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Sereno... a Essência do Carnaval (Sereno de Campo Grande - 2011)
INTRODUÇÃO A flor A Rosa exala o perfume da flor, ja dizia o poeta. O perfume nos traz as recordações que nos vem a mente pelo olfato, assim como a música alegra os nossos ouvidos e a beleza agrada nossos olhos. Não se avalia uma flor sem se cultivá-la com amor e carinho e sentir o seu... perfume! SINOPSE Nasci bem antes que muitos países, reinos ou impérios. Na verdade, pode-se dizer que fiz parte das oferendas, preces e homenagens, desde que os homens aprenderam a se organizar. em tribos e criarem rituais para seus deuses. Mas essa é outra história... Quero contar, e mostrar, quando realmente passei a fazer parte do cotidiano de cada um de vocês, e como vim me aprimorando, até tornar-me o perfume do momento: a essência SERENO! Neste contexto, passo a ser o fio condutor da própria história da humanidade, e, como não podia deixar de ser, a arte de elaboração dos aromas nasceu no Egito, onde fiz-me necessário rio gênero refrescante, trazendo um agradável toque de frescor ao clima quente e árido do Egito. Lá, estive presente nos óleos aromáticos usados nos rituais de embalsamento das múmias, e em banhos aromáticos, pomadas e óleos corporais. Mas, quem me eternizou, como arma de sedução, foi Cleópatra, utilizando-se de óleos e velas perfumadas. Dessa forma, ela conquistou dois dos homens mais poderosos do mundo, Júlio César e Marco Antônio. Todas as minhas formas físicas, óleos, bálsamos, pastas, bastões, líquido, foram criadas no Egito, onde começou minha expansão para o Oriente Médio, tornando-me conhecido na Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia. A própria Bíblia informa que, na Babilônia, queimava-se 26 mil quilos de incenso para apaziguar a fúria do Deus Ball. Fui até presente da Rainha de Sabá ao Rei Salomão, na forma de bálsamo da Judéia. Sem dúvida, lancei o Rei Salomão nos braços da legendária rainha. Os gregos também foram grandes perfumistas, e atribuíam aos Deuses do Olimpo a criação dos perfumes, já que deixavam o aroma da Ambrósia, em suas visitas aos mortais. Em Roma, os sacerdotes dirigiam seus pedidos aos céus através da fumaça odorizada, o "per-fumum" (per = através; fumum = fumaça), dando origem ao nome perfume. Mas também deixei a Índia famosa: em forma de incenso, perfumei jantares de marajás e quartos de concubinas. Fui dedicado aos Deuses Hindus e, nos templos budistas tornei-me a ligação do homem com o próprio Buda. Na Idade Média, fui produzida pelos árabes, para uso pessoal e medicinal, chegando a Europa do século XII com as Cruzadas. Após um período negro imposto pelo clero, volta-se a valorização da higiene pessoal, surgindo os alquimistas, que exploraram todas as minhas possibilidades, com a árdua tarefa de colher flores para produção de novas fragrâncias. Passo a fazer parte dos grandes bailes, através da Renascença. Agora, sou luxo diário de toda a corte, tendo sido restrito, na França, à corte de Luiz XVI e Maria Antonieta. Porém, após a Queda da Bastilha, meu doce aroma de liberdade se espalhou pelo mundo, tornando-me parte do dia-a-dia do povo! Em 1868, passo a ser fabricado também em laboratório, tornando-me sintético, estabelecendo um setor industrial independente do setor farmacêutico. Deixo de ser curativo e natural para ser acessório. Com meu apogeu, grandes estilistas começaram a produzir-me, como exclusivo de suas criações, passando a indústria da moda a andar de mãos dadas com a da perfumaria. Mas, e aqui, no Brasil? Em plena época de expedições marítimas, a nobreza brasileira importava sua perfumaria, não dando importância à riqueza vegetal e animal desta terra. Mais espertos foram os negros escravos que, aproveitando-se de nossa flora, preparou seus defumadores e banhos. Passei, assim, a afastar influências negativas, e faço parte de um dos maiores festejos religiosos do país, a Lavagem do Bonfim, sendo