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Sambas eliminados

Sambas eliminados

Confira as avaliações sobre sambas-enredo derrotados nas eliminatórias

Anos 70 a 90
2001 a 2010
2011 a 2015
2016 a 2020
2022

PEGUE CARONA COM A MOCIDADE (Mocidade - 2004) - Sambaço. Seria um dos melhores da história da escola, e o que ganhou é considerado um dos piores, só pra ver a diferença. Este samba do Tôco é maravilhoso. O refrão principal é muito bom e rapidinho. A primeira parte é de intenso agrado. O refrão central também é muito bom. A segunda parte é a melhor desta obra. O trecho: "hoje o samba vem / nesse vai-e-vem / trazer sua mensagem / não corra, não mate, não morra / e boa viagem!" é maravilhosa. Enfim, um samba espetacular. Queria saber porque este sambaço não ganhou.... NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

DO CAOS INICIAL À EXPLOSÃO DA VIDA (Beija-Flor - 2006) - A parceria liderada por Sidney de Pilares já tinha feito bonito no ano anterior na Beija-Flor, ao empatar, na final, com a obra assinada por Serginho Sumaré & Cia, o que resultou na fusão do samba sobre os Sete Povos das Missões. Para o confuso tema sobre Poços de Caldas, a maioria dos concorrentes nilopolitanos recorreu a sambas pesados, dentro da previsível e consagrada fórmula adotada pela escola desde 1998, com o enredo sobre os Caruanas: obras com letras longas, melodia em tom menor, caráter épico, harmonia pesada e triste, com concepções melódicas parecidas entre si. O samba de Sidney de Pilares fugiu um pouco desta tônica. Mesmo em tonalidade menor, os compositores provaram que não é preciso fazer deste recurso uma obra fúnebre. O entrosamento entre os autores possibilitou o desenvolvimento de um formato próprio de samba. O trecho “Netuno reinando em local diferente/ Com seus dragões e serpentes/ Ouvindo a sereia cantar...”, por exemplo, guarda semelhanças melódicas com os versos “Na liberdade dos campos e aldeias/ Em Lua Cheia, canta e dança o Guarani”, do refrão do samba de 2005. Esta característica se repete nas obras da parceria desde então. Este samba foi até a final, quando foi escolhida a obra de Noel Costa & parceiros. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Rixxa Jr). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

BRASIL MARCA A TUA CARA E MOSTRA PARA O MUNDO (Portela - 2006)O samba de Alexandre Fernandes e Caixa d'Água tem uma melodia levíssima, valorizada pela interpretação personalíssima de Preto Jóia. Tirando o excelente refrão do meio, que faz menção a escola, o resto do samba passa perfeitamente como um samba de meio de ano. Um samba desse, p.ex., ficaria excelente na voz de um Zeca Pagodinho ou um Martinho. A letra peca um pouco por ter discursos poéticos diferentes, estilos diferentes de abordar o tema. Em momentos, soa forçada e calcada em clichês, como em “vem a imigração / vai florir a comunhão”. Em outras partes, é brilhante, como em “se a brisa sussura a dor / lamentos murmuram... louvor”. Os dois refrões são excepcionais – o primeiro, com o seu “a marca é Brasil, ninguém pode apagar”, que pega pelo ouvido e não sai da cabeça. O do meio, com variações em menor e maior, tem uma melodia espetacular, inusitada, porém bem construída, de forma que não causa estranhamento na audição. O enredo é contado de forma bem mais simples do que o samba que acabou campeão, porém, é até mais eficiente na maneira como passa a mensagem. O samba é uma obra de dois compositores e não de uma pessoa só, como muitas vezes vemos nos escritórios. Alterna estilos contraditórios, é menos certinho que os sambas que a Portela vem escolhendo nos últimos anos, mas acaba tendo uma riqueza que dificilmente se encontra nos sambas atuais, com vários momentos de clímax. NOTA DO SAMBA: 9,3 (João Marcos). Baixe este samba

