Sinopse Vila Isabel 2008
Trabalhadores
do Brasil (Vila Isabel - 2008)
O Brasil, outrora conhecido como
Pindorama, foi o paraíso descoberto nos trópicos, terra de
fartura, habitada pelos índios. Na chegada, os portugueses
puseram os nativos a trabalhar, trocando madeira vermelha por
objetos desconhecidos, que fizeram brilhar aqueles olhos
ingênuos.
Não satisfeitos, os portugueses resolveram investir em outra
atividade: o cultivo da cana-de-açúcar. O indígena vira
escravo do trabalho e de uma fé imposta,, que ora lhe protege,
ora não. O índio se rebela! Utilizaram até de rituais mágicos
aos quais os colonos chamaram de "Santidades Nativas"
como forma de resistência. Era essa uma das formas de lutar
contra a exploração.
Havia aqueles que por seu interesse em traficar negros da
África, no lugar de escravizar os índios, criaram o mito de que
esses eram preguiçosos, indolentes. Idéia que permaneceu no
imaginário popular até os dias de hoje. Os africanos resistiram
ao trabalho forçado, trabalho que ajudou a construir as riquezes
dessa terra. Embora seus senhores acreditassem que negro só
trabalha debaixo da chibata. Seu espírito guerreiro e suas mais
variadas formas de fé, o faz lutar contra os maus tratos. A
exemplo dos Malês, que recorrem a Alá para fortalecer seu
levante. Outra forma de rebeldia estava na formação de
fortalezas, ou quilombos, onde o trabalho não se regia no
açoite.
A classe dominante, que acusava índios e negros de preguiçosos,
também era acometida do que diziam ser pecado. Acostumados a
acreditar que o trabalho não é coisa pra gente de bem. Isso é
coisa para pretos... Diziam.
Aquarelas e gravurasdo perído joanino retratavam o cotidiano de
mucamas, negros vendedores de flores, fruta,aves, etc. Os brancos
eram transportados em redes; liteiras;cadeirinhas. Por muito
tempo, o serviço braçal continuaria indigno e somente restrito
às classes mais baixas, cujo suor garantiria o bom descanso das
elites.
A partir da abertura dos portos às nações amigas, começaram a
chegar os primeiros imigrantes. A imigração em massa foi a
forma encontrada para substituir o trabalhador negro escravo. Na
lavoura de café, trabalham em um regime semi-livre. Na cidade,
parte deles ocupa espaço na indústria. A expressão "hoje
é dia de branco", que se refere a um dia de trabalho,
surgiu da imagem construída do proletário imigrante, que de
forma errada seria supostamente mais dedicado do que o
brasileiro.
Os direitos dos trabalhadores, no início do século XX, estavam
longe de serem reconhecidos. Movimentos grevistas eram duramente
reprimidos. O operário se rebela! Anarquistas e socialistas, que
provinham de grupos italianos e espanhóis, organizam movimentos
de luta por melhores condições de trabalho.
Enquanto isso no campo, onde por longo tempo predominaram as
fazendas de monocultura, o pequeno sitiante ficou a margem. Ali,
predominou o trabalho escravo e, mais tarde, o de imigrantes
europeus e orientais, deixando o caboclo em segundo plano.
Acusado de provocar as queimadas, a "velha praga",
nosso roceiro foi comparado ao Urupê, um fungo parasita.
Personificado na figura do Jeca Tatu, o caipira foi descrito como
um ser pouco afeito ao trabalho. Mas, a ciência da época
revelou os males do Brasil quais são. negligência das
autoridades era culpada pelo abandono da população rural.
Os primeiros movimentos dos trabalhadores urbanos foram passos
importantes na realização de muitas conquistas. Ventos sopram
do sul e trazem ao poder Vargas, que chamou para si a
responsabilidade de criar os direitos trabalhistas, reunidos na
CLT, direitos esses conquistados por anos de luta dos
trabalhadores. Getúlio se tornou ainda mais popular com o
programa de rádio a "Hora do Brasil" e nas
comemorações de primeiro de maio (dia do trabalhador). Getúlio
cria o trabalhismo, que surge como um braço
político-partidário em resposta aos anseios do povo
trabalhador.
Nos anos 30 e 40, fez-se a travessia do mundo rural com a
migração, sobretudo nordestina, para o urbano e industrial, do
centro sul. Desenvolvimento, progresso, palavras de ordem que
seguiram seu curso nos dourados anos JK. Em seu programa de metas
(50 anos em 5), merece destaque o incentivo à indústria
automobilística e a criação de Brasília, cuja construção
deveu-se principalmente à força dos chamados candangos,
trabalhadores migrantes em sua maioria nordestinos.
No início dos anos sessenta, forças intersindicais
reivindicaram melhoria das condições de trabalho. Esse
movimento conquistou o 13º salário para os trabalhadores
urbanos. Era também o tempo das reformas de base. E, os
trabalhadores rurais exigiam reforma agrária. Com a aprovação
do Estatuto do Trabalhador Rural, muitas ligas camponesas se
transformaram em sindicatos rurais.
Em 1964, deu-se início aos "anos de chumbo". Os
trabalhadores ainda assim lutaram por melhores condições
salariais e pela liberdade de expressão. Maior exemplo dessa
rebeldia foi a greve oprária do ABCD paulista no ano de 1978. Os
metalúrgicos se rebelam, e cruzam os braços. Sua luta abre
caminho para a redemocratização do país.
E, hoje revelamos o grande protagonista dessa história feita de
lutas e conquistas, história que tem um começo, mas que
certamente não tem um fim, já que as lutas continuam. O Brasil
conquista seu espaço no mercado internacional, fruto do trabalho
de homens e mulheres, que com sua dedicação e determinação,
constroem esse imenso país.
Avante trabalhadores do meu Brasil, uni-vos, nesse festa!!!
Avante Vila Isabel!!! Alegria e paz!!! Que o rufar dos seus
tambores sejam alavancas incentivadoras para as futuras
conquistas e vitórias do povo brasileiro!!!
Alex de Souza (carnavalesco)
Alex Varela (historiador)
Revisão de Texto: Martinho da Vila