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Os sambas de 1978

Os sambas de 1978

A GRAVAÇÃO DO DISCO - A partir do álbum de 1978, o formato da gravação da bateria nos discos de sambas-enredo seria o que predomina até hoje: com os tamborins em destaque. Até o disco de 1977, a bateria possuía um som bem mais distante e inexpressivo, onde se destacavam apenas os pandeiros, surdos (de forma discretíssima) e, é claro, os agogôs - tocados de uma maneira bem tradicional. O cavaco e a cuíca, obviamente, sempre estiveram presentes. 1978 inaugurava no disco o balanço da bateria de escola de samba que hoje todos conhecem. Além dos tamborins, que finalmente tinham espaço nos antigos bolachões, a cuíca era a que mais se destaca no disco de 1978, junto com os pandeiros - encarregados do som de fundo. Os cavacos são tocados num tom sempre agudo. Temos uma safra interessante no ano de 1978, formada por clássicos como os sambas de União da Ilha (quem não conhece?), Beija-Flor e Salgueiro, e os demais, no geral, não sendo tão qualificados assim, salvo algumas exceções. O formato de canto é o mesmo: intérprete na primeira passada e coral na segunda e na terceira (União da Ilha, Arrastão de Cascadura e Vila Isabel gravaram seus sambas em três passadas completas, já que ambos são curtos, para preencher o espaço de quatro minutos de faixa no disco por escola). NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Mestre Maciel).

1978 foi um ano totalmente atípico em matéria de samba enredo. As escolas que sempre traziam grandes sambas, como Portela, Vila e Império Serrano, escolheram obras lamentáveis, que figuram entre os piores sambas de suas histórias. Por outro lado, Beija Flor e Mocidade, mais conhecidas por seus desfiles quentes do que por seus sambas, escolheram ótimas composições. Além disso, tivemos a estréia de Arrastão de Cascadura e Arranco no Grupo 1-A, até então escolas em ascensão, mas que acabaram não se firmando entre as grandes - ambas foram rebaixadas e só o Arranco voltou a desfilar na elite, em 1989. Na verdade, 1978 marca o início da transição para o estilo de samba-enredo dos anos 80. Os sambas dos anos 70, principalmente após "Pega no Ganzê", tinham como característica serem muito curtos, com refrões extremamente simples e fáceis de lembrar. Os sambas de 78 são um pouco mais longos, apesar dos refrões ainda não serem tão elaborados. O disco é bem produzido, os sambas estão numa cadência mais agradável que do LP do ano anterior, e a distribuição das faixas acaba fazendo as coisas fluírem, apesar de a safra ser de qualidade muito ruim. Fez falta o belo samba da Imperatriz, que tinha sido rebaixada no ano anterior. Destaque para Beija-Flor e Salgueiro. (João Marcos).

A capa do LP do Grupo Especial de 1978 é enigmática. Mostra baianas evoluindo, porém não sabemos de qual agremiação elas pertencem. Teria que ser da campeã do carnaval de 77, a Beija-Flor (desde o álbum de 1977 a campeã do ano anterior é ilustrada na capa). No entanto, a escola desfilou sob a luz do sol, o que prova que aquelas baianas são de outra escola que desfilou à noite. De 78 a 82, a Top-Tape faz uma menção honrosa aos verdadeiros personagens do nosso carnaval. Dentro do LP, as baianas de todas as escolas participantes foram homenageadas. Finalmente a qualidade de gravação chegou ao nível ideal. Um verdadeiro show da bateria. Cuíca, pandeiro, tamborins dão um toque de requinte ao apreciador. Infelizmente a safra dos sambas divide-se em 50% para sambas acima da média e 50% para sambas muito abaixo da média. Destaque para os sambas da Beija-Flor e Salgueiro. Vila e Império Serrano com sambinhas muito fracos caíram juntamente com a dupla arra (Arranco e Arrastão) que estrearam juntas e caíram juntas. Ahhh...já estava esquecendo: Sapucaí ano I! NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Luiz Carlos Rosa).

O ano de 1978 marcou o 10º aniversário das gravações anuais de discos de sambas-enredo, tradição que, a essa altura, já era destaque absoluto na história da discografia da MPB. Esse vinil é, não só um dos discos mais populares de sambas-enredo da história, como também um dos mais inusitados. A começar pela produção, que deu uma tremenda revira-volta em relação aos LPs de apenas oito, nove ou dez anos antes. A partir desse ano de 1978, as gravações dos discos melhoraram muito, o que é completamente contraditório a precária qualidade dos vinis anteriores. A bateria passou a ter os tamborins como instrumentos principais, fato que vem se mantendo até os dias de hoje, visto que antes eram principalmente os surdos e os repiques que ficavam encarregados desta função. O restante da bateria passou a apenas fazer o fundo musical das faixas, sendo que o cavaco, a cuíca e o agogô ainda continuaram como acompanhantes do instrumento principal. As vozes dos intérpretes (sempre muito bem auxiliados pelas tradicionalíssimas pastoras, é claro!) também ganharam um destaque imenso no LP. Todas essas mudanças tornaram a gravação do disco em geral muito bem audível, ganhando um som extremamente cadenciado. Quanto a safra, ela me faz lembrar muito a de 1973: uma metade é boa, enquanto a outra é desastrosa. Os bois-com-abóbora realmente infestam esse vinil e por mais incrível que pareça, muitos deles vem de agremiações gloriosas, como Portela, Império Serrano e Vila Isabel. As grandes obras-primas do ano vem, em especial, da Beija-Flor e do Salgueiro. NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Gabriel Carin).

