também o último editorial com a análise de alguns sambas eliminados para 2019 A GRAVAÇÃO - Com as bases gravadas na Cidade do Samba e
os complementos em estúdio, o CD de 2019 segue a filosofia implantada desde
2010. O diferencial, em relação a 2018, é que a maioria das baterias ditam o
ritmo nas duas passagens. O resultado é satisfatório, com um único porém:
apesar de um cuidado maior com cada samba, mesmo aqueles que o resultado final
não foi lá aquelas coisas, a produção do CD modificou vários deles em relação
as bases gravadas na Cidade do Samba, cortando alguns trechos como a bossa
inicial da bateria da Tijuca (pela metade) e o alusivo na faixa da Imperatriz
(integralmente), além de aberturas/encerramentos em outros sambas como
Beija-Flor e Império Serrano. Tudo devido ao padrão de minutagem imposto neste
disco, haja vista do Grupo Especial ter 14 escolas, uma a mais em relação a
2018 e número que não se repetia desde 2006. Quanto a safra: dentre os doze
sambas inéditos, destacam-se os sambaços de Mangueira, Portela, Mocidade e
Tijuca, com Salgueiro, Viradouro e Vila Isabel no segundo pelotão. Vale menção
também a São Clemente que reedita "E o Samba Sambou..." e a ousadia
(prefiro chamar de maluquice) que o Império Serrano fará com a canção de
Gonzaguinha. Num contexto geral, mais uma boa safra para se ouvir. - NOTA: 9.7 1 - BEIJA-FLOR - "O que seria de mim sem você". Um
grande equívoco é o que resume o samba que celebra os 70 anos da Deusa da
Passarela. Fruto de junção das duas obras que foram a final da disputa, (sendo
que a final apontou um vencedor, mas a escola voltou atrás quase uma semana
depois) o samba é agradável em alguns momentos, como nos trechos "E
arrisquei um voo neste lindo azul / Um mundo encantado pude recordar / Em
fábulas bordei a fantasia / Ê saudade que mareja o meu olhar"
(primeira estrofe) e "Cresci, ouvindo acordes entre doces melodias / A
bela dama retratada em poesia e o canto de cristal / A simplicidade no amor,
aquele beijo na flor / Fez mais um sonho real" (segunda). A emenda dos
sambas fica clara na transição "Que esquece a dor e só quer sambar / É
por esse amor que meu valor me faz brilhar". Houve uma tentativa de
correção no trecho final ("Comunidade me ensinou") que ficou
mal resolvido de métrica e de melodia. O refrão principal apela para aquele
famigerado "razão do meu cantar / a luz do meu viver...". Com
a categoria de sempre, a interpretação de Neguinho da Beija-Flor dispensa
maiores comentários. Atuando com toda a força na segunda passada, a bateria
economizou nas bossas - fez apenas uma, no refrão central. Em suma, o samba que
exalta as sete décadas da atual campeã é frustrante. - NOTA: 9.7 2 - PARAÍSO DO TUIUTI - "Meu Paraíso escolheu o
Ceará". Embalada pelo histórico desfile que lhe rendeu o inédito
vice-campeonato, a azul e amarelo de São Cristóvão aposta em mais um enredo
político. A obra que exalta a história do Bode Ioiô, eleito vereador em
Fortaleza em 1922, é boa, tenta ser animada, mas é bem abaixo do ano anterior.
