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Clementina, Cadê Você? (Tradição - 2016) Cantarolava desde menina, mas a vida dura por muito tempo não deixou meu canto embalar.Muita faxina fazia para meu pão poder ganhar. Ninava as crianças para o choro acalentar. Depois batucava na cozinha para eu não chorar! Mas batuque na cozinha, sinhá não quer. Por causa do batuque, eu queimei meu pé. Morei em Mangueira, Oswaldo Cruz e Madureira. Um dia cantei alto e um moço importante eu fiz sorrir! Subi então aos palcos sem maldade e fui aplaudida aos 63 anos de idade. Deixei raiz e legado. Ser reconhecida era um sonho que não tinha nem como imaginar. Era como não ser dali. Era como não ser de lá. De São Salvador ou terras de além-mar, solitária como um marinheiro só! Cantei com vozes importantes e muito premiada eu fui. Mas nunca liguei para o luxo, pois do morro eu vim e na pobreza me criei. Minha vontade era a voz soltar. Errei, acertei e amei até quem não deveria amar! Com torresmos à milanesa e um copo de cerveja brindava a vida que não era brincadeira. No samba me reinventei e fiz o meu lar. Sambista me tornei, com orgulho a bradar. Fui coroada rainha do partido alto, interpretei, criei e tive o meu lugar. No carnaval cantava jongos. Era batuque sem parar. Hoje, sou homenageada e vou para a folia vadiar! Quer me achar? É muito fácil, estou em todo lugar. Vou vadiar, vou vadiar... . Ah, eu vou! |
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