1A - BEIJA-FLOR - Na minha opinião (e também da maioria), o melhor samba da escola de todos os tempos! Fruto de uma fusão entre dois sambas, o seu único refrão é bem contagiante e a parte restante possui melodia envolvente, bem variada, com letra bem feita e que descreve perfeitamente o enredo (Mazinho e Gilson escreveram todo o samba, com exceção do refrão). A Beija-Flor, que se consagraria em 1978 tricampeã do carnaval através da brilhante mente de Joãosinho Trinta, desfilou pela segunda vez com um samba de autoria de Neguinho da Beija-Flor, compositor do refrão. Como naquela época era comum um dos compositores do samba-enredo gravá-lo no disco, independente se o puxaria na avenida ou não, Neguinho fez a sua segunda participação em discos oficiais (estreou em 1976 e não gravou no ano seguinte) repetindo o mesmo grito de guerra da estréia em 1976: "Olha o Beija-Flor aí gente" (tirando o "minha gente" da estréia). Isso mesmo, Neguinho dizia o nome da escola no gênero masculino. O feminino, que predomina até hoje, estrearia no disco em 1982. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

A escola tinha apresentado, nos anos anteriores, sambas populares, porém medianos, apostando tudo na qualidade do trabalho de Joãosinho Trinta. Desta vez, no entanto, os compositores acertaram a mão e o resultado é magnífico - o melhor samba do ano, o melhor samba da história da Beija-Flor, a trilha sonora perfeita para o primeiro tricampeonato da escola. A letra passa com clareza o enredo extremamente complexo, e o refrão tem uma força extraordinária. Sambaço. NOTA DO SAMBA: 10 (João Marcos).

"Bailou no ar/um ecoar de um canto de alegria..." atire a primeira pedra quem nunca ouviu este verso apoteótico!?!? Faz parte do melhor samba enredo da história da Beija-Flor. Tudo bem que o samba ajudou na conquista do tri-campeonato, mas e o desfile??? Quando a agremiação nilopolitana adentrou na Sapucaí, a perplexidade foi geral. "Como uma escola pequena conseguiu em tão pouco tempo se tornar uma super escola de samba? Por que tanta suntuosidade, se o carnaval se ganha com garra, amor e samba no pé?". Em resposta a alguns críticos que o carnavalesco Joãozinho Trinta soltou a célebre frase: “povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual!". E assim J30 fez história no carnaval. Tambem pudera. O homem naquele instante tornava-se pentacampeão particular (Salgueiro 1974/75 e Beija-Flor 1976/77/78). Falando do samba, por ser afro, geralmente sobressai mais a melodia do que a letra, até por que teríamos que ter em mãos um dicionário de palavras afros. Porem este sambão tem uma letra descritiva e bem construída. As variações melódicas são o ponto positivo desta obra. A parte "Olorum/senhor do infinito/ordena que Obatalá/faça a criação do mundo" é de arrepiar. Seu único refrão é inesquecível. E com o suingue da cuíca (a partir da primeira passada) e os atabaques dão um tempero gostoso a esse sambão. NOTA DO SAMBA: 10 (Luiz Carlos Rosa).

Um dos melhores sambas de todos os tempos! "A criação do mundo na tradição nagô", além de ser o melhor samba-enredo composto pelo mestre Neguinho, também é, na minha opinião, a melhor trilha sonora já cantada em todos os desfiles de Joãosinho Trinta. Possui uma letra perfeita, muito bem construída, capaz de utilizar diversos termos africanizados com uma facilidade imensa. A melodia, repleta de adornos típicos dos sambas de outrora, tem uma força descomunal, com destaque ao fantástico trecho "Olurum! Senhor do infinito...", riquíssimo em variações. O único refrão é genial, feito justamente para causar um impacto gigantesco no ouvinte. Não me surpreendeu sua funcionalidade no desfile da escola, onde J30 decidiu unir pioneiramente o altíssimo luxo proporcionado pelo bicheiro Anísio Abraão David com a garra da comunidade nilopolitana. Obra-prima da Beija-Flor, que conseguiu, sem muito esforço, um merecidíssimo tricampeonato! NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 

2A - MOCIDADE - Samba marcante e animado, de letra criativa e excelente melodia com variações fantásticas! Seus três refrões são adoráveis. Com a estréia dos tamborins no disco de samba-enredo, estes instrumentos nas mãos dos Herdeiros de André ditam o ritmo do samba no LP. "Brasiliana" sempre é lembrado como um dos grandes sambas da Mocidade. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).

A Mocidade tinha se destacado em matéria de samba enredo por apresentar obras um pouco diferentes de suas co-irmãs, com um estilo um pouco mais tradicional, como "Mãe Menininha do Gantois" e "A Festa do Divino". Entretanto, ela queria se impor entre as grandes - tinha um patrono investindo pesado, um carnavalesco de primeira... Por isso, precisava se adequar aos novos tempos. Em 77, errou a mão e apresentou uma marchinha sem vergonha, que afundou a escola. Em 78, entretanto, a escola conseguiu atingir seu objetivo - "Brasiliana", de Djalma Santos, Loiola e Domenil, é um perfeito exemplo de ótimo samba da década, com refrões curtos, letra compacta, fácil de lembrar. O samba não é uma obra-prima, mas empolga sem ser oba-oba. NOTA DO SAMBA: 9,1 (João Marcos).

