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A RODA DE SAMBA DO IMPÉRIO E A DESPEDIDA DE NEGUINHO
Edição nº 112 - 12/03/2025



A DESPEDIDA DE NEGUINHO E A RODA DE SAMBA DO IMPÉRIO

Neguinho, que se despediu do Carnaval em 2025
Foto: Divulgação/Rio Carnaval

A maratona que foi a apuração da Intendente Magalhães encerrou definitivamente mais um Carnaval no Rio.

Primeiramente: parabéns para a Unidos do Jacarezinho, que volta à Sapucaí depois de 12 anos de ausência.

Neste espaço, trago aqui os dois fatos que mais me emocionaram na temporada 2025, marcada pela estreia das três noites no Grupo Especial.

Mencionar a última atuação de Neguinho na Passarela de Samba é chover no molhado.

Nós, que acompanhamos aquele sorriso negro desde quando nos conhecemos por gente, já imaginávamos que seria um momento especial.

E Neguinho, ao prestar um tributo a Laíla que sempre o seguiu durante a sua jornada, acabou agraciado com um título.

O 15º desde quando estreou em grande estilo, há quase 50 anos.

O jovem Neguinho da Vala que entoou "Sonhar com Rei dá Leão" com apenas 26 anos mal imaginava que estava começando a fazer história.

Será que aquele Neguinho de 1976 tinha noção do legado que proporcionaria aos próximos intérpretes que surgiriam nas gerações seguintes?

Polêmicas com a Grande Rio à parte, vamos mais uma vez reverenciar Neguinho por todas as alegrias que nos proporcionou durante meio século de folia.

E admitir que a ficha só irá cair quando não o vermos dando seu icônico grito de guerra, nem conduzindo o samba nilopolitano de 2026.

Componentes do Império Serrano que desfilaram sem fantasias
Foto: Reprodução/Band

Aproveito para saudar outro momento inesquecível, que será mais uma lembrança instantânea quando pensar em 2025.

Foi um ano duro para os imperianos, justamente quando um de seus maiores baluartes, Beto Sem Braço, foi homenageado.

O incêndio que incinerou praticamente todas as fantasias do Império Serrano, restando 20 dias para o Carnaval, foi um golpe em todos os nossos corações.

Mas o que assistimos no amanhecer de domingo de Carnaval foi um espetáculo de superação.

Logo após um ensaio técnico emocionante pós-incêndio em que os imperianos de fé berraram o lindo samba sobre Beto Sem Braço.

Os componentes vestiram as camisas simples que representavam as alas atingidas, com os nomes de cada uma estampadas.

E demonstraram toda a sua alegria, em meio ao infortúnio que tirou o Império do julgamento.

Além da ausência quase que integral das fantasias, o carro imperiano que vinha a filha de Beto não conseguiu fazer a curva para entrar na pista e foi mais um desfalque na apresentação.

Mas como diria o poeta homenageado: "pouca coisa não vai me jogar no chão".

Já no sol quente que iluminava a Sapucaí, tal qual o último título da Serrinha com "Bumbum Paticumbum Prugurundum" em 1982.

Os imperianos aproveitaram para proporcionar mais uma apoteose inesquecível na mesma Sapucaí.

Sem exagero, aquele ato me remeteu à volta da Mangueira no Supercampeonato em que celebrou Braguinha na inauguração do Sambódromo, em 1984.

Quando evoluiu na Praça da Apoteose, cumprindo uma obrigação necessária na época.

E voltou para a pista, para oferecer um desfile ao contrário aos foliões.

Uma atitude que nunca mais será repetida.

A abertura do Império Serrano
Foto: Luís Butti/Sambario

Tanto a verde-e-rosa há 41 anos quanto o Império Serrano de 2025 eram os últimos da noite.

Não havia mais ninguém à espera na concentração.

Sem compromisso e livres da disputa, os imperianos minimizaram os 55 minutos de limite na Série Ouro.

E se recusavam a deixar a avenida.

O excelente Kléber Simpatia entoou o samba-enredo de 2025 durante 78 minutos.

Então, com seus componentes ocupando toda a pista, juntamente com o tradicional arrastão que vinha atrás.

O Império Serrano ofereceu com um pot-pourri de alguns sambas-enredo de sua história.

"Hoje é dia de festa! A festa não pode parar", anunciou o talentoso intérprete imperiano.

Primeiro, veio "O Império do Divino" de 2006.

Depois: "Verás que um Filho teu Não Foge à Luta", classico de 1996.

Na sequência: "Lenda das Sereias", eterna obra-prima de 1976.

Ainda deu tempo de emendar o último samba de Beto Sem Braço composto pro Império: "Fala Serrinha - A Voz do Samba sou eu mesmo sim senhor", de 1992, um ano antes de sua morte.

Isso que o Reizinho de Madureira já havia cantado vários clássicos no esquenta.

E muita coisa boa ficou de fora. Afinal, se trata da melhor discografia do Carnaval brasileiro.

Pena que tudo isso foi proporcionado por uma tragédia.

Numa catarse sem precedentes que, assim como a da Mangueira nos anos 80, nunca mais será vista novamente na Marquês de Sapucaí.

O presidente da LIESA imaginou que iria segurar os espectadores ao término das três noites, depois das quatro da madrugada, com rodas de samba patrocinadas.

Mas quem proporcionou a verdadeira roda de samba foi o gigantesco Império Serrano.

E em plena pista da Sapucaí com o sol raiando, como todo encerramento de noite na Passarela do Samba deveria ser.

Assista abaixo o momento na transmissão da Band, que representou os 10 minutos finais da cobertura.




Marco Maciel
Twitter:
@marcoandrews