lançado para o povo atravês de jarros com água de cheiro, as águas de Oxalá, pelas maes. baianas do Bonfim, para melhoria, prosperidade e paz. Mas, nesta terra também sou profana! Sou lança-perfume, arma da eterna luta do triângulo amoroso de Pierro, Colombina e Arlequim, e também limão-de-cheiro dos grandes entrudos. Sou Samba, sou Carnaval, sou Escola de Samba, terreiro de bambas! Sou a Essência Sereno, do Egito a Campo Grande. Venha me provar e me aprovar! Sou a essência do carnaval, e, como elemento ar, venho fazer um apelo ecológico neste meu palco da folia: preservem o maior pulmão do mundo! Como bem sabe os verdadeiros donos desta terra, os indígenas, que, ao macerarem flores e folhas informam que "seduzir através dos perfumes não é exclusividade humana. A percepção dos cheiros tem importante papel na evolução das espécies. é através dos odores que os animais captam a presença da sua espécie, dos seus inimigos e de suas presas. A fauna se integra com a flora. Na Floresta Amazônica, temos o berço dos mais variados tipos de essências, uma riqueza nativa". E é no pulmão do mundo que se encontram meus ingredientes; é onde posso nascer, seduzir e partir, pois, livre, permaneço para me espalhar e encantar a vida!!!! Sou perfume! Sou Sereno... a essência do Carnaval!!! JUSTIFICATIVA O G.R.E.S. Sereno de Campo Grande apresenta, em seu carnaval 2011, o enredo "Sereno... a essência do Carnaval". A idéia é, através do perfume e suas essências, resumir a História da Humanidade, e como ela está diretamente relacionada com a evolução dos aromas, através dos tempos. O nome da Agremiação é aproveitado no slogan do enredo, dando duplo sentido à idéia, ou seja, ao mesmo tempo que conta a história do perfume, associa-o à agremiação como a essência do carnaval, ou, em outras palavras, neste carnaval "tem cheiro de sereno no ar!" Como agremiação, nossa escola de samba aproveita para conscientizar a população, através do enredo, quanto à questão ecológica, uma vez que, engajados na preservação da natureza, nossa comunidade terá menos poluição e conseqüentemente uma melhor qualidade de vida. Este é o G.R.E.S. Sereno de Campo Grande, cultura, educação e informação! H I S T Ó R I C O Os aromas de Ararat O uso das essências aromatizantes aparece em relatos bíblicos do Velho e Novo testamento. Sabe-se que a primeira utilização intencional de odores, segundo a história, foi feita por Noé, há 4.108 anos atrás, ou 2.072 a.C., que, em sinal de gratidão por sua salvação do dilúvio, queimou do Monte Ararat, onde pousou sua arca, madeira de cedro e mirra, para que a fumaça perfumada fosse ao encontro de Deus e, assim, agradá-lo. A elaboração de perfumes e os banhos de Cleópatra A arte de elaboração dos aromas nasceu no Egito, transpondo os limites dos tempos e das pirâmides. Por volta de 2.000 a.C. já era apreciado por faraós, sacerdotes rainhas e membros importantes da corte. Logo seu uso se difundiu, trazendo um agradável toque de frescor ao clima quente e árido do Egito. A necessidade de contar com essências refrescantes tornou-se tão fundamental, que a primeira greve da história da humanidade foi protagonizada em 1.330 a.C., pelos soldados do Faraó Seti I, que parara de fornecer ungüentos aromáticos, com os quais eram pagos. É importante dizer, também, que o uso de óleos aromáticos estava ligado ao ritual de embalsamento das múmias, pois os aromatizantes contribuíram na conservação do corpo, ao mesmo tempo em que enterneceriam o espírito em seu descanso astral, sendo tão procurado quanto jóias e objetos preciosos e de arte, por profanadores de tumbas egípcias. Pouco tempo depois, já estava presente em banhos aromáticos, pomadas e óleos corporais, apreciados pelos egípcios. Mas, foi Cleópatra quem o eternizou, como arma de sedução, usando um aroma à base de óleos extraídos das flores de henna, açafrão, menta e zimbro, ou utilizando velas perfumadas, conquistando dois dos homens mais poderosos do mundo, Júlio