AMAZONAS, O ELDORADO É AQUI (Grande Rio - 2006) - Este samba de Cláudio Russo é lindo, bem melhor do que o vencedor. O refrão principal é sem igual, que chama totalmente o componente pra cantar. A primeira parte é de intenso agrado. O refrão central segue a mesma linha. mas na minha opinião, a segunda parte do samba é a melhor. O trecho "dos igarapés vejo avenidas / riqueza brota, do seringal" dá vontade até de chorar. Um dos melhores sambas que Cláudio Russo fez com certeza. NOTA DO SAMBA: 9,9 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

MANDAMENTO, PALAVRA, PADRE (Império Serrano - 2006) – Geralmente, na seção de sambas eliminados, nós, comentaristas do SAMBARIO, gostamos de falar de obras de grande qualidade, muitas vezes superiores aos sambas que venceram as disputas nas escolas. Porém, dessa vez, vou abrir um exceção. Há alguns meses, eu escrevi uma coluna falando do pior samba enredo da história. Eu deveria fazer um adendo – Cordovil 1972 talvez seja o pior samba que embalou um desfile e teve registro fonográfico. Vocês já imaginaram como deveriam ser os sambas que perderam para ele, se é que mais algum foi inscrito na disputa? Pois é. Só que também tem samba ruim em eliminatórias de alto nível, como as de 2006, do Império Serrano. O intérprete Carlinhos da Paz me disse, certa vez, que para o cara tentar ganhar no Império tem de ser fera e que, lá, o “bicho pega”, referindo-se ao alto nível das disputas na serrinha. Porém, em 2006, abrindo o site da escola para ouvir os concorrentes, a internet sambística se deparou com uma das obras mais inacreditáveis da história. Refiro-me ao samba de Moisés e Porquinho. Sinceramente, este samba é tão esdrúxulo que ou os caras estavam querendo curtir com a cara do povo ou eles são surdos e não conseguiam escutar o próprio samba. Ou então, eles queriam inovar e fizeram um samba dadaísta. Para quem não sabe, o dadaismo foi um movimento artístico radical de vanguarda, onde os poetas utilizavam meios estranhos para fazer suas obras; um desses meios era pegar um texto e recortar as palavras, colocar num saco, mexer, e, depois, as tirar aleatoriamente. Moisés e Porquinho devem ter feito isto com a sinopse - só assim se justificariam versos como “Celebrando caminhos / Comunhão, confiança / Autos, tradições, imaginação / Estendemos representadas / Manifestação, devoção / Bordados, história, filho / Sacrifício, pecado, perdão / Invencível, poderoso”. A melodia é inexistente e parece ter sido inventada na hora. O intérprete, poucas vezes consegue cantar o mesmo verso da mesma forma, comparando as duas passadas do samba. Falar dos erros técnicos do samba é totalmente inviável – é basicamente falar de tudo. O samba chegou a ter uma comunidade no Orkut, chamada “Mandamento, palavra, padre”, referência ao verso do refrão que reúne as palavras mais desconexas entre si de todo o samba. A obra acabou eliminada porque a parceria não se apresentou. Se eles tivessem tido essa coragem, talvez eu desse nota dez. Também não posso dar nota zero porque, pelo menos, um sentimento de estranheza e de incredulidade, ela provoca. Pensem – os caras perderam parte da vida deles para fazer esse samba. E este comentarista perdeu parte da sua para comentá-la. Isto é assustador. NOTA DO SAMBA: 0,2 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba 

