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EDITORIAIS ANTERIORES . 66ª Coluna: Alguns Sambas Eliminados para 2018 (e 2017 também) . 65ª Coluna: O Brasileiro não dá Valor ao que é seu . 64ª Coluna: A Força da Internet no Samba . 63ª Coluna: Versões Históricas de Concorrentes Campeões . 62ª Coluna: A Voz Feminina quer um Lugar do Samba . 61ª Coluna: Os Melhores Sambas-Enredo 1977 . 60ª Coluna: Por um Maldito Paralelepípedo . 59ª Coluna: Raridades da Rádio Cidade ![]() Por um momento, todos os problemas do país ocorriam por culpa do Carnaval. De repente, se esqueceram dos envolvidos na Lava-Jato, da grana na cueca, das quase duas metas do Teleton num apartamento em Salvador, dos áudios tenebrosos em que um presidente golpista recomenda que se mantenha tudo isso e um senador faz a sugestão de assassinato para queima de arquivo, das reformas impopulares que querem nos empurrar goela abaixo... A amnésia proliferou também a respeito de certas igrejas. Mas a conclusão é que o culpado de tudo era o samba! Voltamos ao começo do século passado, quando os sambistas eram perseguidos covardemente pela polícia por vadiagem. Tantos dissabores e o samba que era tirado pra Cristo. ![]() De rabo preso e conivente com a prefeitura, a LIESA (na forma de seu presidente célebre por ser zoado por um desconhecido imitador de Rosa Magalhães) se fingia contente posando para fotos ao lado do bispo fanfarrão com checões de plástico à la Luciano Huck, se conformava com a má vontade do religioso ao entregar a chave da cidade para o Rei Momo, dava de ombros com a não-realização dos ensaios técnicos na Sapucaí (afastando ainda mais as escolas do povo), enquanto o Jongo da Serrinha era fechado e a repressão a terreiros de umbanda e candomblé através de decretos oficiais ganhavam as manchetes. A preparação nos barracões da Cidade do Samba se tornou um suplício, com direito à interdição desta pelo Ministério do Trabalho. A verba mais diminuta e tardia ameaçava os desfiles dos grupos inferiores. Foi um dos fatores para a ausência da Caprichosos de Pilares, uma das mais tristes notícias de todos os tempos no Carnaval Carioca. Justo ela, que capitaneou ao lado da São Clemente os enredos de crítica social na Nova República da metade dos 80 com bumbum de fora pra chuchu e refrães de duplo sentido. Três escolas decidiram por o dedo na ferida. As agremiações tão contestadas por receberem dinheiro público tinham que dar uma resposta pra quem tanto pede o repasse destinado à cultura para a saúde e a educação, súplicas de quem desconhece ou finge que não vê o imenso retorno financeiro que a festa proporciona. A Paraíso do Tuiuti, pela primeira vez por dois anos seguidos no Grupo Especial desde a década de 50, arriscou tudo pra tentar permanecer de vez na elite com um arrojado enredo sobre a escravidão, prometendo denunciar o atual (des)governo. Leandro Vieira cutucaria o "prefake" brincando o Carnaval de qualquer jeito, com ou sem dinheiro, sem importar o material. Sem entender certa fé, a Beija-Flor de Nilópolis questionaria, num canto de resistência: quem são os verdadeiros monstros? Os três com sambas sublimes, dos melhores da boa safra. ![]() Horas depois, foi a vez da velha Manga rosa bradar que "pecado é não brincar o Carnaval" e malhar o Judas, mandando o famigerado prefeito em forma de espantalho cantar o samba de Zuzuca em outro lugar. Claro que também rendeu mimimi. Encerrando a apoteose na Sapucaí, a Deusa da Passarela mandou a estética às favas e, sem se preocupar com a carnavalização dos elementos, não hesitou em mostrar um tiroteio numa sala de aula, um policial baleado com o ferimento à mostra, um defunto no caixão e uma mulher chorando pela perda de um ente querido. Todos sem fantasia alguma. Impactante, sem chegar ao meio termo. Enquanto uns viam um espetáculo de marcar época, outros se horrorizavam com o visual duvidoso da Beija-Flor, extrema-direita do MBL para alguns desvairados. A Quarta-Feira de Cinzas consagrou a escola nilopolitana após a leitura das notas. Um décimo na frente da surpreendente vice-campeã Paraíso do Tuiuti, que proporcionou um espetáculo que será relembrado pelas próximas décadas como um desfile triunfante que não levantou a taça. Os foliões seguiram a Beija-Flor enquanto esta encerrava sua apresentação, cantando o samba em uníssono. Caro Marcelo Crivella. Se a sua intenção era acabar com os desfiles das escolas de samba, você conseguiu fortalecê-las mais ainda. Elas voltaram a estar na boca do povo, de alguma forma. Seu ódio impulsionou uma gigantesca repercussão das apresentações. Se você veio com despeito, as agremiações responderam com arte e samba no pé, desmascarando o Brasil. Por isso, muito obrigado prefeito! E continue passeando por aí! FOTOS: Wilton Júnior (Estadão), Juliana Dias (SRZD) e Alexandre Durão (G1) |
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