Mais um belo samba da Mocidade, o último da era pré-titulos. “Brasiliana", apesar da quantidade de refrões (quatro), é no geral um samba competente. Letra bem elaborada e melodia valente. Gosto do refrão inicial "ei,terra chão/terra chão/nosso céu azul de anil". Desta vez o saudoso Ney Vianna interpretou à vontade, já que no ano anterior foi literalmente atropelado pelo coral de pastoras. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Luiz Carlos Rosa).

Ano maravilhoso para a Mocidade! Digo isso pelo desfile suntuoso que a escola fez naquele carnaval com uma fantástica temática sobre o folclore brasileiro, que marcou o retorno de Arlindo Rodrigues a agremiação. A Mocidade conseguiu um excelente terceiro lugar após um riquíssimo espetáculo de beleza e bom gosto apresentado na avenida. Quanto ao samba, ele, sem dúvida, contribuiu para a realização de tal façanha. Afinal, ele é, para mim, um dos melhores da história da Mocidade. A letra é mágica, visto que utiliza inúmeros fragmentos de músicas folclóricas para demonstrar de forma clara que até mesmo o samba da escola entrou no espírito do enredo. Todos os refrões, sem exceção, são sensacionais, sendo que o meu favorito é o inicial ("Ê, terra chão, terra chão/Nosso céu azul de anil"). A melodia, repleta de belas variações, também é destaque absoluto na obra. Sambaço! NOTA DO SAMBA: 9,5 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

3A - UNIÃO DA ILHA - "Como será o amanhã/Responda quem puder/E o que irá me acontecer/O meu destino será como Deus quiser". Quem não conhece este refrão? Sem dúvida é um dos mais populares da Música Popular Brasileira, consagrado por dezenas de regravações. Com esta obra-prima, de letra e melodia simples mas encantadoras, a União da Ilha - que na época emplacava um clássico atrás do outro - conquistava cada vez mais os corações dos amantes do samba. Com enredos bons, bonitos e baratos, e sambas da mesma estirpe, a União da Ilha consagrava-se como uma das mais populares agremiações cariocas. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

Depois de ser proclamada campeã moral de 77, com um samba fantástico e um estilo de desfile que era a perfeita antítese do que era apresentado por Joãosinho Trinta, a Ilha resolveu seguir no mesmo caminho para 78. "O Amanhã" é um dos sambas enredos mais populares da história, provavelmente porque o enredo, por ser abstrato, trata de um tema universal, de uma preocupação inerente a todos os seres humanos. A letra é direta e tem significado. Tecnicamente, entretanto, não tem o mesmo lirismo dos sambas da escola na época. A melodia, em algumas partes, lembra "Os Cincos Bailes da História do Rio", clássico imperiano. É um bom samba, mas não se pode exagerar seu valor. O Boi da Ilha do Governador irá reeditar o samba em 2006. NOTA DO SAMBA: 9 (João Marcos).

"O Amanhã" é um dos sambas mais famosos do nosso carnaval. Muitos artistas da MPB o regravaram, sendo na voz da cantora Simone a obra mais conhecida. É um samba diminuto com apenas 16 versos, divididos em quatro partes - as três estrofes antecedem o refrão único (que por sinal é sensacional). A letra passa a mensagem do samba com enorme exatidão. Com sambas desse tipo que a Ilha ganhava o coração de todos. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Luiz Carlos Rosa).

Briga com "É hoje" (1982) e "Festa Profana" (1989) pelo título de samba-enredo mais famoso da história da União da Ilha. "O Amanhã" é um samba antológico da escola e, mesmo com a regravação da cantora Simone, não é de se admirar muito sua alta popularidade: possui uma letra curta, melodia simples e um refrão carismático. Apesar de sua grande simplicidade, trata-se de um samba excepcional, pois ele aborda de forma clara e concreta o interessantíssimo enredo da escola, que fala sobre a inerente preocupação dos seres humanos em tentar conhecer previamente seus futuros. Na minha opinião, um dos grandes samba da história da Ilha. No desfile, funcionou muito bem, ainda mais com um intérprete da categoria de Aroldo Melodia e com uma bateria excelente, comandada por mestre Ademar. Quanto à apresentação da tricolor insulana, notou-se também alta qualidade do trabalho da então carnavalesca Maria Augusta, que conseguiu fazer milagre com o baixo orçamento da agremiação e confeccionou um carnaval histórico. Esse estilo de desfile apresentado pela União da Ilha nos anos 70 me faz lembrar muito o hoje utilizado por Paulo Barros, onde ambos os carnavalescos chutam as dificuldades financeiras de suas agremiações para escanteio e fazem espetáculos marcantes utilizando apenas suas próprias criatividades. Em 1978, mesmo debaixo de uma forte chuva, a Ilha conseguiu chamar a atenção de todos por seus elevados índices de empolgação e de irreverência. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

