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A Vila Canta o Brasil Celeiro do Mundo - "Água no
Feijão que chegou mais um" (Vila Isabel - 2013)
SINOPSE DO ENREDO O trabalho no campo é fruto de muito suor, dedicação e amor pela terra, os quais permitiram que o Brasil se tornasse um destaque na agricultura mundial, caminhando a passos largos para a condição de principal país agrícola do planeta. Essa dedicação às atividades rurais gera milhões de empregos e riquezas, colaborando para a grandeza do nosso país. A prosperidade nacional se deve aos milhões de homens, mulheres e jovens que se dedicam ao cultivo de nosso solo fértil. O brasileiro tem fama de ser hospitaleiro e cordial. É bem verdade que um cafezinho já serve pra quebrar o gelo nas reuniões, pra esticar uma conversa, na mesa, depois da refeição. E aquela visita inesperada ou convidado de última hora, sempre é bem-vindo. Afinal de contas, onde come um comem dois, ou sempre podemos botar “água no feijão, que chegou mais um...”. (Jorginho do Império) A natureza generosa nos dá o feijão nosso de cada dia, o trigo do pão também, e o milho de fubá, e o arroz, e a cebola pra temperar, o alho, e a mandioca para fazer farinha, pra acompanhar... “No recanto onde moro, é uma linda passarela O carijó canta cedo, bem pertinho da janela Eu levanto quando bate o sininho da capela. E lá vou pro meu roçado, tendo Deus de sentinela Tem dia que meu almoço, é um pão com mortadela, Mas lá do meu ranchinho, a mulher e os filhinhos, Tem franguinho na panela” (Lourenço e Lourival) “Que vidinha simples, que vidinha boa A bóia é sagrado frango e quiabo Acompanhado de ovo caipira, arroz e feijão Depois do almoço sem muito esforço Encosto meu corpo no barracão”. (João Carneiro e Capataz) Esse mundo natural pródigo é o orgulho do país. Da terra vem a riqueza da nação. É do solo que nasce o engrandecimento da pátria. É dos produtos oferecidos pelos seus verdes lindos campos que conseguirá progredir. Portanto, é das suas terras, imensas e extensas, que a providência divina ofertou, que virá a sua transformação em celeiro agrícola da humanidade: a maior região produtora, fornecedora e abastecedora de alimentos do planeta terra. E quem será o responsável por cuidar do seu solo fértil? O agricultor, esse trabalhador extraordinário, arrojado, competente, que tem na terra o seu precioso bem. O homem do campo terá a missão de torná-la próspera, inseri-la no concerto das nações civilizadas, ampliando os cultivos, sem jamais destruir a natureza, os verdejantes bosques. Dos produtos agrícolas, virá a transformação do Planeta Faminto, num mundo de mesa farta e sonhos possíveis. “Enquanto uns fazem guerra Trazendo fome e tristeza, Minha luta é com a terra Pra não faltar pão na mesa” (Joel Marques e Maracaí) “Mulher, você vai gostar To levando uns amigos pra conversar Eles vão com uma fome que nem me contem, E vão com uma sede de anteontem, E vamos botar água no feijão...” (Chico Buarque) Eis a terra sustentável por natureza, e que pode ser mais. Afinal, aqui por estas bandas... “tudo que se planta dá”. Mas com o pensamento voltado para as necessidades dos comensais do grande banquete diário e os anseios do planeta onde vivemos, sem afetar as possibilidades de onde viverão os nossos filhos e netos, aproveitando com inteligência, cada palmo deste chão. Multiplicai os alimentos, mas sem ampliar as áreas de cultivo! “Eu tenho um coqueiro grande que só dá coquinho... Quando eu quero um coco grande, tem que ser do coqueirinho...”. Tamanho nem sempre é documento. Precisamos aprender com o coqueirinho, a aproveitar cada centímetro da plantação, produzindo mais, com astúcia. Para não desgastar os solos, a solução é o plantio feito na palha de culturas anteriores! Várias etnias se agregaram às três raças formadoras da nação - o branco, o negro e o índio – para formar a nossa tradição agrícola. Imigrantes, como os alemães, os japoneses, e os italianos, e outros em menores grupos, se dedicaram igualmente à agricultura. Assim como a agricultura, a música do campo é a origem do Brasil. “moda bem tocada é aquela que desperta em nós uma saudade que agente nem sabe do quê...”