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Os sambas de 2018 por Marco Maciel As avaliações e notas referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile A
GRAVAÇÃO DO CD - A
fase de sambas concorrentes para 2018 foi um período de muitas
queixas, devido ao festival de
introduções intermináveis nas
gravações dos compositores antes do início do canto do
samba-enredo. O exemplo mais clássico da temporada foi o
registro do samba que viria a ser vencedor no
Salgueiro. No entanto, a produção do CD oficial do Grupo
Especial não deu muito ouvidos às
reclamações. Voltando
a ser a faixa 1 do CD depois de 21 anos, a Mocidade não
aproveitou a chance de abrir o CD da forma mais adequada.Vamos
supor que você leve o CD do Carnaval para uma festa num
lugar qualquer. O povo já espera a bateria com o grito de
guerra, ou até mesmo um curto alusivo cadenciado. Ao colocar o
disco, a primeira coisa que se ouve é uma interminável
introdução ao som de um violão, com Wander Pires
lentamente entoando o refrão principal. Por mais que todos
os presentes no estúdio tenham se emocionado com o longo
alusivo, o
expediente acaba afastando o ouvinte mais sedento em conhecer o samba
que será cantado, pois na brincadeira se perde mais de um
minuto (mais precisamente 70 segundos). Não é um
cartão-de-visitas dos mais
recomendáveis para um CD de samba-enredo, ainda mais num momento
em que o gênero tenta recuperar seu status glorioso de outrora,
com uma boa safra enriquecida por músicas de enredos de protesto
contra os cortes e atentados à cultura popular por parte
do bispo que se aventura como prefeito do Rio de Janeiro. A
interminável introdução do belíssimo samba
da Mocidade também atrapalharia uma execução
radiofônica, por exemplo.
Para quem quiser editar os primeiros dispensáveis 70 segundos da
faixa, um Audacity
resolve facilmente.
Sobre a gravação, a maior diferença com relação aos últimos registros, igualmente realizados na Cidade do Samba desde 2010, é a maioria das agremiações optando pela bateria completa apenas na segunda passada. Somente Mocidade, Portela, Grande Rio e Império Serrano utilizam nas duas. O som das baterias segue um tanto abafado, nem todos os instrumentos são audíveis com perfeição (como nos registros dos anos 90). Exceto na faixa da Mangueira (e talvez Mocidade e Grande Rio), o andamento de todos os sambas no álbum é adequado. A safra marcada por um Carnaval que sairá com muitas dificuldades devido ao descaso do prefeito com o espetáculo gerou os já mencionados sambas-enredo de protesto, todos eles entre os melhores do ano, como Mangueira, Beija-Flor e Tuiuti. A Mocidade, que ganhou na moeda da Portela o direito de abrir o CD, possui o melhor samba da temporada. A Águia, bem como Salgueiro e Imperatriz, também apresentam belos hinos. Uma curiosidade: é o primeiro disco do Grupo Especial que não terá a voz de Wantuir desde 1996. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9 (Marco Maciel). 1 - MOCIDADE - "Desobedecer pra pacificar". Logo em sua primeira audição, percebemos um samba diferenciado,
cuja melodia procura fugir do lugar comum. A obra conquista o ouvinte
rapidamente, com uma letra perfeita que segue a fórmula do
grandioso samba-enredo de 2017, misturando elementos do samba (e
também
da própria história da Mocidade) com a cultura usada como
tema, funcionando como uma ótima solução para
valorizar os sempre contestados enredos CEPs. Versos como "os filhos de Gandhi também são brasileiros", "e trouxe a Índia ao Gantois da mãe querida" (clara referência ao tema de 1976 da escola), "desobedecer pra pacificar, como um dia fez a Índia" e "pela tolerância entre os desiguais" já nasceram antológicos. O lindíssimo refrão do meio cita "esse povo de Vera Cruz", também se remetendo ao primeiro campeonato da verde-e-branco, que em 1979 cantou "Vera Cruz, Santa Cruz...". O único porém da letra, o "Deite e Holi" presente na versão dos compositores, felizmente foi alterado, pois o trocadilho destoava do restante da poesia.