O samba começa burocrático melodicamente, principalmente pela gritante
alternância de tons no verso "Vendeu-se o Brasil num palanque da
praça" - talvez isso explica o porquê do samba ser cantado num tom tão
alto. A letra tem bons trechos, como os refrões "Pega na viola, diz um
verso pra iôiô / O Salvador! O Salvador!" e "Nem berrar, berrou,
sequer assumiu / Isso aqui, iôiô, é um pouquinho de Brasil", mas peca
em soluções pobres como "cabelo na venta/me representa" e "vou
bodejar" no bis principal. Gostei muito da atuação de Celsinho Mody e
Grazzi Brasil, que fazem uma atuação mais solta. A Supersom faz aquele registro
bem caseiro, fazendo bossas pro final do samba. O Paraíso vai surpreender mais
uma vez? - NOTA: 9.7 3 - SALGUEIRO - "Ojuobá, quem não deve não
teme". O maior desejo dos salgueirenses será atendido em 2019: Xangô,
orixá da justiça e padroeiro da agremiação, enfim será enredo da Academia na
Sapucaí, após constantes pedidos ao longo dos anos. Como o tema sugeria, é um
samba muito forte, tanto em letra quanto em melodia, embora que a gravação
tenha tirado um pouco do seu brilho. Gosto muito dos versos iniciais "Vai
trovejar! / Abram caminhos para o grande Obá / É força, é poder, o Aláàfin de
Oyó / “Oba ko so!” ao rei maior". Dos fortes refrões, destaco o
central "Mora na pedreira, é a lei na terra / Vem de Aruanda pra vencer
a guerra / Eis o justiceiro da nação Nagô / Samba corre gira, gira pra
Xangô". O melhor momento do hino salgueirense, porém, é a passagem
final da segunda estrofe, a partir do trecho "Bahia, meus olhos ainda
estão brilhando / Hoje marejados de saudade / Incorporados de felicidade"
- aliás, os versos fazem referência ao histórico "Bahia de Todos os
Deuses" (1969). Destaque positivo para a boa interpretação de Emerson
Dias, que estreia como cantor principal na escola. A bateria faz uma atuação
mais solta em relação ao disco anterior, ficando um ótimo resultado. Se o
refrão principal pede "Traz a vitória pro meu Salgueiro", o
salgueirense pede ao grande Obá para afastar de vez a crise
política que se arrasta na escola e abrir os caminhos para
trazer a tão sonhada décima taça para a Silva
Teles. - NOTA: 9.9 4 - PORTELA - "Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com
Iansã". Clara Nunes, enredo tão aguardado pelos portelenses, rendeu um
samba fora-de-série. Todo em primeira pessoa, como se a própria Clara estivesse
apresentando a sua Portela e a "Madureira Moderníssima" do enredo com
sua inconfundível voz, a letra é estupenda, tendo como cartão de visitas seus
primeiros versos "Axé, sou eu / Mestiça, morena de Angola, sou eu / No
palco, no meio da rua, sou eu / Mineira, faceira, sereia a cantar, deixa
serenar". O samba não cai em nenhum momento, é uma passagem mais
emocionante que a outra, como a que abre a segunda estrofe "Pra ver a
Portela tão querida / E ficar feliz da vida / Quando a velha guarda passar / A
negritude aguerrida em procissão / Mais uma vez deixei levar meu coração" que
segue até o ápice do samba, nos versos que antecedem ao refrão principal: "Voltei
a avenida saudosista / No azul e branco modernista, eternizar / Voltei, fiz um
pedido a padroeira / Nas cinzas desta quarta-feira... comemorar". Os
refrães são fortíssimos, sobretudo o central "Eparrei Oyá, eparrei… /
Sopra o vento, me faz sonhar / Deixa o povo se emocionar / Sua filha voltou,
minha mãe" que arrepia e emociona. Gilsinho tem uma ótima atuação na
faixa, bem como a Tabajara, que dá as caras na segunda passada. A Claridade
terá uma homenagem a sua altura. - NOTA: 10 5 - MANGUEIRA - "São verde e rosa as
multidões". Espetacular é pouco pra resumir esta obra-prima da verde e
rosa. O enredo que valoriza os heróis esquecidos da história do país tem um
samba fabuloso e fidalgamente necessário. Destaque para os fabulosos versos
"Brasil, meu nego / Deixa eu te contar / A história que a história não
conta / O avesso do mesmo lugar / Na luta é que a gente se encontra" e
"Desde mil e quinhentos tem mais invasão do que descobrimento / Tem
sangue retinto pisado / Atrás do herói emoldurado / Mulheres, tamoios, mulatos
/ Eu quero um país que não tá no retrato". O grande ápice do samba,
sem dúvida, são seus versos finais "Salve os caboclos de julho / Que
foi de aço nos anos de chumbo / Brasil, chegou a vez / De ouvir as Marias,
Mahins, Marielles, Malês". O estreante Marquinho Art'Samba conduz bem
a faixa e a bateria tem grande atuação. É o samba do ano. E mais do que isso: é
o grande samba do século na Estação Primeira. - NOTA: 10 6 - MOCIDADE INDEPENDENTE - "Eu conto o tempo pra te ver passar". Mais
um sambaço da safra. O enredo abstrato sobre o tempo resultou em uma belíssima
obra e as mudanças pontuais entre a disputa e o CD só o valorizaram ainda mais.
