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Ao Mestre do Riso com Carinho: as Caras do Brasil (Paraíso do Tuiuti - 2013)
Ao Mestre do Riso com Carinho: as Caras do Brasil (Paraíso do Tuiuti - 2013)

Quis Deus que Chico Anysio descansasse, para alegria de todo o céu e tristeza nossa!

Mas este, definitivamente, não é um enredo de morte ou homenagem póstuma, mas um enredo de vida!
Porque muito, muito além da despedida terrena, há uma vida inteira de dedicação ao humor, à alegria e ao entretenimento. Uma vida inteira em celebração à gaiatice e ao fazer rir com criações únicas e sem apelações gratuitas, aproveitando-se apenas da inteligência e da sensibilidade de um gênio.
 
Hoje, nesta merecida homenagem, vamos vencer a tristeza e fazer da alegria o nosso troféu. No lugar da dor e do lamento, vamos imaginar, neste momento, a chegada de Chico Anysio no céu!
 
Se aqui na Terra o nordeste vestiu luto e o Brasil todo sofreu, em contraste houve uma festa na Mansão Superior. Muitos risos e gargalhadas, uma euforia danada para a chegada do mestre do humor.
 
Sim, porque no céu houve imensa alegria quando correu o aviso:
“Afinem os clarins e trombetas, porque está chegando ao paraíso o grande gênio do riso”.
Vocês não imaginam o rebuliço que a notícia causou. Eram tantos anjos, arcanjos, querubins e, assim meio de mansinho, também foram chegando Oscarito, Grande Otelo, Zezé Macedo e Nair Belo. Eram tantas almas agradecidas, uma alegria sem igual, que o céu parecia um carnaval.
 
E o humorista querido, cearense reluzente, não chegou sozinho, veio com ele muita gente.
Havia personagens de montão, cada um mais diferente, todos filhos legítimos do coração.
Azambuja, Coalhada e Pantaleão. Painho, Salomé e Bozó. Bento carneiro, Justo Veríssimo, Haroldo, Tavares e Popó.
Nem mesmo os anjos do céu conseguiam explicar como que tanta gente era filho de um homem só.
Certamente os anjos não sabiam ou ainda não haviam descoberto, que apesar da saudade deixada na Terra, Chico ainda vive entre nós.
 
Chico vive em cada sorriso estampado no rosto do nosso povo, na irônica abordagem, no humor inteligente e na riqueza das imagens dos seus 209 personagens.
Chico vive porque não se limitou a viver, mas a montar vidas diversas, raramente parecidas, geralmente às avessas. Não apenas tipos de corpo inteiro, materializados através de suas diferentes faces, mas outros tantos memoráveis criados em parcerias infindáveis com o povo brasileiro.
E vive o escritor, o compositor, o pintor, a genialidade; porque o talento é a nossa alma, é o espírito que nos faz imortal e, dessa forma, sobrevive ao corpo porque pertence à eternidade.
 
Hoje, querido Chico, deixe que o céu fique um pouco mais triste sem sua presença e venha matar nossas saudades! Venha para receber deste povo, que sempre foi sua inspiração, esta merecida homenagem e os legítimos aplausos.
 
Chico vive!
 
Cid Carvalho
 
Agradecimentos à:
Rodrigo Ferreira pela pesquisa e apoio.
Elano Paula e Rouxinol do Rinaré pela inspiração.
 
Obs: Já li algumas vezes e ouvi outras tantas que Chico Anysio era Ateu.
Mas vejam se não tenho razão: quem viveu transmitindo alegria, morrendo não estará com Deus?