A melodia é de uma felicidade ímpar, com uma
dolência aliada à valentia, valendo a pena cada
audição, fluindo tão bem que dá pra se
tirar de letra as expressões indianas espalhadas na hora do
canto do hino. A segunda parte curta funciona muito bem como
preparação para a explosão do vibrante
refrão principal. Tirando a exagerada introdução
já
citada, Wander Pires mais uma vez nos brinda com uma grande
interpretação. Melhor samba do Grupo Especial e favorito
ao Estandarte. Namasté! NOTA
DO SAMBA: 10 (Marco Maciel).
2 - PORTELA - "Vamos simbora, povo vencedor".
A opção dos compositores foi deixar de lado as melodias
estilo exaltação que predominavam os últimos
sambas portelenses, utilizando um
tom mais semelhante ao cancioneiro nordestino para contar a
história de como imigrantes pernambucanos teriam ajudado a
descobrir Nova York, com direito à enfrentarem piratas durante a
navegação. A letra do samba enfatiza a auto-estima
elevada do portelense depois da quebra do longo jejum, com um "Vamos simbora, povo vencedor"
envolvente e chamativo que serve muito bem como chamariz para a
ótima música que virá pela frente, além do "22 vezes minha estrela lá no céu"
cuja explosão promete fazer o portelense cantar a plenos
pulmões. Aliás, ao invés de um refrão do
meio padronizado (há um mais curto, situado perto do fim do
hino), o samba é caracterizado por vários
estribilhos (bis de um único verso) espalhados, gerando um
efeito que se assemelha ao clássico "Yayá do Cais
Dourado" (Vila Isabel/1969) de Martinho da Vila. O resultado final
é muito bom e a grande atuação de Gilsinho
consolida a bela sequência de hinos que a Portela traz pra
Sapucaí desde 2012. Por fim, a Águia utiliza pela
primeira vez num disco oficial o célebre "Hino da Portela" de
Chico Santana como alusivo. Curiosamente, o verso "Eu tenho saudade/desperta oh grande MOCIDADE" foi suprimido na edição. Coincidência com o ocorrido no turbulento Carnaval 2017? NOTA
DO SAMBA: 9,7 (Marco Maciel).
3 - SALGUEIRO - "Firma o tambor pra rainha do terreiro". O crescimento gigantesco que o samba obteve com o banho de estúdio do CD aos poucos faz o salgueirense apagar da memória o conturbado concurso de samba-enredo para 2018. E não é apenas pelo mérito dos produtores: a obra da Academia que exalta a mulher negra é extraordinária. O registro sem brilho da versão dos compositores subtraiu a força do excelente refrão principal, que no álbum oficial aparece com o destaque que merece. Impressiona as ótimas variações ao longo do valente hino, que não cansa em nenhum momento e, pelo menos no meu caso, motiva acionar o repeat no player. A melodia vai crescendo a cada verso, com uma boa primeira parte, um envolvente refrão do meio, e a segunda parte que, entre tantos bons momentos, possui o melhor trecho da música, que é a sequência "Oh matriarca desse cafundó/A preta que me faz um cafuné/Ama de leite do senhor/A tia que me ensinou/a comer doce na colher", cuja simplicidade da letra é encantadora. Aliás, a parceria de Xande de Pilares (que, pra variar, participa do registro) volta a ter um bis suprimido na segunda em relação à versão original, assim como em sua última vitória (Sinhá, 2015), a fim de favorecer o andamento da obra. O já veterano Leonardo Bessa tem uma ótima atuação, ajudando os estreantes Tuninho Júnior e Hudson Luiz a também contribuírem para a excelente gravação. Pra encerrar, é arrebatadora a participação mais do que especial da salgueirense Zezé Motta no alusivo. De emocionar! NOTA DO SAMBA: 9,8 (Marco Maciel). 