4A - ARRASTÃO DE CASCADURA - Este diminuto samba de linhas esporádicas me agrada muito. Sua melodia possui um jeito de marchinha, apesar do estilo cadenciado que o samba-enredo é executado no disco. Mas a Arrastão de Cascadura, na única vez em que desfilou entre as grandes do carnaval carioca, levou para a avenida um samba delicioso, de canto e audição agradabilíssimos. Volta e meia me vejo cantando o gostoso refrão principal "Plantando cidades em cada rincão/Maria-Fumaça conquista o sertão". O belo refrão central "Lá vai o trem..." também não fica devendo em nada. A escola, que ingressou no desfile principal com apenas cinco anos de vida (fora fundada em 1973), acabou não se firmando na elite, ficando com status de grande promessa. Mesmo inexpressiva nos dias de hoje (se encontra atualmente no Grupo C), tem uma boa safra de sambas-enredo. Possui um Estandarte de melhor samba do Acesso conquistado em 1989, além de mais dois sambas muito bonitos: o de 1985 (esse uma obra-prima) e o de 1995 (Frevança, um samba bem dançante e envolvente). NOTA DO SAMBA: 9,2 (Mestre Maciel).

Um samba no estilo dos anos 70, com um refrão curto e fácil de lembrar: "Plantando cidades em cada rincão / Maria-fumaça conquista o sertão". O refrão é o que a obra tem de melhor. A melodia é frágil e a letra fraca. O samba deve ter se arrastado na avenida. Depois deste desfile, a escola nunca mais voltou a desfilar entre as grandes. NOTA DO SAMBA: 6,5 (João Marcos).

Fazendo a sua estréia na única vez que desfilou no grupo de elite, a campeã do Acesso A 77 apostou num enredo fácil para desenvolver um samba digamos acima da média. No entanto, gerou um sambinha fraco. A melodia não impressiona e a letra peca no simplismo barato. É verdade que cita algumas "Marias", mas e as suas histórias? Os refrões é que dão uma segurada no ouvinte. A "maria fumaça" pode até ter conquistado o sertão, mas não a mim! NOTA DO SAMBA: 6,5 (Luiz Carlos Rosa).

Eu pessoalmente assumo que nunca vi graça alguma em absolutamente nada neste samba! "Talaque, talaque, o romance da Maria-Fumaça" é um sambinha fuleiro, de melodia pobre e letra paupérrima. O refrão "Plantando cidades/Em cada rincão/Maria fumaça/Conquista o sertão", elogiado acima pelos demais colegas do Sambario, é, para mim, justamente uma das piores partes do samba. As outras partes da obra também não me agradam, principalmente a segunda, que é lamentável, pois o samba insiste em apenas citar repetitivamente os nomes das "Marias" descritas no enredo da escola. Isso fica mais claro ainda ao analisar o último verso do samba ("Quantas estórias pra contar!"). A partir dele, pergunto aos compositores: cadê então essas estórias? Elas não deveriam constar no samba? Para terminar, o intérprete Adilson Madureira, que canta o samba no LP, também é um verdadeiro desastre. A agremiação realmente não soube aproveitar bem sua única oportunidade de estar no Grupo Especial, o que é milagroso, levando em conta que a Arrastão da Cascadura só havia se transformado em escola de samba apenas quatro anos antes. NOTA DO SAMBA: 5,7 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

5A - PORTELA - O segundo samba-enredo composto pela dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia, que tanta polêmica causou em 1974 (quando a diretoria nomeou a dupla - consagrada em boleros e que nunca havia feito um samba na vida - como a oficial da Portela no ano, irritando compositores e integrantes portelenses), é considerado por muitos como o pior samba-enredo da história da Portela. As críticas feitas a "Mulher à Brasileira" pelos bambas são ferozes e exageradas. O samba não é tão ruim assim! Pelo contrário, até gosto! Sua melodia é emocionante e a segunda parte do samba é linda (a primeira me agrada também). Só o refrão "Olê olá" que é fraco. Aliás, como ele diz: "Podem falar, mas" acho o hino portelense de 1978 um grande samba-enredo. Não vejo defeitos relevantes nele. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

A escola vinha numa seqüência impressionante de sambas excelentes nos anos 70. Vinha. Em 78, a Portela apresentou o pior samba de sua história, uma obra que causa vergonha e embaraço a qualquer um que tenha um mínimo de conhecimento sobre o assunto. Os sambas concorrentes que perderam para este lixo, como os de Noca, Luis Ayrão e David Correa, acabaram aparecendo em Lps de grandes sambistas. Todos eram muito superiores. A dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia, que tinha acertado a mão em 74, não era bem vista na escola, mas seu samba foi empurrado goela abaixo da comunidade. A obra é ridícula, com refrão forçado, com uma letra mal construída e uma melodia simplória. O samba é uma desgraça, que só não ficou pior porque Silvinho do Pandeiro era um intérprete brilhante e conseguiu dar algum sentido a esta coisa horrorosa. NOTA DO SAMBA: 3,2 (João Marcos).