Todo em primeira pessoa, ponto alto do hino independente é a mistura dos
elementos do enredo com as figuras da escola, perceptível principalmente nos
versos iniciais "Olha lá, menino tempo / Tenho tanto pra contar / Era
eu, guri pequeno / Pés descalços, meu lugar / Quando um "toco" de
verso... (ôôô) / Semeou a poesia". Gosto bastante de versos
como "Ah, quem me dera o ponteiro voltar / E reencontrar o mestre na
avenida" e "Tempo que faz a vida virar / Saudade, guarda minha
identidade / Independente relicário da memória". O melhor momento,
porém, são os versos que preparam para o refrão principal: "Padre
Miguel / O teu guri já não caminha tão depressa / Mas nunca é tarde pra sonhar
/ Vamos lá, a hora é essa", versos estes que servem de alusivo entoado
por ninguém menos que Elza Soares, de estupenda e emocionante participação. O
refrão principal ("Senhor da razão, a luz que me guia / Nos trilhos da
vida escolhi amar") é bom e empolgante. Wander Pires faz uma boa
atuação na faixa, caindo bem ao seu conhecido estilo. A NEMQ é outra grande
atuação a parte. - NOTA: 10 7 - UNIDOS DA TIJUCA - "Escute a voz que vem do meu
Borel". A
chegada de Laíla ao Borel deu uma sacudida na ala de
compositores da escola. Apesar do enredo ser uma mistura de elementos e
parecer
quase sempre um samba-igreja, o hino tijucano é excelente, que
tem como
destaque a forte melodia, toda trabalhada no lirismo com fins de
cativar e emocionar
o ouvinte. A bela letra é construída e baseada num
diálogo entre Deus e um indivíduo que ora por ele. Tem
passagens muito bonitas como no trecho
inicial da primeira estrofe "Meu filho / Como é lindo o amanhecer /
Reflete o sol, a criação / Um bom dia a renascer / Pelos olhos do pavão"
e da segunda "Só existe um caminho (por favor) / Cada um faz seu
destino (Meu Senhor) / As migalhas do poder que o diabo amassou / Estão dentro
de você". O melhor momento da obra está em seu refrão central: "Ouço
chamar meu nome / Ouço um clamor de prece / Choro ao te ver com fome / Sou o
cordeiro que a alma fortalece". No bom refrão principal, achei
desnecessária a repetição do "amém, amém". Desnecessário
também é aquele órgão tocando em quase toda a faixa, ainda que entenda que foi
pela temática do enredo. De volta a escola após uma década, Wantuir tem sua voz
completamente abafada pelo coral formado pelo carro de som da escola, que
colocou voz junto a ele. A Pura Cadência, mesmo tendo seu show inicial cortado
pela metade pela produção do disco, tem atuação convencional, com apenas uma
bossa. Resta ver como será a azul e amarelo sob a batuta do mestre. - NOTA: 10 8 - IMPERATRIZ - "Sentimento não tem preço, tem
valor". O complicadíssimo desenvolvimento do enredo sobre o dinheiro
prejudicou demais os compositores, resultando num samba totalmente fraco, sem
brilho e que ficou melancólico de se ouvir no disco. A letra é totalmente
burocrática e cheia de lugares comuns. Talvez um momento único que tente salvar
é o trecho inicial da segunda parte "Tempos modernos onde vidas valem
menos / Boas ações não representam dividendos / A roda gira pro mais forte,
poucos têm a sorte / De virar o jogo que o destino fez / Tem pato mergulhado no
dinheiro / E o povo brasileiro nada por migalhas outra vez". Arthur
Franco parece não ter feito uma gravação segura, ele briga com o samba toda
vida. E ainda por cima, o verso "Troca-troca ê na beira da praia"
no refrão central é de gosto muito duvidoso além de abrir margem pra duplo-sentido.
