Sinopse Vaz Lobo 2008
Ó
abre-alas que o Vaz Lobo vai passar! (União de Vaz Lobo - 2008)
Justificativa do enredo:
Samba, gênero musical com data anterior a 1916, ano da
gravação de Pelo telefone, de Donga, passou a ser sinônimo de
Brasil. Mas, na disputa entre os dois gêneros, o samba e a
marchinha, durante bom tempo, ao menos na época do carnaval, o
segundo reinou soberano nos salões de baile.
Por isso, contar a história das marchinhas é de certa forma,
narrar à história do carnaval. Por baixo do pó-de-arroz, as
marchinhas faziam sucesso desde os primeiros anos do século.
Espécie de embrião das escolas de samba, os cordões de
foliões agitavam as ruas do Rio de Janeiro. E nas festas, eles
cantavam e tocavam marchinhas.
A fórmula do sucesso era razoavelmente fácil: compasso
binário, como a marcha militar, andamentos acelerados, melodias
simples e de forte apelo popular, e lógico, letras irônicas,
sensuais e engraçadas. As letras, aliás, agradavam demais os
foliões.
Muitas delas continuam atuais. Crônicas urbanas, elas tratam
normalmente de temas cotidianos. Histórias do dia-a-dia dos
subúrbios cariocas. Por muitas vezes, tinham conotação
política. O ambíguo, o duplo-sentido, era muito explorado. Uma
forma de dar leveza a temas que não eram assim tão
"leves".
"Elas têm uma vertente jornalística. Por exemplo, foram
feitas marchinhas para Hitler, para as duas fases do Getúlio
Vargas, a do Estado Novo e a de sua volta nos braços do
povo.", explica Omar Jubran, vencedor do Prêmio da
Associação Paulista de Críticos de Arte.
As marchinhas de carnaval tiveram seu auge nos anos 30, 40 e 50.
Depois delas, muito foi produzido, pouco aproveitado. Algo que
perdura até os nossos tempos: muita quantidade, pouca qualidade.
Jubran arrisca uma explicação: "O apogeu do gênero está
relacionado à popularização do disco e do rádio." Nomes
como Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Sílvio Caldas e
Carmem Miranda, os grandes cantores da época, gravaram
marchinhas e com elas venceram muitos carnavais.
Os principais compositores, que escreveram aclamadas músicas de
festa, foram Noel Rosa, João de Barro (pseudônimo de
Braguinha), Lamartine Babo e Ary Barroso.
Entre as muitas músicas, que até hoje estão no imaginário
popular brasileiro, vale destacar Touradas em Madri, de João de
Barro e Alberto Ribeiro, composta para a Guerra Civil Espanhola,
que teve início em 1936; Chiquita Bacana, de João de Barro e
Alberto Ribeiro, lançada em 1949, era uma interpretação muito
particular do existencialismo, mas que não se referia
propriamente às idéias de Jean-Paul Sartre.
Também seria impossível não lembrar de O teu cabelo não nega,
dos Irmãos Valença e de Lamartine Babo, de 1932; Mamãe eu
quero, de Jararaca e Vicente Paiva, de 1937, que levada por
Carmem Miranda aos Estados Unidos chegou a ser gravada por Bing
Crosby; Allah-la-ô, de Haroldo Lobo e Antônio Nássara, sucesso
de 1941; e Yes, nós temos bananas, de João de Barro e Alberto
Ribeiro, destaque de 1938 que trazia uma crítica bem-humorada à
empáfia dos norte-americanos.
Dos anos 60 em diante as marchinhas começaram a perder espaço
para os sambas-enredo. As escolas de samba, agremiações de
grandes sambistas, começavam a ditar quais eram os sucessos.
Alguns compositores, como Chico Buarque, se arriscaram a escrever
as suas marchinhas. Caetano Veloso também se arriscou, mas
flertou com outro gênero, o frevo, que anima em Pernambuco, tal
qual as marchinhas no Rio de Janeiro, a festa de carnaval. Mas
ficou nisso.
Nos anos 80 algumas regravações chegaram a fazer sucesso, como
Balancê, de João de Barro e Alberto Ribeiro - talvez a maior
dupla de compositores de marchinhas -, lançada por Gal Costa em
1980 e Sassaricando, de Luís Antônio, Jota Júnior e Oldemar
Magalhães, gravada por Rita Lee para a trilha sonora da novela
de mesmo nome.... Mas era muito pouco para um País que somente
em 1952 produziu cerca de 400 músicas de carnaval, a maioria
delas marchinhas alegres e divertidas
E hoje a Gres União de Vaz Lobo faz desta passarela o palco e um
grande baile para reviver esta época romântica das
marchinhas.....
Sinopse:
É carnaval e todos estão na folia, e a União de Vaz Lobo Vem
fazer a Festa e pedindo licença ao rei Momo ,mostrando em
fantasia toda alegria que já não se encontra nos salões e nas
ruas, bons tempos onde as marchinhas e músicas de carnaval
reinavam, eram cantadas,vividas e esperadas por todos, bons
tempos onde podia se iludir com um grande amor de carnaval.