Se falarmos de sambas de enredo da década de 70, a maioria dos sambistas concordarão comigo: a melhor safra é da Portela. A começar pelo longínquo ano de 1970 e relembrar "Lendas e Mistérios da Amazônia", na minha opinião o melhor samba da águia. Em seguida os inigualáveis "Lapa em Três Tempos" de 71 e "Ilu-Ayê" do ano seguinte. Apesar de ser um bom samba, "Pasárgada " de 73 é o "menos sensacional". "O mundo melhor de Pixinguinha" de 74 é tocante.  "Macunaíma" de 75 e "O Homem do Pacoval" do ano seguinte são brilhantes. "Festa da Aclamação" de 77 empolga até quem não é portelense, como eu. E pra fecharmos a década de ouro da águia mais famosa do mundo o estupendo, maravilhoso, "Incrível, Fantástico e Extraordinário" de 1979. Todos esses sambas que citei estão na minha lista particular dos maiores sambas de todos os tempos. Mas o sambinha de 1978 é horrendo. A letra é muito mais muito simples para se falar de mulher brasileira. Comparem letra por letra com o samba da Porto da Pedra "Bendita és tu entre as Mulheres do Brasil" de 2006 e tire a conclusão. E a melodia? É patética, irritante. Seu único refrão (com esse olê, olê, olê ,olá) beira a tosquice. Enfim, um samba pra esquecer! NOTA DO SAMBA: 5,1 (Luiz Carlos Rosa).

Este samba é considerado, até hoje, o pior da história da Portela. Eu pessoalmente discordo que seja "The worst", porém é um dos piores mesmo! O hino de 1978 é assinado pela dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia, também autores do excelente "Pizindim" de 1974. O grande problema desse samba foi a confusão que girou em torno dele naquele ano: a presença da dupla na agremiação não agradava os baluartes portelenses, a obra não era tão boa como a anterior e por incrível que pareça, acabou ganhando nas eliminatória de outros sambas muito melhores (como o de Noca, por exemplo). Isso agravou ainda mais a crise pela qual a Portela passava nos anos 70, gerando o afastamento de vários bambas importantes da escola, como Paulinho da Viola. Em relação ao samba desse ano, ele é um equívoco total. A letra é uma confusão sem fim, pois, além de conter pérolas como "Amor, amor, amor", "Vou cantar para exaltar" ou "Nossa alma fica louca", ela apela exageradamente para um sentimentalismo barato e acaba por ficar apenas "enchendo lingüiça", não narrando em nada o enredo da escola. Além disso, até hoje não entendi o que a mulher é para o samba: é riso, luz, cor, poema ou carnaval? A melodia, apesar de não irritar muito, ainda sim é mal-resolvida, cheia de passagens estranhas, que não colam nos ouvidos dos sambistas. Durante a primeira parte da obra, ela é insegura, pois tenta ser lírica, mas acaba demonstrando um alto nível de fragilidade, apelando demais para a qualidade da atuação do intérprete. Ou seja, o samba não consegue se sustentar sozinho. Entretanto, quando a obra passa para sua segunda parte, do nada, a melodia muda completamente de tonalidade, ficando pesadona, forçada, visto que ela tenta fracassadamente causar algum impacto no ouvinte. Por fim, o samba também possui um refrão de cabeça pavoroso, tecnicamente horrendo, contendo ainda um pra lá de apelativo "Olê olê, olê olá". Felizmente, Silvinho do Pandeiro deu um verdadeiro show no LP e conseguiu aplicar alguma moral a esta faixa. A obra também funcionou muito bem no desfile da Portela, já que é um samba de fácil canto. Mas ainda sim é um hino lastimável! Enfim, um legítimo Boi-Com-Abóbora, no ápice da palavra! NOTA DO SAMBA: 6 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

1B - MANGUEIRA - A verde-e-rosa comemorou seus 50 anos com um carnaval de antecedência, pois segundo Sérgio Cabral, há um documento que prova que a Mangueira fora fundada em 1929 e não em 1928, como todos insistem. A melodia do hino mangueirense de 1978 é bem clássica, lírica e qualificada, sempre é cantada num tom bem acima. Seus dois refrões são lindos, sendo que o central é bastante envolvente. Belo samba mangueirense, com certeza ajudou na obtenção do vice-campeonato! NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

Dizem que este samba funcionou muito bem no desfile. Provavelmente, méritos de Jamelão e dos compositores da escola. Não que seja ruim, mas não tem nada demais. A letra é curta e simples; os refrões bem distribuídos. Mas só. Passa de forma confusa o enredo. NOTA DO SAMBA: 7,8 (João Marcos).

Depois de darmos aquela "virada" básica no bolachão, é a vez "Dos Carroceiros do Imperador ao Palácio do Samba". Simplesmente, o tema sobre os personagens que fizeram histórias nos duvidosos 50 anos da Estação Primeira de Mangueira. O samba num todo é bom de "boca cheia". O ponto alto com certeza é a melodia envolvente. O refrão final "canto a minha história/de um celeiro de bamba/50 anos de glória/estão no palácio do samba" é emocionante, um verdadeiro lacrimário. Dizem que o desfile foi de chorar e, como mangueirense, gostaria muito de ter o visto. Pena que demoraria mais três anos para nascer. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Carlos Rosa).