- NOTA: 9.5 9 - VILA ISABEL - "Ecoa meu samba no alto da
serra". Samba muito agradável para o enredo-CEP sobre Petrópolis. O
único porém dele é a equivocada mudança no desenho melódico no verso "E
subindo pertinho do céu / A névoa formava um véu / Lembrei de meu pai, minha
fortaleza" na primeira parte, que destoa de todo o resto do samba.
Fora isso, a letra contém trechos muito bons como no refrão central "Meu
olhar lacrimejou / Em águas tão cristalinas / Uma cidade divina". A
segunda estrofe é muito boa, principalmente a partir do verso "No baile
de cristal, o tom foi redentor / Em noite imortal / Floresceu um novo dia /
Liberdade enfim raiou". De volta a escola que o revelou para o
carnaval, Tinga abrilhanta a faixa com sua boa interpretação - e ainda a
encerra com um "Voltei, hein!" tal qual Preto Joia em seu retorno a
Imperatriz em 2007. A bateria faz uma elogiável atuação no registro. Destaque
também para a participação da atriz Camila Morgado, que interpreta uma Princesa
Isabel pra lá de entusiasmada no começo e fim da faixa. - NOTA: 9.8 10 - UNIÃO DA ILHA - "Trançando em meus versos a minha
alegria". Uma obra muito, mas muito aquém do que o bom enredo
literário sobre o estado do Ceará narrado pelo fictício encontro entre os
escritores Rachel de Queiróz e José de Alencar pedia. Letra bem arrastada,
versos batidos que não fogem dos lugares comuns e das rimas forçadas (prazer/colher/você
é um exemplo) e melodia que apela ao lirismo mas é irregular em vários momentos
- principalmente na virada do refrão principal para os primeiros versos "O
sol / Onde aquece a inspiração é luz". Aliás, o trecho do refrão
principal "No céu, emoção / No chão, simpatia" é mal resolvido
de métrica. A se elogiar a grande interpretação de Ito Melodia e a boa atuação
da bateria na tentativa de extrair algo melhor do samba. A tricolor insulana
ficou devendo muito, mais uma vez - NOTA: 9.6 11 - SÃO CLEMENTE - "Virou Hollywood isso aqui". A
preta e amarela traz de volta a avenida um de seus grandes clássicos: "E
o Samba Sambou...", histórico enredo de 1990, será reeditado pela
escola em 2019 - a primeira reedição no Grupo Especial desde o Império Serrano
em 2009 com "Lenda das Sereias" . O samba dispensa maiores
comentários. É todo cheio de ironias em protesto contra a mercantilização do
carnaval. Destaco versos como "O mestre-sala foi parar em outra escola
/ Carregado por cartolas do poder de quem dá mais / E o puxador vendeu seu
passe novamente / Quem diria, minha gente / Vejam o que o dinheiro faz";
"Luzes, câmeras e som / Mil artistas na Sapucaí";
"'Rambo-sitores', mente artificial / Hoje o samba é dirigido com sabor
comercial", entre outros. Críticas pesadas que, 29 anos depois,
continuam bem atuais. Entretanto, a gravação ficou um pouco aquém do que o
samba merecia. Leozinho Nunes ganha a companhia do experiente Bruno Ribas (que
volta ao carnaval carioca após três anos) e da cantora baiana Larissa Luz,
ex-vocalista do Ara Ketu e que atualmente interpreta Elza Soares no teatro.
Aliás, sua participação infelizmente não foi lá das mais felizes. Inclusive,
ela "incorpora" Elza em toda a gravação, ficando a impressão que a
grande voz da MPB faz expediente duplo no disco. Ademais, ainda tendo
ponderações a reedição em si, ouvi-lo novamente na Sapucaí será um grande barato.
