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Eu quero é botar meus Blocos na Rua - E Ginga pra dar e Vender (Vicente de
Carvalho - 2020)
Carnaval
doce ilusão, no meio desta folia, o rei mandou se jogar e se
divertir. Hoje o bairro de Vicente de Carvalho, por meio desta
agremiação em comunhão com a alegria da sua
comunidade, veste a fantasia e sai pelas ruas da cidade cantando
marchinhas, sambas, marcha ranchos e outros ritmos, exaltando os blocos
do Rio de Janeiro e do Brasil a fora!
Sinopse: Hoje nós, detentores de uma eterna alegria, em idade ou na alma, vamos peregrinar montados nas asas da grande harpia altaneira, vestido no verde esperança do nosso manto ao ritmo da ginga da nossa bateria, em comunhão com a nossa comunidade, vamos viajar na folia, e viver a história dos blocos. A folia nos transporta para muito além do que a física possa entender. Primeiro foi um bum! Depois outro bum! Uma baqueta batia naquele enorme tambor carregado por um humilde sapateiro Lusitano. Assim surgia o que seria o embrião de um bloco, graças ao senhor José Pereira. A folia foi nascendo e aos poucos foi evoluindo, surgiram os entrudos, corsos, sociedades, ranchos e cordões. Com a junção dessas folias, sob influência deles, ou não, cresciam os blocos, que eram considerados apenas uma pequena bagunça, foram crescendo, aos poucos o que era chamado de entrudo, com seus bonecões e toda aquela balbúrdia, foi se organizando, porém totalmente desorganizada e violenta. Já os cordões eram considerados barulhentos e ameaçadores. A alegria era confundida com desordem; as brigas, a falta de educação, civilidade e o barulho da manifestação de gente bárbara. As fantasias mais pobres ou as de índio, por exemplo: também era motivo de condenação, remetendo a um primitivismo. Empregavam-se os piores adjetivos para qualificar os cordões, principalmente quando surgiam na nobre Rua do Ouvidor ou Avenida Central. As brigas, apesar de violentas, mostravam que os participantes defendiam com ardor o estandarte dos cordões e levavam a sério as rivalidades. Esses enfrentamentos eram noticiados pelos jornais e acentuavam ainda mais o preconceito contra os cordões. Os participantes eram logo tachados de arruaceiros e perigosos. Além do preconceito, havia a repressão concreta. Se o cordão desfilasse sem licença, aliás nem precisavam ter licença, a polícia realizava a prisão imediata de seus componentes. No meio deste imbróglio despontava uma das maiores maestrinas, Chiquinha Gonzaga, que fez a primeira marcha rancho, “Ó Abre Alas” para o Cordão Rosa de Ouro, melodia cantada até hoje. Os blocos eram precursores de modismo e manifestações carnavalescas que iam crescendo e ficando populares. Os blocos foram responsáveis pelo nascimento de muitas das atuais escolas de samba, vindo do morro ou do asfalto, eram verdadeiros quilombos culturais, ainda no tempo em que o samba era perseguido, os blocos cantavam, popularizando ritmo. Um exemplo de agremiações que vieram dos blocos, Baianinhas de Oswaldo Cruz que seria a célula da Portela, na época presidida por Paulo Benjamim de Oliveira, Paulo da Portela, grande pedra fundamental da agremiação da águia altaneira de Oswaldo Cruz e Madureira. Enquanto isto lá pelos lados da Mangueira, um pai de santo, também escritor e jornalista que atendia por Zé Espinguela, brincava pelas ruas e vielas com o Bloco Arengueiros que seria também a semente da então Estação Primeira de Mangueira. A Nostalgia foi à tônica da criação Bloco Sôdade do Cordão. Vendo a evolução do carnaval na década de 40, Heitor Villa Lobos, o maestro popular e erudito, resgata a doce lembrança dos antigos carnavais num só bloco. Como é lindo o cortejo visto do alto de suas asas grandes, Pássaro de Vicente de Carvalho, vejo alas, fantasias iguais, divisões parecidas com as escolas de samba. Os blocos evoluíram e passaram a concorrerem como num concurso, tendo seus primeiros concursos na década de 20. Então desde 