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CINCO SAMBAS QUE VOCÊ NEM FAZ IDEIA QUE FORAM REEDITADOS



26 de janeiro de 2024, nº 82

Coluna anterior: Retrospectiva do Carnaval 2023 - Passado, Presente e Saudade

   
CINCO SAMBAS QUE VOCÊ NEM FAZ IDEIA QUE

FORAM REEDITADOS

 

Os 40 anos de inauguração da Marquês de Sapucaí, a serem completados nos próximos dias, engloba outra marca importante para o carnaval: os 20 anos do expediente das reedições. Liberadas a partir de 2004, em iniciativa para comemorar o vigésimo aniversário da Passarela do Samba, elas estiveram na “crista da onda”, passaram por uma fase de desuso, mas atualmente e aos poucos está voltando a ser uma solução frequente. Este tema já foi muito debatido numa edição do PODCAST SAMBARIO feita por nosso companheiro Cláudio Carvalho no ano passado.

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Na Sapucaí, apenas uma escola fará reedição: a Vila Isabel, que traz de volta o clássico “Gbalá – Viagem ao Templo da Criação”, de 1993. Pelo Rio, a maioria das reedições estará nos grupos da Intendente Magalhães – e lá outros clássicos vão reaparecer, como “Pra não dizer que não falei das flores”, samba de 1992 da Rocinha, e até mesmo “Kizomba”, da Vila Isabel, que será reeditado pela Raça Rubro-Negra. Em São Paulo, que historicamente não é muito chegada à releituras, não haverá reedições nos grupos do Anhembi, mas uma obra famosa retornará: “Os Seis Segredos do Rio Ariaú”, samba de 2001 que a Leandro de Itaquera traz de volta em seu primeiro desfile fora do Sambódromo.

Tanto no Rio quanto em São Paulo, obras clássicas ganharam releituras ao longo dessas duas décadas – até mesmo fora das cidades, numa prova de que o samba-enredo é universal. Relembramos aqui alguns exemplos.


Gbalá, obra de Martinho da Vila, será a única reeditada na Sapucaí em 2024 (Foto: Ivo Gonzalez/Agência O Globo)

 

Tributo à Vaidade (Portela 1991, Rosa de Ouro 2018)

Começamos a lista com um clássico portelense que passou pela Intendente Magalhães há seis anos. Vinda de um vice-campeonato na divisão inferior – interrompendo uma série de rebaixamentos - a Rosa de Ouro (apadrinhada pela águia) resolveu cantar “Olha eu aí, cheguei agora / Cheguei pra levantar o seu astral” em seu retorno à hoje extinta Série C.

A escola caiu – em último lugar.

No carnaval deste ano, o Rosa (na Série Bronze) reeditará outro samba da Portela – “Bahia: e o povo na rua cantando, é feito uma reza, um ritual”, de 2012.

 

 

Catopês do Milho Verde, de Escravo à Rei da Festa (Colorado do Brás 1988-2008)

Uma das obras mais clássicas da discografia paulistana entrou para a história ao ser o primeiro samba a ser reeditado no Anhembi. Quando ainda desfilava no Grupo 1 da UESP (atual Grupo de Acesso 2), a vermelha e branca trouxe de novo o enredo e samba de vinte anos antes – daquela vez, com desenvolvimento de Lucas Pinto e a interpretação de Fredy Vianna, que viria a cantar outras reedições na Mancha Verde, anos depois.

A escola terminou em quinto lugar.

 

 

O Amanhã (União da Ilha do Governador 1978, Boi da Ilha do Governador 2006)

Numa temporada marcada por diversas reedições de obras clássicas no Sambódromo (entre elas Bahia de Todos os Deuses e Lenda das Sereias, para se ter um recorte), uma delas voltou a ecoar na outrora simples Rua Marquês de Sapucaí: “O Amanhã”, lendário samba de João Sérgio para o não menos lendário enredo de Maria Augusta, foi cantado pela vizinha Boiadeira quase 30 anos depois.

A escola (quase) caiu. Ficou em décimo.

 

 

Deixa Falar (Unidos de São Carlos 1980, Magnólia Brasil 2020)

Imagina uma obra ser campeã do carnaval 40 anos depois de sua apresentação original e longe da cidade onde desfilou primeiro? Ah, essa coisa do samba-enredo ultrapassar fronteiras... Para fazer uma homenagem a atual Estácio de Sá, a azul e branca do bairro do Fonseca desfilou na Rua da Conceição o samba que a antiga São Carlos cantou quatro décadas antes na Avenida Marquês de Sapucaí – antes do Sambódromo atual ser erguido.

E deu sorte. A Magnólia conquistou seu primeiro título no carnaval niteroiense. E ainda repetiu a dose no desfile seguinte, mas isso é outra história.

 

 

Quilombo dos Palmares, um paraíso negro (Mocidade Unida da Cidade de Deus 1996-2019)

Um samba que só teve a chance de desfilar apenas 19 anos depois da apresentação original que não aconteceu. No então Grupo B (atual Série Prata), a então Mocidade Unida de Jacarepaguá planejava desfilar uma bela obra sobre o Quilombo dos Palmares, mas a perda de componentes e materiais no temporal que assolou o Rio dias antes do carnaval fez a agremiação trocar o samba por um cortejo fúnebre, no toque de um único surdo, num dos capítulos mais tristes da história do Sambódromo.

Se em 1996, a tragédia impediu a obra de desfilar, em 2019 o samba ganhou um desfile completo e digno de sua poesia – ainda que longe da Sapucaí e no Grupo E (atual Avaliação). Terminou em nono lugar.