Depois de amargar sua pior colocação no carnaval carioca até então (7º lugar em 1977), a Mangueira decidiu apostar numa homenagem ao suposto cinqüentenário que a escola estaria completando em 1978. "Dos carroceiros do imperador ao palácio do samba", obra da autoria de Jurandir e Rubem da Mangueira (também autor de "O reino da mãe do ouro"), é um samba bastante envolvente. A letra é simplesinha, porém passa interessantemente bem o enredo proposto. A melodia é rica em variações, com destaque ao belíssimo trecho "Chorava a viola/Em noite enluarada/Samba duro no Faria/Ia até de madrugada". Os refrões são realmente impactantes, principalmente o de cabeça. Um belo clássico mangueirense, que mesmo não sendo uma obra-prima, funcionou muito bem no fantástico desfile da escola. NOTA DO SAMBA: 9 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

2B - SALGUEIRO - Obra-prima do carnaval carioca! De melodia toda envolvente, o samba-enredo salgueirense de 1978 sem dúvida transmite uma impressionante garra. O refrão "Saruê Baiana..." é sensacional, de levantar qualquer astral. Demais as palmas que abrem o samba e os tamborins da Academia mostram força e categoria descomunais, numa bossa fantástica. 1978 também marcou a estréia do intérprete Rico Medeiros (sucedendo a Noel Rosa de Oliveira), que obteve uma grande identidade na escola. Conseguiu uma façanha extraordinária de abocanhar o Estandarte de Ouro de melhor samba, superando as obras-primas da União da Ilha e da Beija-Flor. A sua ausência na coletânea Sony da escola de 1993 é muito estranha. Talvez tal ausência tenha ocorrido pelo fato da escola, que atravessava um horrível período de vacas magras depois da saída de Joãosinho Trinta, quase ter sido rebaixada em 1978 apesar do fantástico samba de enredo. O Salgueiro finalizou a apuração em sexto, e o descenso ocorria a partir da sétima colocada entre dez escolas. Ufa, que susto... Aliás, é um grande exagero rebaixarem de grupo quatro escolas entre dez, não acham? Só pra ficar apenas oito no ano seguinte... NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

1978 marcou a despedida de Fernando Pamplona como carnavalesco do Salgueiro e a estréia de Rico Medeiros no microfone da escola. O samba escolhido tinha uma força impressionante, com um dos refrões mais perfeitos da história, uma melodia extremamente bem construída, ótima letra... perfeito para botar a avenida abaixo e terminar com o reinado de Joãosinho Trinta, que vinha de quatro campeonatos seguidos. Pamplona, inclusive, resolveu escolher o mesmo tema da Beija-Flor, para ganhar da escola de Nilópolis com as mesmas armas. Entretanto, conta a história que o desfile foi problemático e o Salgueiro por pouco não caiu. Ficou o samba, estandarte de ouro do ano, apesar de mais fraco que o da Beija Flor. NOTA DO SAMBA: 9,8 (João Marcos).

Sambão de primeira qualidade! A começar pela marcação de palmas na introdução e o caco “nossa senhora” do estreante intérprete Rico Medeiros. O sambão possui letra impecável do começo ao fim, que conta com clareza o enredo. A melodia tem uma energia fora do comum. A parte "...Ifá mandou exu/o mensageiro/abrir caminhos pelo mundo inteiro" é de arrepiar até as piaçabas da vassoura. É de impressionar também as variações melódicas desta obra, uma das melhores da história do Salgueiro. Se não levou o título, pelo menos o Estandarte de Ouro abocanhou. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Luiz Carlos Rosa).

O segundo melhor samba do Salgueiro na década de 70. "Do yorubá a luz da aurora dos deuses" é uma obra-prima espetacular, que se não é melhor que o hino da Beija-Flor, com certeza, é mais impactante. Isso porque a faixa possui uma força inacreditável, a melhor de todo o disco. Para início de conversa, o samba em si é formidável, com uma letra muito bem construída, abordando o dificílimo tema numa simplicidade gigantesca. A melodia, repleta de subidas e descidas inesperadas, é sensacional, pois nota-se claramente como o compositor Renato de Verdade se esforçou ao máximo para amarrar a letra complexa em variações de qualidade. O refrão de cabeça é genial, um dos melhores da história do carnaval carioca. Além do samba ser surpreendente, a estréia de Rico Medeiros passa um astral imenso ao ouvinte, já que a obra fica mais emocionante ainda aliada a uma interpretação pra lá de pesada do cantor. A bateria, liderada pelo mestre Arengueiro (que foi levado preso pela PM no dia do desfile, não sei por que), deu um show a parte no disco. Para terminar, a introdução, ao som das palmas e do clássico "Nossa Senhora!" de Rico Medeiros, é maravilhosa, dando indícios da verdadeira "explosão" que se segue. Infelizmente, o samba não funcionou nada bem no desfile do Salgueiro, o último confeccionado por Fernando Pamplona. A escola foi muito prejudicada pela invasão de pista e o hino acabou não funcionando. Que pena! Em 1978, por muito pouco o Salgueiro não fora rebaixado. NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

3B - VILA ISABEL - Sem dúvida, o pior samba da história da agremiação de Zé Ferreira e Noel. A Vila desfilou em 78 com uma marchinha bem sem graça. Pra se ter uma idéia, a faixa da escola no disco tem três minutos cravadinhos, ainda assim são cantadas três passadas completas neste diminuto tempo. A música é legal como marcha, não como samba de enredo. O hino de 1978 não se enquadra nem um pouco na característica da Vila Isabel de grandes obras-primas com inovações melódicas. NOTA DO SAMBA: 7,7 (Mestre Maciel).