1965 os blocos de enredo que sempre estiveram presentes na folia carioca, foram organizados na Federação dos Blocos Carnavalescos do Estado do Rio de Janeiro, atualmente a entidade carnavalesca mais antiga do Rio. No embalo da alegria, seguimos cantando saudades das antigas decorações da Av. Rio Branco e de lá saiam com destino à Cinelândia. Os maiores blocos de embalo travavam uma grande batalha, de um lado ficava o Cacique de Ramos, do outro Bafo de Onça e neutro nesta guerra o Boêmios de Irajá. Os mesmos arrastavam milhares de seguidores em uma grande folia contagiante. Destes redutos saíram grandes nomes do quadro atual e antigo do samba. E aí já vestiu a sua fantasia? Você já se travestiu de mulher ou homem? Caiu num rio de piranhas? Tu Já Foste Caricata nesta folia? Então liberou geral na Banda de Ipanema, o reduto mais democrata do carnaval. “…Eu, por mim, queria isso e aquilo Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso É disso que eu preciso ou não é para disso Eu quero é todo mundo nesse carnaval…” (Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua – Sérgio Sampaio) Assim são os blocos de Rua do Rio tem de tudo um pouco ou às vezes nada tem. Têm fantasias em grupos ou apenas um solitário brincante, nomes criativos, bordados em estandartes, Virilha de Minhoca, Cordão do Boitatá, o Sovaco de Cristo e quem sabe um milagre de um amor de carnaval, venha para o Céu na Terra e juntos vão cantar canções dos Beatles no Sargento Pimenta. Muitos destes blocos de rua, tem se organizado, e fizeram uma sociedade chamada Sebastiana, tentando por ordem nesta tão divertida algazarra, afinal os blocos de rua é a melhor identificação do folião carioca. Em uma breve saída do meu Rio, voamos pelo Brasil a fora, em busca da folia em blocos, passamos pela Bahia em forma de pipoca atrás do trio elétrico e de longe vimos os afros blocos Olodum, Ile ayê e o mais emblemático de todos, Afoxé filhos de Gandhi, cantado até por Clara Nunes. …Filhos de Gandhi, badauê Ylê ayiê, malê debalê, otum obá Tem um mistério Que bate no coração Força de uma canção Que tem o dom de encantar… (Ijexá- EDIL PACHECO, cantada por Clara Nunes) Partimos para o Pará, nas ruas de Tucuruí, as pessoas vivem a folia do Minhocão. Em Minas Gerais, nas antigas ruas barrocas de Ouro Preto, o sagrado das igrejas centenárias e o profano do carnaval se juntam nas repúblicas estudantil e descem as ruas com muita alegria e folia. Em Pernambuco ao som dos clarins sai o Homem da Meia Noite, arrastando milhões foliões. Já o Galo que canta primeiro é o Galo da Madrugada, um dos maiores blocos carnavalescos do mundo ganha chuva de confetes e quem não se apaixona pelos blocos líricos com suas máscaras tradicionais. E na quarta-feira de cinzas vocês acharam que acabou? Eu acho é Pouco, abram alas pra o Bacalhau com Batatas e vamos por fogo nas cinzas. Nossa águia volta ao ninho, no sábado de carnaval. A mesma não tem tempo nem espaço, desafia as leis da física, chega às ruas do Centro da cidade, põe sua camisa de bolas pretas, uma máscara, recebe a chave do rei Momo, cai na folia do Cordão da Bola Preta, pega sua chupeta e convida, venha conosco, …Vem pro Bola, meu bem Com alegria infernal! Todos são de coração! Todos são de coração (Foliões do carnaval) (Sensacional!) (marcha do Cordão da Bola Preta – Vicente Paiva) Assim como começamos nossa viagem nas asas de nossa Águia, terminamos nossa divertida saga carnavalesca e voltamos para brincar, cantar e cair na folia com o Vicente de Carvalho. “Mas é Carnaval! Não me diga mais quem é você! Amanhã tudo volta ao normal Deixa a festa acabar, Deixa o barco correr Deixa o dia raiar, que hoje eu sou Da maneira que você me quer. O que você pedir eu lhe dou, Seja você quem for, Seja o que Deus quiser! Seja você quem for, Seja o que Deus quiser! (Noite dos Mascarados-Canção de Chico Buarque e Os Três Morais) Fim Eduardo Pinho |
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