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A Fala da Favela para o Mundo (Unidos das Vargens - 2016)
Um
ritmo surgido entre os becos e barracos. Majoritariamente negro, foi
marginalizado e perseguido pela polícia. Sua força
suplantou barreiras sociais e conquistou, não só a sua
cidade maravilhosa, mas o país. Virou sinônimo da cultura
carioca e brasileira. Um patrimônio cultural, exemplo da
força da periferia.
Um ritmo? Não, dois. Funk e Samba. Duas vertentes, uma mesma trajetória. O samba encontra o funk. Os ritmos que trilharam caminhos singulares, desceram pro asfalto feito furacão encantando geral. Tá tudo dominado! Sou a voz da Favela! Como bom malandro, chamo a popozuda pra quebrar até o chão. De vestido coladinho, a porta-bandeira gira com o tigrão de mestre-sala. A rainha desce, desce, no batidão frenético da bateria. No ritmo do maior espetáculo da terra, saúdo o som que conquistou o Brasil. É samba-funk, meu irmão! Solta o som, DJ! O fundamento "Hello crazy people aqui quem fala é Big Boy. A Mundial é show musical!" A voz rouca e cheia de efeitos conquistou os brotinhos com seu balanço americano. "Eu gosto de música americana, vou pro baile dançar todo fim de semana. Olha a rapa, olha a rapaziada. Deixa a rapa, deixa a rapaziada." (Rap da Rapaziada - Ademir Lemos) Das ruas de Miami veio a inspiração da batida. Do funk só ficou o nome. Assim o Miami Bass foi a base da Melô. Com uma beca bacana vou aos bailes pelo subúrbio carioca, enquanto as equipes se espalhavam da zona oeste à Niterói. "Deu Mole?" "Vou azarar a nega". Com lábia malandra, fiz a cabeça do morro e para comunicar o jeito foi abrasileirar! "Eu estava lá no baile quando eu encontrei uma mulher feia. Cheira mal como urubu." (Melô da Mulher Feia - Abdula") A "minhoca de metal" liga a cidade partida. Durante o dia, o lado A, à noite, o lado B. O caminho era longo. A violência fez barulho, a mídia pressionou e o baile foi proibido. Funk era coisa de bandido. A alma carioca Paz e Amor, DJ! Como estava não podia ficar. Virei o disco e cantei a união. "Brigar pra que se é sem querer, quem é que vai nos proteger? Pare e pense um pouco mais e violência aqui nunca mais." (Rap do Festival - Danda e Taffarel) O lance é paz e amor. Só canto o que penso, o que vivo e dela faço melodia pra emocionar. Só love, nada mais. "Porque te amo e quero você sempre aqui. A vida dá voltas e o destino trouxe você para mim." (Porque te amo - Mc Marcinho e Mc Cacau) A batida eletrônica se mistura com o atabaque. Foi quando o tigrão chamou a tchutchuca linda para fazer muito carinho. Sem neurose nem caô, na humildade e disciplina, glamorosas ganharam a pista no salto de cristal. Tá tudo dominado. Sou personagem da novela. Com amor e tamborzão, ultrapassei as paredes da favela. Vai Lacraia, vai Lacraia, mostra a diversidade, enquanto as boladonas soltam o grito entalado. Querem um pente certo. Pente rala é coisa de havaiano. "Agora eu sou solteira e ninguém vai segurar." (Agora eu sou solteira - Gaiola das Popozudas) Dali pra São Paulo, vesti roupas de marca, óculos e deixei o pescoço pesado. Fiz questão de ostentar. Tá maluco? Respeita o funk, deixo até avó maluca. Ao som do quadradinho, o lance agora é divar. O "Papa é pop" e o funk também. O recalque passa longe e o preconceito lá no além. É samba, é funk, é a mistura do Brasil. E nesse flow, Zumbi com o Tupy dão um beijo no ombro para o recalque de Cabral. Prepara! É hoje! Eu vou ecoar e não me calarei, eternizando as batidas cariocas. Pesquisa e texto: Thiago Avis e Leonardo Antan |
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