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Sinopse USB 2010
SINOPSE ENREDO 2010

Poemas para a Eternidade

Autor:
Willian Tadeu

JUSTIFICATIVA

Lá se vai uma década do outrora tão esperado Terceiro Milênio. A humanidade já alcançou alguns de seus maiores sonhos. O desejo de voar alimentado por milênios se transformou em realidade. O homem ganhou asas e voou até o espaço sideral, sonhando alcançar o infinito estelar, o mesmo céu bordado em luzes de prata no qual buscou explicações para seus maiores dilemas.

Ao refletir sobre outros povos e épocas, os homens fazem seus julgamentos, esquecendo de julgar suas próprias ações. De maneira parecida, procuram explicar as manifestações de seus semelhantes criando idéias dualistas: o bem e o mal, os anjos e os demônios, Deus e o Diabo. Tentam encontrar na Ciência a chave para desvendar os mistérios da vida. Esquecem de buscar no próprio homem as respostas que procuram. É preciso amar o irmão e respeitar o planeta que nos cerca, como o único caminho para evoluir.

Nesse cenário, quem assume o papel de traduzir a vida em sua multiplicidade de sentimentos são os poetas. Seres de luz que transformam em versos – de letras ou de amor, de papel ou da vida – aquilo que vêem, sentem e aquilo que os sensibiliza no sentimento do outro.

O ano de 2010 será marcado pelas comemorações do centenário de Chico Xavier. Um poeta da vida que, em certo momento, encontrou nosso poeta dos versos, Cruz e Sousa, em sua jornada para a evolução maior. Sem evocações religiosas, a União do Samba Brasileiro assume o clamor pelo bem, que está acima de credos, e traduz esse encontro de poetas através dos tempos em POEMAS PARA A ETERNIDADE.

SINOPSE

Num pedaço de chão separado do continente pelo mar, nasceu um filho da cor da noite. Trazia consigo a herança daqueles que atravessaram o oceano da saudade. Com a coragem dos que sonharam com um novo tempo de liberdade e igualdade, lutou. E João da Cruz e Sousa brilhou.

Em seu tempo, a pequena Desterro ainda era uma vila portuária e se relacionava mais diretamente com o mar – transporte, alimento, sustento e conhecimento. Às águas estavam ligados os principais ofícios de africanos e afro-descendentes, escravos, libertos ou livres. A campanha abolicionista tinha como uma de suas principais vozes, além dos jornais ligados à causa, a sociedade carnavalesca Diabo a Quatro, da qual Cruz e Sousa participava ativamente.

Vencendo os terríveis preconceitos de seu tempo, o poeta escreveu em versos seu próprio destino. Revelando sua época, o Cisne Negro fez do mar de Desterro seu lago e traduziu em poesia com extrema sensibilidade as aflições, as belezas, as angustias, enfim, os diversos matizes sentimentais humanos que pôde perceber na Terra. Entendeu que era preciso buscar no homem as respostas para seus dilemas. Era preciso evoluir. Então, o Cisne Negro de Desterro bateu asas e voou rumo à eternidade.

 Do pélago dos pélagos sombrios,
Cá do seio da Terra olhando as vidas,
escuto o murmurar de almas perdidas,
como o secreto murmurar dos rios.

 Trazem-me os ventos negros calafrios e
os soluços das almas doloridas
que têm sede das Terras prometidas
e morrem como abutres erradios.

 As ânsias sobem, as tremendas ânsias!
velhices, mocidades e as infâncias
humanas entre a Dor se despedaçam...

 Mas sobre tantos convulsivos gritos,
passam horas, espaços, infinitos,
esferas, gerações, sonhando, passam!

(No seio da Terra, ditado por Cruz e Sousa a Chico Xavier)

Em seu caminho, percebeu que era necessário lembrar aos homens encarnados de sua missão. Encontrou um mensageiro nas Minas Gerais. Mensageiro do bem e da paz, luz de amor e de fé: Chico Xavier.

Essa mensagem de esperança e vida
Que endereçamos da imortalidade,
É a lição luminosa da Verdade
Que a Humanidade espera comovida.

 Guardai a voz da Terra Prometida,
Nos exílios do pranto e da saudade;
Conservai essa vaga claridade
Da luz da eternidade indefinida.

 Todo o nosso trabalho objetiva
Dar-vos a fé, a crença persuasiva
Nos caminhos da prova dolorosa.

 Sabei vencer entre as vicissitudes,
Como arautos de todas as virtudes,
Sobre as ressurreições da alma gloriosa

(Nossa mensagem, ditado por Cruz e Sousa a Chico Xavier)

Foi em 1932 que Chico Xavier lançou sua primeira coletânea de textos psicografados, completa somente na edição de 1955. Eram poemas. O Parnaso de Além-Túmulo, além de Cruz e Sousa, reuniu registros do pós-morte de 56 poetas de língua portuguesa, como Castro Alves, Antero de Quental e Casimiro de Abreu. Causou grande furor nos círculos literários da época, através de diferentes reações. Alguns, presos às coisas terrenas, não aceitavam as mensagens que Chico trazia. Outros percebiam que era necessário espalhar aquela evocação de amor pelo Brasil e pelo mundo. Era uma luz para a nação e a humanidade refletirem.

Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito.
(Chico Xavier)

Em sua vida, marcada pelas chagas do destino, Chico Xavier consolidou uma obra que cativou até mesmo os descrentes ou os não simpatizantes do Espiritismo. Seu reconhecido desapego às coisas materiais e financeiras não permitiu que a fama de sua mediunidade e obras sociais o desviasse do caminho de sua missão.

Findada a jornada, Xavier nos legou poemas para a eternidade. Não são poemas em forma de versos, são poemas em lições de amor. Precisamos reconhecer nossos erros e perdoar os erros do outro; renascer das cinzas das dores que a humanidade viveu; transformar a chama das guerras num fogo eterno de amor e união. O caminho da humanidade é o da evolução que permitirá o uso de nossos dons para o bem.

Nem Jesus Cristo, quando veio à Terra, se propôs resolver o problema particular de alguém. Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mesmos.
(Chico Xavier)

Seguem abaixo as principais orientações aos compositores:

1. Este enredo não tem foco histórico e factual. Portanto, prendam-se ao emocional, ao espiritual, à ligação entre Cruz e Souza e Chico Xavier, que é o fio condutor do enredo. A sinopse é bem clara em relação a isso.

2. Pode ser interessante, mas não é obrigatório: a) se referir a Cruz e Souza uma vez como "Cisne Negro"; b) em algum momento do samba, utilizar sinestesia, figura de linguagem que relaciona planos sensoriais diferentes, muito utilizada por Cruz e Souza (a Wikipedia fornece uma boa explicação em http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinestesia).

3. O autor do enredo está à disposição para tirar dúvidas sobre o enredo ou para fazer qualquer tipo de consulta em relação à adequação do samba à proposta da escola, através do e-mail williantadeu@yahoo.com.br ou do MSN wperucheano@hotmail.com.

4. Os sambas devem ser enviados para williantadeu@yahoo.com.br, com letra, identificação dos autores e áudio contendo no mínimo 2 passadas.

5. O prazo limite para entrega dos sambas será divulgado em breve.

Abraços,
Willian Tadeu
Presidente do GRESVUSB