4 - MANGUEIRA - "Pecado é não brincar o carnaval". O andamento mais equivocado do CD está na faixa da verde-e-rosa. A linda e classuda melodia do samba-enredo acabou abafada pela aceleração exagerada, que marcheou a obra no álbum. O tema originado do corte de verba por parte do prefeito carioca tece a crítica na medida certa, com sutileza e poesia, como na grande sacada em "não me leve a mal/pecado é não brincar o carnaval", uma genial ironia (sem precisar citar o nome de uma certa igreja, graças a Deus!) ao fundamentalismo religioso que o atual alcaide tenta impor à Cidade Maravilhosa, apesar deste nunca admitir publicamente. É um samba impulsionado por curtos refrães espalhados, com as demais partes envolventes nos remetendo às mais lindas canções da MPB e melodia bem variada, que também lembra pagodes em alguns momentos (como em "firmo na palma da mão/cantando lalalaiá"). O refrão do meio possui uma levada nostálgica, estaria tranquilamente num velho LP do gênero com destaque. O último bis antes do refrão principal é perfeito antes de fazer este explodir. Ciganerey e Péricles têm ótimas atuações, o porém fica mesmo para o andamento aceleradíssimo. NOTA DO SAMBA: 9,9 (Marco Maciel). 5 - GRANDE RIO - "A Grande Rio é o Cassino do Chacrinha". A Tricolor de Caxias infelizmente dá motivo para o aumento do ranço do internauta bamba com relação à escola, que há tempos deixou de se preocupar com a qualidade de suas obras e nunca mais apresentou uma sequência requintada como nos anos 90. O samba que homenageia Chacrinha é descompromissado, com a letra tendo como única preocupação citar bordões do Velho Guerreiro se despreendendo de linearidade, além de recordar canções aleatórias que se apresentavam nos programas de Abelardo Barbosa. A melodia não possui nenhum momento diferenciado, sendo apenas funcional, estilo "pipoca" do jeito que Emerson Dias aprecia. Mesmo sendo o samba mais fraco do grupo, é divertido e promete funcionar na avenida, muito pelo apelo do falso refrão gingado que lembra o famoso frevo que funcionava como RG para Chacrinha. Sobre algumas particularidades na letra, "se é Maria ou João, deixa pra lá" não deixa de acentuar o politicamente correto vigente. Já o verso "Recife... em Surubim nasceu o Deus menino" soa estranho, com o canto estendido da capital pernambucana ficando solto e tendo pouca relação com a sequência, já que outra cidade é citada a seguir. Por mais que o hino seja marcheado, ainda assim a Invocada optou por um andamento mais cadenciado no CD. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Marco Maciel). 6 - BEIJA-FLOR - "Vem ver brilhar mais um menino que você abandonou". O outro tema de protesto da chave principal gerou mais um samba grandioso na safra. Com uma letra em primeira pessoa em tom de lamento, a crítica ao atual desgoverno do Rio de Janeiro é explícita, de maneira a acertar o rim do bispo licenciado e de todos os demais pastores aproveitadores. A melodia segue o tom nilopolitano de levada pesada, no entanto com mais dolência. A primeira parte apresenta o sofrimento do monstro de Frankenstein representado na sinopse, relegado à ambição do verdadeiro "monstro" carregado de intolerância. Os refrães são fortíssimos, principalmente o do meio, cuja letra que ataca os templos é um achado. Trechos como "pois não entendo sua fé" e "me chamas tanto de irmão/e me abandonas ao léu/troca um pedaço de pão/por um pedaço de céu" são a síntese da exploração à fé alheia que infelizmente ludibria tanta gente e enche os bolsos de quem não merece. A segunda cita as mazelas provocadas pelos governantes, fechando a obra, no momento de mais emoção, com a exaltação ao samba como canto de resistência. O último verso "Vem ver brilhar mais um menino que você abandonou" me lembra o clássico da São Clemente de 1987 "Capitães do Asfalto", que retratou o menor abandonado. O samba interpretado brilhantemente pelo velho Neguinho dispensa a sinopse para o entendimento do tema, fruto de inspiração ímpar dos compositores, servindo perfeitamente como o triste retrato atual de nosso país, cujos poetas são historicamente habituados a tecerem obras antológicas em períodos de maior adversidade. NOTA DO SAMBA: 9,9 (Marco Maciel). 