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O Dia em que o Povo Tomar a Rua sera Carnaval (Mocidade Unida de Santa Marta - 2015)
O Dia em que o Povo Tomar a Rua sera Carnaval (Mocidade Unida de Santa Marta - 2015)

Carnavalescos: Rafael Gonçalves e Vitor Saraiva

A cidade, com seus rios de asfalto margeados por pedras portuguesas e ladeiras com paralelepípedos arrepiados, chama o povo. Povo, ouça a voz das ruas! Sem regras e sem compromisso, deixe a rua te levar na desordem embriagadora da folia dos blocos. Estamos em fevereiro, carnaval chegou, e a cidade-mulher está ainda mais irresistível! Sedutora, em cada canto, em cada bairro, em cada curva da orla há um bloco e uma maneira de ser feliz. Uma boa dose de cerveja, um chinelo novo pra gastar e uma fantasia, nem que seja improvisada, não podem faltar. O trabalho nesses dias fica de lado, pois o patrão é o pandeiro, que bota o povo pra sambar.

Na Avenida Rio Branco, entre casarões antigos e arranha-céus, entre o Rio do passado e o do presente, o Cordão da Bola Preta arrasta a multidão. Se entregue ao cortejo esfuziante do cordão, marcando o passo no compasso das marchinhas imortais tocadas pela banda tradicional. Cada folião em si é um bloco, "eu sozinho", e somados todos, sambando, cantando, pulando e brincando, fazem o carnaval. Pegue a roupa emprestada com a sua mulher, arranque a cortina pra fazer uma saia e venha vadiar no cordão. Experimente a sensação da liberdade de ser o que você quiser, o que você é ou o que você não é. Escolha seu lado da batalha acirrada entre o Cacique de Ramos e o Bafo da Onça. De penacho na cabeça, esqueça a dor da vida e caia no samba com as cabrochas do Bafo.

Na Praça Mauá seja escravo da folia que leva a alegria da cidade ao porto. Na Praça XV é o Cordão do Boitatá que toca fogo, mata a cobra e mostra o pau. E que tal brincar de ser freira em Santa Tereza? Não tem convento que segure! Só não vá perder o bonde; no bloco das Carmelitas, carnaval é religião. E se gastar todo sapato, Querubim, brinque descalço, com pés no céu e com o Céu na Terra. Erudito ou não, basta voar até o Aterro para curtir uma orquestra pra lá de encantadora.

Na Zona sul, entre a montanha, o mar, e o sol do quentíssimo verão carioca, Simpatia é quase Amor. A musa do surf e da Bossa Nova veste-se de Carmem Miranda , de cara pintada e fruta na cabeça se joga na Banda de Ipanema. Já a Princesinha do Mar quer apenas ser uma das Mulheres de Chico. No Jardim Botânico as bênçãos vêm do mestre Tom Jobim e (do Suvaco?!) do Cristo.

Povo da Imprensa, que cobre o fato e caça o furo, fique atento: a folia vai dar jornal. E se o registro vale um filme, cuidado no desenrolo: em beijo de cinema todo mundo presta atenção! Mas o carnaval das ruas é democrático, tem de tudo, até rock´n´roll, pra todo mundo ficar maluco beleza. Até D. Pedro no alto do monumento jura que é Napoleão. E o Sargento Pimenta, imagine, não tem nada de careta, psicodélico que só! Tem também espaço para os pequenos no Gigantes da Lira, pinte o seu nariz e brinque com a criançada.

Tendo a Lagoa como cenário, os foliões de Botafogo se encontram no Spanta Neném e então, no Pela saco, comemoram extasiados mais uma folia inesquecível. É hora de subir o Morro da Alegria, que tanto nos orgulha. Ali a bateria já se prepara para ganhar a cidade, dando seus primeiros batuques. É a Mocidade Unida do Santa Marta, de estandarte azul e branco estrelado, campeã! Vai contar na Avenida, garbosa, o dia em que o povo tomou as ruas... e fez seu carnaval!