CANDACES (Salgueiro - 2007) O samba de Pedrinho da Flor, Fernando Baster e Bada era o samba. Seria o samba do ano. Um samba fortíssimo e fácil de cantar - samba de verdade e que dá para imaginar na voz de Quinho. Para começar, o refrão de cabeça, com as saudações aos Orixás, tem pegada e ginga, sendo completado pelos versos “Magia de Obá, que faz meu Salgueiro imortal / a chama viva do carnaval”, que facilitaria o entendimento do proposto pela escola. O início, em tom maior, levantando a auto-imagem da escola, traduzia o que o Salgueiro precisava naquele momento. Na virada para tom menor, o enredo passa a ser contado de forma extremamente didática, com uma melodia envolvente, desaguando no refrão, em maior, com um recurso simplesmente brilhante, que daria um efeito espetacular na avenida – a repetição da palavra “Candaces” ao final dos versos. Além de nunca ter sido utilizado em samba-enredo, trazendo aquela originalidade que a gente pede aos compositores, esse efeito facilitaria a harmonia, pois faria o samba ser mais facilmente memorizável.  Quando chega no verso “Mãe Baiana, pisa forte neste chão”, apesar da melodia preparar para a entrada do refrão de cabeça, o samba ganha mais carga emocional ainda. É impressionante como o samba não cai em momento algum. É uma aula de como fazer um ótimo samba enredo. NOTA DO SAMBA: 9,6 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba 

É DE ARREPIAR! (Viradouro - 2008) – Logo quando se iniciaram as eliminatórias para a escolha dos sambas-enredos oficiais do carnaval de 2008, como já é, anualmente, de praxe, se iniciou também aquele típico burburinho dentre os internautas dando suas objetivadas opiniões sobre a qualidade de cada samba disputado e, por conseguinte, qual deles merecia de fato ir para a avenida. Entretanto, mesmo com todas as discussões presentes dentre os “sambistas de internet”, um samba, em particular, chamou a atenção de todos e veio ganhando respeito da maioria dos bambas até a sua derrota. Trata-se da obra do compositor Gusttavo Clarão e cia., concorrente da Viradouro para o enredo “É de arrepiar!”, do já consagrado carnavalesco Paulo Barros. Tal samba da parceria aderiu tanta simpatia dos internautas, que fora consagrado logo de cara pela “sabedoria popular” como o melhor do ano, o que, a meu ver, não passa da pura e clara realidade. Inclusive, digo mais: se ganhasse, poderia ser tachado como, nada menos, um dos melhores sambas deste novo milênio! Ao compor seu concorrente para 2008, Gustavo Clarão em momento algum economizou romantismo e conseguiu novamente a proeza de aliar lirismo e inteligência à sua obra. A letra de “É de arrepiar!” é altamente clássica, narrando todo a temática da escola com completo desprendimento e assimilando as diversas passagens do enredo da Viradouro com algumas sacadas poéticas simplesmente geniais, sem perder ainda o bom humor, presente claramente no trecho “Deixa o bicho pegar/Pode o monstro assombrar/Mas se você me abraçar/É de arrepiar amor”. As próprias alusões às músicas de Cartola, um dos homenageados do enredo, em inúmeras partes do samba demonstram com obviedade o nível de qualidade deste samba e analisar como o título de cada uma delas se encaixa com o discurso poético da letra é, sem dúvida, um experiência fascinante. Aliás, a obra acaba virando um grande quebra-cabeça musical, no qual é necessário interpretá-la adequadamente e “encaixar as peças” a fim de visualizar a magnitude do resultado. As menções aos sambas do bamba mangueirense estão presentes nos termos “Minha”, “Beijo”, “Disfarça e chora”, “Vem”, “Tive sim” (este é um clássico do mestre!), “Bate outra vez”, “Tempos idos”, “O sol nascerá” e “Acontece”. A melodia possui uma interligação sentimental gigantesca com a letra e suas variações deixam claro isso. Um dos momentos que mais me impressiona é o trecho “Virou minha cabeça amor/Tem charme jogou o cabelo, não vai enrolar”, no qual o gingado melódico faz um jogo de palavras excepcional com os versos do samba. Destaco também a entrada dos refrões, que soam complementares às partes anteriores, sem serem iniciados por uma variação melódica brusca, recurso muito comum nos sambas atuais. Enfim, uma obra belíssima! Porém, por incrível que pareça, o samba fora eliminado descaradamente, sem dó, nem piedade. A razão? Segundo algumas fontes, seria porque não era a parceria do Clarão que financiaria a campanha eleitoral de um membro importante da escola para as eleições de 2008; financiamento este oriundo de outra parceria bastante forte nas eliminatórias. Se este boato for realmente verídico, seria um fato tão terrível, tão pavoroso, tão injustificável, que chegaria a causar ódio nos torcedores da obra nas eliminatórias, inclusive eu e 99% dos sambistas. É algo tenebroso, capaz de passar medo e desesperança a qualquer um que tenha bom senso. Daí, surge a pergunta: Não deveria vencer o melhor? Será que o melhor era, de fato, o da parceria campeã? No final das contas, concluo eu que o samba-enredo da Viradouro para o carnaval de 2008 não será a obra de PC Portugal... Mas sim um verdadeiro hino de exaltação à mediocridade humana!!! NOTA DO SAMBA: 9,9 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