7 - IMPERATRIZ - "Quero-quero ver onça pintada". Como já é de praxe, a Imperatriz apresenta mais um samba inspirado, driblando a complexidade do tema sobre os 200 anos do Museu Nacional que gerou uma sinopse repleta de citações. Ainda assim, os compositores conseguiram uma bela obra de melodia lírica e dolente, mas com o excesso de informações inevitável e letra extensa. Os refrães são fantásticos, principalmente o do meio. As excelentes variações melódicas tornam a audição do samba-enredo agradabilíssima, sobretudo no começo da segunda parte, que em termos de musicalidade é um primor. Entretanto, este mesmo trecho é difícil de cantar, em virtude de versos eruditos com palavras pouco convencionais como "onde um solfejo lindo da cantora de Amon", além de outros vocábulos nada comuns espalhados pela segunda, como "bororós", "chimus" e "grimpas". Mas nada que comprometa a beleza do samba-enredo, defendido de forma segura por Arthur Franco que, para delírio dos saudosistas, relembra o famoso alusivo oriundo do samba de 1991 "O meu sonho de ser feliz/vem de lá sou Imperatriz". NOTA DO SAMBA: 9,7 (Marco Maciel). 8 - UNIÃO DA ILHA - "Juntando a fome com a vontade de vencer". O tema sobre culinária gerou um samba apenas correto pelos idos da Ilha do Governador. Ito Melodia como sempre insere uma atuação que alia descontração e técnica, valorizando qualquer tipo de obra. A maior particularidade do samba-enredo é a sequência de quatro versos com melodia diferenciada em plena primeira parte ("Eita tempero bom..."), servindo como um falso refrão na metade da primeira. Na sequência, apenas quatro versos servem de transição para o refrão do meio, gerando um efeito interessante. Na segunda, a alteração que resultou no verso "Ilha, prepara a mesa do bar, faz a festa" gera um erro de métrica, mas pelo menos em termos de letra dá inicio ao melhor trecho poético do samba, com boas sacadas como "Duas pitadas de amor, eu e você/Juntando a fome com a vontade de vencer". Mas é um hino muito aquém da história insulana. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Marco Maciel). 9 - SÃO CLEMENTE - "A mais bela arte o samba me deu". Estreando como carnavalesco do Grupo Especial do RJ, podemos considerar que Jorge Silveira está "reeditando" seu enredo sobre a história da Escola de Belas Artes agora no "Carnaval Real". Oriundo do Carnaval Virtual, Jorge já utilizara o mesmo tema na escola Mocidade Imperiana na LIESV em 2012, no chamado "maior espetáculo da tela". Sobre o samba, é outro que cresce muito na gravação oficial, principalmente pela excelente atuação de Leozinho Nunes, de longe seu melhor e mais seguro e vibrante desempenho no CD desde sua estreia em 2016. A melodia num todo é funcional, mas há muitas partes a serem destacadas. O refrão principal tem a ousadia de fechar num tom menor ("deslizam no meu papel") e ainda assim funcionar bem como transição para a primeira, que tem um verso de cabeça com um bom efeito ("Vem ver, convidei Debret"). A virada da melodia do refrão do meio também me agrada, sendo bastante arrojada em "Viu no tom a negritude/viu no índio a atitude/O esplendor de uma nação". A segunda parte é mais dolente e o último verso que cita o título do enredo "Academicamente popular" tem uma clara falha de métrica. Mas a faixa ficou excelente no disco. No final dela, Ricardo Almeida Gomes, irmão do presidente Renatinho e recentemente falecido, é homenageado. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Marco Maciel). 10 - VILA ISABEL - "O povo do samba é vanguarda popular". O enredo de Paulo Barros sobre invenções e o futuro não gerou um samba dos mais inspirados pelos lados da terra de Noel. Sua letra é extensa, entretanto a maioria dos versos não explica muita coisa, com alguns clichês que deixam o samba cansativo, principalmente na prolixa segunda parte. O refrão principal é o trecho mais interessante da obra, por citar as localidades da escola, além de dois clássicos de Martinho da Vila: "Ai que saudades que eu tenho" (samba derrotado em 1977 - "Minha Vila tá legal") e "Quatro Séculos de Modas e Costumes (1968 - "O moderno e o tradicional", verso inserido no contexto). Tendo André Diniz como um de seus autores (apesar de não ter assinado na época da disputa), nota-se seu dedo na melodia em versos como "brilha no meu ser", de canto mais estendido com relação aos outros. Se a obra é burocrática, na faixa temos mais uma grande atuação de Igor Sorriso, o que não é novidade. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Marco Maciel). 11 - UNIDOS DA TIJUCA - "Oh mestre da arte de contracenar". O samba que homenageia Miguel Falabella ganhou um ótimo registro no CD, de belas cordas que aparecem por toda a faixa reforçando a boa melodia. O hino tem as características dos últimos sambas levados pela agremiação, porém dolente em muitos momentos. É um samba-enredo fácil de cantar, de dois refrães leves e as demais partes sem tantas ousadias, mas de boa fluência e audição agradável. A primeira parte cita as lembranças do ator presentes na sinopse e a segunda enumera as principais atrações capitaneadas por Falabella na televisão, pra fechar com a sugestiva sequência "as lágrimas de outrora já não rolam mais/se rolarem é emoção", mencionando os tristes acontecimentos do desfile de 2017. Tinga, em mais um excelente desempenho no disco, corrobora sua grande fase. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel). 12 - TUIUTI - "Onde mora a senhora liberdade não tem ferro nem feitor". Único samba do grupo encomendado, os compositores aproveitaram o tema que discute se a escravidão foi extinta ou não (cujo título do enredo é uma frase do clássico "Sublime Pergaminho" da Unidos de Lucas/1968) para tecer uma grandiosa poesia em forma de samba-enredo. A letra rebuscada em primeira pessoa é o grande destaque da obra, com a melodia tentando acompanhar sua beleza, sendo emocionante e dolente, ainda que com pequenos problemas de métrica em um verso ou outro. O maior arrojo são os dois refrães de quatro versos em sequência, que servem de transição do fim para o começo do hino. A cabeça é arrebatadora em termos poéticos: "Irmão de olho claro ou da Guiné/Qual será o seu valor/Pobre artigo de mercado/Senhor, eu não tenho a sua fé/e nem tenho a sua cor/Tenho sangue avermelhado". Outros versos de destaque são "E assim quando a lei foi assinada/Uma lua atordoada assistiu fogos no céu/Áurea feito o ouro da bandeira/Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel". Há quem diga que o gênero samba-enredo está defasado... No CD, um trio de estreantes no Grupo Especial do RJ. Nino do Milênio ganha as companhias de Grazzi Brasil e Celsinho Mody, oriundos do Carnaval paulistano. Nino e Grazzi cumprem muito bem seus papéis na bela faixa (com a intérprete da Vai-Vai emocionando no alusivo), mas a atuação de Celsinho na primeira passada cantando a segunda parte é de arrepiar. Uma pena que o atual cantor da Tatuapé, um dos maiores intérpretes da atualidade no Carnaval brasileiro, não aparece tanto na passada seguinte. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Marco Maciel). 13 - IMPÉRIO SERRANO - "Deixa o povo cantar, matar a saudade do Império Serrano". Pela primeira vez participando da gravação na Cidade do Samba, já que sua última aparição no Grupo Especial tinha sido em 2009 (último ano do registro integralmente em estúdio), o Reizinho de Madureira abrirá o Grupo Especial com um bom samba, o melhor possível para o contestado tema sobre a China. É um hino forte e valente, adequado pra quem será a primeira de domingo, com ótimos refrães, uma primeira parte de conjunto melódico apenas correto e uma belíssima segunda, mais lírica e bem arrojada a partir de "sua fortaleza é o que me faz seguir", cuja melodia lembra o toque do agogô, numa bela sacada. Sem mais ter muito o que falar da China, os últimos versos acabam sendo de exaltação, citando o samba de quadra "Serra dos meus Sonhos Dourados" (de Carlinhos Bem-Te-Vi) e o hit "Meu Lugar" (de Arlindo Cruz e Mauro Diniz). O resultado final da faixa é interessante, com Marquinhos Art Samba tendo uma boa condução. Aliás, Art Samba é o primeiro intérprete imperiano a permanecer por dois anos seguidos na escola desde Gonzaguinha em 2008/2009. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel). |
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