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Pequena África - Bahia, Arte Negra do Brasil (Sereno de Campo Grande - 2014)
Bahia - Negra Alquimia do Brasil (Sereno de Campo Grande - 2014)

Escolhemos falar sobre este estado por ser místico, colorido, alegre, envolvente e cheio de axé. Falar da Bahia é uma honra, terra abençoada pelos deuses, com histórias fascinantes, lendas, mistérios e magias. Estado que exporta vultos tradicionais de nossa rica cultura escrita e cantada em verso e prosa.

Oh Bahia! Terra dos ananás, cocos e maracujás, doce lugar de cultivo cacaueiro, do mel e das flores. Recanto de paz que os orixás resolveram morar há muito tempo atrás. Pra lá de 500 anos, nossas terras eram habitadas somente pelos verdadeiros donos dela: Os índios Tamoios, Tupinambás e Aimorés, com seus cocares, canto e dança nativa. Compartilhavam bem os seus costumes e natureza próspera, o verdadeiro porto seguro, mas nem imaginavam que o mal ainda estava por vir (as futuras invasões e consequentemente as colonizações portuguesa, francesa e espanhola). Nossos irmãos, ou melhor, nossos primogênitos, tiveram que se adaptar com novas crenças e mão de obra forçada, até mesmo tendo que se converterem ao catolicismo, mas como não poderia ser diferente, não aceitaram tamanha imposição e quase foram dizimados em sua totalidade.

Os portugueses, por necessitarem de mão de obra, trouxeram os negros africanos da Costa do Marfim, do Benin, do Guiné, povos bantus e angolanos para povoarem o que hoje é a nossa querida São Salvador. Com negros surgiram as crenças nos deuses africanos, os orixás (forças cultuadas na natureza), o vento, o fogo, o trovão, as águas, os animais e as plantas medicinais. Assim, a cultura dos negros (com Oxalá, Oxum, Iansã, Xangô, Ogum, Oxossi, Obaluaê…) se misturou à cultura indígena (dos pajés, caciques, yaras, Tupã e Jacy).

Com a colonização dos negros, surge o candomblé da Bahia que se misturou à crença, à fé e a o folclore brasileiro e perpetuou grandes nomes que entraram para a história; Mãe Aninha, Mãe Senhora, Joãozinho da Goméia, Miguel Grosso, Rufino, Olga do Alaketu, Procópio, dentre outros. Mas, indiscutivelmente, o maior nome do candomblé ficou para Mãe Menininha do Gantois, que deixou para o mundo muitos yawos e saudades para a Bahia: Celebridades baianas, tais como: Getúlio Vargas e Antônio Carlos Magalhães renderam homenagens a ela.

Bahia! Terra de famosos e estudiosos, como: Rui Barbosa, Castro Alves, Dorival Caymmi, Jorge Amado, um reduto de “bambaianos”. O que seria do mundo sem as canções, textos e livros desses bambas? É cultura viva que inspira filmes e peças teatrais. Até Carmem Miranda se rendeu aos encantos da Bahia e seus “balagandans” quando se indagava: O que é que a Bahia tem? O astro internacional, Michael Jackson, também se encantou com a Bahia ao fazer suas “piruetas” com o Olodum no Pelourinho.

Ah, Pelourinho! Ladeira do vai e vem, do sobe e desce, dos capoeiristas, do berimbau, do carteado e dos malandros com suas navalhas e terno branco. Serviu de palco para todos os tipos de manifestações, passeatas, comícios, festas típicas, exposições de artes; berço de museus, casas culturais; cenário para gravações de clipes, minisséries e novelas, como: Tenda dos Milagres, Mãe de Santo, O pagador de promessas, O compadre de Ogum, Tieta, Dona Flor e seus dois maridos, o bem amado e tanta coisa boa…

Bahia que cheira a café, a chocolate, a azeite de dendê, a óleo do acarajé (bronzeador natural das mulatas). Povo alegre, cantado por grandes artistas, como: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia. Eh, Bahia! Gente que dança o ano inteiro ao ritmo do axé, da música pop e do raggae com cantores como: Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Margareth Menezes…, que arrastam multidões em seus trios elétricos.

Mas o povo que é festeiro também é de fé, reza nos terreiros ou nas 365 igrejas do estado. Leva flores para Iemanjá; atravessa de ferryboat para ilha de Itaparica para as festas de Egungun; vai a procissão de Bom Jesus dos Navegantes e Conceição da Praia no dia 2 de fevereiro; festejam os índios, caboclos e caboclas na procissão de 2 de julho; inclusive lavam as escadarias do Bonfim em busca da paz.

Oh, Bahia! Seus filhos construíram lugares maravilhosos que encantam a todos: Elevador Lacerda, Ilhéus, Nazaré das Farinhas, Itapuã, Abaeté, Ondina, Amaralina, Lauro de Freitas, Farol, Porto da Barra, Praça Castro Alves, Pituba, Rio Vermelho, Boca do Rio, Mercado Modelo – dos seus artesões com obras de arte inigualáveis, tabuleiro da baiana com quitutes de dar água na boca -, Feira de São Joaquim – que cheira a fruta, cheiro da terra, dos peixes, caranguejos, siris, camarão seco!!!

Falando nisso tudo, nos dá uma saudade arretada e tão porreta que o G.R.E.S. Sereno de Campo Grande resolveu fazer uma festa baiana no carnaval carioca.

Jorge Caribé
Carnavalesco