1+1+1+1+1 (Unidos da Tijuca - 2008) Referindo-se ao samba de Lula e Márcio Bijú, o Marco Maciel expressou-se da seguinte forma: “credo, ainda bem que ISSO não ganhou”. Não quero tecer considerações sobre se este samba merecia ganhar ou não. Acho, apenas, que sua estranheza, que despertou tantas reações de paixão ou repúdio, é justamente o que o tornou especial e um dos concorrentes mais comentados nas eliminatórias de 2008. É esta estranheza que rompe barreiras, criando novas possibilidades estéticas. O samba tinha seus problemas técnicos, como na pouca definição melódica do trecho “Esta é a razão da minha vida... e hoje canto”. Também tenho a impressão que Ciganerey jogou o samba num tom ruim, o que certamente atrapalhou sua performance. Entretanto, pela primeira vez em muitos anos, um samba transgressor, claramente experimental, era, ao mesmo tempo, acessível, assobiável e gostoso de cantar. Os trechos diferenciados se sucedem: “Pavãããããããão... de azul e amarelo, pavããããããããão”; “1+1+1...+1+uuuuuuuuuuuuuum” ; “pois só eu viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii”, “Pra alíííííííííííííííí....” “Pra láááááááááááááá”. É, ao mesmo tempo, experimental e despretencioso. Diria que é um samba até ingênuo, o que torna sua estranheza ainda mais fascinante. Infelizmente, o desfile das escolas de samba se tronou apenas uma competiçãozinha, fazendo as escolas optarem por sambas que seguem a receita do bolo em detrimento a obras que mexam com os sentimentos. Por isso, independente de qualquer coisa, o 1+1+1+1+1 merece o meu respeito e o respeito de quem quer arte no carnaval. NOTA DO SAMBA: 9,2 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

TRABALHADORES DO BRASIL - MART'NÁLIA (Vila Isabel - 2008) - O samba-enredo concorrente da filha de Martinho em parceria com Jorge Agrião possui uma melodia diferenciada, nunca ouvida numa canção do gênero. Além dela ser bela, também é marcada por um balanço contagiante, um swing maravilhoso aliado a soberbas variações melódicas de arrepiar! Porém, a possível razão pelo corte desta obra nas eliminatórias da escola é o fato de muitos versos serem entoados de forma rápida, principalmente no refrão central e no começo da segunda parte, esta última de conjunto melódico fantástico. A força dos refrões, principalmente o central, é louvável. Se fosse o samba escolhido, certamente levaria o Estandarte de Ouro e possivelmente seria um dos melhores sambas-enredo dos últimos anos. Porém, os freqüentadores da quadra da Vila consideraram pífio o seu desempenho nas eliminatórias. Como o samba é ousado, talvez a diretoria tenha previsto dificuldades no canto e no funcionamento desta obra em um desfile. Por isso, esta obra-prima infelizmente acabou sendo preterida pela polêmica e irregular fusão dos sambas de André Diniz e de Dedé Aguiar. Na disputa entre a beleza de um samba-enredo e a sua mera funcionalidade na avenida, infelizmente a segunda opção vai levando a melhor. Essa pode ser a verdadeira razão pela queda de qualidade do gênero nos últimos tempos. NOTA DO SAMBA: 10 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