- NOTA: 10 12 - GRANDE RIO - "Eu sou Caxias de tantos
carnavais". Salva do rebaixamento após a virada de mesa referendada
três semanas após o carnaval, a tricolor caxiense faz um enredo sobre os maus
costumes dos brasileiros. Parece até ironia, daquelas que o "poste mija no
cachorro". O samba, encomendado a grandes compositores como Moacyr Luz,
Cláudio Russo e cia, é cheio de indiretas jogadas sobre a má-educação do
brasileiro. Versos como "Atire a primeira pedra aquele que não erra /
Quem nunca se arrependeu do que fez" e "Falam de mim, eu falo
de paz" cantados por uma agremiação que meses atrás era beneficiada
pelo rasgo do regulamento chega a soar como um deboche a nossa cara. O único
momento bom do samba é seus versos finais: "Quem aí tá podendo julgar /
Não consegue ouvir outra voz / Cada um foi pensando em si / Olha o que fizemos
de nós / Então pegue seu filho nas mãos / Educar é o desafio / Se errei, peço
perdão / Renasce a Grande Rio". Elogios apenas a bateria pela cadência
imposta na faixa e a Evandro Malandro, que faz uma grande interpretação. -
NOTA: 9.6 13 - IMPÉRIO SERRANO - "Mas isso não impede que eu
repita". É inadmissível o que o Império Serrano está fazendo. Também
salva do rebaixamento como a Grande Rio, a Serrinha aposta em 2019 numa
"ousadia" que chamo de maluquice: transformar "O que é, o que
é?", um grande clássico da MPB assinado e imortalizado na voz de
Gonzaguinha, em seu samba-enredo. Repito: isto é INADIMISSÍVEL! É um
desrespeito ao carnaval. É um desrespeito a música brasileira. É um absurdo.
Não é possível que uma escola com uma vasta discografia de sambas históricos
possa se prestar a este papel ridículo. Uma reedição seria menos vergonhoso.
Justiça seja feita: a regravação é linda, Leléu e Anderson Paz foram muito bem,
mas eles estão isentos de qualquer culpa. Todo meu imenso respeito e reverência
ao Império Serrano como grande escola de samba que é e por sua gloriosa
história, mas "O que é, o que é?" NÃO É SAMBA-ENREDO. Este
desserviço ao carnaval não merece qualquer nota. 14 - VIRADOURO - "O brilho no olhar voltou". De
volta ao Grupo Especial após três carnavais, a vermelha e branca de Niterói
conseguiu tirar leite de pedra: extrair um bom samba de um enredo confuso com
sinopse bem complicada, marca registrada de Paulo Barros, que retorna a escola
após uma década. A obra possui melodia forte, que remete até a sambas antigos
da própria Viradouro, e uma letra que salvo uma falha ou outra explica melhor o
enredo do que a sinopse. Destaques para versos como "Lançado o feitiço
pra vida virar / Pro bem ou pro mal, é carnaval / E na fantasia, a minha
alegria é um sonho real" que fecha a primeira parte e "E quem
ousou desafiar a ira divina / Vagou no mar" que abre a segunda. O
ponto alto é o trecho que antecede o bis principal: "Mas a coragem que
me faz lutar / É a esperança, razão de sonhar / Imaginar e renascer no sol de
cada amanhecer / Das cinzas voltar / Nas cinzas vencer". O
refrão principal é muito forte, apesar do verso "Quem me viu chorar,
vai me ver sorrir" idêntico ao samba de 2012 da Grande Rio - talvez o
verso foi replicado no contexto da superação. A grande sacada do mesmo refrão é
o verso final "O brilho no olhar voltou" que descreve o novo
momento que a escola vive. Zé Paulo Sierra faz uma ótima gravação, sendo um dos
grandes destaques e referendando sua grande fase. A Furacão Vermelho e Branco,
que volta a ser comandada por Mestre Ciça, atuou apenas na segunda passada, com
andamento bem a frente e sem abrir mão de algumas bossas. - NOTA: 9.9 |
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