Vamos contar uma fábula de carnaval pra homenagear estas
canções.
"Hoje é Carnaval estava eu Um Pierrô apaixonado que vivia
só cantando (Noel Rosa-Heitor dos Prazeres, 1935), torcedor e
componente da G.R.E.S União de Vaz Lobo. Nesta avenida, conheci
esta pessoa, por quem me apaixonei, foi um único beijo ao som
das marchinhas,no meio da avenida onde o corso da alegria
passava, com seus lindos calhambeques parecia um filme antigo em
preto e
branco. Relembro todas canções que ficaram em minha memória, e
desta pessoa que usando uma "Máscara negra" (Zé
Keti-Pereira Mattos, 1966) fez um grande mistério, perguntei a
ela "Quem é Você"? E ela nada me respondeu.
A primeira marchinha a tocar me fez remeter a Chiquinha Gonzaga
que com seu "Ô Abre Alas""(Um dia, em sua casa,
ao ouvir despreocupadamente os ensaios do cordão Rosa de Ouro,
sentou-se ao piano e compôs uma marcha em homenagem ao grupo.
Assim nasceu a primeira música de carnaval. Até então, nenhum
compositor havia elaborado uma composição para um cordão
carnavalesco, o que existia eram estribilhos populares, tornou-se
o seu maior sucesso e é tocada até hoje em todos os bailes
carnavalescos)".
Sendo assim, fui em busca daquele amor, viajei pelo mundo das
marchinhas e a cada canção que se tocava era uma nova
situação que surgia ou uma nova personagem que nascia, e à ele
eu perguntava: Onde estava meu grande amor de carnaval?
Nesta jornada em meu peito não saia outra música além de
Bandeira Branca (Max Nunes-Laércio Alves, 1969)...
Bandeira branca amor
Não posso mais
Pela saudade que me invade
Eu peço paz...
No meio do caminho encontrei ela, uma humilde senhora a chorar,
não
entendendo bem, indaguei:
Ó jardineira porque está tão triste
Mas o que foi que te aconteceu?
(Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938).
Ela com um sorriso meio tímido me falou:
Quem sabe, sabe
Conhece bem
Como é gostoso
Gostar de alguém...
(Jota Sandoval-Carvalhinho, 1955).
Sem muito entender segui em busca deste amor, viajei pelo mundo e
fui parar na Espanha
... fui às touradas em Madri
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri beijar Ceci
Eu conheci uma espanhola natural da Catalunha
Queria que eu tocasse castanholas e pegasse touro à unha
Caramba caracoles sou do samba não me amoles
Por Brasil eu vou fugir
Isto é conversa mole para boi dormir...
(Braguinha-Alberto Ribeiro, 1937)
Que situação louca podia acontecer, SASSARICANDO
(Luiz Antônio, Zé Mário e Oldemar Magalhães, 1951) de lá pra
cá, daqui pra lá fui parar na França. E dancei o CAN CAN junto
às meninas do local, e eu embalado com aquela cena,cantei:
Tem francesinha no salão
Tem francesinha no cordão
Ela é um sonho de mulher
Vem do folies bergères
Uh lá lá trés bien!
Maestro ataca o can can!
Em direção ao oriente fui parar no meio do deserto, onde o sol
queimava até minha mente, só o calor da minha bateria lembrava
aquele clima tão quente.Nômades que atravessavam por mim
cantavam e aclamavam:
ALLAH-LÁ-Ô
(Haroldo Lobo-Nássara, 1940)
Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô
Mas que calor, ô ô ô ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente
Queimou a nossa cara
Viemos do Egito
E muitas vezes
Nós tivemos que rezar
Allah! allah! allah, meu bom allah!
Mande água pra ioiô
Mande água pra iaiá
Allah! meu bom allah
Já no desespero do calor achei água,lá as margens do Nilo
encontrei uma pequena embarcação uma canoa, e aí pensei:
Se a canoa não virar olê olê olá
Eu chego lá
(Antônio Almeida - 1969)
Chegando aos sete mares perigos me cercaram, eu vi até um navio
pirata, mas a canção que eles cantavam, era muito engraçada,
até decorei a letra:
(Braguinha, 1946)
Eu sou o pirata da perna de pau
Do olho de vidro da cara de mau
Minha galera
Dos verdes mares não teme o tufão
Minha galera
Só tem garotas na guarnição
Por isso se outro pirata
Tenta a abordagem eu pego o facão
E grito do alto da popa:
Opa! homem não!
Chegando a costa brasileira, lembrei das lições de história da
antiga
escola, onde a professora falava:
(Lamartine Babo)
Quem foi que inventou o Brasil?
Foi seu Cabral
No dia 21 de abril
Dois meses depois do carnaval...