. O som da viola canta a música do campo e conta a história daqueles que vivem da terra, que lutam, que prosperam e fazem o país crescer. A moda de viola trás a saudade dos tempos de outrora, mostra a vida cantada em versos simples e retrata a obra magnífica do homem do campo, do agricultor que com afinco, dedicação e conhecimento transforma a terra em riqueza. Segundo Câmara Cascudo, “somos filhos de raças cantadeiras e dançarinas”, o que ajudou na estruturação da música do campo. O violeiro é aquele que por instinto lê os sinais da natureza e os interpretam. Tem na sentimentalidade a bússola com que se orienta no mundo. É um artista que, nas asas da tradição, canta querências e saberes poetizados. “passo por cima das nuve Esbarrando no trovão Danço no meio da chuva Bem no meio do clarão...” (Lourival dos Santos e Priminho) A primeira fábrica de viola nasceu na fazenda Córrego da Figueira, em Campo Triste, fábrica de viola da marca Xadrez. “Na Fazenda Figueira O Dego e o seu irmão Entraro na mata virge A procura de madera Pra fazê uma viola E já fizero a primeira” (Antonio Paulino) “Esta viola vermelha Cor de bandeira de guerra Cor de sangue de caboclo Cor de poeira da terra”. (Tião Carreiro e Jesus Belmiro) “O som da viola bateu No meu peito doeu meu irmão Assim eu me fiz contador Sem nenhum professor”. (Peão Carreiro e Zé Paulo) “Ai, a viola me conhece Que eu não posso cantá só Se eu sozinho canto bem Em junto canto mió” (Carreirinho) “Minha viola Ta chorando com razão Por causa duma marvada Que roubou meu coração”. (Noel Rosa) O mundo da música é o da alma humana, e esta, na cidade ou no campo, não tem limite. A poesia se entrelaça com as paisagens, e as paisagens com os sentimentos. “O rio Piracicaba vai jogar água pra fora Quando chegar a água Dos olhos de alguém que chora Pertinho da minha casa Já formou uma lagoa Com lágrimas dos meus olhos, Por causa de uma pessoa”. (Lourival dos Santos, Tião Carreiro, e Piraci) “Eu fiz promessa Pra que Deus mandasse chuva Pra crescer a plantação”. O povo recorre a promessas quando a chuva não vem. Neste caso, a promessa foi paga com três pingos... “Um, foi o pingo da chuva, Dois caiu do meu oiá”. (Raul Torres e João Pacífico) Até os santos ficam de castigo, sendo trocados de Igreja, talvez pra prestarem mais atenção pros problemas do campo. “São José de Porcelana foi morar Na matriz da Imaculada Conceição A Conceição, incomodada, Vai ouvir nossa oração Nos livrar da seca, da enxurrada Da estação ruim. Barromeu pedra sabão vai pro altar Pertence a estrela mãe de Nazaré A Nazaré vai de jumento Pro mosteiro de São João E o evangelista, pra basílica de S. José Se a vida mesmo assim não melhorar Santo que quiser voltar pra casa Só se for a pé”. (Chico Buarque) Os animais e as plantas também são assuntos recorrentes das modas de viola. “Canta, canta Bem-te-vi Pra mim ouvir Canta, canta sabiá Pra me consolar” (Alvarenga e Ranchinho) “Quero ouvir a siriema Cantar por ti, Iracema No nosso jardim em flor”. (Mario Zan) “Comprei um casco chapeado Uma baldrana macia Um colchonilho dos brancos Pra minha besta rosia Um peitoral de argolinha E uma estrela que bria Fui dá uma passeio em Tupã Só pra vê o que acontecia”. (Anacleto Rosas Júnior e Arlindo Pinto) A música do homem do campo tomou grande impulso de divulgação nos anos vinte do século passado, graças as primeiras gravações. Hoje, a música é divulgadíssima. São realizados grandes shows. Os temas também evoluem, as técnicas de plantação também se sofisticam, mas a alma que os embala é a mesma, a alma caipira e brasileira. “Baile na roça, meu bem, se dança assim, Pego na cintura dela e ela tarraca em mim E o sanfoneiro toca, toca alegria, Vamo, vamo minha gente até o clarear do dia Dança, dança com a morena, dança, dança, com a loirinha, Começa o baile na tuia e termina na cozinha. Viva o baile da roça, viva a noite de S. João E o povo brasileiro conservando a tradição”. (Tunico e Tinoco) Hoje, o samba, homenageia o agricultor! Os sambistas celebram e eternizam esse personagem de real valor! A viola se junta aos pandeiros, chocalhos e surdos de primeira, para unir a cultura do sambista com a do homem do campo, numa grande festa de celebração da colheita. E, neste palco iluminado, por confetes e serpentinas, a Vila de Noel e de Martinho vem homenagear essa figura notória, original e bem brasileira: o agricultor. Ele merece o nosso respeito!!! É o agricultor brasileiro ajudando a alimentar o mundo!!! Autores do Enredo: Rosa Magalhães (Carnavalesca), Alex Varela (historiador) & Martinho da Vila |
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