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Na Hora em
que o Sol se Esconde (Mocidade Unida de Santa Marta
- 2014)
Na hora em que o sol se esconde por detrás do morro, da serra, do monte, o alaranjado vai sumindo, o céu dezazulando. É a noite que chega, negra. Negra noite. Noite negra. Depois de muita brincadeira, de rodar pião e zanzar pela roça, o sono vem sorrateiro, devagarzinho. Mas dele eu corro, fujo: esconde-esconde. Não posso dormir antes de ouvir uma história. Uma bem contada história! Vou pela fazenda atrás de Sinhá: - Sinhá! Sinhá Zefa!?! Quando olho pra dentro de casa, lá está ela: na cadeira de palha, a preta velha que canta quadras e conta histórias, sentada, sorridente a me esperar. Primeiro, lá vem o boi. Boi, boi da cara preta. Contos e cantos despertam os sonhos, são os sons da noite, vagalumiando. De olhos fechados, nos braços de Sinhá, ouço e imagino histórias de sua vida. Da vida de seus antepassados, reis e rainhas livres. Ouço sobre suas crenças, festas e celebrações de deuses e santos. "Toca aê, marimbaê!" Histórias do mato. Das ervas do caboclo: arruda, guiné e manjericão. Histórias da floresta. De seres encantados. Lá vem ele no furacão! Diz aí, sapeca Saci: "Suncê vai pescá, pequeno pescadô? Tem pêxe no lago, Iara avisô. Má cuidado ca coca do mato: teu pêxe ela vai rôbá!" Dos olhos da noite, pretos como um mutum, lendas, mistérios e assombrações surgem ameaçadores: "Sai de cima do telhado, murucututu! Não venha me pegar!" Causos que o vaqueiro mais corajoso jura que aconteceram - e que ele não teme, feito o velho caçador. Sinhá Zefa também conta de um sítio. Sítio de Tia Nastácia, que faz quitutes como ninguém. Receitas que até São Jorge há de provar, lá longe, na lua. Do forno, um bolo quentinho. Tal qual o colo de Sinhá. Tem boneca de pano, falante. Feita de retalhos. Retalhos que costurados formam uma colcha gigante e colorida. E é assim que a vontade de dormir vai vencendo a imaginação acordada. Ao som de Sinhá murmurando as histórias, embalado pelo acalanto, vou saboreando o sono. Me sentindo um eterno menino. Eterno menino criança. Brincando em noites sem fim. Enredo dedicado a Dorival Caymmi Livremente inspirado na canção "História pro Sinhozinho" Gabriel Haddad, Leonardo Bora, Rafael Gonçalves e Vítor Saraiva Carnavalescos "História pro Sinhozinho" Dorival Caymmi Na hora em que o sol se esconde E o sono chega O sinhozinho vai procurar Hum, hum, hum A velha de colo quente Que canta quadras e conta histórias Para ninar Hum, hum, hum Sinhá Zefa que conta história Sinhá Zefa sabe agradar Sinhá Zefa que quando nina Acaba por cochilar Sinhá Zefa vai murmurando Histórias para ninar Peixe é esse meu filho, Não meu pai Peixe é esse é mutum, manganem É coca do mato guenem, guenem Suê filho ê Toca aê marimbaê |
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