Quando a Vila Isabel não escolhe samba de Martinho, quase sempre se dá mal. Foi o que aconteceu em 1974 e o que aconteceu em 1978. "Dique, um mar de amor" é o pior samba da história da escola, de melodia irritante, letra curta e refrão sem graça. Para terminar a destruição, no disco o intérprete é um dos autores do samba, Garganta de Ferro, uma das piores vozes que já apareceram em um disco de escola de samba. Resultado: a escola foi rebaixada. Para o carnaval de 2006, Martinho da Vila aparece novamente concorrendo na escola. Veremos se a Vila vai cometer o mesmo erro novamente... NOTA DO SAMBA: 5,4 (João Marcos).

A partir do sambinha da Vila, o LP tem uma notável queda de qualidade no quesito samba enredo, obrigando ao ouvinte a "virar" o bolachão. "Dique, um mar de amor", na opinião de muitos – inclusive a minha - é considerado o pior samba da história da agremiação, repleta de sambas acima da média. Nota-se a precariedade da letra, tanto em poesia como em estrutura. Vendo e revendo a letra do samba, fico me perguntando: cadê a segunda parte do samba? Depois do refrão central, a segunda parte é apenas um verso: "lendas e crenças/vamos mostrar para vocês/oh vovô/por favor conte outra vez" não é ridículo? Parece que falta muita coisa a esclarecer. A melodia é um crime ao bamba. Alem de genérica, as suas variações são de péssimo gosto. E para piorar, somos obrigados a ouvir a horrenda voz do interprete(???) Garganta de Ferro (que honra o nome que tem). Faço carecidamente um apelo: ô vovô, não conte mais nada não, ta? NOTA DO SAMBA: 4,9 (Luiz Carlos Rosa).

Uma unanimidade entre os bambas: tudo mundo considera "Dique, um mar de amor" o pior samba-enredo da história da Vila Isabel! A letra é pobre, esquisita, não passa o enredo com competência alguma e está repleta de pérolas inacreditáveis, como "Só vovô sabe contar" ou "Chuê chuê/Chuê chuá". Enfim, insuportável! O hino também demonstra explicitamente seu lado confuso no horroroso trecho "Lendas e crenças/Vamos mostrar pra vocês/Oh vovô, por favor, conte outra vez". Peralá! O vovô não ia contar as lendas e crenças? Cadê elas então? Por que a obra pediu para o vovô contar outra vez se, na verdade, ele não havia contado absolutamente nada antes??? A melodia é patética, genérica e muito irritante. É mais uma daquelas que passam ódio ao ouvinte! A respeito do intérprete Garganta de Ferro, são minhas as palavras do colega Luiz Carlos Rosa: ele realmente honra o nome que tem! Sua voz é desafinada, nasalizada e ele passa mais da metade da faixa balbuciando o samba, sem pronunciar as sílabas com clareza. Um desastre completo! O samba derrotado do Martinho, denominado "Iemanjá, desperta" (que comentei na sub-seção Sambas Eliminados), é muito melhor que este daqui. Realmente, trocaram gato por lebre! NOTA DO SAMBA: 3,3 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

4B - ARRANCO - Assim como o Arrastão de Cascadura, o Arranco do Engenho de Dentro também debutava no Grupo Especial como agremiação emergente e com cinco anos de vida (fundada em 1973). A escola acabou rebaixada em último lugar, só retornando ao desfile principal doze anos depois, em 1989. Porém, acabou descendo de grupo novamente. Atualmente encontra-se no Grupo B, onde reeditará em 2005 o samba e o enredo de 1989, ano de sua última passagem pelo Grupo Especial. Sobre o samba de 1978, é muito legal de se ouvir. Possui uma melodia simples, bonitinha e três refrões simpáticos, além de uma bela interpretação de Paulo Samara no disco. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel).

Depois de abocanhar o Estandarte de Ouro de melhor samba do grupo 1-B de 1977, e conquistar a vaga entre as grandes, o Arranco não soube aproveitar a oportunidade. "Sonho Infantil" é muito fraco e a escola deve ter se arrastado ao som deste "boi com abóbora" de primeira. Foi rebaixado depois de ficar em último lugar na apuração. NOTA DO SAMBA: 5,8 (João Marcos).

Mais uma estreante no Grupo Especial. O Arranco do Engenho de Dentro (bairro onde nasci e fui criado) apelou para um tema infantil para conquistar a galera. O objetivo era permanecer na elite do samba. Mas a missão era praticamente impossível. Num grupo enxutíssimo de somente 10 escolas – onde quatro cairiam par o grupo de acesso A - a queda foi inevitável. Voltaria 11 anos depois para tentar se firmar. Caiu novamente para até agora não voltar mais. O samba tem uma melodia agradável, mas peca na letra, principalmente nas obviedades das rimas: (tem/trem) e (vovózinha/baratinha) como exemplos. A última estrofe tem uma sacada até interessante para não dizer ousada pelo fato do "laralá" ser entoado como valsa. É a bem da verdade um samba mediano. NOTA DO SAMBA: 7,9 (Luiz Carlos Rosa).