MENINA, QUEM FOI TEU MESTRE? (Salgueiro - 2009) – Assim que este concorrente foi lançado na internet, logo no início das eliminatórias para o carnaval 2009, a primeira reação por parte da maioria de bambas foi de encanto e admiração. Afinal, esta obra de Edgar Filho e companhia desafiava a atual padronização dos sambas-enredo com sua belíssima e cadenciada melodia, impulsionada por três refrões envolventes, daqueles que grudam no ouvido, bem ao estilo dos anos 70. O diferenciado samba ganhou milhares de adeptos e passou a ser o mais aclamado em fóruns de internet, com total merecimento. O refrão principal "Menina, quem foi teu mestre?..." é um dos mais perfeitos que já apareceu em um samba-enredo nos últimos tempos. Constando que a "menina" citada é a bateria salgueirense. A letra, bastante descritiva principalmente em sua primeira parte, fortalece ainda mais o impressionante conjunto melódico. O segundo refrão "Festa na aldeia/Lua cheia, um clarão..." é semelhante ao principal, servindo para encorpar o gancho para a segunda parte, que possui mais um estribilho, até chegar ao clímax melódico desta obra-prima, a partir do verso "Quem cruzou o mar" até o último "Furiosa bateria/Coração que bate assim". Enfim, um verdadeiro samba-enredo. Uma música divinal, que certamente encantaria a todos se a diretoria salgueirense criasse coragem e resolvesse apostar nessa inovação, que poderia gerar uma revolução no gênero ao permitir que sambas de qualidade ímpar como este desfilassem no carnaval contemporâneo. Infelizmente, como já era previsto, o Salgueiro não quis arriscar. Até trouxe o samba para a final da disputa, contrariando a projeção de muitos que não acreditavam que a obra passasse de um segundo corte. A Academia acabou optando pelo limitado samba de Moisés Santiago e parceiros. Mas as eliminatórias para 2009 vão ficar eternamente marcadas pela voz de Rixxa ecoando "Menina quem foi teu mestre?/Um batuqueiro/Que arrastava o povo do Salgueiro". Sem dúvida, o melhor samba-enredo que despontou nesta primeira década no novo milênio. NOTA DO SAMBA: 10 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

SAMBA, VERDE E BRANCO (Mocidade - 2009) – Na primeira vez em que ouvi este samba-enredo, chorei! Não tenho vergonha de admitir. Um samba marcante por sua impressionante riqueza melódica, pelo lirismo que prolifera do primeiro ao último verso, por seus refrões fora-de-série... Predicados positivos é o que não faltam para qualificar a obra concorrente da parceria de Iuri Abs, Diego Nicolau, Igor Leal, Gustavo Henrique e Arlindinho Neto (filho de Arlindo Cruz). A letra até possui um ou dois clichês, mas a beleza desta obra compensa qualquer percalço. Nas duas partes, os trechos em tom menor se destacam, sobretudo na primeira. A passagem para o refrão central é perfeita, constituindo numa melodia fantástica no trecho "E no sarau deixou o seu legado de amor". O estribilho central também é daqueles que provocam lágrimas. A segunda parte atinge seu melhor momento a partir do trecho "Ser tão brasileiro, caboclo, vaqueiro" (verso bastante gingado), até a apoteótica explosão impulsionada pelo verso "Samba, verde e branco". Certamente o lindo samba entraria no rol dos melhores da história da agremiação, inclusive por realizar apresentações memoráveis na quadra em Padre Miguel. Quem estava lá na noite da final garante que a atuação do samba foi de marcar época, de maneira a cativar até os torcedores das outras parcerias finalistas. Daí a incredulidade de todos quando o presidente Paulo Vianna anunciou o concorrente de Santana e parceiros como o vencedor. Particularmente, considero o samba oficial da Mocidade o melhor com uma pequena diferença dentre os inéditos no Grupo Especial. Mas se a escola fosse cantar "samba, verde e branco" na Sapucaí, certamente seria disparado o melhor! NOTA DO SAMBA: 9,9 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

