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Gira, baiana. Salve as mães do samba! (Tradição - 2019) Minha mãe nasceu na Bahia.Terra de todos os Santos e São Salvador Vida sofrida, mas repleta de amor Com seus quitutes alimentava quem mais precisava Era um canto de acalanto e muita dor Mãe negra, pobre e de bom coração Saiu de sua terra por conta da exploração Emigração era a única solução Filhos de escravos não tem chance, não senhor! Ou vai para a capital fazer faxina Ou morre de fome sem nenhum valor Mãe baiana no Rio de Janeiro aportou Capital da república Lugar de gente importante, patrão e feitor Mas não veio só Veio paramentada com o canto da senzala, o batuque da cozinha e o pano da Costa das yamis Nas casas simples do centro da cidade Mãe preta fazia seu batuque para contemplar seus orixás Nós, netos de escravo, fazíamos samba para no rancho sambar Antes era corso, depois cadência de rancho Mas, a polícia não gostava não, meu senhor Batuque era contra as leis de doutor Gente graúda e fina que não nos aceitava Arte excluída Arte de gueto Arte marginalizada Mas, mãe preta sabia do nosso valor E em noites de lua cheia saldava nosso fervor Era samba de raiz e samba para preto se orgulhar E na casa de mãe baiana, o batuque tinha seu lugar Mas, a polícia batia Querendo investigar E caçava a gente Para samba não sambar Era então quando mãe baiana protegia todos nós Dizia que era culto religioso Era canto de uma só voz Era saudação para os orixás, seu moço Aqui não tem bagunça A polícia ia embora Mãe preta protetora Salvou nossas vidas e de nossa memória Memória de senzala Memória de axé Que deu origem ao batuque e partido alto, com as bênçãos do candomblé Mãe também era tia Tia também era mãe Todos unidos numa só família Em proteção de geração para geração Mas, o tempo passou E o samba ganhou seu lugar Ah, seu moço Como me orgulho em falar Os ranchos viraram escolas de samba E ganhamos as ruas para sambar E não tinha como ter samba sem ter a mãe no altar Nossa mãe do samba tinha que presente estar Juntas, eram nossas defensoras E agora a rua era nosso lugar Fomos aplaudidos pelo povo E arrastamos multidões Nosso estandarte virou bandeira Fundamos as agremiações Mãe preta abençoou E fomos fomos desfilar Todos orgulhosos O samba agora tinha seu lugar O povo queria sambar O tempo passou A modernidade chegou Mas, nunca deixamos de lembrar Que mãe preta baiana é essência Cultura popular E que uma escola sem baiana Não pode desfilar Obrigado, senhor Mãe baiana está viva E nunca morrerá De geração para geração elas não param de girar E com o amor de uma grande mãe Hoje, tem o seu lugar A Tradição está de joelhos Para essa história reverenciar Tú, mãezinha, és nosso enredo Mães do samba: nosso aplausos! Saravá! |
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