César e Marco Antônio. Os egípcios foram professores talentosos. na expansão da perfumaria no Oriente Médio, divulgando seus conhecimentos de perfumaria aos assírios, babilônios, caldeus, persas e gregos. Cada cultura, então, desenvolveu suas próprias variedades de fragrâncias, de acordo com os ingredientes disponíveis localmente. O Império Babilônico Segundo registros bíblicos, a Babilônia queimava 26 mil quilos de incenso para apaziguar a fúria do Deus Ball, que a tinha a cabeça de um touro e era o primeiro da hierarquia divina babilônica. O hábito da pessoa se incensar também é oriundo deste povo. Nos tempos do Rei Salomão e da Rainha de Sabá O bálsamo da Judéia, sem dúvida, lançou o Rei Salomão nos braços da Rainha de Sabá. Nas grutas de Qumrã, o mesmo local onde foram encontrados os manuscritos do Mar Morto, os arqueólogos encontraram 50ml de uma substância avermelhada e de consistência semelhante a do mel, cuidadosamente guardada num frasco de argila de época anterior a Heródes. Esta peça antiqüíssima é o mais antigo e forte vestígio do perfume, que já fascinava os imperadores da antiguidade. Segundo pesquisadores, este precioso óleo pertencia à legendária Rainha de Sabá, que teria levado consigo, entre seus presentes, ao Rei Salomão, quando chegou, a Jerusalém com sua manada de elefantes etíopes e camelos carregados. Entre gregos e romanos Os gregos, que assimilaram muito das civilizações orientais remotas, foram grandes perfumistas. Atribuíram aos Deuses do Olímpo a criação dos perfumes, que já emanavam o aroma da Ambrósia, quando visitavam os mortais, sinal evidente de sua natureza divina. Os mortais utilizavam as fragrâncias, principalmente para obter a clemência dos Deuses, mas também se valiam das plantas aromáticas, não só para o seu prazer, como também para fins medicinais. Em Roma, o perfume ganhou seu apogeu. O célebre cavalo de Calígula banhava-se todos os dias em águas perfumadas. Os sacerdotes romanos dirigiam os seus pedidos aos céus, através da fumaça odorizada, o "per-fumum" (per = através; fumum = fumaça), dando origem ao nome perfume. Perfumaria na Índia A Índia tornou-se famosa pelo seu sândalo e por uma variedade de flores, como rosa e jasmim. O sândalo era parte importante da arquitetura dos antigos templos hindus, juntamente com o vetiver. Estas madeiras eram colocadas principalmente nas portas de entrada, de onde o vento poderia levar e espalhar o perfume pelas salas. O sândalo era controlado pelo governo, ao contrário do almíscar, extraído de um animal, o veado almiscareiro, que quase foi extinto pela caça desenfreada. Em forma de incenso, os aromas indianos perfumam jantares de marajás e quartos de concubinas, sendo dedicado a Deuses Hindus, revelando a beleza de um povo exótico. Mas, foi nos templos budistas que se consagrou, tornando-se a ligação do homem com o próprio Buda. Perfumaria na Europa Na Idade Média, os árabes começaram a produzir perfume para uso pessoal e medicinal. O perfume chega a Europa no século XII, com a Cruzadas. Na Itália, por volta do século XIV, mesmo detendo o grande monopólio da perfumaria, o clero não conseguiu impedir que o perfume se espalhasse pela Europa. Volta-se a valorizar a higiene pessoal, trazendo o perfume, desta vez aliado à arte. Surgem os alquimistas, nos campos as flores brotam. O perfume começa a fazer parte dos grandes bailes, palácios e catedrais, do novo mundo que se apresenta pelas mãos de grandes artistas: a Renascença. Torna-se parte dos luxos diários e necessários de toda a corte, encantada com as doces fragrâncias e charmosos frascos, capazes de transformar os perfumes em grandes objetos de desejo. Na França, até por volta do século XVIII, o perfume é restrito ao conforto da corte de Luiz XVI e Maria Antonieta. Após a Queda da Bastilha, o doce aroma de liberdade se espalha pelo mundo, e o perfume torna-se parte do dia-a-dia do povo, em forma de fragrâncias animalescas: perfumes intensos que