IMPERATRIZ DO CARNAVAL (Imperatriz - 2009) – A parceria do veteraníssimo compositor Guga apostou num samba-enredo cuja maior característica é o lirismo de sua melodia para contar a história dos 50 anos da Imperatriz. Diferentemente do samba campeão de Josimar e parceiros que é bastante descritivo, este samba apresenta poesia de primeira qualidade a cada verso, partindo mais para uma declaração de amor à agremiação. Destaque para os lindos versos "Ramos nasceu pra cantar/E eternizar os carnavais/Até a brisa do mar/Espalha no ar notas musicais". É de impressionar o conjunto melódico final desta obra, que beira à perfeição, com cada verso valorizado pela belíssima interpretação de Nêgo e pelos belos acordes de um violão mais agudo que desponta durante toda a faixa. O final do samba é fantástico melodicamente, através dos versos "Hoje são 50 primaveras de um lindo jardim/Salve ela/Faz samba e canta pra mim". Paulinho Mocidade certamente se adaptaria muito mais a este samba-enredo do que ao vencedor, que tem mais a cara do ex-intérprete Preto Jóia. Infelizmente, é mais uma bela obra que ficará esquecida. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

Ô YAÔ, NA CACHOEIRA EU VOU ME BANHAR (Beija-Flor - 2009) – Cláudio Russo, então atual bicampeão na disputa de samba da Beija-Flor, lançou essa porrada para o discutível enredo sobre o banho. Projeção de todos na ocasião: levaria o tri com um pé nas costas. A parceria do compositor, a pedido do diretor de carnaval Laíla, abriu mão do estilo anterior que vinha apresentando - com letra rebuscada e melodia pesada - e apresentou este concorrente com uma melodia mais leve, cadenciada, letra bem mais curta e deliciosa de cantar. A grande explosão desponta através do extraordinário refrão principal. A primeira parte flui muito bem, sobretudo no trecho "Rainha do Egito eu sou o seu faraó/Beija-Flor". O refrão central é fortíssimo e a segunda parte também possui um grande nível melódico, principalmente a partir do verso "Oh mãe, o seu ventre banhou/o meu ser de amor/o mais saudável coração do mar...". Não há como deixar de exaltar a interpretação magistral de Wander Pires na gravação. Talvez exista algum problema de letra que não especifique tão bem o enredo como o samba vencedor da parceria de Tom Tom, que é bem mais descritivo. Mas, dessa vez, a parceria de Cláudio Russo priorizou o canto. Mesmo abraçada pela comunidade, a obra foi superada por Tom Tom que, mesmo com um samba bastante inferior, realizou apresentações mais qualificadas nas eliminatórias, o que acabou cativando a diretoria nilopolitana. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

ENQUANTO HOUVER ESPERANÇA, EDUCAR (Santa Cruz - 2009) – Entre as dezenas de sambas disponibilizadas pela internet, este concorrente da Santa Cruz tinha tudo para ser mais um daqueles a passar despercebido. O que não aconteceu! Com uma melodia mais diferenciada, fortalecida por uma monstruosa atuação de Luizinho Andanças, o concorrente de Gil Lessa e parceiros chama a atenção logo em sua primeira audição por sua estrutura um tanto distinta entre os demais sambas-enredo da atualidade. A letra é bem mais curta. Principalmente na segunda parte, de apenas quatro versos, com os dois primeiros em tom menor e os dois últimos já partindo para maior através de uma variação brusca. O samba tem uma melodia triste, indicando quase que ao pé-da-letra um clamor à preservação da natureza, o enredo da verde-e-branco para 2009. É um samba-enredo que mistura bem versos estendidos com os entoados mais rapidamente, além de possuir dois refrões fortíssimos. O resultado final é bastante interessante, gerando um belo samba-enredo que, no mínimo, chama mais a atenção do bamba por procurar fugir um pouco daquele estilo mais padronizado. Gil Lessa e parceiros chegaram à final na Santa Cruz, mas foram derrotados pelo samba de Marcelo Borboleta e companhia. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

