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A Negritude que Implorou a Liberdade Hoje Dita Moda (Mocidade de Vicente de Carvalho - 2016)
A Negritude que Implorou a Liberdade Hoje Dita Moda (Mocidade de Vicente de Carvalho - 2016)

É com orgulho e imensa satisfação que o nosso Grêmio Recreativo de Escola de Samba Mocidade de Vicente de Carvalho, convida a todos viajar por essa importante história, mas turbulenta, sofrida e dolorida, porém colorida, festiva e criativa.

A história da negritude desse país ultrapassa suas fronteiras, vem de lá, do berço da humanidade, nossa mãe África, pois foram de lá retirados os irmãos que ergueram com suor e sangue essa Pátria Amada, porém nem tão gentil.

“Negro é uma cor de respeito
Negro é inspiração
Negro é silêncio, é luto
negro é a solidão
Negro que já foi escravo
Negro é a voz da verdade
Negro é destino é amor
Negro também é saudade.”

Ivone Lara

 

A escravidão de negros no Brasil perdurou por 368 anos (1520 a 1888). O cenário da escravidão no Brasil começa a ter grandes modificações a partir de 1850 com a lei de Eusébio de Queiros que proíbe o tráfico de negros escravos.

O Movimento Abolicionista ganha força e com ela cada vez mais medidas e leis, tais como, lei do Ventre Livre, lei do Sexagenário e por fim a lei Áurea que aboliu a escravidão assinada pela princesa Isabel.

Porém, mesmo após a abolição a luta do povo negro estava bem longe de acabar, a Revolta da Chibata foi um dos movimentos dessa raça, foi um levante de cunho social realizado em subdivisões da Marinha, sediada no Rio de Janeiro, com objetivo de por fim as punições físicas a quem eram submetidos os marinheiros, como as chicotadas, o uso de santa-luzia e o aprisionamento em celas destinadas ao isolamento. O grande João Cândido, conhecido como o Almirante Negro foi o responsável por escrever a missiva com as solicitações exigidas para o fim da revolta.

Com tantos movimentos negros o surgimento da imprensa negra foi fundamental reverenciavam questões de importância crucial na luta ideológica anti-racista. Outra grande luta foi com a prática da capoeira que era proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva.

Um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba apresentou a luta para o presidente da época que gostou tanto da arte que a transformou em esporte nacional.

A história que era sangrenta estava tomando outros rumos, uma raça guerreira, de um povo que não desistia de seus ideais, pensava alto e queria sempre mais. A construção do Teatro Experimental do Negro, mais comumente chamado de TEN, objetivava resgatar os valores da pessoa humana da cultura negro-africana, a proposta era trabalhar a valorização social do negro através da educação, da cultura e da arte.

A mudança ideológica impulsiona uma evolução histórica, foi preciso mudar a mente, pois mudaríamos o posicionamento da sociedade, ratificando esse ideal a inclusão obrigatória no currículo oficial das escolas do ensino da História e da Cultura Afro-brasileira foi um grande avanço na história do Brasil.

É possível mudar, é possível ter esperança, é possível, mesmo cansado, desiludido, renascer e prosperar.

Apesar de tantas injustiças, de tantas lutas, tantos resquícios de preconceito histórico que ainda acompanham os negros, somos um povo da superação que mostra suas alegrias e tristezas através da sua arte, da ginga, da dança, das cores, dos sons e no semblante expressivo da alegria.

Em cada momento da história do negro, foi fundamental a presença dos mártires, heróis, líderes e os bravos. Na atualidade quem nos representa fez parte da corte suprema, é ele que nos enche de orgulho, que nos dá ânimo e esperança, Joaquim Barbosa é a referência do movimento negro de todo o país, mas de toda a sociedade brasileira.

Já passaram 495 anos da chegada dos primeiros negros escravizados ao Brasil e fazem 127 anos da abolição da escravatura e a desigualdade ainda se faz presente em nossos dias, mas nosso reforço ao desenvolvermos o referido enredo é mostrar a todos que foi o suor negro que construiu a civilização moderna.

Vamos respeitar a negritude! Somos os verdadeiros autores dessa história.

 

por Renata Luiza Reluz - Carnavalesca / Comissão de Carnaval