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Preto Velho conta a saga do Café num Canto de Fé (Acadêmicos do Tucuruvi - 2021)

Preto Velho conta a saga do Café num Canto de Fé (Acadêmicos do Tucuruvi - 2021)

Explanação do enredo - Acadêmicos do Tucuruvi

Ah, o tempo...

Este que sempre me fez viajar pelos lugares mais inesperados e foi pelas mãos do meu povo preto de alma simples e guerreira que descobriu de quem eu sou
Eu sou o samba! E peço respeito, sim senhor!

Já percorri os trilhos da saudade para lembrar meu real valor de quando brincávamos com a mais pura ingenuidade do folião, pois não precisava de muito para ser quem eu sou

Era bloco, cordão, tantas memórias da simplicidade que ficou para trás

Dos pés descalços que levantavam poeira, dos versos que marcaram minha história

Dos corsos carrego os adornos que mascaravam minha rusticidade popular, porém, não posso negar o valor de quem me abrigou. Realmente, eu era feliz e nem poderia imaginar, pois fui rei de um povo coroado com a ilusão.

É, quem me dera poder voltar no tempo e reencontrar o palco mais charmoso, sempre foi a Tiradentes com suas luzes e cores que alegravam o coração de quem fosse brincar

Não importava se era rico, pobre, mendigo ou sem lar, pois era a casa de todos, um lugar para se eternizar por gerações e foi através de suas grandes canções que vi todo esse povo zigue-zaguear, sem filas, sem ordens para alinhar.

Fizeram de você, o meu grande palácio onde as estrelas mais brilhantes era a imortalidade de meus baluartes, homens e mulheres que me trouxeram até aqui, que escreveram com seu suor, cada página da minha existência...

E o povo? Esse, sim, carregava no olhar, a mais pura felicidade, era nítido, tão fácil de perceber que eu estava ali, estampado no rosto, na voz de todos a cantar

Hoje, meu povo se tornou o protagonista principal desta festa que já não sei o quanto é popular. Agora, tenho a modernidade em cada traço, as curvas sinuosas do rio que me banha, o corpo da cabrocha...

O Anhembi é o templo erguido para minha exaltação, de grandes glórias e ascensões com tempo, vi meu rumo mudar e muitas vezes me pergunto: Onde comecei a ser perdido? Pois já não vejo a minha simplicidade por aí. A alma do sambista estampada nessa pista que insiste a todos engessar, onde quem tem muito pode mais e a vaidade que impera acabou deixando eu, o samba, para trás, com num jogo de estratégias. Quem grita mais alto, leva! Regras, regras e regras...

E o futuro, o que será?

De lá pra cá, o que mudou?

Daqui pra lá, o que será?

E não adianta titubear, pois todos devemos responder

Esta é a voz da minha razão

Onde vamos parar?

Será que como nosso baluartes que fizeram nossa história e, hoje, esquecidos na memória, imploram seu valor

Ou no choro da velha baiana que não roda mais sua saia levando axé e muito amor

Perguntas e mais perguntas, mas a certeza é uma só: Eu acredito na força da nossa raiz e ninguém poderá nos calar, pois carregamos o DNA do mais puro folião que atravessou gerações até aqui. É no olhar de cada criança que carrega a esperança de um futuro melhor.

Eu sou samba! E acreditem: Isso aqui não acabou e nem vai acabar, pois sou a resistência e você tem que respeitar.