QUEM É IMPÉRIO SERRANO NÃO CHORA (Império Serrano - 2010) - Confesso que, contrariando o que diz o refrão principal, me deu vontade de chorar quando soube da derrota deste samba. Acabou não sendo tão abraçado pela comunidade da Serrinha, que foi decisiva para a vitória da parceria de Henrique Hoffmann. Mas o samba possui um clamor quiçá semelhante à obra-prima imperiana de 1996, por exemplo. O refrão "Quem é Império Serrano não chora" é extraordinário e impactante, emocionaria qualquer componente no desfile, mostrando resignação quanto ao rebaixamento anterior da escola, tendo um efeito semelhante ao clássico imperiano de 1992 ("Sou Império, sou patente, só demente é quem não vê"). O conjunto melódico é louvável, compensa a discrepância estrutural de possuir uma primeira parte extensa e uma segunda curta. Mesmo comprida, a primeira não cai em nenhum momento e apresenta trechos inspirados, como "É o encontro da diversidade, o que a estrada é pro mundo a rua é pra cidade". O refrão central é primoroso tanto em melodia quanto em letra e a pequena segunda parte é um complemento perfeito para o gancho do clamor do refrão principal. A letra conta o enredo com perfeição, mas talvez sua complexidade em alguns trechos tenha pesado na derrota, como em "buscando sossego, salubridade". Ficaram registrados na história duas versões do samba-enredo: a oficial, gravada por Bruno Ribas e Arlindo Neto (filho de Arlindo Cruz, um dos autores da obra); e uma antológica versão caseira dos compositores, só na base de coro e cavaco, enviada por engano pela parceria aos sites carnavalescos (baixe esta versão clicando aqui). Um dos melhores sambas-enredo concorrentes da década! NOTA DO SAMBA: 9,9 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

SEU LIVRO É REPLETO DE GLÓRIAS (Salgueiro - 2010) - Costumo salientar que Moisés Santiago ganhou no ano errado e perdeu no certo. Em 2009, foi vitorioso com um samba bastante limitado, mas que embalou o título da Academia. No ano seguinte, o compositor colocou um belíssimo samba-enredo em busca de mais uma vitória no Salgueiro, e pela beleza e eficiência da obra, despontou com total favoritismo, sendo o destaque absoluto de uma safra fraca para o enredo "Histórias sem Fim" (não considerando o também belo samba de Zé Di). Porém, para a incredulidade de todos, seu samba caiu recém na terceira eliminatória. Moisés aceitou com elegância o corte prematuro, mas ficou um quê de politicagem no ar, algo que evidentemente nunca será comprovado. Talvez o samba de Moisés sinta a falta de um refrão principal mais forte, já que, embora curto porém muito bonito ("Salgueiro é amor, faz parte da história/Seu livro é repleto de glórias"), fora preterido pela explosão do estribilho do samba vencedor. Sua melodia é de uma pureza incrível, chegando a emocionar em alguns momentos. Dos concorrentes do Salgueiro, era o que mais despertava sentimento, o que mais encantava. O refrão central me agrada, aliás eu acho uma técnica interessante o último verso da primeira parte servir de preparo melodicamente para o refrão, como ocorre neste samba. Infelizmente, poucos com esses recursos vão para a avenida. Talvez a maior carência da obra seja o fim da segunda parte e o preparo pro refrão principal, já que a melodia no trecho é genérica, portanto faltando um encerramento mais impactante. Mas, tecnicamente, é muito superior ao samba vencedor e era, da disputa, o mais apto a representar o Salgueiro em 2010. Mas, pelo que temos observado, a escola anda optando por sambas com os melhores refrões... NOTA DO SAMBA: 9,5 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