Chegando a praia,avistei o que parecia um indígena, muito
desajeitado
cantava:
Ê ê ê índio quer apito
Se não der pau vai comer
Lá no bananal mulher de branco
Levou pra pra índio colar esquisito
Índio viu presente mais bonito
Eu não quer colar
Índio quer apito
(Haroldo Lobo-Milton de Oliveira, 1960)
Perguntei a ele se ele tinha visto minha
FLOR TROPICAL?
(Ary Barroso -1950)
Ele me apontou a um cara muito estranho, cujo as pessoas riam e
debochavam deste humilde ser:
Olha a cabeleira do Zezé
Será que ele é?
Será que ele é?
(João Roberto Kelly-Roberto Faissal, 1963)
Não tive nem coragem pra perguntar a este sobre a minha
LINDA MORENA
(Lamartine Babo, 1932)
Eu já estava ficando sem capital ,para encontrar o meu grande
amor, a
colombina, tinha que voltar pra casa já sem esperanças e
comecei a pedir:
(Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira, 1959)
Ei, você aí!
Me dá um dinheiro aí!
Me dá um dinheiro aí!
Até que consegui dinheiro para pagar a passagem para casa,tão
triste eu me senti como um neném a chorar:
(Jararaca-Vicente Paiva, 1936)
Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebe não chorar
Na sarjeta somente um cão e uma garrafa de pinga eram os meus
companheiros, pra min já era o fim, como um bom pinguço eu
balbuciava uma canção:
As águas vão rolar
Garrafa cheia eu não quero ver sobrar
Eu passo mão na saca saca saca rolha
E bebo até me afogar
Deixa as águas rolar
(Zé da Zilda-Zilda do Zé-Waldir Machado, 1953)
Vendo meu lamento:
...Uma nega maluca
Me apareceu
Vinha com um filho no colo...
(Fernando Lobo / Evaldo Ruy, 1950)
E falou para eu esquecer a tristeza, pois estava já perto do fim
da minha procura, e ai indaguei como ela sabia disto?
Ela só me olhou e falou:
- Você esta na
CIDADE MARAVILHOSA
(André Filho, 1934)
Mas não esqueça hoje é carnaval então:
BOTA CAMISINHA
(Chacrinha, Leleco)
Bota camisinha
Bota meu amor
Que hoje tá chovendo
Não vai fazer calor
Bota a camisinha no pescoço
Bota geral
Não quero ver ninguém
Sem camisinha
Prá não se machucar
No Carnaval...
Só ela mesmo para me dar um conselho deste, eu já estava vendo
que estava chegando a hora, nem sabia o que sentia, se era falta
de esperança ou alegria.Como ela mesmo disse que já era
carnaval, depois de tantas viagens eu fui parar no bairro de Vaz
Lobo, trenzinhos de gente, confetes e serpentinas e um lindo
coreto, me trazia de novo a lembrança daquela que eu amei, ou
amo? Já não sei mais...
Nos acordes da fanfarra do coreto carnavalesco, eu vi uma pequena
notável com frutas na cabeça cantando:
Yes, nós temos bananas
Bananas pra dar e vender
Banana menina tem vitamina
Banana engorda e faz crescer
Vai para a França o café, pois é
Para o Japão o algodão, pois não
Pro mundo inteiro, homem ou mulher
Bananas para quem quiser
Mate para o Paraguai
Ouro do bolso da gente não sai
Somos da crise, se ela vier
Bananas para quem quiser.
E não era somente isto que embriagava em felicidade aquele
bairro,o mais conhecido cordão carnavalesco desta cidade passava
e todos ficavam muito mais alegres:
(Nelson Barbosa - Vicente Paiva, 1962).
Quem não chora não mama
Segura meu bem a chupeta
Lugar quente é na cama
Ou então no Bola Preta
Vem pro Bola meu bem
Com alegria inferna
Todos são de coração
Todos são de coração
Foliões do carnaval
(Sensacional!).
Todos felizes menos eu, meu lamento era escutado por todos.
A MESMA FANTASIA
(Zé Ketty, Pedro Lopes)
A mesma fantasia de cetim
Do carnaval que passou
Eu vou vestir esse ano
Eu vou sair de Pierrô
Vou procurar colombina
Que se perdeu por aí
Pelos salões, pela cidade
E juro que hei de encontrar
Quero matar a saudade
Andar de braços com a felicidade
Eu vou morrer de paixão
Se eu não conquistar
O seu coração.
Até que eu ouvi uma linda canção, e naquele instante a
encontrei, o meu grande amor
E cantei pra ela:
Foi bom te ver outra vez
Está fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou e te beijou meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval
E fomos felizes por vários carnavais...
FIM
Homenageio a todos os compositores das obras citadas.
Eduardo Pinho, carnavalesco
BIBLIOGRAFIA:
http://cifrantiga3.blogspot.com/2006/04/marchinhas-de-carnaval.html
http://www.samba-choro.com.br/noticias/arquivo/8172