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Axé - No caminho das águas sagradas (Unidos de Vila Santa Tereza - 2013)
Axé - No caminho das águas sagradas (Unidos de Vila Santa Tereza - 2013)

África! Abençoada África! África de povos simples, primitivos para muitos...mas que a muitos têm a ensinar! A força e lei de sobrevivência vêm das savanas; a inteligência, da natureza a observar. Uma lição de FELICIDADE vem de lá, passada em forma de lenda, seu jeito de se expressar, revela a importância da tolerância, do perdão, da reflexão e da justiça que purificam corpo e alma,...é Axé!...felicidade a reinar!

É através através das águas que vamos caminhar, e a lenda narrar:

"Nas águas da saudade, Oxalá, Orixá Maior, seu filho Xangô, rei de Oyó, quis visitar, mas as águas do destino, nos búzios a informar, não o aconselharam viajar. Obstinado, Oxalá negou o destino, e nas águas do sacrifício foi nadar: mudas de roupa branca, sabão-da-costa e orí (limo da costa) teria que levar. mas a Exu, Orixá dos caminhos, presentes não quisera ofertar. no voto do silêncio, ajuda não ode negar..., e parte Oxalá!

Exu surge, então, para tornar a viagem de Oxalá em vão, e no destino, cumprir sua missão!... E assim, entre pedidos de ajuda, sem negação, por três vezes sujou Oxalá, com dendê, àdin e carvão, nas águas da desilusão.

Oxalá, seguindo viagem, sujo e cansado da empreitada, cavalo branco avistou. Foi presente a Xangô, que com ele caminhou. Nos soldados de Oyó, a injustiça sentenciou:" Ladrão de cavalo!" .. A prisão foi o que restou, nas águas do desamor.

Sete anos se passaram, e a decadência, em Oyó se instalou. Peste, fome, morte... "O que aconteceu Senhor?" - perguntou Xangô ao jogo de búzios, que revelou: "O homem que veste branco, sua guarda acusou. Na prisão, tudo que é vida, à morte se aliou! A cidade de Oyó, nas águas da dor mergulhou".

Então, seguiu Xangô, ao cárcere averiguar. Vergonha no olhar, seu velho pai o fez chorar! Sob às águas da justiça, o bem há de retornar. "-Água, água, para o meu Pai se banhar, e as ofensas perdoar!" Águas claras, águas de cheiro, águas de purificação! Na água da tolerância, a reflexão; e da reflexão, o perdão. Afinal, a teimosia coroou o destino de Oxalá. Como poderia Ele contestar, sem Se tolerar? A harmonia prevaleceu, e o cortejo da felicidade aconteceu. Sob o alá, vem Oxalá, e os Orixás a exaltar, o Axé Yorubá - Surgem as Águas de Oxalá!

Seguem as Águas Sagradas...sua saga África/Novo Mundo.

O mal não tardou!...E manchou as águas sagradas de sangue e de dor, fruto do desamor, cobiça portuguesa...a fé nas águas de Oxalá o mar singrou, sob as águas da escravidão, povo africano, feliz até então, mão-de-obra se tornou, e nas águas do terror, mercadoria virou!

E lá se foi a "Barca da Maldição"...rumo ao desconhecido, ...as terras colonizadas..., covardia...decepção!

Novo Mundo, Brasil, Bahia, Bonfim...

Novo povo, Nossa Raça, sonhos em vão(?)...

Negros escravos, Maria ou João, limpavam e enfeitavam a Igreja do Bonfim, o "Templo da Oração". Sob o olhar de seus senhores, chibata na mão, não tinham opção...A imagem do Senhor do Bonfim, afinal, servia-lhes de alento e até admiração!

Sincretismo surge, então, a cultuar com união, Deuses sem distinção...

Oxalá - Senhor do Bonfim, e seguiu-se a tradição...para perpetuar a lição: Axé - é felicidade plena; as águas sagradas (ou de oxalá), seu fio condutor. A fé nas águas as tornam sagradas, e é o desejo individual de felicidade! E lá se vai a Procissão...

Na Lavagem do Bonfim, baianas de branco a carregar águas de cheiro, para a Igreja limpar! Varren o ódio, as mazelas, os reveses,...felicidades a imperar! Atrás, Filhos de Gandi e fiéis a orar.

Povo do Bonfim, a fé nos faz acreditar, nas águas valentes e sagradas de Oxalá.

Figas, fitas do Bonfim, fogos de artifícios, guloseimas vou provar; as barraquinhas vou visitar! Misturar sacro e profano, o momento é de festejar!

Com a minha Santa Tereza vou cantar um canto de fé, nas águas de Oxalá.

No caminho das Águas Sagradas, a FELICIDADE virá.

AXÉ!!!

Guilherme Alexandre, carnavalesco