OH! OH! OH! (Salgueiro - 2010) - Pelo visto, o veterano compositor Zé Di, autor do clássico "Rei de França na Ilha da Assombração" que embalou o título salgueirense de 1974, nunca assimilará - ou melhor colocando, aceitará - a pasteurização atual dos sambas-enredo, pois ao ouvirmos sua belíssima obra para a disputa da escola em 2010, de cara já podíamos considerar de forma unânime que não iria muito longe nas eliminatórias do enredo "Histórias sem Fim", como de fato ocorreu. Esse concorrente pode não ter causado o mesmo impacto do samba de Simas, Mussa e Edgar no ano anterior, mas também impressionou por sua beleza, pela melodia cadenciada e quase toda em menor. O conjunto melódico, aliás, é o destaque absoluto do samba-enredo. Provavelmente foi planejado antes da letra, já que alguns trechos desta soam estranho, como no refrão "Pode a história contar/Pode no livro ler/Pode o que pode/E o que não pode acontecer" cujo contexto é um tanto confuso. Além disso, o verso que antecede o estribilho é cantado da seguinte forma: "Li-GÁ-ções perigosas são assim" com a sílaba tônica melodicamente equivocada, algo que as escolas estão procurando evitar desde a polêmica intervenção do ator e dublê de jurado Bemvindo Siqueira no carnaval 2006. Além de estruturalmente distinto das obras costumeiras, era inimaginável na voz do intérprete Quinho, acostumado a sambas mais marcheados. Meus parabéns ao bravo Zé Di e parceiros por representar uma resistência nas disputas suspeitíssimas de hoje em dia, mesmo sabendo que a tentativa da imposição de seu estilo consagrado de outrora ao carnaval contemporâneo, desafiando o "sistema" que tanto assola o gênero, é meramente utópico. Oh! Oh! Oh! NOTA DO SAMBA: 9,5 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

A FÉ QUE EMBALA O MEU VIVER (Imperatriz - 2010) - Era francamente impossível derrubar a obra-prima de Guga e parceiros para o enredo "Brasil de Todos os Deuses". Mas este concorrente foi o que chegou mais perto. Com a categoria dos sambas do consagrado compositor paulistano Armênio Poesia, aliadas à tradição do baluarte Zé Katimba e a eficiência do excelente intérprete Freddy Vianna, este finalista da Imperatriz em 2010 incomodou o "mar de fiéis" com uma apresentação impecável na final gresilense. De refrões fortes, mais uma pegada incrível do primeiro ao último verso, além de sacadas inteligentíssimas como "Milagre, o mar se abre/Pra liberdade do povo judeu/Levam em sua jornada, à terra sagrada um só Deus", o samba é prova viva de que a ala de compositores da Imperatriz é a melhor da atualidade no carnaval carioca. E Armênio Poesia já vem se credenciando há algum tempo na escola. Um triunfo por sua parte em terras de Ramos deve acontecer mais cedo ou mais tarde. É só aguardar! NOTA DO SAMBA: 9,6 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

VOLTEI, MEU GRANDE AMOR E ESTOU AQUI... (Tuiuti - 2010) - O samba de autoria de cinco jovens compositores estreantes no Paraíso do Tuiuti incomodou a tradicional parceria de Aníbal, que viria a ser a vencedora da disputa. Mas este samba valente, com um refrão principal chiclete, colocou uma senhora pulga atrás da orelha da diretoria da escola. O refrão central também é muito qualificado em termos de letra e melodia. A segunda parte possui trechos inspirados, como "Faz da avenida um Paraíso/de quem vê samba em todo lugar" (em referência ao carnaval virtual) e "Sentado na lua pra te ver passar/um pierrô toca baixinho o violão". Enfim, um samba de conjunto melódico arrojado, mas que acabou superado por outro de melodia mais genérica. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Marco Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba - Baixe este samba

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