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O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão (Unidos da Tijuca - 2012)
“Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor.” Luiz Gonzaga Toca a sanfona porque a festa vai começar! Abre e fecha esse fole que a comitiva vai chegar A Avenida é a estrada que leva sertão adentro E ninguém que aqui está esquecerá esse momento De lembrar que, em noite de estrela, nasceu um rei no sertão Que virou majestade de tanto ensinar o baião Andando e cantando a história de seu povo Cem anos depois, ele vai ser coroado de novo Convidamos reis e rainhas pra mostrar que desde menino Luiz Gonzaga, o Lua, já tinha de astro o destino Mostrava o sorriso e a alegria, cantava e dava lição Mas lá no fundo guardava saudade no coração Senhoras e senhores, o roteiro dessa viagem Leva a terras distantes, onde um povo de coragem Desafia a seca e a poeira, do barro ganha a vida Esculpe a terra, tece a renda, de sol a sol nessa lida No mercado, montam a banca e é bonito de se ver E de tudo que há no mundo, nele tem para vender Cores, cheiros, sabores da cultura nordestina Lá se compra toda a sorte dessa vida Severina Segue o comboio real, vai cruzando o caminho No lombo do burro, chega às terras de Vitalino O mestre da escultura, que todo mundo copia Bonecos que contam a vida, as coisas do dia a dia. Mas pra conhecer o sertão, é preciso ter coragem Atravessar a caatinga, seguir em frente a viagem Pedir benção, rezar com fé, ser beato, ser romeiro E reunir com toda a tropa, lá na Missa do Vaqueiro Senhores, rainhas e reis, o Rei do Baião anuncia Que, depois de tanta reza, vai crescer a valentia É pegar a beira do rio, é ser Lampião e Corisco Pra conhecer a beleza do Vale do São Francisco Andar pela margem pra ver a vida que brota dos rios O Velho Chico crescendo, com água que vem dos baixios A cana, os frutos, o gado, o canto do passarinho Cantar a saudade do rei, desse tempo de menino Toca a boiada, vaqueiro! Segue em guarda o cangaço Que cada afluente que corre do Velho Chico é um braço Desce pro sul até ver carrancas que trazem a sorte A cara feia que espanta não deixa ter medo da morte “Simbora” que vem a noite, é hora de ver balão Que as festas já começaram, tem “arraiá”, tem quentão São José foi no plantio, na colheita é São João A quadrilha já tá pronta, vai ter forró e baião E a sanfona anima o povo, todos vão se apresentar Pra comitiva real, ao som do fole brincar Bumba meu boi, maracatu, frevo, pagode e reisado E tudo que precisar pra gente ficar animado Foi cantando pelo sertão que Gonzaga virou rei De tanto cantarem junto, sua canção hoje é lei Da poesia na praça, da valentia e coragem Sua lição ganha as rádios, difunde sua mensagem Nas estações onde passa, vai contando sua vida Espalha alegria e raça, hoje ganha a Avenida E a Tijuca agora brinca e pra todo o mundo diz Que a estrela de Gonzaga no céu descansa feliz. Paulo Barros (carnavalesco) Isabel Azevedo Simone Martins Ana Paula Trindade |
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