têm em sua composição fluídos de animais, almíscar e musgo. Surge a Cidade-Luz, prestes a entrar no século XX, a grande Feira Internacional de Paris, dá espaço para um setor onde é exposto apenas perfumes e sabonetes, longe do setor farmacêutico. Um ano depois, em 1868, registra-se o surgimento da primeira fragrância sintética, isto é, produzida em laboratório. Estava estabelecido,um setor industrial independente. Os perfumes deixam de ser considerados curativos e naturais, tornando-se apenas acessórios. Com seu apogeu, grandes estilistas começam a produzir suas próprias essências. A partir desse momento, a indústria da moda começa a andar de mãos dadas com a da perfumaria. O perfume no Brasil Em plena época de expedições marítimas, a nobreza brasileira importava suas perfumarias, enquanto os nossos índios há muito já maceravam folhas e flores para seus "banhos de cheiro" que tinham finalidades medicinais e também espirituais, já que os aromas agradavam seus deuses. Os negros escravos também aproveitavam nossa rica flora para preparar seus defumadores e banhos para afastar as influências negativas e fazer com que seus orixás trouxessem dias melhores e de prosperidade para sua raça. A Lavagem do Bonfim, até hoje evidencia o caráter religioso do uso dos aromas, pelo Candomblé. As água de flores (águas de Oxalá) simbolizam a eliminação do mau olhado e da negatividade que possa acercar a cidade de Salvador, na Bahia. É um dos maiores festejos religiosos e dos mais populares do país e uma das maiores manifestações de fé do mundo. E o Carnaval? Muitos ainda se lembram do carnaval de tempos atrás, quando um Pierrô e um Arlequim disputavam com seus perfumes inebriantes a conquista de uma Colombina. Eram jatos de perfume lançados um contra o outro, através da pressão de recipiente plástico, que ficou batizado como Lança-Perfume! Seduzir através dos perfumes não é exclusividade humana. A percepção dos cheiros tem importante papel na evolução das espécies. É através dos odores que muitos animais captam a presença da fêmea, de inimigos e das presas, sendo bastante desenvolvido nos carnívoros a sua percepção, sendo por isso ditos osmóticos. No maior pulmão do mundo, a fauna se integra com a flora, pelo odor, a flores atraem insetos a fim de possibilitar sua fecundação. Na floresta Amazônica temos o berço dos mais variados tipos de essências, uma riqueza nativa, e é onde o perfume pode nascer, seduzir e partir, pois, livre, permanece para espalhar-se e dar o encanto do perfume a vida. Marco Antônio Elaboração da sinopse Adilson Pinto, Rodrigo Mello & Marco Antônio Carnavalescos ESTRUTURAÇÃO DO ENREDO O enredo "Sereno... a essência do Carnaval" está dividido em 06 (seis partes), para melhor entendimento do projeto. São elas: PARTE I - "EGITO - ORIGEM DO PERFUME" - Representa a origem do perfume, onde desenvolveu-se a arte de elaboração dos aromas; PARTE II - "UM PASSEIO PELAS GRANDES CIVILIZACÕES" - Representa os caminhos por onde foram-se aperfeiçoando os aromas e sua utilização na Assíria, Babilônia, Pérsia, Judéia, Grécia e Roma; PARTE III - "INDIA" - Representa o esplendor hindu, desde seu lado profano, como os banquetes dos marajás e concubinas até os templos budistas, onde o aroma do incenso tornou-se a ligação entre o homem e Buda; PARTE IV - "O PERFUME NA EUROPA" - Representa a evolução do perfume, dos estudos e experimentos dos alquimistas, passando pelo uso restrito da corte francesa até seu uso por toda a população, atingindo seu apogeu; PARTE V - "O PERFUME NO BRASIL" - Representa a importação da perfumaria da nobreza brasileira, na época das expedições marítimas, os rituais dos negros escravos e o nosso Carnaval; PARTE VI - "ECOLOGIA - PRESERVANDO O PULMÃO DO MUNDO" - Representa o apelo da Agremiação para que se preserve a Floresta Amazônica, fonte de produção dos mais variados aromas, com vistas a uma melhor qualidade de vida. |
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