Parece implicância da minha parte, mas normalmente esses sambas compostos para enredos infantilizados costumam não me agradar. "Sonho infantil" é um exemplo claro disso. Trata-se, na minha opinião, de um dos piores sambas-enredo da história do Grupo Especial. A letra é um equívoco total, trash até não agüentar mais e não consegue remeter o tema proposto com nenhuma coesão, apelando para termos e expressões infantis que não engrandecem em nada a qualidade da obra. O começo do samba é de uma pobreza artística sem fim! Basta ler os versos para chegar a esta conclusão: "A natureza esta em festa/É natal no meu Brasil/Rena e trenó não tem/Papai Noel vem de trem". O que tem a ver a natureza brasileira com o natal? E de onde surgiu essa maluquice de que o Papai Noel vem de trem para o Brasil? Creio que em 1978 já existia algo chamado "carro" ou "automóvel" no Brasil, o que torna o uso do trem estranho e obsoleto numa concordância com a época em que o samba fora feito. Logo após a essa grande tenebrosidade, vem o refrão "Dorme filhinho ou Papai Noel não vem/Vê se sossega ou Bicho Papão te pega", que realmente dispensa comentários... O restante da letra faz alusões a diversas histórias infantis. Infelizmente, os compositores do samba tiveram a péssima idéia de estabelecer uma forçadíssima relação entre essas fábulas e a cultura brasileira. Isso fica claro em pérolas como "Vai correndo pra cozinha, preparar a feijoada". A melodia do hino é ridícula, patética, irritante, cheia de senões absurdos, que torna a obra mais intragável ainda. Enfim, um horror de samba! NOTA DO SAMBA: 2,7 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

5B - IMPÉRIO SERRANO - No disco, a bateria da Império Serrano mostra a sua força com a estréia do ênfase nos tamborins na gravação, dando um verdadeiro show. A bateria é envolvente, mostra uma bossa empolgante, se constituindo na melhor parte da faixa imperiana no LP (principalmente na entrada da segunda passada). Porque sejamos francos, o samba é bem fraquinho. Não possui nenhum momento de grande inspiração poética ou melódica. Os compositores, no refrão principal, se basearam no samba de 1972 (também muito fraco) ao utilizarem expressões coloquiais como "é um barato legal" e "Oscarito é curtição". Realmente aquele "Que grilo é esse/vou embarcar nessa onda..." de 72 é horrível. Para uma escola que tantas obras-primas apresentou e ainda apresenta... Um dos piores sambas da Império Serrano, apesar de, segundo testemunhas, o imortal Roberto Ribeiro (que não o gravou no disco) ter feito na avenida ele parecer a oitava maravilha do mundo. NOTA DO SAMBA: 8 (Mestre Maciel).

A homenagem a Oscarito rendeu ao Império um dos piores sambas de sua história. No desfile, Roberto Ribeiro fez milagre, mas não conseguiu salvar a escola do rebaixamento. O samba começa baixo astral, falando da morte dos pais do homenageado, e continua no mau gosto, utilizando, despropositadamente, gírias da época, que dataram a obra de forma irremediável. NOTA DO SAMBA: 6,2 (João Marcos).

Mais uma agremiação tradicional a oferecer para os bambas um sambinha intragável de tão fraco que é. Uma marcha-enredo pesadíssima. A letra é de uma pobreza sem limites. A começar pela estrofe "era criança ficou com a herança/que sua família deixou/o seu sonho dourado/foi realizado/a platéia lhe amou"... e por aí vai, totalmente trash. O que salva neste sambinha é a melodia que, com a ajuda da bateria, dá um suinguezinho empolgante principalmente na segunda passada. O Império de tantos sambas lendários, imponentes e soberanos como "Aquarela Brasileira", "Os Cinco Bailes da História do Rio", "Heróis da Liberdade" entre outros, sofreria seu primeiro rebaixamento. Lastimável! NOTA DO SAMBA: 6,9 (Luiz Carlos Rosa).

Um dos registros fonográficos de sambas-enredo mais bizarros da história! Isso porque o samba é fraco, porém ganhou uma gravação maravilhosa. A bateria dá um show na faixa, pois faz um esforço sobrenatural para amarrar uma obra bizarra a um swingue fantástico. Sensacional também a atuação do intérprete Cardoso, cuja voz faz me lembrar muito a do célebre Quinzinho. Porém, infelizmente, essa excelente gravação não está aliada a um samba de qualidade. “Oscarito, carnaval e samba, uma chanchada no asfalto” é um clássico boi-com-abóbora, já que é demasiadamente pobre em todos os sentidos. A letra está repleta de expressões e gírias comumente utilizadas nos anos 70, mas que hoje soam estranhas, um tanto ridículas, tornando a obra absurdamente trash. As pérolas vão do nível de “Quem não viu, venha ver/O rei das gargalhadas/Na avenida acontecer” a “No verde e branco/É um barato legal/Oscarito é curtição/Do nosso carnaval”. A segunda parte do samba é um descarado atentado ao bamba, fazendo uma série de citações explícitas aos nomes dos filmes contracenados pelo homenageado. Se tiver algum elogio que possa ser feito a esse samba, talvez seja à grande funcionalidade do refrão principal no LP, embora ele ainda tenha uma letra horrenda. É um samba criado para explodir na avenida (fato que realmente aconteceu), mas jamais feito para se imortalizar na história do carnaval carioca. NOTA DO SAMBA: 6,8 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba